Los
Locos Amigos Del Beta Bandidos
por
Juliano Zappia
Beta Band
Shepherds
Bush Empire - Londres
22/01/02
Insanidade geral, descontrolada, permitida
e estimulada. Se espanholas doidas de cabelo enrolado, alemães de
olhos virados, bêbados e vestindo camiseta regata azul, ingleses
branquelos suando tequila e gritando sem parar e jamaicanos rastafari fumando
maconha, baforando na sua cara e checando o celular a cada 20 segundos
é a sua praia, você vai se sentir em casa durante um show
do "The Beta Band".
Animando a loucura total na capital
da terra Real, a "The Biiiita Band" (não se fala Béta, mas
sim Bita) nos serviu, durante quase duas horas de show, seu delicioso pop-rock
psicodélico com uma aperitivo a mais: doses de vodka. Quer dizer,
melhor que isso, doses de vodka servidas por anjos.
Para celebrar o último álbum,
"Hot
Shots II" (Algo como "Doses Quentes II"), os Beta Bandidos tiraram
negões bombados e branquelas semi-gostosonas de algum catálogo
esquecido de uma agência-de-modelos-de-quinta-categoria-na-periferia-da-cidade,
e os vestiu de anjos. E, durante quase toda a performance, essas estranhas
criaturas, metade anjo, metade aberração, passavam com bandejas
oferecendo pequenas doses da bebida russa ao público. Todos iam
ao delírio e imploravam por mais. Músicas e vodka.
MARINHEIRO POPEYE
E a Bita Band deu os dois e mais um
pouco. Enquanto abusava das canções do extraordinário
"The
3 EPS", de 98, vídeos caseiros feitos pelos excêntricos
integrantes eram projetados atrás da banda, agravando o sentimento
de alucinação coletiva.
Assim, por exemplo, enquanto eles
tocavam uma versão mais pesadona de "Dr Baker", o marinheiro Popeye
remava seu barquinho, solitário, pelos cantos do quarto bagunçado
de um dos integrantes. Ou quando eles puxavam os limites de "She´s
The One", improvisando e criando em cima da música, e o telão
mostrava eles correndo em um enorme pasto,vestidos como cacadores, mas
parecendo os igualmente malucos cavaleiros no filme "Em Busca do Cálice
Sagrado", do Monthy Python.
Mas as doideras da cambada, que disse
ter achado o próprio primeiro álbum, lançado em 1999,
uma merda, não param por aí. Vestidos de astronauta, surfista,
açougueiro e skatista eles trocam de instrumentos, fazem solo de
bateria e ainda arranjam tempo para convocar o time de anjos bizzaros para
dançar em cima do palco. Por mais que eu soubesse que estava na
Zona Oeste de Londres, a cena me trouxe à mente os bailes que a
extinta Rede Manchete transmitia durante as longas madrugadas de carnaval.
No final, Steve Manson, o simpático
e barbudo cantor, até balbuciou algumas palavras na sua própria
língua. Pouco entendi. E acho que o resto do público também.
Ou não deram a mínima. Estavam muito mais interessados na
próxima dose de vodka, ou em estourar os balões que enfeitavam
o Shepherds Bush Empire, local do show.
Mas, afinal, os Beta Bandidos não
estão por aí para pregar, criar polêmica ou mudar o
mundo. Tudo o que eles querem é se divertir e levar você de
carona. Nem que para isso eles precisem te embebedar antes.
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