"As Crônicas de Nárnia, Príncipe Caspian"
por André Azenha
Blog
02/06/2008

Há três anos, “As Crônicas de Nárnia – O Leão, A Feiticeira e o Guarda Roupa”, filme inspirado na obra de C. S. Lewis, surgiu cercado de comparações com outra produção adaptada de um livro inglês sobre uma história mágica, “O Senhor dos Anéis”. Mesmo sem a complexidade da fabula de J. J. Tolkien, Nárnia, o filme manteve (ainda que de forma diluída) o teor católico dos livros, e graças à trama bem conduzida, simples, com efeitos visuais convincentes e animais fofinhos, alcançou sucesso de bilheteria – foram mais de US$ 700 milhões arrecadados pelo mundo contra US$ 180 milhões de orçamento. Uma continuação era mais que esperada.

Lançado em 1951, “Príncipe Caspian” – o segundo dos sete volumes da série – finalmente ganha sua versão para o cinema – é a quinta adaptação da obra literária, segunda para as telonas. Previsto anteriormente para estrear em dezembro passado, o longa rodado na República Tcheca acabou sendo adiado, e ganhou uma campanha de marketing poderosa da Disney (um público estimado de 522 milhões de pessoas pôde assistir ao trailler, superando os 375 milhões de “Piratas do Caribe – No Fim do Mundo”).

E também surge com melhores efeitos visuais, mais cenas de ação (principalmente a batalha decisiva), e como diz o ditado que em “time vencedor não se mexe”, mantém os atores Georgie Henley, Anna Popplewell, Skandar Keynes e William Moseley na pele dos irmãos Lúcia, Susana, Edmundo e Pedro, seu diretor, produtor e roteirista Andrew Adamson e também aborda temas cristãos na narrativa. Entre eles está a apostasia (o afastamento definitivo e deliberado em relação a algum assunto, como uma fé ou doutrinação anterior) e a fé em um Deus invisível.

Os dois assuntos aparecem alegoricamente: na forma dos telmarinos conquistadores que tentam eliminar os narnianos originais e seus costumes, e através das crianças que inicialmente não conseguem ver o poderoso leão em sua primeira aparição, mas conseguem enxergá-lo quando passam a acreditar que Lucia pode vê-lo.

Na trama, os dias de paz chegam ao fim em Nárnia. O príncipe Caspian, herdeiro legitimo do trono, sonha com os antigos donos de sua terra. Mas seus tios não concordam com as idéias, e planejam seu assassinato para chegar ao poder. Sem saída, ele decide convocar os quatro irmãos para ajudá-lo em sua difícil tarefa de trazer de volta o glorioso passado à terra encantada.

A julgar pela animada recepção dos mais de seis mil fãs na última Comic-Com, “Príncipe Caspian” tem tudo para manter o sucesso da franquia. Se há alguns pequenos deslizes, são o roteiro que dá uma explicação muito “meia boca” para o fato de Aslan só ajudar os heróis no final, e por que apenas Lucia consegue enxergá-lo. Os protagonistas (principalmente Ben Barnes, que faz o príncipa título) também não possuem carisma, a não ser a já não tão pequenina Georgie Henley. Mas ainda assim é uma produção que pode cativar a garotada.

Em 2007, Adamson comentou que pretendia colocar um filme da série por ano nos cinemas, até 2013. Porém, recentemente o blog JimHillMedia, especializado nas “novidades” sobre a Disney, informou que a empresa pretende realizar uma trilogia, diferente do que ocorreu com a série “Harry Potter”, cujos todos os livros foram transformados em filme.

A adaptação cinematográfica do terceiro dos sete livros de C. S. Lewis, “Voyage Of the Dawn Treader”, já está confirmada e prevista para ser lançada em 2010, e mostra Edmundo e Lúcia ajudando a encontrar os sete lordes banidos de Nárnia. "A não ser que ‘Príncipe Caspian’ faça muito dinheiro quando for lançado em maio, a Disney e a Walden Media planejam concluir a produção do terceiro filme e parar por aí", noticiou o blog.

A mudança de planos aconteceria pelo fato da produtora dar prioridade à outra franquia: “A Princesa de Marte” (“John Carter of Mars”). Em outubro passado a Disney já havia sinalizado a idéia de priorizar a nova série, baseada na obra de fantasia e ficção científica de Edgar Rice Burroughs (1875-1950). O estúdio teria criado grande expectativa com o roteiro de Mark Andrews (“Ratatouille”). O diretor será Andrew Stanton (“Ratatouille”) e o primeiro filme poderá ser lançado em 2012, ou até mesmo antes.