Abril Pró Rock SP
Los Hermanos/Charlatans
22/04/2002
Stephen Malkmus * Leela * Prot(o)
24/04/2001
por Marcelo Silva Costa, Marcio Custódio e Rodrigo James

Los Hermanos
por Marcelo Costa

O Abril Pró Rock salvou os Los Hermanos. A banda apresentou-se em Recife em 1997, indecisa sobre o futuro. A apresentação rendeu-lhes o título de revelação do festival e, em seguida, o contrato com a Abril Music e, bem, o resto já é história. 

Em São Paulo, tocando pela terceira vez no festival, o Los Hermanos versão 2002 já são uma banda madura, feliz e mostrando entrosamento entre o quinteto (com o acréscimo do baixista Gabriel Neves) e o naipe de metais. 

O repertório foi mais curto que o de um show normal e, propositalmente, deixou de fora "Anna Júlia" e "Primavera" (hits do priemiro álbum), centrando força em praticamente tudo de "Bloco do Eu Sozinho", com algumas concessões para canções antigas e uma versão para "Desce", de Arnaldo Antunes.

No palco, muitos sorrisos de uma banda que parece estar de bem com a vida após o conturbado processo de lançamento de "Bloco". A música "Cadê Teu Suin?", canção que explica em linhas cortadas toda essa história, foi dedicada ao inspirador Tom Zé, que não havia se sentido bem na noite anterior, em Recife. 

Tocando para um público pequeno, mas que conhecia praticamente todas as canções da banda, Camelo, Amarante, Barba e Medina presentearam os paulistas com mais um grande show. E que os sorrisos e o alto astral no palco indiquem um futuro promissor para a melhor banda da atualidade no Brasil. A torcida é grande. 
 

Charlatans
por Marcio Custódio

Quem foi blasé e não quis ir ao show dos britânicos do Charlatans numa segunda-feira quente em SP perdeu uma fantástica apresentação. Os rapazes despejaram seus hits para um Olympia quase vazio. Quem foi, por sua vez, teve a chance de dançar e cantar pérolas como "The Only One I Know" e "Weirdo", e ainda conferir o charme dos meninos, que na verdade não são tão meninos assim, pois a banda já está com mais de doze anos de carreira e carrega sete álbuns nas costas!

O show dos charlatões foi na medida, nem muito curto e nem muito longo. O quinteto de Manchester tocou quatorze canções, num repertório que abrangeu toda a carreira, apenas centrando um pouco o set no belíssimo último álbum, "Wonderland". 

Começaram com a sexy "Love Is The Key", primeiro single de "Wonderland", com o vocalista Tim Burgess cantando em falsete. O vocal do rapaz surpreende. Em seguida veio "Judas", a melhor do último disco. Gostosa, com swing, ótima para o início do show. E dá-lhe falsete novamente! 

A animação do público aumentou em "Telling Stories", do disco homônimo, a terceira do show, com Burgess deixando de lado sua influência de Curtis Mayfield e cantando com a voz que tanto caracteriza os Charlatans. Em seguida vieram mais músicas do último trabalho, "I Just Can't Over Losing You" e "A Man Needs to Be Told", todas muito bem arranjadas ao vivo, dançaveis e empolgantes. 

Do meio para a frente, a banda priorizou as músicas antigas - com exceção de "You’re So Pretty – We’re So Pretty", de "Wonderland". Assim, vieram "One to Another" e "The Only One I Know", está última, mega-hit que eles não tocavam ao vivo há mais de cinco anos e que surgiu como um presente ao público brasileiro.  Logo em seguida vieram "Impossible" (do excelente "Us and Only Us") e "North Country Boy", com seu refrão sensacional.

Os integrantes mal falavam com os poucos presentes e os agradecimentos surgiam tímidos ante os aplausos da audiência. 

Para fechar o set, duas antigas: "Weirdo" e "How High". Aquela batida indie-dance, aquele teclado que só o Charlatans têm, aquele cheiro de Madchester. A qualidade de som estava perfeita, ouvia-se tudo direitinho. Gaitas, baixo, teclados, guitarras... todos os instrumentos estavam em perfeita sintonia. 

O bis contou com duas músicas, "Just Lookin" e "Sproston Green", essa do álbum de estréia da banda, "Some Friendly", de 1990, com direito à final épico e tudo mais. Não era pra menos, afinal era o fim de uma grande apresentação, que só não foi mais brilhante pela falta de uma boa iluminação no palco e a falta de fumaça para criar os climas especiais que as ótimas canções da banda merecem. Mas mesmo assim valeu a pena. Quando os Charlatans estão on stage, tudo é festa. E como!
 
Confira o set-list 

Love Is the Key (Wonderlad)
Judas (Wonderland)
Tellin' Stories (Tellin' Stories)
I Just Can't Over Losing You (Wonderland)
A Man Needs to Be Told (Wonderland)
One to Another (Tellin' Stories)
The Only One I Know (Some Friendly)
Impossible (Us and only Us)
North Country Boy (Tellin' Stories)
You're So Pretty - We're So Pretty
(Wonderland)
Weirdo (Between 10th & 11th) 
How High (Tellin' Stories)
Just Lookin' (The Charlatans)
Sproston Green (Some Friendly)


Stephen Malkmus * Leela * Prot(o)
Por Rodrigo James

A concorrência era feroz aquele dia. São Paulo e Corinthians disputavam o primeiro jogo da semi-final da Copa do Brasil. O resultado todo mundo já sabe. O Curingão meteu 2 no Tricolor.

Enquanto isso, em outro estádio.....

...o jogo prometia bastante. Apesar de o estádio não estar tão lotado. Afinal, o astro Stephen Malkmus faria sua terceira partida em terras tupiniquins, depois de boas apresentações nas cidades de Recife e Londrina. A expectativa era, é claro, por alguma referência ao time que o consagrou, Pavement Futebol Clube e ele prometia não decepcionar a torcida.

Mas antes, as preliminares.

O primeiro time a entrar em campo foi o carioca Leela. Time bem armado, com uma atacante cheia de fôlego ( Bianca Jhordão ) e bastante saúde ( se é que me entendem ). O meio de campo e a defesa estavam bastante afiados, mas a torcida só queria mesmo ver o jogo principal. Resultado : vitória minguada, gol de Bianca, que atacou corações e a libido de grande parte da torcida. Placar : 1X0.

O segundo time entrou em campo logo na sequência. O brasiliense Prot(o) chegou com fama de time em ascensão na fase final do campeonato. Fama que vinha de Recife, do final de semana anterior. Mais uma vez, a torcida paulista não se empolgou. Afinal, é mais um daqueles times que não mostram nenhuma jogada diferente e jogam pelo campeonato. Ficou no 0X0.

Uma meia hora depois, adentra ao gramado a grande atração da noite, Stephen Malkmus acompanhado de seu novo time, The Jicks. O jogo começou bem jogado, apesar de muito pouco corrido. O diálogo entre Malkmus e a torcida foi bastante favorecido pela pré-disposição desta em acolher o craque. E ele não a decepcionou. Foi marcando gol após gol sem se cansar, mostrando que seu time é bem preparado e está no auge de sua forma. 

Aos 45 do segundo tempo, veio o tiro de misericórdia. Malkmus evocou seu antigo time e mandou uma bomba chamada “In The Mouth a Desert”. Golaço de placa. Com a taça nas mãos, ele ainda voltaria para uma prorrogação, mas o jogo já estava ganho. Não foi uma goleada, mas uma bela vitória.

Placar : 5X0