"Missão Impossível 3"
por
Bruno Martins Ondei
Foto: Divulgação Email
04/05/05
Tem
sensação melhor do que ver a temporada de verão do cinema americano
começar com um filmaço? É...eu sei que tem... Mas que isso é
bem bacana, ah isso é. Missão Impossível 3 chega aos
cinemas mostrando que é bom James Bond se cuidar. Mais cedo
ou mais tarde, sinônimo de agente secreto no cinema será Etan
Hunt.
A temporada de verão do cinema americano começa nesta sexta-feira. O verão é
quando os grandes estúdios escolhem lançar suas produções com maior potencial de
gordas bilheterias. Isso porque milhões de adolescentes, consumidores de ingressos e pipocas, estão
em casa sem ter nada para fazer. Assim, o verão norte-americano vira uma intensa
batalha entre blockbusters. E os estilhaços dessa batalha são sentidos em todo o planeta, já que as
produções, é claro, ultrapassam as fronteiras dos Estados Unidos.
Missão Impossível 3 não é um filme perfeito, é claro. Mas cumpre bem o seu
papel. Dá continuidade à saga de Etan Hunt, tem personalidade própria e leva a
história a um novo nível. O longa foi dirigido pelo estreante na tela grande J.J. Abrams. Apesar de ser um
novato na película, Abrams tem credenciais que justificam sua contratação para a
série milionária. O rapaz destacou-se como produtor de televisão. O primeiro sucesso foi a série
Alias, que deu ao mundo Jennifer Gardner. Mas o grande êxito viria alguns anos
depois. Abrams foi um dos criadores da "hipermegaultra" cultuada série Lost.
A princípio, MI3 seria dirigido por Joe Carnahan, do thriller Narc. Após
desavenças com o astro Cruise, que também produz o filme, Abrams entrou na
jogada. E fez um belo gol.
A história começa com Etan Hunt semi-aposentado. O espião deixou o campo para
apenas dar aula para futuros agentes. Ele também está apaixonado e noivo de
Julia, vivida pela estonteante Michelle Monaghan de Beijos e Tiros. (Aliás, você
ainda não viu Beijos e Tiros? Está esperando o que??? Tem nas locadoras).
Pois bem. Hunt é forçado a voltar à ativa para resgatar uma espiã capturada
durante uma investigação. Assim, ele será envolvido numa ação para capturar o
vilão Owen Davian, na pele do oscarizado Phillip Seymor Hoffman. Davian, que é uma espécie de contrabandista internacional, pretende vender para
terroristas um dispositivo conhecido apenas como "Pé de Coelho". Ninguém sabe
exatamente do que o tal Pé de Coelho é capaz. Mas deve ser algo bem poderoso, já
que mocinhos e vilões não medem esforços para consegui-lo. Este artefato, aliás, leva a um momento de mistério digno de Lost. Falar mais
estraga.
O grande mérito de Abrams é conseguir imprimir seu estilo numa franquia já
consolidada na mentalidade da audiência. Oriunda de uma série de televisão dos
anos 60, Missão Impossível passou pelas mãos de dois diretores antes deste
capítulo. Na primeira adaptação, Brian de Palma deu uma cara rocambolesca e investigativa,
que chegou a incomodar muitos críticos. A segunda investida foi de Jonh Woo, que
transformou a idéia original num filme cheio de pirotecnias e cenas de ação. Com
muita competência, diga-se. Já Abrams prometia mostrar o homem que vivia por trás do espião Etan Hunt. E é
isso que ele faz. Nunca a ameaça tocou tão fundo em Hunt, que começa a perceber
que seu trabalho pode afetar também as pessoas que ele ama.
Entretanto, MI3 não entrega nada de muito novo em termos de desenvolvimento de
personagens. As situações enfrentadas por Hunt já foram mostradas algumas vezes
na tela grande. Mas, de vez em quando, o modo de se contar uma história é mais
importante do que seu ineditismo. É aí que Abrams se sobressai. Ele se mostra um ótimo diretor de seqüências de
ação e entrega as cenas mais tensas já vistas na trilogia. Contra o comandante
da aventura, pesa apenas o pouco tempo em cena de Phillip Seymor Hoffman.
Ele faz um vilão realmente ameaçador e está muito bem no papel. Poderia ser mais
bem aproveitado, caso Cruise não gostasse tanto de ver o efeito do vento em seu
cabelo na tela.
Enfim. MI3 é um belo filme de ação, prende a atenção até o fim e é o melhor
exemplar da franquia até aqui. E isso não é pouca coisa para o cara que escreveu
o roteiro de (pasme) Armageddon.
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Site
Oficial do filme
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