Entrevista - Marina Person
por Marcos Paulino
Blug
Foto: Divulgação
18/07/2006

A Marina Person da MTV todo mundo conhece. Afinal, ela é uma das principais VJs da emissora, onde trabalha desde 1993. Muita gente também sabe de sua paixão pelo cinema, área em que conquistou seu diploma universitário, além de ter atuado como diretora e atriz. Coisa de genética. Marina é filha do já falecido cineasta Sérgio Person, autor de São Paulo S.A., de 1965, filme que marcou época no cinema brasileiro, e da documentarista Regina Jehá.

Agora, aos 37 anos, Marina está ampliando seus horizontes. Além de atuar na MTV, onde apresenta o Top Top e o Neura, e no cinema, onde finalizou um curta sobre seu pai e se prepara para assinar a primeira direção de um longa, ela vem se dedicando ao rádio. Tá Rolando com Marina Person é o nome do programa que apresenta e produz com Felipe Xavier, ex-Sobrinhos do Ataíde, atualmente no ar em 19 emissoras do Nordeste, do Sul, do Rio, Minas e Espírito Santo. Na verdade, são programetes de um minuto, com várias edições diárias, especialmente voltados para as adolescentes, que recebem informações sobre cinema, TV, moda e outros assuntos de seu interesse.

Sobre esse novo projeto e sua agitada rotina Marina conversou com o PLUG, parceiro S&Y:

Por que o Tá Rolando com Marina Person ainda não está disponível para o Estado de São Paulo?
A gente estava quase fechando uma rádio aqui, mas ela foi comprada por outra e ainda não fechamos.

É a 89 FM (que deixou de ser a Rádio Rock)?
É.

Além de apresentar, quais suas outras funções no programa?
Eu e o Felipe concebemos o programa juntos e nós orientamos uma profissional que faz as pesquisas sobre as notícias do cinema, da moda, da música. No final, dou uma amarrada em tudo.

Agora a MTV. Quando você chegou à emissora, os VJs eram quase DJs com imagem. Hoje a função é bem mais complexa e exige, por exemplo, um tanto de interpretação. Como você encara essa mudança do perfil do profissional?
Realmente tem essa diferença. Eu, por exemplo, sempre fiz coisas diferentes e foi isso que me estimulou a ficar tanto tempo na MTV. Fazia uma coisa mais jornalística, de cinema, que era um assunto que eu entendia, me tinham muito como “a menina do cinema”. Aí eu mesma fiquei com vontade de fazer outras coisas e a própria MTV foi adaptando os programas às capacidades das pessoas. A primeira coisa mais de interpretação que fiz foi Os Piores Clipes do Mundo. Mas depois voltei para o jornalismo, para fazer Contato MTV. Foi quando o Marcos Mion chegou para fazer o Piores e trouxe esse lance bastante de atuação. Foi o primeiro que deu uma despirocada, foi ótimo pra todo mundo. E tinha também outros caras, o Levy, o João Gordo, o Max Fivelinha, era uma coisa mais dos meninos. As meninas eram as bonitinhas.

A sua experiência com o cinema ajudou na hora da interpretação?
Ajudou sim. Todo vez que se entra em contato com artes visuais e interpretação, você agrega.

Os VJs ficaram famosos, tem uma profissão invejada. Você se sente uma celebridade?
A gente tem um reconhecimento bom. Se você for computar os pontos de audiência da MTV, dá muito pouco. Porém, a gente consegue um superdestaque na mídia e na cabeça da galera até pelo jeito como trata o jovem. Hoje em dia, até os outros canais conseguem fazer programas para os jovens sem ser aquela coisa estereotipada. A gente conseguiu encarar o jovem de uma maneira mais realista, mais honesta, mais direta. O jeito de falar, de apresentar os programas, hoje é supercopiado. É uma coisa normal, que deu certo, e as pessoas copiam. A MTV não é a mais a única, mas continuo achando que a gente faz primeiro. É assim desde quando a MTV chegou ao Brasil, com uma linguagem mais ágil, mais coloquial, com câmeras tortas. Um exemplo é o Globo Esporte, que também passou a usar essa linguagem. Achei o máximo quando vi a Globo fazendo isso.

A sua formação foi toda voltada ao cinema. Mesmo atuando em TV há tanto tempo, você gostaria de trabalhar mais com cinema? Falta espaço para isso?
Não consigo sobreviver só de cinema. A minha geração teve dois caminhos: ou fazer publicidade ou ter uma vida supersacrificada. A maneira que encontrei foi trabalhar na TV. Mas hoje cada vez mais tem diretores de TV que estão trabalhando também no cinema, como o Guel Arraes, por exemplo.

Em que pé está o documentário sobre seu pai?
Está prontíssimo, a gente vai fazer um circuito de festivais. Agora estou com outro projeto, de longa-metragem.

Você vai dirigir?
Vai ser meu primeiro longa na direção.

Hoje há até vestibulares exigindo uma lista mínima de filmes assistidos.
Na sua lista, quais entrariam?

A discografia inteira do Stanley Kubrick e filmes brasileiros, porque é nossa história, nossa identidade. Podem entrar Cidade de Deus, Central do Brasil, O Invasor e até os mais antigos.

Você tem algum tipo de ressentimento por não apresentar mais o Cine MTV, que era um programa com o qual era muito identificada?
Deixar o programa não foi uma decisão minha, mas não posso dizer que fiquei chateada. Eu fazia o Cine há muito tempo e isso cansa. Já não me desafiava mais. E o programa hoje é muito mais voltado aos adolescentes, muito blockbuster, muito cinemão americano, que não tem a ver comigo. Quando comecei no Cine, até tiravam sarro de mim porque eu sempre queria fazer matérias sobre cinema brasileiro. Procurava colocar filmes brasileiros, filmes mais alternativos, festivais de curta-metragem, mostras de cinema independente americano. Foi muito legal, porque tinha acesso a pessoas que eu nunca imaginava.

Programas como o Meninas Veneno, que você apresentou, assim como outros que estimulavam o debate, não estão mais na grade da MTV. Você sente falta disso?
O Meninas cumpriu um papel legal, um programa feminino, uma coisa superatual. Mas ele foi feito pra durar seis meses e ficou quatro anos no ar. A idéia deu certo, mas chega uma hora em que o assunto esgota. Ele saiu do ar no auge, que é como a gente gosta.

Rádio, cinema, TV. Como você está administrando isso tudo? Você pensa em casar, ter filhos?
Se aparecer a pessoa certa, a gente arruma tempo.

Você posou para a Vip e para a seção Mulheres que Amamos, da Playboy. Têm rolado mais convites pra trabalhos desse tipo? Você tem algum problema em explorar a beleza? Você aceitaria posar nua, por exemplo?
Já rolou um convite da Playboy, mas aí é outra coisa. Mas fazer ensaio sensual, sem tirar a roupa toda, acho que não tem problema nenhum. Só que a Playboy é um nu muito comercial.

*******

Entrevista cedida pelo caderno PLUG do jornal Gazeta de Limeira