Entrevista
Ira! - Edgard Scandurra
por
Marcelo Silva Costa
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2001
O
Ira! demorou, mas cumpriu. As vésperas de completar 20
anos de carreira (o - feliz - aniversário é no
ano que vem) a banda lança "MTV Ao Vivo" (Abril Music),
registro que flagra uma das melhores bandas de rock deste país
em cima de um palco. O show foi gravado em um dia de tempestade,
em S. Paulo, no teatro do Memorial da América Latina,
e mostra uma banda confiante de si, e principalmente de seu
repertório, julgado clássico pelos fãs,
e que se apóia em grande sucessos ("Envelheço
na Cidade", "Dias de Luta", "Gritos na Multidão", entre
outros) e vários b-sides, como comentou o guitarrista
da banda, Edgard Scandurra, em entrevista à Rock Press
e ao Scream & Yell. No bate papo, Rock In Rio, carreira
solo e outras novidades.
Edgard, o que você achou do disco ao vivo?
Cara, achei que o som ficou muito bom, sem artifícios,
que acertamos no repertório, e para um disco que foi
gravado em um dia só, ficou ótimo. O Marcelo Sussekind,
que produziu o disco, é muito bom em gravar discos ao
vivo, e tem o calor do público.
Ficou bem a cara da banda, ao vivo.
É, por isso decidimos que não teríamos
músicos fora da banda. Só tem as participações
do Johnny Boy, que já acompanha o Ira! há um bom
tempo, e o Fábio Golfetti (guitarrista do Violeta de
Outono) que toca violão em quatro músicas. Já
saiu em CD e estamos esperando o lançamento em DVD, o
que será muito legal.
Como foi a escolha do repertório?
O repertório foi escolhido com base num resgate de canções
antigas, de músicas dos primeiros discos que não
fizeram sucesso mas que ficam na memória. Procuramos
fazer justiça com nosso repertório de lados B,
de músicas que não tocaram na rádio mas
são importantes dentro do Ira!. Na verdade é um
disco para o público, e também uma homenagem aos
20 anos que a banda completa em 2001.
E o Rock In Rio, como será a apresentação
de vocês, junto com o Ultraje a Rigor?
Na verdade, estamos apenas dividindo um horário no palco.
No horário que era para ter uma banda, seremos nós
e o Ultraje. Devemos, sim, tocar duas ou três músicas
juntos.
Já decidiram o repertório do show, o que vocês
vão tocar com o Ultraje?
Ainda não definimos o repertório, mas, por culpa
do pouco tempo, sabemos que será um show curto e grosso.
Também não definimos o que vamos tocar com o Ultraje,
mas possivelmente toquemos uma cover do The Clash.
O que você está achando do Rock In Rio? Tem
alguma banda que você queira ver, especialmente?
Quero ver o Foo Fighters, que acho que será legal. R.E.M.,
também. A nossa noite será muito interessante.
É um festival bem eclético. E esse ecletismo é
bem legal. O que mais deixou contente nesse Rock In Rio foi
a Tenda de Música Eletrônica. Esse espaço
consolida a força da música eletrônica no
país, mostra que ela deixou de ser algo underground.
O que você achou do relançamento de seu primeiro
álbum solo, o "Amigos Invisíveis"?
Eu já comprei. A primeira coisa que notei é de
como as coisas ficam datadas, como o tempo passa. Tem muitas
coisas que eu fiz ali que hoje não faria mais. Mas é
importante esse resgate do rock brasileiro. É o primeiro
disco que um integrante de banda lança, sem sair da banda.
Você mesmo já havia me dito, na outra vez que conversamos,
que o pessoal estava passando o disco para CDR, né, que
estava vendendo. Quem deverá ficar chateado é
o pessoal de sebo que estava vendendo o disco a R$ 150,00.
O Chales Gavin trabalhou direito na remasterização?
Eu precisaria pegar o vinil, comparar mesmo, pra te dizer isso.
Mas a principio, o Charles está de parabéns. Ele
teve de ir atrás. Chegou a ir a galpões, no interior
do estado, procurando as fitas DAT originais. Encontrou-as jogadas
no chão de um deposito. Foi um verdadeiro trabalho arqueológico.
E outra coisa legal foi que eles respeitaram as capas originais,
fizeram tudo certo.
E ainda colocaram bônus tracks ...
É verdade, e, sabe, essas duas versões me soaram
bem mais bacanas que as originais. O que deve estar saindo agora
são os dois primeiros álbuns do Ira!, no mesmo
esquema.
E a carreira solo, Edgard, como está?
Parada. Bem, nem tanto. Tenho feito apresentações
regulares, tenho um repertório montado de show, mas já
está na hora de eu compor músicas novas. A eletrônica
acaba fazendo com que você tenha sempre que ter material
novo, atualizado. Mas eu tenho tocado em vários lugares,
em Porto Alegre, Belo Horizonte, Goiânia, no Free Jazz.
Você havia me dito que estava interessado em lançar
o trabalho em mp3, na outra entrevista.
Cara, é absoluta falta de tempo. Vontade eu tenho, mas
não tenho tempo. A gente conversou às vésperas
da banda entrar em estúdio para gravar o "Isso é
Amor" e de lá pra cá não paramos. Quero
ver se acerto um álbum solo para o segundo semestre.
Aliás, o Ira! deve entrar em estúdio no segundo
semestre também, para gravar um disco novo, só
de inéditas. E agora no inicio do ano eu entro em estúdio
com o Arnaldo Antunes, para começarmos a trabalhar no
novo álbum dele.
E o que você tem ouvido ultimamente?
Ouvi o Radiohead, o "Kid A", né. Muito bom. Muito bom
mesmo. Tem também o Moby que é chocante. Nacional
eu gostei muito do MJ4, achei que o novo do Charlei Brown Jr.
está bacana. O Mundo Livre S/A, também está
muito bom.
Você está participando do novo disco do "The
Maybees", certo?
Certo. Nós somos vizinhos de estúdio, sempre rola
um papo. E eles estão lançando pela Polythelene
Pan, que também lança os discos do Nasi e Os Irmãos
do Blues e da banda do Gaspa. Então, sempre rola um diálogo
legal. Também foi uma maneira de retribuir a gentileza
da Vanessa, vocalista do The Maybees, que participou de vários
shows cantando "Telefone" com o Nasi, fazendo a voz que no disco
é da Fernanda Takai. E o solo de guitarra que fiz pra
eles ficou muito bonito.
Palavra final.
Olha, estamos muito contentes por tocar no Rock In Rio. Tivemos
problemas em um outro festival (o Hollywood Rock, 1988) e acabamos
ficando na geladeira por um bom tempo. O momento agora é
de volta. Isso é um fator tremendamente positivo.
Links
Site Oficial do Ira!
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