Elliott
Smith - Beautiful Loser
por Claudia Ferrari
2001
1
Escutar Elliott Smith não é tarefa fácil.
Não se gosta ouvindo da primeira vez, é preciso
ouvir pacientemente cada música até que em algum
momento elas façam sentido para o ouvinte. Para quem
tem paciência, o prazer de cada nota compensará.
Smith consegue fazer milagres com
sua voz e o inseparável violão/guitarra. Para
mergulhar nestas águas, é preciso entrar de
corpo inteiro, com os sentidos e a sensibilidade aguçada.
2
Elliott Smith ganhou projeção com a indicação
para o Oscar de melhor música de 1998 para o filme
Gênio Indomável (Good Will Hunting). Ele
não levou o prêmio, mas pelo menos fez uma performance
memorável, cantando Miss Misery sozinho no palco,
numa noite repleta de Titanics.
Os três primeiros discos de Smith - Roman Candle
(1994), Elliott Smith (1995) e Either/Or (1997)
- podem ser classificados como "lo-fi". A ênfase está
na voz (quase sempre sussurrada) e no violão/guitarra,
a produção é mínima, o estilo
é punk-folk. Algumas vezes aparece uma gaita ou outro
instrumento
Depois da indicação do Oscar, Smith mudou de
gravadora (foi para a Dreamworks) e os seus discos puderam
ser mais trabalhados, com mais instrumentação
e uma melhor produção. Para os puristas, essa
mudança poderia ser a morte, mas não foi o que
aconteceu. Parece que a música de Smith foi ganhando
outros lados, outras facetas igualmente interessantes. No
primeiro disco depois de sua fase "lo-fi", X/O (1998)
é possível ouvir duas "valsas" (singelamente
chamadas Waltz #1 e Waltz #2) e uma música
totalmente "a capella" (I Didn’t Understand). Pode
parecer bizarro, mas vale a pena escutar.
O disco mais recente de Smith, Figure 8 (2000), foi
gravado em Abbey Road, o que já diz um pouco sobre
as influências dos Beatles sobre a sua música.
É possível encontrar de tudo lá: "lo-fi",
valsas, rocks, músicas que parecem saídas de
um bar poeirento de filmes "western".
3
"Eu me tornei um filme mudo
O herói matou o palhaço
Não consigo fazer nenhum som (...)
A câmera lenta me move
O monólogo não faz sentido para mim"
(Can’t Make a Sound - Figure 8)
Melancolia, solidão, tristeza, depressão, raiva
e rancor. As letras das músicas expressam um pouco
destes sentimentos, principalmente no início da sua
carreira, quando Smith ainda era viciado em heroína.
Nos discos mais recentes a atmosfera tem sido menos densa,
e há mais otimismo nas letras. Ele prefere escrever,
como ele mesmo disse, "pequenos filmes abstratos" para que
o ouvinte complete o sentido das letras com sua própria
imaginação.
4
Elliott Smith grava músicas suas desde os 14 anos.
Antes de ter lançado o seu trabalho solo, ele fazia
parte da banda Heatmiser e tinha por companheiro Sam Coomes,
que hoje faz parte do Quasi. O som do Heatmiser era mais pesado
e Smith sentia a necessidade de explorar um lado mais intimista,
daí surgiu o seu trabalho solo, meio acidentalmente.
Ele gravava as fitas em casa e a sua namorada mandou uma delas
para uma gravadora que ficou tão entusiasmada que lançou
um álbum completo, e não apenas um single.
O primeiro disco que Smith comprou foi um álbum do
Kiss (Alive II), mas a influência que ele mais
abertamente revela é a dos Beatles sobre sua música.
O White Album parece ter sido um grande marco não
só no seu som, mas na sua vida. A primeira vez que
ele ouviu tinha 5 anos! É possível encontrar
na Internet covers que ele fez de Waterloo Sunset dos
Kinks, Because dos Beatles e Jealous Guy de
John Lennon.
Links interessantes:
www.sweetadeline.net
www.elliottsmith.net
www.elliottsmith.com
www.audiorocket.com
www.dreamworksrec.com