Uma
Copa e várias constatações
Quartas-de-Final
por
Juliano
Costa e Martín Fernandez
S&Y
analisa a Copa até aqui e atesta: derruba-bolão,
gritaria, sono, correria e apito-amigo.
Você nunca viu nada igual.
Esta
é a "Copa derruba-bolão". Nunca houve tantas zebras,
tantas surpresas em uma só Copa do Mundo. Senegal, Turquia,
EUA e Coréia do Sul nas Quartas, e França, Itália,
Argentina, Portugal e Uruguai de fora. Alguma coisa está
fora da ordem, diria "aquele cara lá", tá ligado?
Esta
é a "Copa da gritaria". Como são chatos aqueles
japeanos e coreaneses berrando o tempo todo, vestidos todos
com a mesma (a mesma!!!) camiseta (idênticas, originais,
nada de pirataria), soltando interjeições cômicas
de espanto até em replay de reversão em lateral!
Que saudade dos hooligans ingleses, dos bêbados alemães,
dos irreverentes holandeses, dos tiffosi italianos.
Esta
é a "Copa do sono". Acordar às 3h30 da manhã
não dá. É muito tarde para ficar acordado
e muito cedo para levantar da cama. E com tanta Seleção
na Copa (pra quê 32?) e Luís Roberto ou Rembrandt
Jr. narrando Tunísia x Rússia, Arábia x
Camarões, é melhor ficar dormindo mesmo.
Esta
é a "Copa da correria". Tantos os times europeus quanto
os sul-americanos, mais tradicionais, estão tendo dificuldades
com seleções africanas e asiáticas no que
se refere ao preparo físico. É natural. A temporada
européia recém terminou. Estão todos meio
mortos.
É
a Copa do apito amigo. Roque Citadini largou o Corinthians outro
dia, será que foi para a Ásia? Só a favor
do Brasil, temos um pênalti contra a Turquia e um gol
anulado da Bélgica (sem falar no gol-Fifa para Ronaldo).
A Coréia tirou a Itália em grande parte porque
Totti foi expulso injustamente. Senegal passou da primeira fase
graças a um empurrãozinho do apito.
E
esta é a Copa para o penta. Nunca foi tão fácil.
Com exceção da Inglaterra, que também não
joga Mills maravilhas, o Brasil só tem bêbado pela
frente.
Um
catadão de jogadores na Portuguesa Santista e no Jabaquara
dá conta da Turquia.
Lambão,
um cachorro trôpego que não sai da porta do Bar
do Zoinho, é mais habilidoso do que qualquer americano.
A
equipe brasileira medalhista olímpica de revezamento
4 x 100m liqüida com as esperanças dos coreanos.
O
time de masters do Bragantino, tocando de pé em pé,
envolve o time do Senegal.
Para
detonar a Alemanha, basta jogar futebol.
E
a Espanha... bem, a Espanha não conta, ela amarela de
qualquer jeito.
Tá
bom ou quer mais? O Brasil só perde essa Copa para o
Felipão. Ele não poderá mais repetir o
erro absurdo que ele cometeu contra a Bélgica, ao simplesmente
riscar do esquema tático o meio-de-campo (o Brasil jogou
num 5-0-5) e manter o Ricardinho no banco. A Inglaterra pode
não ter o melhor time do mundo (quem tem?), mas eles
têm, disparado, o melhor meio-de-campo da Copa.
Nicky
Butt, Paul Scholes, Trevor Sinclair (Owen está machucado
e não deve jogar) e David Beckham marcam e saem para
o jogo com extrema categoria - chega até a ser difícil
acreditar que eles são ingleses de verdade (Sinclair
é negão e Hargreaves é canadense (!!!),
mas os outros três são brits legítimos).
Se
Felipão for teimoso e mantiver o Juninho "me engana que
eu gosto" Paulista, que pensa ser suficiente compensar com sua
vontade a enormidade de passes que erra numa partida, o Brasil
perde e perde feio. Ou não. Basta que Marcos esteja novamente
em um dia inspirado, como foi contra a Bélgica, e os
três "Rs" estejam a fim de jogar bola. Aí, até
se Belletti surgir como meia o Brasil ganha. Ninguém
tem Ronaldo, Ronaldinho Gaúcho e Rivaldo. Só nós.
Ou melhor, só o Felipão...
Quartas-de-final:
o que resta da tradição contra a periferia da
bola
Só
sobraram oito, os outros 24 ya lo miran por TV. Sobraram: duas
seleções tradicionais, que têm tudo para
fazer a final, Brasil e Alemanha, um monocampeão caseiro
(como diz Marcos Fernandes, correspondente deste especial na
Áustria), a Inglaterra. E outra que, vá lá,
também tem alguma tradição, a Espanha.
De resto, só a periferia do futebol.
O
S&Y, portanto, analisa cada um desses confrontos e dá
seus palpites. Erramos alguns nas oitavas, é verdade,
mas o futebol é uma caixinha de surpresas, lembra?
x
Coréia do Sul x Espanha
Os rosas contra os amarelos. Jogo duro. Duro de assistir.
Os
coreanos têm um segredo, que Scream & Yell revela
agora, em primeira mão: os 11 jogadores são trocados
no intervalo. Sim, você leu direito. Os coreanos são
todos iguais, certo? Eles correm mais do que qualquer outro
time, certo? Então...
A
Espanha é o time das contusões bizarras: antes
da copa, o goleiro Cañizares cortou o pé com um
vidro de perfume. Agora, o volante Abelda torceu o testículo.
Sim, você leu direito. O tes-tí-cu-lo. Como ele
joga no meio, não se sabe se foi o direito ou o esquerdo.
Piadas
ridículas à parte, trata-se do duelo entre um
ótimo e um péssimo técnico. Pegar um bando
de japas e levá-los às quartas do mundial não
é tarefa pra qualquer um. E o holandês Gus Hiddink
conseguiu. E ainda eliminou Portugal e Itália. Como prêmio,
um hotel lhe garantiu cerveja grátis para o resto da
vida. Já pensou se fosse técnico da Irlanda?
E
foi justamente contra a Irlanda que o técnico espanhol
Camacho mostrou o que sabe. Quando o time ganhava por um magérrimo
1 a 0, ele tirou seus dois atacantes, Raul e Morientes. Um é
apontado como dos melhores do mundo, o outro é o artilheiro
da seleção na Copa. Resultado: sofreu o empate,
levou um sufoco e só se garantiu nos pênaltis.
(Aliás, aquele pessoal da Irlanda bate um pênalti,
hein? Como dissemos na primeira parte deste especial, o fraco
deles é o álcool).
Palpite
Romário tem uma frase que diz "Técnico bom é
aquele que não atrapalha". S&Y assina embaixo. Se
o Camacho deixar e a febra amarela não chegar, a Espanha
ganha fácil. A não ser, claro, que o jogo chegue
apertado ao segundo tempo. Aí vai ser aquela correria
dos coreanos recém-trocados.
x
Alemanha x Estados Unidos
II Guerra Mundial?
Assim
que acabou o jogo entre Coréia e Itália, um japa
daqueles levantou um pequeno cartaz na arquibancada: "1966,
remember?". Referia-se à vitória que Coréia
do Norte impôs à Itália na Copa da Inglaterra.
Na mesma hora pensei: bem que um americano poderia levantar
um plaquinha assim depois do jogo contra a Alemanha: "1945,
remember?". Nada a ver né? Pois é.
Como
já se disse aqui, o fator sorte é tudo que os
americanos têm a seu favor. Ganharam de Portugal na estréia
por causa de um gol contra, de outro que desviou no zagueiro
e por essas coincidências do mundo do futebol. O time
é uma farsa, ficou provado no jogo contra a Polônia,
em que levaram 3 a 1. Depois, tiveram a sorte de pegar o México
nas oitavas. Nós apostamos nos cucarachas, mas a sorte
nos derrubou. Em dois chutes a gol os Estados Unidos fizeram
dois gols. Fazer o quê?
Mas
a Alemanha é muito mais time. Tá certo que não
jogou nada contra o Paraguai, mas é improvável
que o raio americano caia pela terceira vez na mesma copa. Klose,
o artilheiro polonês, deve estar meio puto que a Fifa
inventou um gol pro Ronaldo, deixando os dois empatados na
artilharia. Além disso, a Alemanha tem o melhor goleiro
do mundo, Oliver Kahn. Os EUA não vão marcar a
cada vez que chutarem no gol.
Palpite:
dá Alemanha, tranqüilo. Os Estados Unidos já
foram longe demais. Nada como uma seleção tradicional
e eficiente para acabar com mais essa farsa.
x
Turquia x Senegal
A pelada da Copa
Isso
é uma vergonha. Dois times que sequer deveriam estar
no mundial disputando quartas-de-final. Essa, aliás,
está sendo a pior copa de todas as acompanhadas pelos
signatários, ou seja, desde 1986. Periga dar um São
Caetano e Atlético Paranaense na final. Um vai estar
na semifinal.
A
Turquia é tudo aquilo que se viu contra o Brasil: nada.
Mas tem o mérito de ter acabado com a farsa japonesa.
E agora está com a missão de acabar com a farsa
senegalesa.
Senegal
é o novo queridinho da imprensa esportiva mundial. Joga
com oito atrás, o ladrão de colares Fadiga no
meio e o atacante Diouf na frente. É bola pra frente,
Diouf segura, Fadiga encosta e se der pra fazer alguma coisa,
ótimo. Se não, tudo bem também. A única
virtude
senegalesa é a velocidade. Há quem diga que também
eles trocam os 11 no intervalo. Tem quem garanta que é
a experiência de fugir da polícia. Nos recusamos
a compactuar com essa maldade.
Palpite:
dá Turquia. Senegal ganhou da França num irrepetível
golpe de sorte, empatou com a Dinamarca e com o Uruguai - graças
a um providencial apito amigo. Depois, a baba Suécia.
Aliás, estes estão perdoados por terem feito seu
papel na copa: tirar a Argentina.
x
Brasil x Inglaterra
Até que enfim, um jogo de verdade
A
frase acima vale para a trajetória brasileira neste mundial
e para as quartas-de-final. Daqui sai o finalista que enfrentará
a Alemanha na final. Essas três seleções
têm a missão de salvar a copa do fiasco. Já
pensou uma final Senegal x Coréia?
De
volta à realidade: vai ser o melhor jogo até aqui.
A Inglaterra tem um time correto, com dois craques (Owen e Beckham)
e uma defesa segura. A campanha até aqui é mediana:
dois empates safados, com Suécia e Nigéria, e
duas vitórias consagradoras: sobre Argentina e
Dinamarca.
O
Brasil é aquela coisa: pode levar três gols num
jogo e fazer cinco. É de longe quem tem mais jogadores
capazes de desequilibrar - tanto a favor quanto contra. Vale
aqui a Lei de Romário: técnico bom é o
que não atrapalha. Então, Felipão, nada
de Denílson-foca nem de tirar o
Ronaldinho. É só meter o Ricardinho no lugar do
Juninho e pronto. O apito amigo se encarrega do resto.
Palpite:
rumo ao penta, Brasil
Até a final, o Brasil vai ter jogado apenas um Jogo com
letra maiúscula. E se quiser ser campeão, tem
que ganhar pelo menos um, né? O problema é Felipão,
que aliás foi muito bem comparado a Pedro Malan dia desses:
"Todo mundo sabe o que tem que fazer, menos eles". Ou sabem
e não fazem. O que é pior.
As
semifinais, portanto, são as seguintes:
Espanha x Alemanha
Brasil x Turquia
Voltamos
a conversar depois das quartas?
Bate
Bola
Nossos
especialistas em futebol, Juliano e Martin, estão esperando
comentários, apostas, reclamações, dicas
e passagens para ver a final (com direito a ingressos comprados
de cambistas) em seus emails. O S&Y acompanhará a
Copa até a final, afinal, futebol é pop.
Juliano
Costa - Juliano@lancenet.com.br
Martin Fernadez - martin@sqn.com.br
Copa do Mundo I
Oitavas de final
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Acabou a brincadeira. Chegou a hora de separar homens de crianças.
A partir de agora, quem perder volta pra casa. A Copa do Mundo
virou tema central de qualquer conversa, em qualquer lugar do
mundo. A lista S&Y (O quê? Você não assina?)
virou uma mesa redonda, uma verdadeira mesa de bar em que dezenas
de técnicos discutem a Copa do Sono.
Por isso tudo, Scream & Yell preparou um raio-X especial
de cada uma das 16 seleções classificadas para
a segunda fase. Ainda dá tempo de participar de algum
bolão? Então leia, faça suas apostas e
venha nos agradecer depois.
Copa do Mundo III
A Final das Finais
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Analise da final, da decisão do 3º lugar e uma
insólita comparação entre os jogadores
brasileiros e os participantes do BBB
Copa do Mundo IV
Isto é Brasil
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Saiba tudo o que aconteceu nesta Copa do Mundo em um resumão
da ópera... ops, da pelota.
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