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T In The Park, Sunday

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Texto e fotos: Marcelo Costa

Nada como uma boa noite de sono para se recuperar para mais um dia de festival, não é mesmo. O problema é que boas noites de sono andam em falta por aqui, então o jeito é descansar vendo shows sem fazer do festival uma grande maratona. Foi pensando nisso que optei por praticamente passar o dia na tenda King Tut’s ao invés de ficar pulando de um palco para o outro. Meus joelhos agradeceram. Na verdade, o plano era começar na tenda Pet Sounds vendo o Brian Jonestown Massacre e só então partir para a Kings, mas parece que a turma de Anton Newcombe não deu as caras.

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Direto para a King Tut’s então. Deu tempo de pegar a meia hora de show do Delays, e eles não tocaram “You and Me”,  minha preferida. Show morno, sem surpresas. A tenda esvaziou e aproveitei para tirar um cochilo em um dos cantos. Quando acordei, o local já estava abarrotado para prestigiar a sensação do momento, a dupla The Ting Tings. Com o público predominantemente adolescente, a dupla fez um show correto, cantado por todos, mas que não apresenta nada de novo. Diversão para quem não quer se preocupar com outra coisa. O British Sea Power veio na sequência para mostrar que dentro de uma guitar band também bate um coração. A coisa toda ficou bonita com o acréscimo de um violino.

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O Vampire Weekend subiu ao palco para fazer aquele que seria o último show da turnê de divulgação de seu álbum de estreia, homônimo. O show foi um repeteco do apresentado no Werchter, uma semana antes, com a diferença de que o vocalista Ezra estava mais falante e animado na Escócia. O público embarcou na fórmula Talking Heads + Paul Simon e a banda saiu (assim como na Bélgica) com a honraria de ter feito um dos grandes shows do festival. Se você esbarrar com eles por ai, não perca o show, não perca.

Mr. Ian McCulloch trouxe consigo o Echo and The Bunnymen e abriu a tarde com três hits: “Rescue”, “Seven Seas” e “Bring on The Dancing Horses”. Na sequência, uma roqueira música inédita (“I Think I Need It Too”) e, então, era uma vez a voz de Ian: “Nothing Lasts Forever” soou tão capenga que só merece a citação pois, no final, o vocalista cantou “Walk on The Wild Side” inteirinha dentro da canção, e o público aprovou. Quando soaram os acordes de “The Killing Moon” eu já partia para o Main Stage.

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Com uma bandeira do Brasil tremulando frente ao palco, Amy Winehouse exibiu seu drama pessoal para o festival. Visivelmente bêbada, entornando copos e copos de sabe-se-lá-o-que, tropeçando no salto alto, e muito mais, a moça que um dia cantou que não iria mais voltar pra clinica de reabilitação é apenas uma pálida amostra do que já foi um dia. Ela desafina horrores, sai do tom, entra errado nos versos e não consegue tirar nem a blusa sozinha. Pena. Porém, a história da música pop esta cheia de exemplos de pessoas que sacudiram a poeira e deram a volta por cima. É torcer por ela.

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Antes da grande atração da noite tive que suportar mais 1h45 de Kings of Leon. Quero avisar que já paguei todos os meus pecados, ok. Dois shows inteiros do Kings of Leon é para deixar o capeta feliz da vida. O que impressiona é como a banda tem um público fiel, que canta as canções, faz air guitar na hora dos solos e parece se divertir com a bundamolice roqueira do quarteto. Paciência.

O que não fazemos para vermos uma banda que admiramos bem de perto, não é mesmo. E o R.E.M. fez valer a pena, melhorando ainda mais a excelente apresentação que a banda havia feito no Werchter. Um showzão para ninguém botar defeito e um encerramento com chave de ouro para um dos maiores festivais da Europa, que terminou, de verdade, com um gaitista de fole tocando o hino escocês e queima de fogos.

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Dois festivais nas costas, qual deles é o melhor? Prefiro o Werchter, na Bélgica. Bem mais organizado, mais limpo, com um line-up excelente e sem a quantidade de palcos que detona as pernas da galera no T In The Park. E muuuuuito, mas muuuuito mais barato mesmo. É bem provavel que, no futuro, eu não vá a nenhum dos dois, e opte por bater cartão em Benicassim, na Espanha, ou no Rock en Seine, na Franca. É preciso pernas, condição fisica e muuuuito pique para encarar os grandes festivais europeus, mas não vou dizer “dessa cerveja não beberei”, ok.

Fotos: http://www.flickr.com/photos/maccosta

Ps. Abaixo, o set list dos dois shows do R.E.M. que vi.

Rock Werchter, Belgica

1. Orange Crush
2. Living Well Is the Best Revenge
3. What’s the Frequency, Kenneth?
4. Ignoreland
5. Drive
6. Man-Sized Wreath
7. Imitation Of Life
8. Hollow Man
9. Walk Unafraid
10. Houston
11. Electrolite
12. The One I Love
13. Begin The Begin
14. Fall On Me
15. Let Me In
16. Horse To Water
17. Bad Day
18. I’m Gonna DJ

Bis
19. Losing My Religion
20. Supernatural Superserious
21. Driver 8
22. Pretty Persuasion
23. Man On The Moon

T In The Park, Escocia

1. Living Well Is the Best Revenge
2. These Days
3. What’s the Frequency, Kenneth?
4. Begin The Begin
5. Man-Sized Wreath
6. Drive
7. Ignoreland
8. Hollow Man
9. Imitation Of Life
10. Electrolite
11. The One I Love
12. Losing My Religion
13. Fall On Me
14. Let Me In
15. Bad Day
16. Horse To Water
17. Orange Crush
18. I’m Gonna DJ

Bis
19. Supernatural Superserious
20. It’s The End Of The World As We Know It (And I Feel Fine)
21. Man On The Moon

Leia também:
– Saiba como foi o sábado do T In The Park 2008 (aqui)

julho 14, 2008   No Comments

T In The Park 2008, Saturday

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Texto e fotos: Marcelo Costa

O T In The Park, maior e mais badalado festival da Escócia começou na sexta-feira, com Verve, Stereophonics, Feeder, Futureheads, Wombats e Chemical Brothers, mas devido ao alto preço dos ingressos (em libras), compramos os tickets apenas do fim de semana. E dá-lhe gastos em pounds: o ônibus ida-e-volta de Glasgow para o festival (1h30 de viagem) custa 22 libras (mais de R$ 70), a programação com o horário de cada show sai por 8 libras (quase R$ 30) e o festival ainda destaca milhares de oportunidades para você gastar o seu rico e suado dinheirinho.

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O T In The Park até parece um shopping center tamanho o número de lojas. Tem de tudo: as comidas mais variadas (e servidas de forma tosca, claro), energéticos especiais apenas para maiores de 18 anos, massagem, cabelereiro, lojas de roupas e… roda gigante, bungee jump, trem fantasma e carrinho de bate-bate. Ou seja, o festival não é um shopping, mas sim um circo. Boa parte do público marca presença não por causa desta ou daquela banda, e sim pelo fato de que o lance é estar aqui, independente das atrações.

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Quanto as atrações, elas são divididas em oito palcos, sendo três tendas de música eletrônica, uma tenda para bandas novas, dois palcos maiores (Main Stage e NME Radio 1 Stage) e duas outras tendas bacanas. O certo seria escolher uma ou duas tendas próximas, ficar se revezando entre elas e esquecer o mundo, mas quem diz que a gente consegue. Haja perna, pois as caminhadas são beeeem longas, mas costumam valer a pena.

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Cada um fez sua programação pessoal, e saímos na batalha. Começamos com os belgas do dEUS, que tinham fechado o Werchter, na semana passada, e aqui praticamente abriam a tenda NME Radio 1. Bom show, ao menos as quatro músicas que vimos. Passamos pelo Main Stage para olhar a Kate Nash. O microfone estava dentro de uma armação em forma de ostra, e apesar da Kate ser toda fofinha, o show não embalou. Duas músicas depois e já estávamos no palco das bandas novas, o Futures Stage, vendo os ingleses do The Metros. Eles têm muuuito o que caminhar ainda, mas valeram as três músicas que vimos.

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 O festival realmente começou, com cerveja voando pro alto e a galera cantando junto, quanto o The Subways entrou no NME Radio 1. Fazia um tempo que a banda não pisava na Escócia, e a saudade foi compensada com uma apresentação vibrante, que até compensa a falta de qualidade da banda em estúdio.

O primeiro grande show do dia aconteceu na tenda King Tut’s Wah Wah. Jogando em casa, os escoceses do Sons and Daughters, responsáveis por um dos grandes discos de 2008 (”This Gift”), só tinham 40 minutos (dos quais usaram 36 apenas), mas mandaram bem focando nas canções mais antigas (”Johnny Cash”, “Rama Lama”, “Dance Me In”) e no poderoso single “Gilt Complex”. Adele, com um longo camisão com Leonard Cohen de estampa sobre um micro shortinho, derreteu corações. E Scott Paterson segura tudo na guitarra. Showzão.

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Na sequencia, um pouquinho da honestidade rocker do Hold Steady, da pieguice pop do Kooks (ovacionados no Main Stage) e o único momento de dúvida do dia: Raconteurs ou Pogues? Bem, imaginei que o Raconteurs tem 105% de chance de tocar no Brasil, se não for neste ano, que seja no ano que vem, enquanto o Pogues, never. Sem contar que ainda tinha o acréscimo de que cruzo o Raconteurs no Benicassim, na próxima semana, e de que o Pogues estaria tocando “em casa”. Ganhou Shane MacGowan, o Wander Wildner do Reino Unido.

A escolha não poderia ter sido mais acertada (e não só pelo fato do show do Raconteurs, segundo a Juliana, ter sido meia boca). Quinze minutos antes do show começar, a tenda já estava superlotada com o público entoando as canções do grupo como se estivéssemos todos em um estádio de futebol. A segurança foi reforçada de cinco para quinze pessoas na frente do palco, que distribuíam água para as primeiras filas tanto como cuidavam dos desmaiados e dos mais afoitos, que tentavam pular a grade. A banda começou atacando um número instrumental, e assim que Shane pisou no palco, dezenas de celulares foram ao alto para registrar o momento.

Shane MacGowan é como um deus bêbado para este povo. Ele se enrola com o microfone, caminha cambaleante pelo palco, briga com o backing, e canta como se estivesse em um pub rodeado por cervejas. O público vai junto, e “Dirty Old Town”, um dos clássicos da banda, rende um dos momentos mais belos que a música pode proporcionar, com pessoas chorando, cantando abraçadas, balançando bandeiras e se emocionando. Lindo de se ver. Shane estourou o horário em vinte minutos, mas ele pode, pois ele é um deus bêbado e desdentado que esse povo ama. Amém.

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E acabou o festival? Não. Ainda tinha Interpol, Kaiser Chiefs, Ian Brown e Rage Against The Machine, todos no mesmo horário. Meu plano era ver três músicas do Interpol (só para confirmar o que eu já sabia) e ir ver outro deus tocar canções de sua ex-banda, uma tal de Stone Roses, e cabular Kaiser Chiefs e Rage.

Vi as três músicas do Interpol (sim, é aquilo mesmo: as músicas do dois primeiros discos são foda, as do último são lixo) e parti pra tenda Kings pra ver Ian Brown. Quem disse que consegui entrar? Apesar de sua carreira solo ser frouxa, o homem é idolatrado, e o show vale pois ele toca várias canções do disco que mudou o rock britânico nos anos 90, mas depois de ter batido a cara na porta, decidi voltar ao Interpol (no caminho conferi três músicas do RATM), que fechou a noite com hits e mandou todo mundo feliz pra casa.

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Uma coisa interessante, e que você já sabia, mas custa nada falar: todos os shows que vi na Europa até agora, e que já tinha visto no Brasil, foram melhores aqui. Até o Kings of Leon! Esse do Interpol foi a prova dos nove: dava para se ouvir as duas guitarras, o baixo, bateria e voz perfeitamente, como se estivéssemos ouvindo um CD. Foda. Bem, uma hora e tanto depois já estávamos de volta ao hostel.

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Estou de malas prontas para embarcar para Barcelona nesta segunda, mas antes tem o último dia do T In The Park. Minha agenda pessoal: Brian Jonestown Massacre, The Ting Tings, British Sea Power, Vampire Weekend, Echo and The Bunnymen, Amy Winehouse, Hot Chip e R.E.M.; Se a Amy der cano, vou me ajoelhar na frente do palco do National, novamente. Assim que der, volto pra contar. Me aguarda!

Leia também:
– Saiba como foi o domingo do T In The Park 2008 (aqui)

julho 13, 2008   No Comments