Entrevista
- Abaixo de Zero
por
Marcelo Costa
O Abaixo de Zero é um
quarteto formato no Rio de Janeiro, em 1999, e que aposta na simplicidade
e na inocência das canções. Estão lançando
o segundo cd demo "Mas Para Onde Foi o Mal?", com três faixas
e batalhando espaço para tocar em outras regiões. O som tem
um pé na pós-punk de bandas como The Smiths, R.E.M. e The
Cure, e permite ligação direta com o britpop de Ash e Blur.
A banda é formada por André,
vocal/guitarra, Mattoso, baixo, Paulo, guitarra/teclados e Leonardo, bateria.
E foi com Leonardo que o S&Y conversou, via ICQ. Confira o bate-papo:
De onde é
o Abaixo de Zero?
Somos especificamente de Niterói-RJ,
mas já abandonamos os shows pela cidade, pois em Niterói
não há sequer uma pequena cena formada. A não ser
por bandas de reggae (algumas muito boas, apesar de eu não gostar
do estilo), forró, etc.
Então
onde vocês estão fazendo shows ultimamente?
Existe quase que um circuitozinho
obrigatório aqui no Rio de Janeiro. Casas onde todas as bandas acabam
passando. É por aqui no Rio que passamos o ano passado inteiro fazendo
shows.
Chegaram
a tocar fora do RJ? Se pintar um convite de tocar em São Paulo,
ou Porto Alegre, rolaria de vocês irem?
Ainda não. O mais longe que
tocamos foi no interior do Rio, em Magé. Quanto aos shows em outras
cidades, é o que mais andamos procurando hoje em dia. Queremos dar
uma expandida no som, tocar para públicos mais variados, conhecer
novos lugares, trocar informações com outras bandas. Não
sei quanto às possibilidades, mas crescemos o olho para cima de
festivais como o Goiânia Noise, Mada, Bananada. Já até
enviamos material.
Como você
resumiria a banda?
Somos uma banda de quatro verdadeiros
amigos que não querem apresentar nenhuma porposta nova, nem revolucionar
o mundo com a nossa música. Fazemos um power pop bem trabalhado,
muito mais calcado na energia e sinceridade, do que no virtuosismo e experimentalismo.
Mas longe de nós, queremos ser conservadores. Apenas estamos na
nossa, "no simples, sincero e direto".
De onde vocês
tiraram o nome da banda?
Bom, gostávamos muito dos anos
80. E as bandas nacionais dos anos 80 sempre tinham nomes compostos. Tipo,
sei lá, Engenheiro do Hawaii, Nenhum de Nós, Paralamas do
Sucesso. E bateu esse nome na nossa cabeça e o achamos muito sonoro.
Tipo, Abaixo de zero, Abaixo de zero, Abaixo de Zero. Ele soa bem, acho
eu. Depois de um tempo, fomos descobrir que existe um livro com o nome
de Abaixo de zero, do Bret Easton Ellis, que fala do romantismo
e decadência dos anos 80, uma coisa meio Smiths. Fala tb do início
do Vídeo Clipe. Mas o livro não é nada demais não.
"Mas
para onde foi o mal?" é o segundo cd demo de vocês, certo?
Quando saiu o primeiro? Mudou algo no som de um para o outro?
O primeiro, na verdade, só
serviu como uma iniciação mesmo. Perdemos a virgindade lá,
mas não conseguimos mostrar o que queríamos, até mesmo
porque nem nós sabíamos o que queríamos com aquele
cd. O som mudou bastante, existe mais pegada, mais energia nas músicas
novas. No primeiro tínhamos um tecladista. ele saiu e deu lugar
ao nosso guitarrista atual, o Paulo Junkie Food, que podemos dizer que
mudou bastante a sonoridade da banda. E ele ainda toca teclado tb! Mas
quatro músicas das sete do primeiro cd, ainda são tocadas
ao vivo. Não as abandonamos, pois achamos que elas ainda tem potencial.
Rola cover
nos shows?
Sim, mas tocamos apenas uma por show.
Algo como uma referência mesmo. Elas variam. Às vezes tocamos
"Suedehead", do Morrissey, ou "Confetti", do Lemonheads ou " "The One I
Love", do REM.
Podem se
dizer que essas são as principais influências da banda?
The Smiths é mais pelo gosto.
Não consigo ver influências diretas de Smiths no nosso som.
Mas REM e Lemonheads sim. Eles são influências junto com o
Ash. O Blur tb é. Como pode perceber, a nossa última faixa
do disco é quase uma homenagem ao Blur. Coffe and TV!!!
"Anna e Beta",
né. Quem são elas???
Exato. São umas meninas que
estudaram no nosso colégio (meu e do Guilherme Mattoso, nosso baixista).
O Mattoso era muito amigo delas. Mas auqela coisa né. Passa-se o
terceiro ano, as pessoas vão seguindo caminhos diferente e já
faz pra mais de quatro anos que eles não convivem juntos, como os
amigos que eram naquela época.
É
uma música bem legal e, sim, lembra "Cofee and Tv". Bem, como está
indo a distribuição do cd?
Estamos explorando os lugares que
sabemos que estão de portas abertas pra essa galera nova. Então
já enviamos cd pra e-zines, rádios comunitárias, produtores
de eventos, revistas. Estamos buscando nos estruturar agora, dar a cara
à tapa para as críticas. Pra conseguirmos algo, precisamos
fazer comque o nosso som chegue até onde o movimento está
rolando.
E os planos
para 2002?
Fazer chegar o nosso som - seja ele
no formato de cd, show acústico ou elétrico - aonde as coisas
acontecem. Gostaríamos muito de podermos sair do Rio para fazer
os shows, apesar de ainda termos bastante espaço pra explorar por
aqui. E eu gostaria que a cena do Rio começasse a crescer com as
bandas que se revelaram aqui em 2001. Foi o caso do Netunos, Leela, Onno,
Supernova, o Nabuco On The Roxy. Todas grandes queridas.
O que você
acha e espera dessa cena carioca 2001/2002?
É uma cena muito boa. Todas
essas bandas que citei estão buscando trazer a qualidade do profissional
para o underground. Existe uma preocupação de mainstream
na produção independente dessa galera. Seja ela com a qualidade
do som, a qualidade gráfica, o nome, os instrumentos. Estão
fazendo um trabalho de qualidade mesmo. Se continuarem nesse ritmo de evolução,
logo, logo se ouvirá falar bastante deles.
E esse papo
de incluir um quarteto de cordas?
Estamos com um plano em andamento
de inserir um quarteto de cordas em três músicas do nosso
repertório. Mas isso só para shows grandes. Afinal, não
teria cabimento tocar com um quarteto de cordas em um palco microscópico
de uma barzinho pé sujo.
Isso é
bem legal!
Bastante. Mas não queremos
perder "punch" com isso. Muito pelo contrário. Quero que o quarteto
coloque um peso a mais, dê aquelas sensação apocalíptica
assim. E a sonzeira comendo solta. Mas ainda estamos bolando o arranjo.
nem ensaiamos com os caras ainda.
Na tour "In
Utero", o Nirvana levava cordas para o palco, nas músicas "Dumb"
e "Polly". O resultado era bem bacana. E como é que as pessoas
podem entrar em contato com vocês, tanto para shows quanto para pedir
o cd?
Bom, gostaria de estar dizendo agora
que era só entrar no nosso site www.abaixo.cjb.net
e se informar por lá. O site está de nove meses, mas ainda
não nasceu. A qualquer momento ele estará dando as caras
ao mundo e nós avisaremos através do nosso informativo, o
ADZ Newsletter. Enquanto isso é só mandar um e-mail para
abaixodezero@independente.net. Todos os pedidos serão
muito bem-vindos.
Recado final.
Ahr, bom, er. por onde começar.
Monte uma banda, crie um zine, um selo, produza texto, arte, música.
Faça o que for, pegue sua parte e sejam todos bem-vindos à
produção cultural independente.
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