O Terceiro Olho
por Danilo Corci
Fotos: Divulgação
Speculum
07/10/2005

Se você tem alguma crença mística, O Terceiro Olho (The I Inside, EUA, 2005), de Roland Suso Richter, é um interessante mergulho na discussão etérea. Se você é daqueles que acreditam piamente na capacidade humana, então o filme pode ser visto sobre os olhos da filosofia de Friedrich Nietzsche.

Este é justamente o trunfo desejado pelo diretor, que ali realiza uma obra contida - sem efeitos megalomaníacos. Ou seja, apostou mesmo suas fichas na idéia teatral de Michael Cooney, dramaturgo da obra original e também roteirista da película. Mas, ao mesmo tempo, é também seu maior pecado.

Na fita, Ryan Phillippe vive Simon Cable, que acorda em um hospital sob os cuidados do doutor Newman (Stephen Rea). Porém, Cable está com amnésia temporária, não sabe que ano está, quem é sua esposa e porque foi parar lá. Num primeiro momento, pensa que Clair (Sarah Polley) é sua esposa, mas descobre que, de fato, é Anna (Piper "Musa" Perabo).

Neste ambiente confuso, Cable começa a descobrir situações macabras, que culminaram com a morte de seu irmão Peter (Robert Sean Leonard). Porém, esta descoberta se dá através de viagens no tempo - entre 2000 e 2002.

Falar mais da trama pode acabar com a suposta surpresa que contém. Misticismo? Paranóia? Filosofia? Tempo circular? Richter é claramente influenciado pelo nervoso Alucinações do Passado (Jacob´s Ladder, EUA, 1990), obra magistral de Adrian Lyne. Porém, entrega pistas demais do rumo da trama - se você prestar atenção logo no começo, terá a resposta de tudo o que acontecerá depois.

Ainda que Ryan Phillippe, um bom ator, se esforce para convencer na trama, o fato é que o filme carece de tutano em sua delicada digressão, uma vez que a abordagem técnica é totalmente convencional. Mas a julgar pela quantidade de filmes ruins que chegaram nos cinemas em 2005, O Terceiro Olho não faz feio. Pena que, para variar, a pasteurização é o porto seguro de diretores sem ousadia.

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Texto cedido pelo site Speculum