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37 dias, 14 cidades, 6 países e muitas histórias
É difícil explicar a sensação de chegar a casa após um mochilão de 37 dias. Você sente falta da sua cama, dos seus objetos pessoais, de roupas limpas, mas trocaria o seu chuveiro por qualquer um dos apartamentos da viagem (risos). As coisas todas estão em seu lugar, mas o coração precisou aumentar alguns cômodos para abrigar as novas experiências, que se acumularam entre tantas novas paisagens e histórias.
Voltando no tempo, lembro que houve uma época que eu achava que nunca sairia de Taubaté, a cidade que me abrigou durante 20 anos, mas que já no final da adolescência não me cabia mais, como uma roupa que rasga em movimentos mais bruscos. Fazer uma longa viagem para o exterior então nem pensar. Ok, pensar sim. Ou melhor, sonhar. Alguns sonhos nos invadem sem que a gente exija deles racionalidade.
Viajar é dar a alma um momento de vida. Estamos presos a um cotidiano mecânico cujo maior símbolo, a rotina, nos diz que hora acordar todos os dias, que veículo pegar para ir ao trabalho, como se relacionar com nossos semelhantes e, após uma seqüência de atos pouco diferentes do dia anterior, voltar para casa com o pouco tempo que resta tentando fazer dele algo útil para a… alma.
Muitas coisas diferentes aconteceram nesta viagem em relação à viagem do ano passado, a mais visível tendo relação com a companhia da Lili. Tem gente que gosta de viajar sozinho e tem gente que não consegue viajar sozinho. Ambas as situações trazem vantagens e desvantagens, mas foi bastante especial dividir esse percurso com a Lili, pois respiramos juntos às cidades, e conversamos dezenas de horas sobre os lugares.
Assim como no ano passado, em que cheguei recebido por Odile e Carlos em Leuven, e me senti seguro para seguir nos próximos tantos dias, foi bastante importante chegarmos a Londres para ficarmos na casa do Daniel, da Beth e do Samuel (e da gata Coco). Os três fizeram de tudo para nos sentirmos em casa, e conseguiram. Londres ficou mais leve, e a tarde no Hyde Park com Blur ensaiando e pedalinho no lago foi inesquecível.
Dali uma pequena passada em Paris, para deixarmos as malas no melhor e mais barato apartamento da viagem, e seguirmos para a Bélgica, o país que faz alguns dos melhores chocolates do mundo, todas as melhores cervejas e ainda promove os melhores festivais de rock. Nick Cave no Rock Werchter foi um estupro sonoro. E os elefantes rosas da ótima Deliriuns Tremens dançaram em alguns copos de cerveja com o Carlos e a Camilinha em Bruxelas.
Já Paris é aquilo. Lili amou a cidade, mas odiou os parisienses. Como quase todos que passam pela cidade. Porém, inevitavelmente, Paris encanta. Se pudesse, eu passaria dias dentro do L’Orangerie e aproveitaria todos os bistrôs, cafés e padarias da Rua Montorgueil, uma descoberta deliciosa que nos deixou totalmente estupefatos. E o Louvre, a Torre, e Napoleão, e beber vinho na grama da Champ de Mars. Paris é foda.
Bruges por sua vez foi uma descoberta interessante. A cidade que mantém o centro histórico medieval mais bem preservado de toda Europa é repleta de turistas, mas sua noite é vazia e surpreende. As dicas da Maria, a dona do Bed and Breakfast que ficamos, foram imprescindíveis. E a pedalada de 5 quilômetros até Damme foi um momento de liberdade incrível desses que a gente não acredita estar vivendo.
A cidade ainda rendeu alguns dos melhores pratos da viagem tanto na Le Gambrinus (uma cervejaria que cozinha a maioria de seus pratos na cerveja da casa) estendendo-se ao fofo e aconchegante Tante Marie, em Damme, com suas pequenas porções de prazer e seu ótimo chocolate quente. E, claro, o Cactus Festival, um festival de cidadezinha de interior com Cold War Kids, Gutter Twins, Calexico e Paul Weller. Foda.
Berlim continua sendo algo inexplicável para mim. Meu sangue alemão não se sente bem na cidade, que vive sobre a sombra da culpa, mas foi interessante demais ter ficado no lado Ocidental para contrastar as diferenças do lado Oriental, que me abrigou no ano passado. E foi ótimo descobrir uma loja sensacional de vinis e CDs em plena região do Europa Center. Nunca esperava encontrar o “On Strike” (Pepe Escobar disseca ele aqui) em vinil original. Nunca.
Foi um choque sair da Alemanha e ir para a Itália. Difícil imaginar dois países mais contrastantes. A Itália é uma bagunça, mas conversa com você na rua, no ônibus, na mesa de bar enquanto a Alemanha é extremamente organizada e carrancuda. Descemos em Pisa, nos apaixonamos pela Torre Pendente, e nos decepcionamos um pouco (ok Lili, eu mais) com uma Florença extremamente turística e descuidada em seu museu principal. Ah se não fosse Michelangelo com seus Escravos, seu Baco e seu Davi…
Já Roma é tudo aquilo que eu imaginava triplicado. Em que outro lugar do mundo uma simples e inocente salada caprese pode encher os olhos da gente? E são várias Roma. Tem a das igrejinhas que são pequenas obras de arte. A Roma do passado antigo, do Coliseu, da Casa Dourada de Nero, das ruínas. A Roma do aconchegante Trastevere, tudo que eu sempre imaginei que o Bixiga em São Paulo deveria ser. A Roma de Fellini, da iluminada Fontana de Trevi (e de muitas outras fontanas).
O Vaticano foi bastante cansativo. A Praça de São Pedro é bela, e a Catedral é o mínimo que se espera da grande casa da religião católica, mas a visita à Capela Sistina é um abuso de paciência com o roteiro passando por dezenas de outras salas. Se você quiser vê-la pesquise antes uma passagem secreta. Ou tenha bastante paciência. A visita vale, mas cansa. Para fechar a parte italiana teve Veneza, que eu tenho tanta coisa pra falar…
Dava para escrever um texto inteiro declarando meu amor por Veneza. Ainda faço. Vim tentando ler no avião uma reportagem em francês da National Geographic, que também foi reproduzida na edição nacional (descobri aqui). E o texto, assinado pela Cathy Newman, editora especial da revista, é uma aula de jornalismo. Então vamos combinar assim: eu digo que Veneza é a cidade mais encantadora e apaixonante em que já coloquei os meus pés e você lê o texto da Cathy aqui, fechado.
A parte espanhola começou com a Barcelona de Antoni Gaudi, de Joan Miró e do urbanista socialista Ildefons Cerda, que desenhou em 1859 uma grade urbana de quarteirões regulares e imensos passeios públicos que fazem a cidade viver e respirar. Amo Barcelona de uma forma que não sei explicar, e que acaba diminuindo por comparação meu apreço por Madri, uma bela cidade com três museus espetaculares, deliciosas casas de tapas e muito calor (o vento do Mediterrâneo faz falta).
Foram seis países e 14 cidades em 37 dias. Juntos, esses países devem ser do mesmo tamanho da nossa Região Sudeste, mas quanta diferença. Começa pela língua. Quando você começa a se adaptar ao inglês britânico tem que encarar o flamengo, a língua neerlandesa falada na Bélgica, que mais parece um disco sendo tocado ao contrário. E ai vem o francês, o alemão, o italiano e, ufa, o espanhol (ou portunhol). E tem as comidas, e tem o jeito de cada pessoa, de cada país, de cada cidade. Muita informação, mesmo.
É difícil explicar a sensação de voltar para o seu país após um mochilão de 37 dias. Você sente falta das pessoas falarem a sua língua, dos seus amigos que lhe chamam para um boteco, da comida totalmente particular, da música, do futebol, mas trocaria o nosso transporte público por qualquer um dos outros da viagem (hehe). É bom estar em casa. É bom poder dividir essas experiências, esses olhares muito pessoais neste espaço um tanto impessoal. Obrigado pelo carinho, pela leitura, pelas dicas e bons agouros. Espero ter correspondido com dicas e com o exemplo de que se eu consigo, você também consegue. Piegas, mas verdadeiro. Estamos de volta. \o/
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TOPS DA VIAGEM
Dez Cidades
01- Veneza (foto)
02- Paris (foto)
03- Roma (foto)
04- Barcelona (foto)
05- Londres (foto)
06- Madri (foto)
07- Bruges (foto)
08- Bruxelas (foto)
09- Berlim (foto)
10- Firenze (foto)
Dez Lugares
01- Rua Montergueil, Paris (foto)
02- Santa Croce, Veneza (foto)
03- Hyde Park, Londres (foto)
04- Parc Güell, Barcelona (foto)
05- Grande Praca, Bruxelas (foto)
06- Fontana de Trevi, Roma (foto)
07- Plaza Mayor, Madri (foto)
08- Camden Town, Londres (foto)
09- Barri Gotic, Barcelona (foto)
10- Torre Pendente, Pisa (foto)
Dez Cervejas
01- Bloemenbier 7,0% (Belgica)
02- Deliriuns Tremens 8,5% (Belgica)
03- Hercule 9,0% (Belgica)
04- Duvel Speciale 7,0% (Belgica)
05- Leffe 9.0 (Belgica)
06- Leffe Radieuse 8,2% (Belgica)
07- La Divine 8,5% (Belgica)
08- Mongozo Banana 4,5% (Belgica)
09- Rochefort 11,5% (Belgica)
10- Mort Subite 4,5% (Belgica)
Dez Museus
01- Museu D’Orsay, Paris
02- Museu do Prado, Madri
03- L’Orangerie, Paris
04- Museu Reina Sofia, Madri
05- Galleria Borghese, Roma
06- Galleria Academia, Firenze
07- Museu Peggy Guggenheim, Veneza
08- Museu Picasso, Paris
09- Centre Pompidou, Paris
10- Tate Modern, Londres
Dez Pratos prediletos da Lili
01- Sopa de Cebola em Paris
02- Camarão ao Alho e cerveja em Bruges
03- Croquete de Camarão em Damme
04- Al Pesto em Firenze
05- Pizza Quatro Queijos no Trastevere em Roma
06- Salada Caprese em Roma
07- Morango com chocolate em Bruxelas
08- Gazpacho em Madri
09- Paella Valenciana em Madri
10- Batatas Bravas em Barcelona
Dez CDs comprados
01- Rocks Germany 2001, Radiohead (Bootleg)
02- Rockin’ Live From Italy 1993, Bruce Springsteen (Bootleg)
03- The Complete Sun Masters, Johnny Cash (box triplo)
04- Live, Nick Cave (bootleg)
05- Live 1981-82, The Birthday Party
06- Rum, Sodomy and The Lash, The Pogues
07- Live From Austin, Tom Waits (bootleg)
08- Rome Concert 1980, Talking Heads (bootleg)
09- Enter The Vaselines, Vaselines
10- On Strike, Echo and The Bunnymen (vinil)
Quinze Shows
01- Bruce Springsteen no Stadio Olimpic, Roma (foto – texto)
02- Blur no Hyde Park, Londres (foto – texto na Rolling Stone de agosto)
03- Paul Weller no Cactus Festival, Bruges (foto – texto)
04- Leonard Cohen no Palais de Bercy (foto – texto)
05- Tindersticks no Hyde Park (foto – texto)
06- Nick Cave and The Bad Seeds no Rock Werchter (foto – texto)
07- Franz Ferdinand no Rock Werchter (foto – texto)
08- Mogwai em Firenze (foto – texto)
09- Big Star no Hyde Park (foto – texto)
10- Yeah Yeah Yeahs no Rock Werchter (foto – texto)
11- Gutter Twins no Cactus Festival (foto – texto)
12- Cold War Kids no Cactus Festival (foto – texto)
13- Calexico no Cactus Festival (foto – texto)
14- Magic Numbers no Cactus Festival (foto – texto)
15- Crystal Castles no Hyde Park (foto – texto)
Fotos da viagem:
http://www.flickr.com/photos/maccosta/
http://www.flickr.com/photos/lilianecallegari/
Leia tudo o que aconteceu no dia-a-dia da viagem aqui.
agosto 4, 2009 No Comments
O dia já vem raiando meu bem…
Está chegando a hora, e estamos detonados. Meu joelho direito resolveu chiar de toda a viagem na madrugada passada, e a noite foi péssima. Bem provável que nunca mais estendamos tanto uma viagem como fizemos desta vez (e como fiz no ano passado). Como diria Bruce Springsteen suado e jogado no chao: nao dá mais, Roma.
Mas ainda tivemos o sábado para camelar por Madri e fomos cumprir nossas duas últimas “obrigacoes oficiais” (hehe). A primeira foi visitar o Museu Thyssen-Bornemisza, que exibe a colecao que a dona Carmen foi adquirindo nos últimos 30 anos. Ele perde em comparacao para seus dois vizinhos, mas completa algumas lacunas que os mesmos deixam em aberto. Juntos, o Paseo del Arte (Thyssen, Sofia e Prado) é sensacional.
O Thyssen começa lá nos primitivos italianos e chega até a pop art. Após ter visto tantas versoes da crucificacao de Jesus, da Anunciacao e da vitória de Davi sobre Golias, a mente começa a se confundir. O mesmo acontece com as dezenas de quadros de paisagens das salas holandesas, mas foi bacana reconhecer Veneza e a Piazza Navona nos quadros de Canaletto (aqui) e Wittel (aqui).
As coisas começam a melhorar mesmo ali pela sala 32 com Monet, Picasso, Renoir e Van Gogh, e nas próximas que trazem Cezanne, Gauguin e Matisse além de mais um belo quadro de bailarinas de Degas. O final, ali pela 41, tem Mondrian, Kandinski, Juan Griss, Braque, mais Picasso, um Chagall que eu adoro (veja aqui), Dali, Magritte e Roy Linchestein além do meu preferido do museu: ”Quarto de Hotel”, de Hopper.
A nossa próxima parada, debaixo de solarao, foi no deslumbrante Palácio Real, que me deixou sem ar no ano passado (leia o post aqui), mas que já me encontrou detonado desta vez, e teve um pouco de dó (hehe). Mas foi bonito rever o quarteto de Stradivarius da Família Real e a entrada suntuosa que fez Napoleao dizer ao seu irmao, ao coloca-lo no trono da Espanha, “você está em melhor companhia do que eu”.
Ainda passamos na Caixa Fórum, um belo prédio maluco com toques gaudilescos (o restaurante é sensacional), mas agora é ajeitar os últimos detalhes, arrumar as grandes malas, e voar sobre o Atlântico. Segunda-feira voltamos com a programacao normal trazendo um resumao da viagem e coisas do Brasil. Até.
Fotos da viagem:
http://www.flickr.com/photos/maccosta/
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agosto 3, 2009 No Comments
Joan Miró, Mies van der Rohe e Parq Güell
Assumo: nao caio de amores por Joan Miró, como Lili, mas me divirto com várias telas dele, principalmente as surrealistas. Porém foi bastante interessante conhecer a fundaçao dedicada ao artista, que fica em Montjuïc, e traça um excelente panorama de sua obra com interessantes telas iniciais mais sóbrias e a sua consequente mudança para Paris – todos eles vao para Paris, e piram, nao tem jeito.
Anotei em algum papel as minhas telas preferidas do pintor catalao, mas quem diz que acho agora. De cabeca lembro de um quadro sem título de forte cor verde que me impressionou e “El somriure d’una llàgrima” (aqui) enquanto Lili se apaixonou por “L’or de l’atzur” (aqui) e nos dois rimos muito do título de “Cabell perseguit per dos planetes” (aqui).
Brinquei com Lili que a erva dele devia ser das boas enquanto ela defendia que a graça em Miró é que ele conseguia manter viva a criança que havia dentro dele (algo assim tipo Manoel de Barros, um cara que eu adoro e admiro). Fomos para o jardim, vimos algumas esculturas com a cidade de Barcelona ao fundo e descemos a pé o bonito Monte Judeu.
No caminho passamos pela Palácio Nacional, que hoje em dia abriga o Museu de Arte da Catalunha, e fomos caminhando até o Pavilhao Mies van der Rohe, que Lili nao lembrava que era em Barcelona, e como boa arquiteta, pirou. O pequeno pavilhao foi a colaboracao da Alemanha à Exposiçao de 1929, e foi logo demolido, mas reerguido em 1986.
Como define o guia, o Pavilhao é uma jóia racionalista no meio da arquitetura monumental ao seu redor. Como contou Lili, Mies van der Rohe é o dono da célebre frase “Menos é Mais” (e eu tive que comprar a camiseta) e a obra reflete isso de uma forma tao elegante que encanta. Me lembrou, em alguns momentos, a Casa de Baile, de Niemeyer, em Belo Horizonte.
Próxima parada: Parc Güell, o grande jardim que o empresario Eusebi Güell deu para Antoni Gaudi pirar e personalizar. O arquiteto viveu entao sua fase naturalista, e isso pode ser observado em dezenas de detalhes ao redor do imenso parque (mais sobre ele aqui), cujo maior destaque é o eixo central monumental e a casa, residencia de Gaudi por 20 anos.
Centenas de pedras pontudas dao um certo ar de brutalidade ao parque. Por outro lado, seu famoso e célebre uso do trencadis (forma de arte que consiste em quebrar azulejos e dispo-los em forma de mosaíco) dá ao lugar um ser tom onírico, sonhador e surreal causando um choque interessante que cria uma paisagem totalmente lúdica e particular.
Apesar do sol, milhares de pessoas se perdiam pelas ruas do lugar enquanto músicos tocavam bonitas cançoes espanholas ao violao (e outros até mesmo U2). Descansamos na sombra esperando o solarao baixar para voltarmos para casa. Tentamos passar no Museu Picasso, mas nada de entrada gratuita como dizia o guia, entao hora de desmaiar pois amanha é dia de viajar. Madri, nos aguarde. Estamos chegando.
Fotos da viagem:
http://www.flickr.com/photos/maccosta/
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julho 29, 2009 No Comments
“Te quiero, Barcelona”
Eu sou completamente apaixonado por esta cidade. Barcelona me pega de um jeito que poucas cidades conseguiram. Nao sei se sao suas avenidas imensas com encantadores passeios públicos, nao sei se é esse clima quente aliado ao vento mediterrâneo, nao sei se sao as obras de arte de Gaudi ao ar livre espalhadas pela cidade. Nao sei. Barcelona me encanta e eu moraria fácil aqui (mais do que em qualquer outra cidade européia).
Acordamos revigorados na segunda-feira após o balde de água-fria do fim de semana complicado. Estamos na Grácia, quatro ou cinco quadras do lugar que fiquei no ano passado, e eu adoro essa regiao de muitas árvores, passeios, alguns bares de tapas e casas de Gaudi. Tanto a La Pedrera quando a Casa Batlló ficam pertinho, e abrimos a segunda visitando as duas de uma vez além de dar uma esticada até La Rambla.
La Pedrera, ou Casa Milà, é uma construçao emblemática que Gaudi ergueu entre 1906 e 1910. A mao do gênio pode ser vista já de fora, na imensa porta de ferro batido, as sacadas surreais, as janelinhas estilosas e o sensacional jardim no telhado com cavaleiros medievais dominando a paisagem. A exposicao no último andar melhorou muito do ano passado para este, com vários detalhes que explicam esta e outras obras de Gaudi.
O que me vem à cabeça sempre é: mesmo hoje em dia, La Pedrera seria muito avançada, imagina em 1910. Um andar todo mobiliado com peças de época dá um panorama perfeito do conservadorismo de alguns móveis com a loucura dos detalhes do prédio, das portas, das maçanetas, dos lustres. Sensacional. E ainda tem uma sala auditório que, como diz bem o nosso livro guia, o “teto parece ter sido coberto com clara batida em neve”. Hehe
Dali fomos para a Mansana de La Discordia, que traduzindo quer dizer O Quarteirao da Discórdia, que nada mais é do que uma parte do Passeio da Grácia com três casas absurdamente geniais desenhadas por três arquitetos rivais para três famílias rivais do começo do século passado: Casa Lleó Morera, de Domènech I Montaner, Casa Amatller, de Puig I Cadafalch, e a Casa Batlló, de Antoni Gaudi. Todas na mesma calçada.
Das três, apenas a Casa Batlló é aberta ao público, e é um sonho delicioso de Gaudi que merece e muito ser visto. A casa é uma alegoria da lenda de Sao Jorge com o telhado sendo as costas do dragao, e as sacadas em forma de máscaras de carnaval sendo as caveiras das vitimas do monstro. Ela impressiona do lado de fora (e fica assustadoramente bela à noite), mas é dentro que ela conquista o olhar e o coracao. Até lágrimas cairam.
Passada a emocao, descemos pelas Ramblas para observar a dezena de estátuas vivas (algumas sensacionais) e desbravar o Barri Gótic, um lugar em que eu felizmente me perdi no ano passado, e pude passear e passear e passear por aquelas ruazinhas que, conta a lenda, sao tao estreitas que poderiam ser amarradas com um lenço. Terminamos o dia olhando a Sagrada Familia iluminada à noite.
A terça também começou com Gaudi, com uma visita a Sagrada Família, templo em construçao. Falei tanto dele no ano passado que vale mais ler aqui, mas continuo impressionado. No subsolo da igreja, enquanto mais de 300 pessoas trabalham no canteiro de obras (e milhares admiram embasbacados a construcao), um atelier restaura as maquetes originais que Gaudi deixou e prepara os novos passos da empreitada. Lindo.
Dali fomos para a praia no Port Olimpic aproveitar o solarao de 32 graus que está beijando a cidade. Meninas de topless de um lado, chinesas oferecendo massagens do outro e até um velhinho de uns 70 anos caminhando totalmente nu na areia, com a bengala num braco, e a bermuda e a camisa no outro. Hilário. A praia, ao menos no Port Olimpic, nao é das melhores, com muitas pedras, mas a água do Mediterrâneo vale o risco.
Para esta quarta-feira, último dia em Barcelona, separamos Miró e Picasso. Vamos subir o Monte Judeu (Montjuic) para conhecer a Fundaçao Miró e, se der, vermos o tal Pavilló Mies van der Rohe. Tentaremos descer de teleférico (se nao for caro) para ir ao Barri Gotic conhecer o Museu Picasso, cuja entrada é gratuita às quartas de tarde. Talvez Parq Guell, se sobrar um tempinho, mas nao dá para garantir, ainda mais que ele merece e muito uma tarde inteira. Quem sabe.
Ps. Voltando da Sagrada Família ontem à noite demos de cara com muitos torcedores do Barcelona no ônibus. Mais de 60 mil pessoas foram conferir a apresentacao de Ibrahimovic. Nao teve jogo. Era só a apresentacao. E um garoto de uns 15 anos tinha um pedaco de grama do estádio em um copo de plástico… 🙂
Fotos da viagem:
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julho 28, 2009 No Comments
Veneza, Veneza, Veneza, Veneza e Ryanair
Tanta coisa para contar que preciso organizar os pensamentos. Este fim de semana foi caótico, a começar pela falência da My Air, que causou um efeito dominó em nossas parcas economias, e nao fosse o cartao de crédito sei lá o que teriamos feito. Como escrevi para amigos, vou ter que pagar essa viagem até 2014… mas que vou escrever pra Enac italiana pedindo reembolso da My Air, ah vou!
Sábado
Após o susto de ter o vôo cancelado e mais nenhuma informaçao, decidimos ir para a internet caçar um vôo barato, e conseguimos pela Ryanair, que eu evitei a todo custo durante todo o planejamento de viagem, mas acabei precisando na última hora (e, claro, eles pisaram na bola, mas isso fica para o domingo). Relaxados, comprei um bilhete 24 horas de batobus e fomos desbravar Veneza.
Tudo que eu tente falar é pouco para explicar o quanto essa ilhota (ou, porçao de ilhotas) é linda. Veneza encanta o olhar como poucas vezes achei que uma cidade pudesse encantar. Caminhar por suas ruelas é uma surpresa, mas vê-la de dentro da água é espetacular. Talvez, por isso, os passeios de gondola sejam tao caros, afinal você passa a centimetros da parede das casas observando a grandiosidade desta pequena jóia chamada Veneza.
Com o passe de batobus decidimos ir para Murano e Burano, duas ilhas afastadas de Veneza. A primeira é cheia de fábricas de vidros e a segunda uma vilinha de pescador cuja principal caracteristica sao as cores fortes das casas, para que os pescadores as enxerguem do mar e saibam como voltar. Fomos para Murano, e ela só vale se você quer artigos de vidro, caso contrário fique em Veneza. Acabamos nao indo para Burano por falta de tempo.
À noite demos uma passadinha na festa da paróquia do bairro (ou da ilha em que ficamos, como queira), compramos vinho tinto, alguns badulaques e fomos fazer um piquinique do lado do grande canal. A noite caiu linda e ficamos relembrando momentos bacanas desta viagem culminando com a sensacao de que poucos lugares no mundo podem bater Veneza, mesmo a ilha nao sendo um lugar de baladas (a camisa Venice by Night diz alguma coisa?)
Lili foi dormir, eu voltei pra festa, comprei uns papéis para concorrer a brindes (estava de olho no Home Theather exposto, e se ganhasse uma das duas bikes venderia por qualquer 20 euros) e acabei saindo com uma caneta, duas esponjas de louça, uma capa de chuva, um pacote de lencinho de papel, uma régua rosa e uma máscara de carnaval bem tosca. Mesmo assim, valeu a farra. Voltei completamente bêbado para casa.
Domingo
Se estivéssemos no vôo da My Air teríamos que chegar no aeroporto às 6 da manha, mas a troca acabou nos colocando em um vôo em Treviso às 18h, entao decidimos aproveitar mais um pouco de Veneza, e fomos conferir o acervo do Museo Peggy Guggenheim, que nos surpreendeu bastante. Aliás, se fomos ricos com a Peggy também iriámos apoiar as arte e comprar uma mansao à beira do grande canal de Veneza. Fácil. hehe
Os destaques sao muitos. Lili teve oportunidade de ver mais três obras de Giacometti (“Standing Woman” ficou entre suas preferidas do escultor – veja) e eu chapei com “Landscape with Red” de Kandinski (aqui), “Portrait of the Painter Frank Haviland”, um belíssimo Modigliani (aqui), “Rain”, de Chagall (aqui), uma tela sem título de Dali (aqui), “Sad Young Man On a Train”, arrepiante de Duchamp (aqui) e muitos outros.
Tempo findo, bye bye Veneza, e lá fomos nós para o aeroporto de Treviso pega nosso vôo para Barcelona. Chegamos quase três horas antes. Assim que começou o check-in, a mulher da Ryanair já encanou. “A mala ultrapassou o peso. Ou vocês tiram algo, ou pagam o excesso”. Eu já estava rindo com a carteira na mao quando, em alguns segundos, ela esqueceu o excesso de peso e veio com outra taxa, mais cara, para pagarmos. :/
“Vocês nao fizeram o check-in online, por isso precisam pagar 40 euros por pessoa. Assim que vocês pagarem, lhes entrego o ticket de embarque”. O sangue subiu, xinguei até a décima geraçao da mulher, da Ryanair, do Papa, mas nao teve jeito: perdemos RS 240 assim, de mao beijada. Nesta nossa última semana, em que as contas correntes já estao no vermelho, e os cartoes de crédito estao no limite, foi um tremendo balde de água fria.
Fiz todo o planejamento de viagem antecipado para evitar transtornos como esse, mas como tivemos que comprar de última hora, agitados pelo incidente My Air, esquecemos do check-in online, o que nao justifica uma taxa tao alta, mas é a Ryanair. Eles fazem os vôos mais baratos da Europa, mas é bobear que eles tiram o dinheiro de você de outra forma. Bobeamos, e nao adianta chorar sobre o euro perdido. Acabou o drama? Nao.
Chegamos em Girona, na Costa Brava, quase às 20h, e de lá tivemos que pegar um ônibus para Barcelona. Batemos na porta do Hostel às 22h04, e quem diz que havia alguém para nos atender. Entramos uns 20 minutos depois com outro hospede, mas nao havia ninguém do hostel no local. Nao pensei duas vezes: procurei um hotel na regiao, e mudamos. Detalhe: o hotel (um três estrelas bacana) foi praticamente o mesmo preço do hostel.
Esta é a nossa última semana de viagem, a grana se foi, mas estamos nos virando. Amanha falo sobre a Casa Milà e a La Pedrera, duas obras primas do gênio Gaudi, que visitamos na manha desta segunda-feira. Agora vamos nos perder pelo bairro gótico. Mas voltamos. Xô, zica. 🙂
Ps. Apesar da camiseta “Venice By Night”, que eu comprei, nao vimos nenhum ratinho em Veneza nos quatro dias que ficamos lá, só para registro. hehe
Fotos da viagem:
http://www.flickr.com/photos/maccosta/
http://www.flickr.com/photos/lilianecallegari/
julho 27, 2009 No Comments
De Diamantina para Ouro Preto
Sete horas de viagem. Cinco de Diamantina para Belo Horizonte mais duas de Belo Horizonte para Ouro Preto. Viajar de ônibus, meus caros, cansa. Aliás, fica a dica: saem vôos de Belo Horizonte para Diamantina todos os fins de semana (só nos fins de semana) por R$ 99. Como o ônibus custa quase R$ 60, compare o tempo das viagens, planeje e faça sua escolha: de ônibus são 6 horas; de avião só meia-hora. Se nós tivéssemos pesquisado antes…
Deixamos Diamantina sob chuva, fraquinha, mas chuva. Passamos o dia todo caminhando para cá e para lá, e sou obrigado a dizer que a cidade me conquistou, embora a infra-estrutura no quesito “turismo” deixe bastante a desejar. Não me compreenda errado: fomos muito bem tratados em todos os lugares em que passamos (aquele jeitinho mineiro de querer que você se sinta como se estivesse em casa) e a cidade merece sua visita. No entanto…
Bem, parece que a cidade não acordou para o turismo… ainda. Das seis igrejas históricas da cidade, três estavam fechadas para o público. Se você for pensando em comer comida mineira, vai precisar camelar muito. Quase todos os restaurantes atendem no formato self-service, e com sorte você encontra um a la carte com comidas típicas (que eles dizem que o prato dá para duas pessoas, mas fácil que alimenta quatro amigos famintos). E nem parece que Minas tem mais de 2 mil cachaças. Nenhum bar tinha variações da marvada.
Fora isso, se você quiser fazer alguma trilha, visitar o Caminho dos Escravos ou a Estrada Real, ou mesmo visitar algum garimpo, terá que dar sorte do centro de atendimento ao turista estar aberto para pegar telefone de algum guia e marcar um horário. Ou seja: você precisa ir atrás. Ao contrário de diversas outras cidades turistas, em que guias e agências oferecem uma variedade de passeios ao público, em Diamantina é preciso peneirar, peneirar e peneirar. Mas vale a pena.
Diamantina é uma graça. O calçamento da cidade é feito todo em pedra e as casas não possuem recuo frontal, o que torna o centro bastante aconchegante. O conjunto arquitetônico do centro histórico da cidade foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional em 1938, e, em 1999, foi reconhecido pela Unesco como Patrimônio Mundial.
A igreja mais rica da cidade é Igreja da Ordem Terceira de Nossa Senhora do Carmo, que teve sua construção iniciada em 1766. Sua maior característica pode ser observada por fora: os sinos ficam na parte de trás da construção, e muita gente diz que ela foi construída assim para que o barulho dos sinos não acordasse Xica da Silva, a ex-escrava que viveu um romance com o homem mais rico da região (e que mandou erguer esta igreja). Dentro dela chama a atenção uma estatua em madeira do Profeta Elias que pesa mais de 80 quilos.
A Igreja do Carmo pode ser a mais rica, mas a mais fofa é a de Igreja de São Francisco de Assis (procure o Artur e peça para ele contar histórias sobre o prédio). Aqui os santos são todos de roca. A outra capela aberta na cidade é de Nossa Senhora do Amparo, e vale a visita pelo belíssimo presépio do secúlo 18 feito todo com conchinhas. Além destas igrejas vale visitar a Casa de Juscelino, o Casarão de Xica da Silva, o Museu do Diamante e o Passadiço da Casa da Glória.
No Museu do Diamante apreciamos uma belíssima exposição de fotos de Assis Horta, fotógrafo que registrou os anos 30 e 40 da cidade. E é bom não esquecer que aqui também se encontram três construções desenhadas por Oscar Niemeyer, como o Hotel Tijuco, marcas de uma parceria com Juscelino que acabaria, por fim, nos dando Brasília (há rascunhos de desenhos de Lúcio Costa na casa do ex-presidente).
Tudo muito bem, tudo muito bom. Assim que entrei em Ouro Preto não fui muito com a cara da cidade. Diamantina é uma joiazinha enquanto em Ouro Preto está tudo mais misturado. Porém, bastou parar na frente da Igreja da Ordem Terceira de São Francisco para deixar o queixo cair, bater no chão, e voltar ao rosto. Obra máxima do gênio Aleijadinho (e do mestre Athayde), a Igreja de São Francisco já entra no meu Top 3 ao lado da Abadia de Westminster (Londres) e da Catedral de Glasgow, mas falo mais sobre ela depois.
Ps. A Sagrada Família, de Gaudi, é hors-concours, ok.
Fotos: Marcelo Costa (http://www.flickr.com/photos/maccosta)
janeiro 3, 2009 No Comments
Bye, bye, Barcelona
Eu sei, é de partir o coracao, mas está chegando a hora de ir (“venho aqui me despedir e dizer que o meu coracao vou deixar nao ligue se acaso eu chorar, mas agora, adeus”… ahhh, o Rei Roberto). Bem, amanha de manha acordo e vou para a estacao Barcelona Sans para pegar um trem em direcao a Castellon, onde na praia vizinha, Benicassim, acontece o badalado Fiber nos próximos quatro dias. Este último dia útil em Barcelona foi o mais calmo e mais gostoso de toda a viagem, com cara de férias mesmo, e banco de praca, sorvete e caminhada de chinelo.
Acordei cedo para ir conhecer a Casa Milà, de Gaudi, popularmente chamada de La Pedrera, que fica aqui ao lado do hostel. Era para eu ser um dos primeiros a entrar, mas eis que chega junto comigo uma excursao de escola. Pô, bem legal levarem os estudantes franceses para conhecer Gaudi, mas tinha que ser no meu horário (risos). A Casa Milà è… putz, sem palavras. Meu queixo caiu várias vezes. Gaudi a construiu entre 1906 e 1910, e só um louco poderia construir uma casa bizarra dessas naquele tempo… e deslumbrante.
Na verdade, a Casa Milà eram vários apartamentos e hoje em dia é um centro cultural que abriga histórias das obras do arquiteto e o visual sensacional da casa. E, ainda, tem o “jardim” mais descolado de todos os tempos, no terraco, que você pode ter visto em “Profissao: Repórter¨, do Antonioni (valeu, meu querido Carlos Freitas), mas que nem mil fotos vao impedir que você deixe o queixo estatelado no chao. Bati muuuitas fotos. Esta, com o casal sentado sobre um dos arcos do terraco olhando a Sagrada Familia, demorou um tempo. Eu queria bater só dos arcos e da igreja, mas o casal sentou ali… (risos)
Na seqüência fui encarar o Parque Güell, que Gaudi fez entre 1910 e 1914, a pedido do dono da propriedade, Eusebi Güell. Conta a história que o resultado final do parque ficou muito aquém do ambicioso projeto original, mas olha, se ficou aquém, meu deus, o que deveria ser o projeto original! O Parque é uma pequena obra de arte. Assim que desci na estacao de metrô, e fui olhar o mapa, uma senhora perguntou: “Parque Güell? Siga reto”. Fomos conversando até o fim da escada rolante, quando ela disse que eu amaria o parque. “Me gusta mucho”, ela disse antes de ir.
Caminhei por horas pelo parque, deslumbrado com todos os seus detalhes, e lamentando nao estar com Lili para fazermos um piquinique (fica para o ano que vem). Subi e desci mais de 500 degraus (quando parei de contar), bati uma centena de fotos (mas fiz uma selecao para o flickr) e fiquei pensando o quao genial era esse homem, que fazia coisas realmente diferentes e inovadoras. É completamente chapante, completamente. Andei tanto que acabei com um tênis leve que eu tinha comprado em Parati, meses atrás, e que nao devia esperar tanto trabalho.
Voltei pro hostel de havaianas genéricas, tomei um banho e fui cortar as unhas na praca. E por lá fiquei sentado observando o movimento, descansando as pernas, acalmando a mente e sentindo o cheiro da cidade. Depois sai, olhei a Casa Battló, fui tomar um sorvete na sorveteria que fica embaixo da Casa Milà, e fiquei pensando no quanto essa cidade é encantadora. No hostel, novamente, arrumei as malas e deixei tudo pronto para amanha de manha acordar e partir, mas precisava registrar esse adeus. Nao sei como vao ser as coisas em Benicassim, mas se houver uma internet por perto (o que tem acontecido bastante nessa viagem), apareco para falar dos shows, ok.
Fotos da viagem e dos shows: http://www.flickr.com/photos/maccosta
julho 17, 2008 No Comments
“I Love You, Spain”
Eu estava no segundo degrau, descendo a escada do aviao, quando uma menina atras de mim (provavelmente escocesa), soltou a frase que dah titulo ao post. Pousamos em Barcelona as 19h45 (14h45 no Brasil) e o sol estava a pino com os termometros do aeroporto marcando 28 graus. Oito horas da noite!!!!!! Bem, o clima eh outro, nao tem como nao falar. Marajei meus olhos soh de entrar na cidade.
Alias, tenho falado pouco das cidades, nao? Bem, me apaixonei por Leuven, na Belgica, mas muito mais pela calma e pelo seu jeito de presepio do que por qualquer outra coisa. Nao eh uma cidade baladeira, mas eu tambem ja passei da fase baladeira. Agora quero sair para passear com o cachorro empurrando o carrinho de bebe com a Julia e a Ana. Outros tempos, outros tempos.
Bruxelas me encantou, mas preciso explorar mais a cidade. Berlim foi um caso de amor e odio. Tem coisas excelentes (como beber cerveja no onibus, na rua, no banheiro, no banco – risos), mas a memoria da guerra me incomodou. E para viver numa cidade igual a Sao Paulo, fico em Sao Paulo. Mesmo assim, senti saudade de Berlim quando estava em Glasgow, uma cidade mais… caipira (nao sei se essa eh a definicao correta).
Glasgow (e a Escocia), definitivamente, nao me conquistou. Se eu nao tivesse passado pela parte antiga da cidade, entao, provavelmente a teria achado a coisa mais normal do mundo, mas valeu ter estado la. Fiquei cinco horas em Bournemouth, e foi interessante. O onibus que vai ao aeroporto fez um trajeto de tour para se conhecer a cidade (praia, igrejas, monumentos), mas mesmo com o sol estava um friozinho.
Ja Barcelona… assim que voce entra na cidade, vindo de qualquer um dos dois aeroportos, entra numa autovia linda, quase subterranea. Quando voce sobe para a cidade, ve os cabos e andaimes na Sagrada Familia, do lado direito, e ja sabe que esta realmente na cidade de Gaudi. Fiz um pequeno trajeto de metro (comprei o ticket para tres dias) e cheguei ao albergue, que fica a 100 metros da Casa Milá. Depois de um banho fui tomar um sorvete aos pes do predio… foda. Estou indo ver a Sagrada Familia. Volto com fotos e historias!
julho 15, 2008 No Comments
Direto de Bournemouth
Acordei as cinco nesta segunda-feira para partir em direcao a Barcelona, na Espanha. Para economizar, estou fazendo dois trechos de Ryanair: o primeiro de Glasgow para Bournemouth, o segundo de Bournemouth para Barcelona (na verdade, Girona, cidade que abriga o segundo aerporto que serve a regiao). Bournemouth fica na Inglaterra, a cerca de 170 quilômetros a sudoeste de Londres, no litoral sul do país. Eh uma cidade famosa por receber varios turistas e estudantes dispostos a aprender ingles nas escolas para estrangeiros.
Um paranteses: eu nao entendia patavina do que os escoceses falavam. Nada! Nada mesmo. Se nao fosse a Ju e a Renata, provavelmente eu teria me comunicado no gesto toda a minha passagem por Glasgow. Eles falam um ingles dificilimo de se entender, e nem fazem questao mesmo de serem entendidos. Para pedir cerveja, soh pra voce ter uma ideia, eu pagava sempre com notas e 5 libras ou 10, pois nunca entendia qual era o valor certo. Eh serio (e eh engracado, vai). Notei a diferenca chegando em Bournemouth, cujo senhor da informacao turistica falou tao pausadamente as frases que mesmo que eu nao soubesse ingles teria entendido.
Meu primeiro voo chegou as 10 da manha. O outro sai as 16h (12h no Brasil). Vim passear pela cidade, atualizar o blog, e encarar mais um fish and chips. E entao me lembrei que Bournemouth fica no condado de Dorset, local que deu ao mundo a senhorita PJ Harvey. Estou em terra abencoada, caros amigos. Soh nao fico mais aqui pois tenho um encontro marcado com Gaudi e, mui provavelmente, Tom Waits, nos proximos dois dias. Mas PJ, agora que eu sei de onde voce eh, me aguarde, me aguarde… (risos)
Tops da viagem
Shows
1- Radiohead (Berlim)
2- R.E.M. (T In The Park)
3- Pogues (T In The Park)
4- Sigur Ros (Werchter)
5- Neil Young (Werchter)
6- The National (Werchter)
7- Grinderman (Werchter)
8- Vampire Weekend (Werchter)
9- The Hives (Werchter)
10- The Verve, Ben Folds e Gossip (Werchter), British Sea Power (T In The Park)
Cervejas
1- Duvel (Bélgica)
2- Leffe Black (Bélgica)
3- Mahou (Espanha)
4- Kostriker (Alemanha)
5- Orval (Bélgica)
julho 14, 2008 No Comments