"Amnésia"
por
Juliano Costa
julianopcosta@hotmail.com 24/05/2001
Por
que você quer (ou foi) assistir Amnésia? O
Datascreamyell não fez essa pesquisa, mas, se o fizesse,
muito provavelmente o resultado seria: curiosidade pura.
Claro
que o que nos move a desembolsar um punhado de reais, para se
sentar numa cadeira que nós temos certeza que não
foi projetada para nós (se alguém encontrar uma
para alguém de 1,88m em um cinema de São Paulo,
por favor, me avise) e assistir a cerca de duas horas de filme,
é a curiosidade. Queremos entretenimento, sim, mas queremos
coisas novas, evidente. Pois se você tem uma informação
básica sobre Amnésia – "aquela"
informação básica, a que diz que o filme
é de trás pra frente –, você, obviamente,
vai ter a curiosidade de ir assistir a esta película.
Afinal, quantos filmes de trás pra frente você
já viu na vida?
"Óbvios
ululantes" postos de lado, Amnésia é um
filmão. Sim, um filmão. Não se sabe por
que raios não repercutiu muito por aqui, mas trata-se
de um filme que não pode ser ignorado. Há objeções,
entretanto. Durante a sessão a que eu assisti, várias
foram as pessoas (o cinema estava lotado – era uma quarta-feira...)
que se irritaram com o que viram. Algumas chegaram a sair da
sala.
As
que ficaram, porém, parecem ter gostado – e muito – do
que viram. Por que essa discrepância? Porque Amnésia
não é (e não parece ter sido feito para
ser) um filme de fácil compreensão. É daqueles
que não se pode desviar o olhar da tela por um segundo
sequer, sob pena de perder uma importante peça do quebra-cabeça
que é a trama.
Leonard
Shelby (Guy Pearce) sofre de um estranho mal. Lembra-se de tudo
o que viveu antes de um certo acontecimento, o assassinato da
esposa, mas, desde então, não consegue se recordar
do que fez há poucos instantes. Por isso, toma notas,
tira fotos e tatua (!!!) todos os lembretes que julga interessantes
e pertinentes para alcançar seu objetivo – encontrar
o assassino da mulher e se vingar do infeliz, mesmo que, depois
de poucos minutos, ele não se lembre do que fez.
Em sua fé cega, Leonard tem apenas uma certeza: a de
que se pode confiar apenas em fatos, nunca na memória,
por melhor ou pior que ela seja. Isso porque, segundo conclusão
do próprio, a memória registra apenas o que queremos,
DA FORMA que queremos (metáforas mil).
O fim (início) surpreende. Se durante o filme você
estiver "viajando" e torcendo para que, no final, tudo seja
esclarecido de forma bem mastigadinha, fique tranqüilo
– você terá algo melhor do que "tudo explicadinho".
Você terá, digamos, "mensagens". Sim, mensagens,
como em Clube da Luta. E aí, amigão, você
vai poder tirar suas próprias conclusões e entender
tudo da maneira que quiser.
As
coisas são melhores assim, não? São, claro
que são.
Leia também:
Clube da Luta, por Marcelo Costa
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