"Confissões de
uma Groupie - I'm With The Band", Pamela Des Barres
por André Fiori Velvet
CDs 16/02/2005
Quem
já viu o filme Almost Famous, sabe do que se trata o
fenômeno daquelas garotas que queriam "algo mais" do que apenas
assistir aos shows dos seus artistas de rock favoritos. I'm
With The Band retrata a era de ouro de ambos (do rock'n'roll
e das "groupies"), mostrando que tal 'atividade' podia ser menos
vulgar do que se pensa. Publicado originalmente em 1987, chega agora ao Brasil em uma edição revista e atualizada pela autora, que com esse livro (ela publicou mais dois) tornou-se 'cult', e conhecida como 'uma autoridade' em anos 60 e 70.
Como uma espécie de Forrest Gump do rock, Pamela (originalmete Miller) passa por todas as fases e acontecimentos, tudo devidamente iniciado pela beatlemania, desde idos mais ingênuos até o 'rock de arena' e os cínicos tempos modernos.
Histórias saborosas de sexo, drogas & rock'n'roll com seus diversos casos amorosos: Chris Hillman (Byrds), Noel Redding (Jimi Hendrix Experience), Howard Casylam (The Turtles), Tony Sales (das bandas de Iggy Pop e David Bowie), Sandy Sanderson (Pink Fairies), Daryl DeLoach (Iron Butterfly), Waylon Jennings, Jim Morrison, Keith Moon, Jimmy Page, o ator Don Johnson e finalmente seu marido, o cantor e ator Michael Des Barres (que segundo ela, "me ama pelo que eu fui e pelo que eu sou".
Também há aqueles dos quais Pamela foi apenas amiga, como Gail
e Frank Zappa (ela foi babá de seus filhos Dweezil e Moon Unit),
Gram Parsons, Ray Davies, Captain Beefheart, Rod Stewart, Alice
Cooper, Woody Allen, Robert Plant, John e Andy Taylor. O livro
também traz histórias de outras 'groupies', como a lendária
Cynthia Plaster Caster, que merece um parágrafo à parte. Cynthia
tinha um 'modus operandi' bem original: moldava em gesso o órgão
sexual (ereto, 'of course') dos astros do rock. Isso não está
no livro, mas havia um ranking: o menor era de Jim Dandy (do
Black Oak Arkansas) e o maior, de James Taylor (!)...
Pamela desmistifica muitas coisas da época, detonando Woodstock
("Só lama e cheiro de mijo"), rockstars drogados ("John Bonham
teve uma morte bêbada e horrível" - "Jimmy Page não estava envelhecendo
com dignidade, tinha que ser escorado por dois idiotas o tempo
todo") e o amor livre ("durou pouco, o que é uma pena"). Conta
como conheceu três beatles (só faltou Paul) e que "deu o cano"
em Elvis.
Ficamos sabendo tudo sobre as GTOs, a banda só de garotas formada por ela e outras 'groupies', que gravou um álbum produzido por Frank Zappa (só ele mesmo para ter essa idéia...). Trechos de seus diários, entremeados à narrativa, ajudam a relembrar fatos e datas, afinal, como diz aquela velha piada, "quem se lembra dos anos 60 é porque não esteve lá"...
I'm With The Band (Confissões de uma Groupie) vale a
pena por essas e outra histórias. Em alguns momentos, Pamela
"viaja" demais, como quando tenta ser 'poética' em demasia e
fica maçante, mas são momentos de exceção que não comprometem
a leitura.
"Eu me considero uma feminista verdadeira do início dos direitos das mulheres, porque estava fazendo exatamente o que queria. Eu amava a música e os homens que a faziam. O som agudo de uma guitarra e a sexy pancada de um denso e profundo baixo me abriram e instalaram o caos em meus hormônios adolescentes. Eu queria estar perto dos homens que me faziam sentir tão bem, e nada ia me impedir"...
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