Patriotada
Com Efeitos Colaterais
por
Silvia C. Almeida
Pode-se dizer que o último
grande filme de sucesso estrelado por Arnold Schwarzenegger tenha sido
mesmo "O Exterminador do Futuro 2". Seu novo longa, "Efeito Colateral"
(Collateral Damage), dirigido por Andrew Davis ("O Fugitivo") deixa muito
a desejar. As cenas de ação são forçadas, parecem
tiradas de um seriado de super-heróis. Além disso, a patriotada
americana domina, transformando o austríaco Schwarzenegger num estadounidense
nato. Por esses e outros motivos, os efeitos colaterais que você
terá ao assistir esse filme serão: dor de cabeça,
náusea e talvez ânsia. Ao sair do cinema, é possível
que você ainda tenha indigestão.
Mas vamos à história:
Gordon Brewer (Arnold Schwarzenegger)
é um bombeiro dedicado e um amoroso pai de família. Mas uma
tragédia marcará a sua vida para sempre: sua mulher e filho
morrem em um atentado terrorista destinado aos membros do Consulado da
Colômbia e aos agentes da Inteligência Norte-Americana que
combate o narcotráfico neste país. O responsável pelo
ataque é uma espécie de "Bin Laden Colombiano", Cláudio
"El Lobo" (Cliff Curtis), um líder rebelde da guerra civil colombiana,
que já dura décadas.
Disposto a ajudar, Gordon Brewer passa
informações para a CIA e o FBI, mas semanas passam e nada
é feito. De acordo com simpatizantes à causa que atacou os
Estados Unidos, a morte da família do bombeiro não passou
de um "efeito colateral" de uma coisa maior (daí vem o título
do filme). Isso enraivece Brewer, que jura vingança, e para que
o assassino seja punido, ele viaja à Colômbia decidido a fazer
justiça com as próprias mãos. Durante a viagem,
ele conhece Selena (Francesa Néri), esposa do terrorista El Lobo,
e seu filho adotivo Mauro (Tyler Garcia Posey), que o fazem lembrar muito
de sua família.
Marcado para estrear no dia 5 de outubro
de 2001, menos de um mês após os ataques terroristas de 11
de setembro, "Efeito Colateral" foi um dos filmes escolhidos para serem
"colocados na geladeira", por tratar de um tema muito parecido com os incidentes
ocorridos na época.
A decisão da Warner em adiar
"Efeito Colateral" pode ter sido sábia, afinal que tipo de reação
teria na época um filme que incita as vítimas de terrorismo
a fazer justiça com as próprias mãos? Por outro lado,
eles podem ter errado, pois o longa poderia dar muito mais lucro se tivesse
sido lançado na data prevista, já que se trata de uma espécie
de "reafirmação" do sentimento americano de amor à
sua pátria.
Decisão sábia ou não,
"Efeito Colateral" poderá fazer bastante sucesso, mas só
nos Estados Unidos. O filme é uma ofensa à Colômbia,
à América do Sul (incluindo o Brasil). Mostra estereótipos
do narcotráfico colombiano e as belezas naturais da Floresta Amazônica
(parte pertencente à Colômbia), no meio de soldados sedentos
por guerra.
As cenas de ação são
dignas de heroísmo. Schwarzenegger pode ser a fictícia máquina
de "O Exterminador do Futuro 2" ou o bombeiro Gordon que dá na mesma.
Ele escapa várias vezes da morte, vence a todos, e ainda protege
os inocentes. Na metade do filme, uma reviravolta surpreendente. E o final
parece mais uma continuação de "Sexta-feira 13". Enfim, é
bom você arrumar uns medicamentos que não causem efeitos colaterais
para curar os causados por este filme.
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