"Speed Racer"
por André Azenha
Blog
12/05/2008

A Warner há havia conseguido os direitos para realizar a adaptação cinematográfica de Speed Racer há dezesseis anos. Nomes como Johnny Depp e Keanu Reaves estiveram cotados para viver o personagem principal do desenho animado japonês criado por Tatsuo Yoshida nos anos 60. Após todo esse tempo, finalmente decidiram entregar o comando da produção aos irmãos Andy e Larry Wachowski, que retornam à cadeira de direção depois de “Matrix” – eles produziram “V de Vingança”.

A história gira em torno do jovem Speed Racer. Quando pequeno, ele era o tipo de garoto que só pensava em corridas em não prestava atenção nas aulas. Filho de um projetista de carros de corrida (John Goodman), ele tenta seguir os passos do irmão mais velho, Rex, falecido num acidente trágico e cujos recordes ainda não foram quebrados. Racer recebe uma oferta de patrocínio feita pelo bilionário Royalton (Roger Allan) e descobre que os resultados das competições profissionais vêm sendo manipulados por interesses corporativos. Assim, ele se une ao misterioso corredor X (Matthew Fox) para tentar reverter a situação.

O filme deixa a desejar em alguns pontos. soa um pouco arrastado no início. O ator Emile Hirsch (“Show de Vizinha”), recentemente elogiado em “Na Natureza Selvagem” está certinho e simpático, porém não consegue criar a empatia necessária, afinal, ele é o herói da história. Há ainda inúmeras “mensagens” sobre a importância da família e as cenas de violência são tão rápidas que escancaram o desejo dos produtores de deixar a história restrita a um público teen.

A trama também pega carona da tendência recente de Hollywood em denunciar grandes corporações, e a vítima dessa vez são os organizadores das corridas. Já, as seqüências repetidas inúmeras vezes que mostram narradores oriundos de várias nações do planeta soam desnecessárias e repetitivas –o expectador entenderia o recado sobre a importância das provas perante o mundo todo com uma tomada apenas. E sim, há o velho clichê do gorduchinho (como alívio cômico) e um animalzinho de estimação “inteligente”.

Mas se a platéia conseguir mergulhar na trama, irá se deparar com o exímio apelo visual criado pelos Wachowski (eles já haviam elevado o cinema a outro patamar com “Matrix”), que fizeram jus aos US$ 100 milhões do orçamento, e encontrará um ótimo entretenimento, de cenários repletos de cores fortes (beirando a psicodelia), cenas de corrida recheadas de ação que prendem a atenção do início ao fim e boas sacadas que fazem referência aos animes japoneses e à série original.

O elenco não compromete, principalmente se for levado em consideração o fato dos atores terem atuado com aquele fundo verde, sem cenários “reais”. Susan Sarandon tem pouco tempo em cena, Christina Ricci, após aparecer nua e transando com meio mundo em “Entre o Céu e o Inferno”, e experiente em produções para a garotada (“A Família Addams” e Gasparzinho”), surge simples e bonita na pele de Trixie, a namorada do protagonista. Mas a participação de sua personagem soa desnecessária para o desenvolvimento do enredo. E quem viu “V de Vingança” notará a presença de alguns atores presentes no filme de 2006.

No saldo geral, “Speed Racer” não incomoda, mantém a essência do seriado clássico e entretém. Só que poderia ser mais enxuto por tratar-se de uma obra infantil - fica complicado imaginar uma criança não cambaleando ao longo dos 135 minutos de projeção.