"Premonição 3"
por
Marcelo Miranda
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12/07/2006
O que motiva o crítico a escrever de Premonição 3? Essa questão só não é mais angustiante do que a inevitável pergunta seguinte: o que levaria alguém a ler uma crítica ou resenha sobre Premonição 3? Desejo (literalmente) mórbido? Pura curiosidade fetichista? Ou apenas protocolo de quem se habituou a ler textos sobre os lançamentos da semana? Interesse pela arte cinematográfica, de qualquer forma, definitivamente não é.
Mas não sejamos injustos. O terceiro filme da franquia iniciada em 2000 tem lá uma ou outra passagem interessante. A começar pela cena que dá nome à produção. Mantendo a tradição, o momento em que a protagonista tem a premonição é de novo impactante. Depois da explosão de um avião e de um imenso engavetamento numa auto-estrada nas produções anteriores, agora a Dona Morte se manifesta numa montanha-russa nada sutilmente chamada de Passeio do Diabo (ou coisa parecida). Uma jovem pressente que a geringonça vai se espatifar em meio aos loopings. Histérica, ela impede que os amigos continuem no brinquedo. Bem, quase todos os amigos: uma boa parte insiste em ir contra as sensações da moça e, obviamente, se espatifam durante o passeio.
O acidente é desculpa para, a partir daí, as já conhecidas mortes mirabolantes começarem a surgir. Se, em 2000, o mote já se esgotava na primeira vítima depois da escapada do avião e, na continuação, o tom era de puro deboche, dessa vez o diretor James Wong (que volta à franquia depois de não dirigir a parte dois) mescla um pouco de cada coisa. Força alguma atmosfera de suspense e medo, aumenta a trilha sonora e arma “ataques” bastante gráficos com direito a sangue, tripas e... bem, mais tripas. Porém, Wong não é um grande esteta da violência nem muito menos um mestre na criação de cenas de morte.
O resultado é aquela sangria desatada razoavelmente constrangedora, que só não insulta o espectador porque existe o propósito único de repetir tudo que parecia dar certo nos outros episódios. O filme se resume a mostrar a personagem principal e seu parceiro tentando identificar os sinais do além registrados em fotos dos futuros defuntos. De quebra, Wong chupa, aqui, um dos elementos mais instigantes de A Profecia e toda a premissa básica do recente e curioso Espíritos – A Morte Está ao Seu Lado.
Ao menos num instante, Premonição 3 consegue atingir uma real tensão: duas belas garotas entram numa clínica de bronzeamento artificial. De topless, ambas se ajeitam naquelas câmaras que mais parecem caixões de família rica e ligam a luz que vai lhes dar uma corzinha na pele. Obviamente, a Dona Morte entra em ação. O resultado chega a lindos corpos queimados e fritados. Impressiona. Assusta. É bem feito. E só.
De resto, não sobra muita coisa. Chama atenção a incapacidade
desses filmes adolescentes de terror em não assumirem um simples
e básico fim para a trama. A impressão é de que os produtores
e roteiristas não se satisfazem com um desfecho e precisam inserir
alguma coisa "chocante" para deixar as platéias se
esgoelando enquanto enfiam mais uma pipoca na boca e afirmam
categoricamente que “eles fizeram isso pra ter continuação”.
Infelizmente, tais espectadores não estão errados. Que venha
a quarta premonição. Tomara que ela envolva todos os responsáveis
por essa franquia que já acabou na metade da sua matriz e os
torne vítimas da Dona Morte. Porque, de roteiristas medíocres,
atrizes peitudas e autores de seqüências o inferno está cheio.
Mas sempre cabe mais um.
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