Amores
Possíveis
por
Renata Gonçalves
Três Carolinas, três Murilos,
três finais para uma mesma história....a história de
cada um de nós, que nunca sabe ao certo se o caminho escolhido foi
o correto.
O filme de Sandra Werneck (diretora
também de "Pequeno Dicionário Amoroso") começa com
um "se"....como na música de Djavan. O personagem Carlos interpretado
por Murilo Benício tem a rara oportunidade de enxergar a vida sob
três ângulos- a cada manhã um mundo novo e completamente
diferente pela frente.
E o melhor de tudo: o destino do personagem
decorre de um simples convite para o cinema (não dá para
deixar de notar a paixão da cineasta pela telona).
A partir daí, quinze anos depois,
tudo pode acontecer... Murilo ora se vê acordando como um empresário
respeitável, casado e infeliz e que reencontra a namorada de faculdade,
interpretada pela belíssima Carolina Ferraz, em uma exposição
de artes, mas não tem coragem de deixar a esposa para viver seu
grande amor, ora como um gay que trocou a esposa por um amigo de futebol
e ora como o filho de uma mãezona segundo a qual, nenhuma namorada
parece ser boa o suficiente para ele.
Em tom de comédia, o garotão
Benício, com direito a brinco e tudo o mais, recorre, então,
a uma agência matrimonial e faz pequenas exigências para encontrar
sua cara metade: "ela deve gostar de Truffaut, mas não ser culta,
ser independente e ter bundinha... bundinha é essencial, né".
Desta vez, Murilo reencontra com a
ajuda de um bip uma Carolina louca por tequila e artes plásticas.
Com um ritmo leve e sacadas bem humoradas sobre romances, além de
lances hilários, como a cena em que Murilo diz que uma de suas namoradas
não era perfeita porque soltava puns, o filme faz o gênero
romântico-comédia e conta ainda com a brilhante atuação
de Irene Ravache.
Mas não pára por aí:
o mais interessante da história é fazer o espectador repensar
a própria vida. E se você tivesse aceitado aquele convite?
Amores
Possíveis
por
Marcelo Silva Costa
E se eu tivesse feito isso, ou se
eu tivesse dito aquilo, ou se eu tivesse comprado rosas ao invés
de tulipas...
Bem, quando um relacionamento termina
ficamos ali, cogitando caminhos que não seguimos e que talvez fossem
os certos.
A filha da cineasta Sandra Werneck,
Maya Werneck Da-Rin, sacou bem essa idéia do nosso imaginário
(de todos), passou pra mãe que a transformou em cinema pop, aquele
tipo de filme que raramente brasileiro consegue fazer e que Sandra já
conseguiu por duas vezes (é dela também o bacana "Pequeno
Dicionário Amoroso").
Amores Possíveis é
a saga de um homem, uma mulher e quinze anos que separam os dois. Só
isso já bastaria, certo? Não, o roteiro bacana não
se apega apenas a isso e imagina três possíveis destinos para
o belo casal. Assim, entrelaçando as histórias, temos três
Carlos (Murilo Benício) e três Julias (Carolina Ferraz) vivendo
três histórias completamente diferentes.
O roteiro excelente brinca com essa
viagem completamente real. Imagino quanta coisa teria mudado se eu tivesse
feito uma faculdade diferente. Imagino quanta coisa teria mudado se eu
tivesse pego um avião e ido aos braços da garota que eu amava,
ao invés de ter ficado em casa sentado vendo sessão da tarde.
Imagino o que aquela garota que ouvia Chico Buarque iria me dizer se eu
a convidasse para sair, eu e a minha camisa do Mudhoney, claro. Todas essas
imaginações criam caminhos diferentes que seguimos e é
isso que Sandra Werneck explora bem em seu segundo longa.
Quinze anos passaram, ok, e agora:
Carlos casou-se com uma mulher que
ele gosta, mas não ama. Ou aquilo é amor? Assista e me explica.
Carlos casa-se com Julia e a abandona,
junto com o filho, para morar/casar com um amigo que jogava futebol às
terças-feiras. Só a maneira que o filme consegue abordar
o homossexualismo sem pender a esteriótipos já vale a entrada.
Carlos continua um adolescente que
vive com a mãe e vai buscar sua amada na mais avançada tecnologia
moderna: um bip do amor (yeah). Irene Ravache como mãe desse terceiro
Carlos está simplesmente sensacional.
Julia, por sua vez, decidiu dedicar-se
a História da Arte e mudou-se para os Estados Unidos, mas, peraí,
Julia também é uma mulher devastada pelo fim de um casamento,
pelo marido que a abandonou por outro ou, bem, Julia é uma ex-modelo
colecionadora de aventuras e que bebe da melhor tequila, no estilo sal,
limão. Basta, não?
E se você tivesse ido ao cinema
ontem?
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