Ian McCulloch em São Paulo

Por Marcelo Costa
Foto: Erica de Freitas


Foi tudo muito rápido, mas muito divertido. Ian cantou em programas de rádio, discotecou em festas, foi ver jogo de futebol, dispensou o programa da Xuxa ("Tocar playback para um público que nem me conhece?", disse) e autografou muitos, mas muitos vinis e cds.

30/09/2001

Ian chegou no domingo e logo na noitada já o levaram para um baile de samba rock.
O que ele fez? Bebeu, e muito.

01/10/2001

O primeiro compromisso oficial do vocalista dos Bunnymen no Brasil foi uma entrevista coletiva, no prédio da gravadora Sum Records, responsável pelo lançamento de Flowers no Brasil. Ian assumiu depois que estava inseguro, afinal era a segunda coletiva que dava na vida (a outra foi em 1999... no Brasil). Os melhores momentos da coletiva você lê em seguida. Os programas noturnos eram em rádios. O primeiro foi o Rádio Rock Bar, apresentado pela locutora Luka e transmitido simultaneamente para a rádio 89 (São Paulo); Cidade (Rio) e 103 (Sorocaba). É basicamente um bar ao vivo. Ian tocou várias canções, escudado pelo manager Pete no outro violão (King of Kings, Make Me Shine, It's Alright, The Killing Moon, entre outras) e bebeu muita caipirinha. No meio do programa já estava bebaço. Respondeu perguntas de ouvintes e do casal Pato Fu, John e Fernanda, que estava no estúdio. Depois foi para o polêmico e bacana programa Garagem, da rádio Brasil 2000, apresentado pelos jornalistas André Barcinski e Paulo César Martins. Lá, bebeu mais, e escolheu músicas. Foi de Doors à Bowie. Em seguida, saiu pra noitada com o duo do programa e encontrou seu grande fã, Alexandre Pires, numa casa noturna... risos

02/10/2001

Terça-feira, dia de gravação do Musikaos, o programa apresentado por Gastão Moreira na TV Cultura. Ian apareceu só no fim da noite e tocou, junto com Pete, três músicas: King of Kings, The Killing Moon e It's Alright. O teatro do Sesc Pompéia foi ao delírio. "Esperei mais de 10 anos para ouvir isso ao vivo, não acredito que esteja acontecendo", comentava um fã ao meu lado.

03/10/2001

Dia de clássico paulista no Campeonato Brasileiro: Corinthians e Palmeiras. Como retratou bem o jornalista Ivan Finotti para o site "No", na saída do estádio o vocalista atacou sanduíches de pernil e lingüiça (aqueles "Jesus me chama", como diria João Gordo). Depois seguiu para uma churrascaria e devorou dezenas de corações de frango e a costela mais gordurosa da casa, tudo acompanhado por cerveja e muita caipirinha.

04/10/2001

Quinta foi dia de exclusiva para a Rock Press/Scream & Yell e MTV. No Super Nova, Ian tocou algumas canções, sarreou o péssimo inglês da apresentadora Didi e divertiu o pequeno auditório. De lá foi para a discotecagem na tradicional festa SOUND, do Bar DJ Club. A festa, que acontece todos os sábados, era fechada, e 500 convidados lotaram a pista para ver Big Mac mandar um set list de apenas oito músicas. Ian estava tão bêbado que se limitava a dizer para os organizadores da festa, Marcio Custódio e Érica de Freitas, o que queria tocar. Assim, rolou Iggy Pop Lust For Life, Doors LA Woman, David Bowie Jean Genie, Nirvana All Apologies, Grace Jones La Vie En Rose, Frank Sinatra Summer Wind, Echo & The Bunnymen The Cutter e Beatles She Loves You. O público não dançava. Admirava. Logo Ian abandonou as pick-ups e saiu com sua jaqueta de couro, seu maço de cigarros, seu estilo cool, atrás de mais bebida.

05/10/2001

Mais programas de TV, com Sabrina Parlatore no Super Positivo da Rede Bandeirantes e Luciana Gimenez, no Superpop. Não vi nenhum dos dois, mas, segundo me informaram, Ian parecia um alienígena no sofá do programa da Luciana Gimenez...

06/10/2001

Sábado, despedida. Tarde de autógrafos na megastore FNAC. Os fãs acotovelaram-se para conseguir um último bate papo rápido com o ídolo. Muitos autógrafos depois, Ian, sorridente, já pensava na volta. "Fevereiro", comentou. Uma semana rápida, mas muito divertida.


Mac, The Mouth, na coletiva

"É muito bom estar aqui no Brasil, entre vocês (jornalistas) e saber que o Brasil não vai para a Copa do Mundo. (risos gerais). Acho que essa é a primeira vez que um inglês pode dizer isso, dentro do Brasil".

Qual disco que você tem que você tem vergonha de dizer que gosta?
"Meu gosto é impecável"

Quais foram as influências que o Echo & The Bunnymen teve nessa volta, em 1997?
"Conto na mão as melhores bandas do mundo e, neste tempo que não lançamos discos, comprei alguns cds. Gosto de Ash, gosto de Dandy Warhols, Radiohead e Oasis. Ainda não ouvi os Strokes (risos)... Tivemos influência do Nirvana no Electrafixion (projeto paralelo de Ian e Will). Acho que hoje não há bandas que causam impacto em mim. Bem, o Radiohead me comove".

Já tem alguma participação especial acertada para seu álbum solo?
"Pensei em convidar várias pessoas... pensei no David Bowie, mas acho que ele é tão ocupado em sua vida que nem tem tempo para a sua carreira e fica lançando músicas horríveis... (risos)

Você disse que desejava ser o Frank Sinatra do século 21...
"Não quero ser o Frank Sinatra. Em alguns aspectos sou até melhor do que ele".


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Site Oficial Echo and The Bunnymen