Capitão Sky e o Mundo de Amanhã
por
Marcelo Costa
maccosta@hotmail.com
26/11/2004
Capitão Sky e o Mundo de Amanhã é um perfeito retrato
do mundo em que vivemos hoje em dia, cujos caminhos para se
chegar a algum lugar são muito mais importantes que o resultado
final. Desta forma, tudo que você irá ler sobre o filme versará
sobre a forma de trabalho de seu diretor, o estreante Kerry
Conran, que desenhou em seu macintosh um curta-metragem de seis
minutos inspirado no episódio Mechinical Monsters, do
desenho animado do Super-Homem, exibido em 1941, e conseguiu
US$ 70 milhões para produzir mais 101 minutos, desta vez, com
Jude Law ("Capitão Sky"), Gwyneth Paltrow (Polly Perkins), Angelina
Jolie (Capitã Francesca "Franky" Cook) e Giovanni Ribisi (Dex
Dearborn) no elenco.
A graça da "brincadeira" é que tudo que o espectador verá na tela é irreal, com exceção dos atores, que tiveram que contracenar à frente de uma tela azul enquanto Kerry Conran manipulava tudo em seu computador. Todo o cenário do filme foi desenhado pelo diretor, que criou o programa de CGI, que permite a criação de um mundo virtual em 3D e a posterior inserção de atores neste universo. Como detalhe interessante, o filme se passa na Nova York dos anos 30, sendo que o diretor não conheceu a cidade, nem ontem, nem hoje, e trabalhou apenas com fotos de época. Tudo isso surge como louros para Kerry Conran.
Ok. Dois parágrafos de blá blá blá para chegarmos ao principal:
e o filme? Estamos na Nova York do final dos anos 30 e a repórter
e fotógrafa Polly Perkins está investigando um caso em que os
cientistas mais famosos do mundo estão desaparecendo, um a um.
Após a cidade ser atacada por imensos robôs voadores, entra
em cena o "Capitão Sky" Joseph Sullivan, uma espécie de Super-Homem,
com trejeitos de pessoas comuns e um avião com boca de tubarão
(?). Sky e Polly, claro, são antigos namorados que não se falam
há muito tempo, mas precisam salvar o mundo da ameaça (que ameaça
mesmo?) do megalomaníaco doutor Totenkopf (Laurence Olivier),
que está escondido em algum lugar do Nepal e planeja destruir
o mundo (ahhhhhhhh).
Por mais que a avalanche de bobagens do terceiro parágrafo o
assuste, caro leitor, Capitão Sky e o Mundo de Amanhã
(Sky Captain and the World of Tomorrow) até que traz momentos
razoáveis, desde que partamos do pressuposto que você esteja
indo ao cinema para comer pipoca, ver imagens bonitas, admirar
os sorrisos de Gwyneth Paltrow (e Jude Law, tá bom) e não gastar
os poucos neurônios que lhe restam.
A história pueril demonstra
que o roteiro ficou realmente para segundo plano, enquanto os
belos efeitos, a fotografia expressionista e a beleza do elenco
ganharam todo o destaque. Como nos filmes de ação, a imagem
sobrepõe o texto. Quem andou dizendo que uma imagem vale mais
do que mil palavras que coloque exceções em seu clichê. Falta
texto, falta roteiro, falta conteúdo ao filme. Na verdade, Conran
se preocupou com o corpo e esqueceu a alma. Criou um herói real
em um mundo que não existe e esqueceu de dar a ele passado e
futuro. Retratos do mundo moderno: o que importa é o presente.
Desta forma, Capitão Sky e o Mundo de Amanhã é um filme
perfeito para se ver e esquecer.
O que você faria com US$ 70
milhões, leitor?
Site Oficial do filme "Capitão
Sky e o Mundo de Amanhã"
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