Mogwai
em São Paulo
fotos Adriano
Moralis
Prefácio do editor:
Já é meio notório
que está publicação online não vai muito com
a cara desse som que alguns chamam de "post rock", outros de "new progressive"
e outros de sei lá mais o quê. Até gosto dos dois primeiros
do Mogwai ("Young Team" e a coletânea "Ten Rapid"), mais pesados,
mas não fui muito lá com a cara dos seguintes, "Come on Die
Young" e "Rock Action", mais acústicos (deixem registrado que os
títulos de álbuns deles são ótimos). Encostado
na parede, já que o colaborador Diego Fernandes
estava perdido em alguma esquina de Santa Maria (sic), pensei em encarar
eu mesmo uma coletiva com a banda e as duas apresentações
que eles fariam em São Paulo. Na última hora, quando o juiz
levantava a placa anunciando os descontos, veio a saida: Marcelo Finateli,
camisa 20 (a mesma de Zbigniew Boniek, o maior craque do futebol polônes
e, zuzu bem, a de Paolo Rossi em 82, entre outros). Finateli trabalha com
música na loja Velvet
e conhece a banda melhor que muito jornalista que nunca tinha ouvido falar
em Mogwai na vida. E foi o jogador certo, na hora certa. Se o time saiu
vencedor? Leia e confira. O juiz é você. (mas nada de penaltis
escandalosos, por favor. Disso já basta o Corinthians)
Marcelo Costa
Editor
Uma
quase entrevista
por Marcelo
Finateli
finateli@hotmail.com
Sem muito mais a acrescentar, uma
coisa estava certa, o Mogwai estava chegando. Antes de Air, Portishead,
Radiohead
e até mesmo da reunião de encontro dos Pixies passarem por
terras brasileiras. O que prova a legitimidade da banda. Alem de São
Paulo, eles ainda tocariam em Belo Horizonte, no Festival Eletronika (talvez
o evento com maior repercussão de mídia durante sua passagem)
e num dos festivais organizados pela Midsummer Madness no Rio de Janeiro.
E apenas para fazer valer como turnê Sul-Americana, um show de despedida
no Chile.
Mas até aí, qual a relevância
de uma banda que mal sei se pronuncio o nome corretamente tocar ou ter
tocado por aqui, você pode pensar.
Bem... não sei se posso lhe
convencer do contrário, não sou formador de opinião,
nem jornalista e muito menos adoto "vocação profissional"
para isso. Apenas por uma razão de desinteresse de outros, acabei
por ganhar uma vaga em uma coletiva cedida pela banda. Entrevista marcada
para onze horas e com certeza lá estava eu às onze horas,
o que autentica minha falta de vocação para o jornalismo.
Em meio de questões climáticas
e de autodefinição musical, esqueci de perguntar se realmente
existe uma linha de tênis da Adidas chamada "Young Team" (o nome
do primeiro álbum deles). De qualquer maneira, Stuart Braithwaite
(o baixinho loirinho que toca guitarra e faz ocasionalmente vocal) e Barry
Burns (guitarra, teclados, flauta, protetores de ouvido e por uma vez apenas
vocal) nos proporcionou bom entretenimento.
Começo indagando sobre o termo
"Post Rock" comumente agregado a musicalidade do Mogwai. "Isso é
baboseira de jornalistas", diz Stuart.
Mas e as influências? Antes
de Simon Reynolds, na falta do que fazer, ter cunhado o termo "Post Rock",
eu já ouvia o "Dream Pop" do My Bloody Valentine ou o "Space
Rock" de Flying Saucer Attack, e com certeza essas entre outras audições
me ajudaram a digerir muito bem Mogwai pela primeira vez em meados dos
90’s. Em contra partida eles citam de "Led Zeppelin, Sex Pistols, Cure,
Kraftwerk, Funkadelic...", ainda lembrando que, dia anterior, Stuart havia
comprado um vinil do Slayer nas Grandes Galerias.
Nesse dia anterior tive o privilégio
de presenciar toda a banda vasculhando CDs na loja Velvet (em Belo Horizonte,
Stuart tocou com a camiseta da loja). E enquanto Stuart me perguntava o
preço do "Songs Of Love And Hate" do Leonard Cohen, Dominic e os
outros empenhavam se em encontrar algum Pixies interessante. Ainda chamou
os a atenção o Mazzy Star que tocava em dado momento.
Realmente é algo incognoscível
decifrar sua musicalidade, desde que eles próprios acham que fazem
algo próximo do Bardo Pond e God Machine (!?!). "Rock ‘N’ Roll está
sempre mudando, e é bobeira você querer rotular certa música,
apenas por ser um pouco diferente do que se dita convencional", tentam
despistar.
Tudo bem, se havia falhado em me deleitar
ao escutar o Mogwai idolatrando meus "guitar heroes" do passado. Mas e
os contemporâneos? Talvez você, assim como eu, deve acreditar
que Primal Scream e Radiohead (e não muito
longe, Sigur Ros) realmente estão
colaborando para mudar a música pop. E as bandas citadas não
deixam de ter paralelos com o que o Mogwai faz, principalmente ao trabalhar
com variações que vão da intensa desordem ao silêncio
quase pleno. Mas eles não dão muita bola para isso. Barry
até acha interessante o fato do Radiohead partir dos moldes de uma
guitar band para alcançar o experimentalismo com música eletrônica
que fazem hoje em dia, e o "psicodelismo dark" do Primal Scream não
de todo dispensável.
Ok, você ainda quer uma definição,
certo. "Há muita gente fazendo 'art-rock' mas que esquece de realmente
soar rock... eles estão muito ocupados fazendo arte. Nós
somos uma banda de rock que dispensa clichês", encerra a questão
Stuart.
Okay, voltando a questões climáticas:
eles acreditavam que o calor não iria prejudicar nos shows.
Shows – 2 wrongs make 1 right
Terça feira - 14/05/02
Chego uma meia hora antes do horário
e, claro, começou com uns vinte minuto de atraso. Tempo para apreciar
um desfile de camisetas curioso: de Korn e Slipknot a Led Zeppelin e Metallica.
Mas cadê o bom humor? Apenas eu apareci com uma camiseta do Blur
na primeira fileira!?! Afinal nada melhor para incentiva-los a fazerem
realmente um "rock action" do que provocando a lembrança de que
os próprios integrantes confessam detestar Blur, tanto nas camiseta
"Blur are shit" até em entrevistas onde explicam que "o problema
é a música deles que é ruim mesmo".
Eles abrem com "You Don't Know Jesus",
música de seu último álbum "Rock
Action", com a platéia em total silêncio. Quase pode-se
ouvir os passos de Stuart a caminho de uma série de pedais FX plugados
em sua guitarra. Sabe o que esperar?
As composições do Mogwai
são predominantemente instrumentais, mas isso não os torna
nem um pouco enfadonhos, passando de um silêncio quase melódico
a paredes de guitarras altíssimas (na maioria das músicas
são três guitarras). Eles conseguem transmitir emoções
variadas em melodias simples, seja quando Stuart pisa num dos seus pedais
ou quando Dominic repentinamente troca a nota de seu baixo.
Fui com um amigo que mal sabia do
que se tratava a banda e seu primeiro comentário foi de que "parecia
um Slowdive mais empolgado". Ele não está errado, assim como
talvez lembre um Sigur Ros mais rock… mas isso não importa.
Ao mesmo tempo em que você procura encontrar comparações,
se você se dedicar apenas a escutar, é como estar numa sinfonia
de emoções. Ainda assim, algumas emoções são
mais fortes que outras e um rapaz na mesma fileira que a minha se deu ao
luxo de dormir, levando alguns solavancos quando todos no palco resolviam
endossar o caos sonoro.
Com o set list bem trabalhado, a única
música cantada por Stuart foi "O I Sleep", também do "Rock
Action". E Barry cantou a maravilhosa "2 Rights Make 1 Wrong" de trás
de seus sampler/teclado numa espécie de decoder para fechar o show.
Detalhe para o sampler que carregava a bandeira do Celtic FC, campeão
da temporada 2001-2002 na liga escocesa de futebol. Essa sim é uma
grande influência e fator de união dos integrantes, citada
antes de qualquer razão musical em várias entrevistas.
Um bis era certo desde que o roadie
da banda, peça chave no desenrolar de todo o show, correu para colocar
as guitarras em posição. E após alguns minutos ininterruptos
de palmas, eles voltaram ao palco para apresentar "My Father My King",
último lançamento oficial da banda em um single com o mesmo
nome. Em estúdio, produzida por Steve Albini (que, entre outras
coisas, produziu "Surfer Rosa" do Pixies e "In Utero" do Nirvana), essa
é uma das mais "épicas" composições do Mogwai
até então. Contou ainda com um tipo de encenação
em seu ápice, com Stuart cortando as cordas de sua guitarra com
um alicate, certamente ele não precisava disso para criar ainda
mais distorções. E se não era isso, então…
uma reutilização da guitarra? Isso é um "papo muito
cabeça" para uma noite que surpreendeu expectativas e tímpanos.
Quarta feira - 15/05/02
Para a segunda noite não houve
muitas mudanças no set list, principalmente da metade do show em
diante. Vale lembrar que em cada noite eles debutaram músicas inéditas.
Mas com um público mais receptivo e barulhento também do
que no primeiro show, aconteceu uma situação quase cômica
quando Stuart começou a cantar os primeiros versos de "Cody", faixa
do álbum "Come On Die Young" que está para ser lançado
no Brasil via Trama. No momento em que ele inicia o vocal quase toda a
platéia começou a aplaudi-lo e os próprios músicos
não conseguiram segurar as risadas.
A banda parecia mais tensa em palco
nesta segunda noite, o que ocasionou alguns erros, mas nada que prejudicasse
a apresentação (e que talvez nem tenha sido percebido pelo
público em geral). Porém nessa noite, "My Father My King"
foi muito superior e destruidora. Ás vezes dois erros também
proporcionam um acerto. Sem mais a acrescentar.
Marcelo Finateli
não é jornalista e atualmente é quem lhe atende mal
na Velvet CDs (sic)
Set List
you don't know jesus (Rock Action)
secret pint (Rock Action)
christmas steps (Come on Die Young)
g# (new song)
helicon 2 (Ten Rapid)
like herod (Young Team)
helicon 1 (Ten Rapid)
2 wrights make 1 wrong (Rock Action)
bis
my father my king (Single My Father
My King)
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mogwai fear satan - (Young Team)
you don't know jesus - (Rock Action)
christmas steps (Come on Die Young)
O I Sleep (Rock Action)
cody - (Come on die Young)
star wars - (new song)
small children in the backgroun-
(EP+2)
helicon 1 - (Ten Rapid)
2 wrights make 1 wrong - (Rock Action)
bis
my father my king (Single My Father
My King)
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