O dom
da premonição
por
Marcelo Silva Costa
Cole Sear, o garotinho do excelente
Sexto Sentido acaba de encontrar uma companheira. Ela é uma
dona de casa simples, que perdeu seu marido (uma explosão na fábrica
em que ele trabalhava) e cuida dos três filhos. O sustento da família
é garantido por uma pequena pensão e pelo trabalho dela:
ler cartas. O que ela e Cole Sear tem em comum? Ora, ambos vêem pessoas
mortas...
Ela se chama Annie Wilson (Cate
Blanchett – perfeita) e seu modo de ganhar a vida não e lá
muito admirado em uma cidade pequena. Alguns clientes fixos e alguns problemas
irão cruzar o caminho de nossa pobre heroína.
O que esperar? Uhmmm, obviedades.
Vamos lá: ela irá "ver" em seus sonhos e visões, um
assassinato. O assassino a perseguirá, a pessoa morta a perseguirá
e bla blá blá, você já sabe o final.
O que salva O dom da premonição?
As ótimas atuações individuais da pequena constelação
de estrelas. Cate Blanchett, como Annie Wilson, enche de
brilho e de dúvidas a tela. Seu personagem caminha entre lagos,
bailes e tintas, e nos hipnotisa. Junto com ela, outro que arrepia em sua
interpretação é Giovanni Ribisi, como Buddy
Cole. Seu personagem no filme, por sinal, lembra muito o personagem
Frank Jr, irmão de Phoebe na série show Friends. Mas,
enquanto lá, Giovanni nos faz rir, aqui ele nos atormenta.
Keannu Reaves também
se sai bem. Seu personagem, Donnie Barksdale, é o típico
cara que pensa mais com a cabeça de baixo do que com a de cima.
A diferença é que sua mão costuma pesar no rosto das
garotas com que sai, e isso poderá lhe custar caro. Principalmente
porque ele é casado. Valerie, sua esposa, é interpretada
por Hilary Swank, um tiquinho exagerada.
A história é mais ou
menos a seguinte: Annie aconselha, pelas cartas, que Valerie abandone Donnie.
Este ameaça Annie, chamando-a de bruxa, entre outras coisas. Paralelamente,
a pequena cidade é abalada por um sumiço: Jéssica
King (Katie Homes), filha do cara mais importante da cidade, desapareceu.
Esqueça o personagem inocente Joey Potter, da série Dawsons
Creek. Aqui Katie transborda libidinagem. Tanto que aparece como veio ao
mundo, mas, pena, ela já estará morta. Seu noivo, Wayne Collins
(Greg Kinnear) não se conforma em perder a noiva seis meses antes
do casamento. Seu personagem é doce, educado, totalmente o
inverso do personagem de Kate. Ok. Temos uma garota sumida e temos uma
"vidente". Já da para fazer um filme, certo. Pena que Sam Raimi
faça drama psicológico no que deveria ser suspense.
A personagem de Cate parece mais uma
psicóloga do que uma pessoa que vê pessoas mortas e isso gera
um certo incomodo. No fim, a constelação de estrelas brilha
sob o céu nublado. E vale o ingresso.
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