Uma chuva torrencial castigava S. Paulo, sábado à tarde. Quem conhece a cidade, ou fica atento aos noticiários, sabe: chuva aqui, é sinal de caos. Por isso, perdi o paranaense Rodrigo César e seu Grenade (folk com psicodelia da melhor qualidade), que disse depois, ter feito o melhor show em São Paulo nesse ano; e os alagoanos do Mopho (psicodelia das boas cantada em português).

Cheguei quase no fim do set do Jupiter Apple, que fez um show bem parecido com outros dois que vi deles no ultimo mês. Mistura de canções de seus dois álbuns, sendo que as do primeiro ainda soam bem mais clássicas. Excelente presença de palco, mas as canções do album Plastic Soda soam meio deslocadas ao vivo. 

Os baianos do brincando de deus vieram para divulgar o novo e elogiadíssimo CD (terceiro da banda) e fizeram um excelente show. Eu esperava algo a la Pixies e ganhei um algo a la Teenage Fanclub, de qualidade surpreendente. Atenção para eles. Encerraram com uma cover simplesmente fidelíssima e sublime de "This Charming Man" dos Smiths. Wander Wildner assumiu o outro palco e fez do ambiente uma festa só. É quase impossível descrever. Misturando canções de seus dois álbuns, mais várias inéditas (com destaque para a maravilhosa "Eu não consigo ser alegre o tempo inteiro) Wander demonstrou muito carisma, feeling e uma nova banda, que traz na guitarra, a lenda gaúcha Jimi Joe. 

Para fechar a festa, os paulistas do Ira!, jogando em casa, fizeram uma apresentação irrepreensível. Divulgando o álbum ao vivo, a banda se sente à vontade para pescar coisas esquecidas no repertório de 20 anos da banda. Assim, é natural que Nasi não se lembre da letra de "O dia, a semana e o mes" (teve que "colar" de Edgard) e os próprios roadies se impressionem com "Poder, sorriso e fama" ("Eu nunca tinha ouvido eles tocarem essa", um deles deixou escapar). 
Parabéns ao Sesc pela iniciativa e pelo som de primeira.