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Feira no Brooklyn e Mudhoney ao vivo

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O sábado em Nova York começou chuvoso, mas logo o cinza venceu a água deixando tudo nublado. O plano original consistia de visitar a Brooklyn Flea Market, feirinha no estilo da que acontece na Praça Benedito Calixto, em São Paulo. Segundo o site, com chuva ou sol, a feira acontece todo sábado em Fort Greene e aos domingos em Williamsburg, pertinho do Music Hall – as sextas eles publicam a programação.

A Brooklyn Flea Market do sábado acontece em uma quadra de basquete, e chegamos no momento em que algumas bancas ainda começavam a serem montadas. Feirinhas são iguais em todo o lugar do mundo. Tem a moça que vende variedades malucas de chocolate, a outra que vende sabonetes perfumados (segundo Lili, há uma cota obrigatória para cada feira que obriga a presença de sabonetes), bancas de comida e, claro, vinis.

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Sai feliz com alguns vinis, e recomendo ir atrás da banca do Evan, da Jones Music. Ele deixa três caixas à mostra: uma com vinis de 5 dólares, outra de 8 dólares e uma terceira de 10 a 20 dólares. Foi nesta última que encontrei a versão original de “Sticky Fingers”, dos Stones, com direito a zíper e tudo. Minha conta deu 58 Obamas, e eu já estava feliz, mas Evan se desculpou: “Cara, não posso te dar muito desconto porque, você sabe, o material é bom e não vendo no atacado. Tudo bem 55?”. Eu nem tinha pedido desconto.

Se seguíssemos o plano original, iriamos bater cartão na Brooklyn Brewery, mas minha mala superlotada de cervejas e o cansaço descomunal me fizeram partir para a próxima aventura: levar ou não o box em vinil dos Beatles, US$ 299 na Kim’s da Primeira Avenida? Fiquei lá olhando pra ele uns 15 minutos. Parava, olhava outro vinil, voltava, pensava. No fim, acabei desistindo da compra. Definitivamente (como descobri no dia seguinte), não iria caber na mala – mas vou sonhar com ele…

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O sábado ainda arriscamos uma nova iguaria do Soup Man (para confirmar se a sopa era boa mesmo, e é) e um baita show do Mudhoney no Music Hall of Williamsburg, mesmo lugar que dias atrás tinha recebido o Palma Violets com festa. O site anunciava que ingressos ainda estavam à venda, mas na porta, após encontrar uma amiga, Thaissa, um balde de água fria: sold out. O pânico durou uns três minutos, até um cara aparecer e oferecer um par de ingressos.

Se fosse no Brasil, diante da nossa cara de desesperados (o show começaria em 5 minutos), fácil que o cara enfiaria a faca e cobraria o triplo, no mínimo o dobro, mas a noite de sábado em Nova York (assim como aconteceu na entrada de um show da PJ Harvey em Amsterdã: “Tô vendendo pelo preço que paguei”) estava salva por um preço mais baixo que o que estava sendo praticado na bilheteria na hora do show: 20 doletas cada (estava 25 na porta).

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Deu tempo de entrar, pegar uma cerveja e encontrar um lugar para ver Mark Arm e compania abrirem o show com duas porradas do recém-lançado “Vanishing Point” (“Slipping Away” e “I Like It Small”) e depois seguir intercalando canções novas com clássicos da estirpe de “Suck You Dry”, “Sweet Young Thing (Ain’t Sweet No More)”, “Judgement, Rage, Retribution and Thyme”, “No One Has” e, claro, “Touch Me I’m Sick”. Eu já havia visto o Mudhoney oito vezes antes desse show, e esse foi, possivelmente, um dos melhores sons que já ouvi deles ao vivo.

O mérito vai pro espaço aconchegante e de acústica impecável do Music Hall of Williamsburg, e, claro, para a banda, que enfileirou 22 canções (sete destas, novas) em pouco mais de 70 minutos de show, incluindo o bis que foi aberto com outro hino, “Here Comes Sickness”, e fez a festa da turma do pogo em versões rápidas e sujas de “The Money Will Roll Right In” (Fang) e “Fix Me” (Black Fag). Em certo momento, parecia ter mais gente sobrevoando o público de pernas pra cima em stage diving do que na Times Square. Bonito de ver.

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Show findo, a fila na banquinha da banda estava prestes a esgotar o pôster da noite (20 dólares), e trazia CDs, vinis e o DVD do documentário “Mudhoney I’m Now” (2012) com o mesmo preço, 15 dólares, o que faz observar como o mercado brasileiro de música, que já foi um dos maiores do mundo, está completamente atrasado e perdido. Vinil aqui é artigo de luxo. Na banquinha do Mudhoney, a edição caprichadíssima de “Vanishing Point”, com capa em alto relevo, cartão para download do álbum em MP3 e vinil transparente saia pelo mesmo preço do CD.

Peguei um exemplar do vinil e também do compacto exclusivo da tour (US$ 7) com três faixas: “New World Charm”, “The Swimming in Beer” e “The Swimming in Beer Blues”. Noitada feliz. A volta para Manhattan foi rápida (nada como viver em uma cidade com transporte público disponível 24 horas por dia) e bastante agitada, pois enquanto eu partia para colocar a carcaça para descansar, centenas de pessoas lotavam os corredores do metrô em direção de alguma balada noturna de sábado. Se eu não tivesse tão acabado… Abaixo, a integra do show do Mudhoney no Brooklyn.

Leia mais: Diário de Viagem Estados Unidos 2013 (aqui)

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