Category — Minas Gerais
Tops dos 14 dias em Minas Gerais
TOP 3 CIDADES
1. Ouro Preto
2. Tiradentes
3. Belo Horizonte
TOP 3 IGREJAS (EXTERNO)
1. São Francisco de Assis, Ouro Preto
2. Nossa Senhora do Rosário, Ouro Preto
3. Capela de São José, Ouro Preto
TOP 3 IGREJAS (INTERNO)
1. São Francisco de Assis, Ouro Preto
2. Nossa Senhora do Pilar, Ouro Preto
3. Matriz de Santo Antônio, Tiradentes
TOP 3 OBRAS
1. Os Profetas de Aleijadinho, Congonhas
2. Teto da Igreja Francisco de Assis por Athayde, Ouro Preto
3. Pinturas de Portinari na Igreja da Pampulha, Belo Horizonte
TOP 3 ARQUITETURA
1. Casa de Baile, de Oscar Niemeyer, em Belo Horizonte
2. Edifício Oscar Niemeyer, de Oscar Niemeyer, em Belo Horizonte
3. Galeria Adriana Varejão, de Rodrigo Cerviño Lopez, no Inhotim
TOP 3 COMIDAS
1. Mexidoido Chapado, Casa Cheia, Belo Horizonte (R$ 14)
2. Trança de mignon de cordeiro baby, Theatro da Villa, Tiradentes (R$ 110)
3. Picadinho á moda do Parque, Restaurante do Inhotim (R$ 28)
TOP 3 PÃO DE QUEIJO
1. Verdemar, de Belo Horizonte
2. Pousada da Bia, Tiradentes
3. Boca do Forno, Belo Horizonte
TOP 3 PASSAGENS MAIS CARAS DE ÔNIBUS
1. Belo Horizonte para Diamantina: R$ 59,95 (6h de viagem)
2. Diamantina para Belo Horizonte: R$ 58,35 (5h30 de viagem)
3. Ouro Preto para São João del Rey: R$ 48,00 (4h de viagem)
TOP 3 LUGARES QUE VOU VOLTAR
1. Tiradentes
2. Instituto Cultural Inhotim, Brumadinho
3. Igreja São Francisco de Assis, Ouro Preto
TOP 3 CYBER INTERNET MAIS CAROS
1. Aeroporto de Confins: R$ 10 por meia-hora
2. Formule 1 de Belo Horizonte: R$ 10 por uma hora
3. Patio Savassi Shopping, Belo Horizonte: R$ 5 por uma hora
TOP 3 BUGIGANGAS
1. Doze Profetas em pedra por R$ 5, Congonhas
2. Imagem de geladeira do Mercado Central por R$ 3, Belo Horizonte
3. Garrafa de Cachaça de Jabuticaba por R$ 25, no Inhotim
TOP 3 HOTÉIS / ALBERGUES
1. Pousada da Bia, Tiradentes (R$ 120 a diária)
2. O Sorriso do Lagarto, Ouro Preto (R$ 90 a diária)
3. Formule 1, Belo Horizonte (R$ 85 a diária)
TOP 3 “LÍNGUAS” MAIS OUVIDAS
1. Mineires
2. Francês
3. Italiano
TOP 3 COISAS LEGAIS
1. Viagem de trem de Ouro Preto para Mariana
2. Fim de tarde bebendo cerveja na praça de Tiradentes
3. Soneca após o almoço no Inhotim
TOP NÂO SEI QUANTO DE CACHAÇA
Milagre de Minas (Belo Horizonte), Cachaça de jabuticaba (Brumadinho), Lua Nova (Salinas), Boazinha (Salinas), Vale Verde (Betim), Samba & Cana (Belo Horizonte), Pé do Morro (Ouro Branco), Cachaça do Caçador (Tiradentes), Da Boa (Boa Esperança), Meia Lua (Salinas), Lua Cheia (Salinas), Alambique (Tiradentes), Cachaça Artesanal (Tiradentes), A Tentadora (Ouro Preto), Canarinha (Salinas)
DEZ FOTOS
1. A fuga dos gansos (aqui)
2. Niemeyer dançando no mini Copan (aqui)
3. Cavaleiros seguindo em frente (aqui)
4. Uma centena de casinhas no morro (aqui)
5. Um homem na última porta do trem (aqui)
6. Lili observando a paisagem (aqui)
7. Passando por Passagem de Mariana (aqui)
8. Um pássaro nas ondas do rádio (aqui)
9. Fim de tarde em Ouro Preto (aqui) *
10. Fim de tarde em Tiradentes (aqui)
Detalhe na número 9, lá no alto, um caminhão no meio da serra… 🙂
Fotos: Liliane Callegari (http://flickr.com/photos/lilianecallegari)
janeiro 12, 2009 No Comments
São João Del Rey e o inesquecível Inhotim
Em São Paulo. Vou te dizer, estou um bagaço. E olha que dormi aproximadamente doze horas de sábado para domingo, mas não adiantou muito. Esse post deveria ter sido escrito no sábado se houvesse cartão para usar internet no Formule 1 de Belo Horizonte (a internet está lá, mas você não pode usar), se não tivesse batido uma preguiça de esticar até o Pátio Savassi, ou mesmo se a internet no aeroporto de Confins não custasse o roubo de R$ 10 cada meia-hora. Vamos lá, a noite é uma criança… chorando. (hehe)
Recapitulando: na sexta saímos de Tiradentes. A idéia era fazer a viagem de Maria Fumaça até São João Del Rey, mas não tivemos paciência para esperar duas horas e fomos de ônibus mesmo (pela Estrada Real novamente). Na Rodoviária de São João compramos passagens para BH, 16h. Eram 12h e a idéia era aproveitar essas quatro horas para bater perna no centro histórico de São João Del Rey, almoçar e voltar com uma nova visão da cidade no lugar da que tivemos inicialmente. Nada mudou.
Após observar algumas belas igrejas (mas para quem já havia passado por Ouro Preto, Diamantina, Tiradentes e Congonhas, belas igrejas já não impressionavam mais) e almoçar, saímos correndo da cidade. Pegamos um táxi e o taxista comentou: “Indo embora já? Não tem muita coisa pra se ver na cidade, né. Vai melhorar. O secretário de Turismo que acabou de assumir é o mesmo que levantou Tiradentes. Antes as pessoas vinham até São João e, se sobrasse um tempo, passavam em Tiradentes. Agora inverteu”. Inverteu mesmo.
A viagem para Belo Horizonte foi cansativa, três horas e meia de ônibus com várias paradas em cidadezinhas, inclusive uma de 15 minutos em Congonhas. Quase fomos dar um olá para o Profeta Daniel. Chegamos na capital mineira sem chance de jogar o segundo tempo com os amigos. Optamos por um filmezinho no Pátio Savassi com pipoca do Cinemark encharcada de manteiga. Até derramei umas lágrimas em “Marley e Eu”, mas isso não conta muito. Voltamos para o hotel a pé desbravando as ruas belohorizontinas.
Acordamos no sábado com a missão de conhecer Inhotim, dica esperta do concunhado. Não tem como explicar em poucas palavras. É o tipo de coisa que você não acredita que possa existir, mas existe. Segundo a apresentação do site, o lance todo é o seguinte: “o Instituto Cultural Inhotim é um complexo museológico original, constituído por uma seqüência não linear de pavilhões em meio a um parque ambiental. Suas ações incluem, além da arte contemporânea e do meio ambiente, iniciativas nas áreas de pesquisa e de educação. É um lugar de produção de conhecimento, gerado a partir do acervo artístico e botânico (leia mais)”.
Bonito, né. Então saiba que o lance todo é muito mais bonito do que esse parágrafo. O parque (ou museu ou seja lá o que ele for) fica em Brumadinho, 60 km de BH. A viagem cansa, ainda mais quando se está viajando faz quase 15 dias de lá pra cá, de cá pra lá. Eu até já tinha começado a praguejar, mas só foi entrar no complexo cultural para deixar o queixo cair dez vezes. Assim que entramos avistamos uma belíssima borboleta azul, que nos acompanhou num trecho. Depois avistamos várias outras que tentei fotografar, em vão. Porém, não faltaram bichos para fotografar.
As galerias de arte (dez no total) vão se intercalando com o parque belíssimo, um oásis no meio das Gerais, e algumas obras espalhadas no meio do verde, ao ar livre. Sobre arte moderna eu comentei quando visitei a Tate Modern, em Londres: “Não sou conhecedor nem pesquisador do lance todo, mas preciso dizer que a arte moderna, principalmente as instalações e muitas esculturas, não me convencem (leia mais)”. Mesmo assim fiz várias anotações sobre coisas que gostei no Inhotim, no entanto, o lugar chama muito mais a atenção do que o que está lá.
E não só ele. O atendimento é de primeiríssima qualidade. A organização do parque é irrepreensível e até o restaurante impressiona. Foi lá que uma das cozinheiras nos falou que o Inhotim já é o segundo ponto mais visitado em Minas Gerais, perdendo apenas para Ouro Preto. Vou te dizer: é impossível não almoçar e desejar tirar uma soneca depois. Bancos e lugares feitos especialmente para isso existem aos montes no percurso. Não tem como resistir.
Das obras que mais gostei destacam-se “Forty Part Motet”, de Janet Cardiff (veja aqui), em que a artista gravou cada integrante do coral da Catedral de Salisbury, trabalhando com vozes masculinas – baixo, barítono e tenor – assim como uma soprano infantil e as dispôs em quarenta caixas acústicas individuais em uma sala para alcançar o resultado de um moteto, um tipo de composição polifônica medieval para oito coros de cinco vozes, que trata de humildade e transcendência. É de chorar.
Ainda me surpreendi com a “Nave Deusa”, de Ernesto Neto (veja aqui); “Swoon”, de Janine Antoni (veja aqui); a ótima sala de Doris Salcedo (veja aqui); a impressionante sala de Tunga, valorizada ainda por estar quase no final do bosque e do lago (veja aqui), a também impressionante galeria de Adriana Varejão, em que obra e prédio se fundem de forma genial (veja aqui); a parceria de Hélio Oiticica e Neville D’Almeida movida a Jimi Hendrix (veja aqui); e por fim Cildo Meirelles, que “me fez” caminhar sobre cacos de vidro em “Através” (veja aqui).
Há um ônibus que sai da rodoviária de Belo Horizonte às 9h para Brumadinho e deixa o visitante dentro do Inhotim às 11h. Esse mesmo ônibus busca o pessoal às 16h. O Instituto Cultural abre às 9h30 e fecha às 16h30, tempo mais do que suficiente para deixá-lo boquiaberto. O Inhotim foi criado em 2005 como entidade privada sem fins lucrativos e qualificado pelo Governo do Estado de Minas Gerais como Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip). É o tipo de coisa que eu adoraria ter criado se tivesse ganhado na Megasena na semana retrasada. Mas existe. Ou não. Você precisa descobri-lo.
A volta para o hotel foi sonífera. Antes, porém, passei na lojinha do Museu/Parque e comprei uma belíssima garrafa de Aguardente de Jabuticaba, produto artesanal fabricado em Brumadinho. Experimentei agora pouco e acho que gelada deve ficar irresistível. Voltando ao hotel, desmaiamos. Acho que foi às 19h de sábado. Acordamos às 7h de domingo. Uma caminhada de duas quadras e lá estávamos nós no Mercado Central novamente, uma de nossas primeiras paradas no início dessa viagem por cidades mineiras.
Fomos ao Mercado para comprar três queijos Minas da Serra da Canastra (dois eram presentes, tá), alguns badaluques que Lili queria, e observar mais um pouco este lugar bastante particular da cidade, visita obrigatória para qualquer pessoa que esteja por aqueles lados. Há, ali, inclusive, a melhor cachaçaria de toda Minas Gerais. Ok, não dá para ficar bêbado de experimentar cachaça como fizemos em Ouro Preto, mas AJR Vinhos, Licores e Cachaças de Minas, no Mercado Central de Belo Horizonte, tem a maior variedade e os melhores preços que encontramos. Anote.
Acho que é isso. Para matar o tempo entre a saída do hotel e a espera do vôo para São Paulo terminei a biografia do Nirvana escrita pelo Michael Azerrad enquanto Lili finalizou “Grande Sertão: Veredas”, o Guimarães Rosa que já feito aniversário de leitura com ela em casa. Vou tentar organizar as idéias e preparar um top de toda viagem para amanhã, mas não prometo nada, já que a semana estará atribulada. Tem Melhores do Ano do Scream & Yell para apurar, viagem bate e volta para Brasília na terça-feira e plantão na capa no próximo fim de semana. Descansar é bobagem, né mesmo.
Em tempo: o chef Carlos Eduardo, do Theatro da Villa, em Tiradentes, respondeu rapidamente nosso e-mail sobre a descrição dos pratos (do post anterior). Segue abaixo:
Prezados, Liliane e Marcelo
Fiquei feliz com o email de vcs ao saber que sairam satisfeitos daqui. Minha profissão não é mais nada além de dar prazer as pessoas e quando isto acontece vem a sensação de dever cumprido. Que bom!
Segue a descrição das entradas:
– Pecorino romano com mel de trufas brancas e amendoas
– Queijo de cabra empanado e gratinado ao forno servido com chutney de tomate e maçã com especiarias e pêsto de salsa orgânica com parmesão Grana Padano e pinolis, servido com torradas e banete.( pão especial da casa )
Pratos principais:
– Perdiz desossada recheada de vitelo e azeitonas pretas em molho reduzido de vinho do Porto, servida com polenta de fubá de moinho d’agua recheada de gorgonzola cremoso, acompanhada de mostarda de frutas com pinolis.
– Trança de mignon de cordeiro baby, marinada ao alecrim, grelhada, servida com ravioli artesanal recheado de pure de batata refogado na pimenta biquinho ao pêsto de manjericão com parmesão Grana Padano e castanha de caju xerem.
Sobremesa:
Terrine de chocolate meio amargo, servida com calda de frutas vermelhas ao cassis Dijon, com frutas vermelhas e amendoas.
Fotos: Marcelo Costa (http://www.flickr.com/photos/maccosta)
Exceto a do Jimi Hendrix: Divulgação Inhotim
janeiro 12, 2009 1 Comment
Preguiça e boa comida
Enfim estamos chegando ao trecho final de nossa viagem. Como era de se esperar, comecei a sentir dores fortes nos joelhos baleados ainda no último dia de Ouro Preto, então as caminhadas em Tiradentes foram entremeadas com pausas em buteco para uma cerveja e momentos de contemplação do ambiente. E o cansaço bateu, então ontem, pela primeira vez, fizemos uma “siesta” depois do belo almoço mineiro cancelando toda programação da tarde.
Assim, a visita ao alambique de Coronel Xavier Chaves ficará para uma próxima visita a região, que esperamos não demore tanto. Aliás, nosso plano no almoço de ontem era prestigiar um dos cinco restaurantes citados no Guia Quatro Rodas. Chegamos a entrar em um deles, mas o preço nos intimidou. Acabamos perdendo a chance de termos como companhia na mesa ao lado o casal Willian Bonner e Fátima Bernardes (acompanhados dos trigêmeos), que entraram lá minutos depois que saímos.
A tal “siesta” durou mais do que planejávamos, e acabamos acordando quase às 19h. Perdemos, desta forma, o passeio de Jardineira indicado pela Camila, mas ganhamos um belíssimo por-do-sol na Serra de São José. E acabamos fazendo a excelente besteira de entrarmos no Theatro da Villa, outro dos restaurantes indicados pelo Guia Quatro Rodas. Gastamos o triplo do que teríamos gasto no outro, no almoço, mas cartão de crédito está ai para isso mesmo, e a vida é para ser apreciada. A gente merece um agradim de vez em quando.
O restaurante é comandado por dois irmãos, gêmeos, Carlos Fernando (que se ocupa da cozinha) e Carlos Eduardo (que administra a casa) e o local abriga um anfiteatro com espetáculos de música nos moldes dos antigos teatros romanos. A especialidade da casa é cozinha contemporânea inventiva e tanto eu quanto Lili nos deleitamos. Toda hora que um dos donos vinha perguntar, ou mesmo o simpático Cristiano, que nos atendeu, a resposta era: “estou derretendo de prazer”.
Lili comeu um negócio muito complicado, na verdade, o prato que venceu uma das categorias do Festival de Cultura e Gastronomia de Tiradentes no ano passado. Era perdiz ao molho de redução de vinho do porto com mostarda de frutas e mais algumas coisas. O meu foi tranças de filé-mignon de cordeiro acompanhadas de um ravioli de batata com nozes e mais algumas coisas que não consigo descrever. A entrada (um molho de tomate com maça e ervas e outro al pesto com nozes) é foda. E a sobremesa, indescritível.
Saímos de lá balançando pelas ruas de pedra da cidade apaixonados pela noite, com o gosto do Pinot Noir africano nos lábios e a alma radiante. Ainda vimos, antes de dormir, mais um capítulo da comédia breguíssima “Maysa – Quando Fala o Coração”, e apagamos em um sono leve e bom. Hoje é dia de partida. Vamos de Maria Fumaça para São João Del Rey e, de lá de ônibus, para Belo Horizonte. Amanhã tem Inhotim, em Brumadinho, e cachaças à noite. Acho que ainda volto para papear.
Fotos: Marcelo Costa (http://www.flickr.com/photos/maccosta)
janeiro 9, 2009 No Comments
“A rua é estreita, mas a banda é larga”
Não tinha como começar este post de outra forma. O lance é que me apaixonei por Tiradentes, e olha que não sei se volto pra terrinha depois daqui (brincadeira, argentino, brincadeira). Muita coisa pra contar, mas pouco tempo de internet no cyber cafe que leva o slogan que dá título a este post. E, assumo, estou meio bêbado de cachaça, cerveja e pão de queijo. Então me aguarde que eu volto. Se eu encontrar o caminho para a Pousada da Bia. Torce por mim…
*******
Nada como uma boa noite de sono, né mesmo. Cheguei no quarto ontem e ainda deu tempo de assistir duas partes de “A Favorita” e um capítulo inteiro de “Maysa”, que aliás está extremamente brega, hein (mas curti a guria). Acordamos bem, tomamos um ótimo café da manhã e começamos os planos para hoje que incluí um passada em Coronel Xavier Chaves para visitar um alambique.
No entanto, deixa eu colocar as coisas em ordem nesta viagem. Na terça à noite, ainda em Ouro Preto, fui pagar as diárias com o Washington e acabei engatando um papo longo de albergue com um alemão, um casal argentino, um conterrâneo de Taubaté e seu amigo de São José dos Campos, mais o Washington, dono da casa. Rolou de tudo. Falamos de Cuba, Che, o povo brasileiro, a ocupação espanhola e portuguesa e tudo o mais.
A argentina, arquiteta, queria saber a importância de Ouro Preto no contexto histórico e como a capital brasileira pulou de lugar para lugar e foi acabar em Brasília. A conversa durou horas entremeada por ótimas trocas de informações sobre a gênese de cada país. Papo tão bom que quando voltei ao quarto já era mais de 1 da manhã, e nosso ônibus para São João Del Rey estava marcado para às 6h20. Noite curta.
A viagem foi extremamente sossegada, mas demorada. Após quase quatro horas – e paradas em cidades como Barroso, Barbacena, Conselheiro Lafaiete e Carandaí – chegamos ao nosso destino. Assim, não fomos com a cara de São João Del Rey. É a maldita expectativa. Você chega esperando uma cidade antiga e dá de cara com uma típica cidade interiorana (como minha amada Taubaté, por exemplo).
É que o centro histórico de São João fica bastante distante da estrada e da rodoviária. Lili não pensou duas vezes e propós: “Vamos para Tiradentes?”. Dito e feito. Compramos passagens via Estrada Real e pouco menos de uma hora depois adentrávamos a fofa Tiradentes, não á toa, a cidade da região do ciclo do ouro mineiro cujo centro histórico está em melhor estado de conservação.
Não tinhámos feito reserva em nenhuma pousada. Batemos em uma, R$ 170 a diária promocional para o casal. Em outra estava R$ 250. Acabamos indo para a Pousada da Bia, que a Camilinha já havia nos indicado (entre muitas outras coisas legais que ela indicou sobre a cidade), e pegamos o último quarto de casal do lugar pelo ótimo preço de R$ 120. Desfizemos a mala e fomos caminhar pelas ruas.
Ao contrário de outras cidades em que você corre para tentar conhecer todos os lugares, Tiradentes convida a contemplação. Demos uma boa caminhada pelo pequeno centro histórico, Lili se apaixonou por umas roupinhas de uma loja fofa, e acabamos no Conto de Réis (outra dica da Camila), um barzinho na esquina da praça, comendo pão de queijo, bebendo cerveja e experimentando cachaça (Lua Nova e Meia Lua, caro Alexandre).
Um casal de Piracicaba sentou ao nosso lado e o Zé Carlos puxou papo. Quando vimos a noite já tinha caído e lá estávamos nós conversando e ouvindo histórias em uma cidadezinha deliciosa. Hoje de manhã visitamos a Igreja Matriz de Santo Antônio, que assim como a cidade surpreende pela preservação e o douramento das obras. A idéia agora é almoçar em um dos cinco badalados restaurantes eleitos pelo Guia Quatro Rodas e passar na Raro Brasil para comprar o “legitimo rocambole de Lagoa Dourada”.
Ou seja, dia comprido pela frente. A idéia é acordamos amanhã, caminharmos pela cidade para se despedir e irmos de trem para São João Del Rey, dar uma passada no centro histórico de lá, e voltarmos para Belo Horizonte. No sábado vamos para Brumadinho, visitar o tão falado Museu do Inhotim e, depois, encher o saco dos amigos para irmos cachaçar em algum lugar. Domingo é o último dia da tour e deverá ter Mercado Central e feirinha. Vamos ver, vamos ver.
Fotos: Marcelo Costa (http://www.flickr.com/photos/maccosta)
janeiro 7, 2009 No Comments
Último dia em Ouro Preto
Eu tinha dito no post anterior que o dia aqui havia amanhecido ensolarado, né mesmo. Bah, São Pedro tirou uma com a nossa cara. Só foi o tempo de irmos tomar café no albergue, papear rápido com outros hospedes e sair que as nuvens cinzas cobriram a cidade, mas não impediram a gente de bater pernas e aproveitar cada minuto do nosso último dia em Vila Rica.
Começamos descendo a rua dos Bancos e caímos em frente à Casa dos Contos (o equivalente a Casa da Moeda), um belo casarão monumento do barroco mineiro, construído entre 1782 e 1784. O prédio abriga uma ótima exposição sobre as moedas nacionais, mas o que mais chama a atenção é a importante exposição, na senzala da casa, sobre a escravidão na região.
Saímos dali tentando fugir da chuva, mas o tempo abriu a ponto de podermos apreciar com calma a arquitetura de uma das mais belas igrejas da região, a de Nossa Senhora do Rosário, que se diferencia das outras por sua fachada circular, construída em 1785. Acabamos almoçando por ali mesmo, no Largo do Rosário, no restaurante Acaso 85, em um casarão que impressiona (e a comida também é boa).
A próxima parada foi na igreja mais rica da cidade (quiça do Brasil), a de Nossa Senhora do Pilar, padroeira da cidade. Aqui foram usados 400 quilos de ouro e 400 quilos de prata. A entrada impressiona, e pedimos o auxílio de uma guia, a Sonia, para contar histórias do local. Trabalharam na construção o tio, o pai e o mestre de Aleijadinho, que tem algumas peças assinadas por ele expostas no museu no subsulo.
É uma das igrejas mais impressionantes de toda a viagem, até agora, e só não bate a de São Francisco de Assis, obra máxima de Aleijadinho. A quantidade de detalhes chama a atenção, e a nave, mais espaçosa, lembra muito a de um anfiteatro. Sem contar a quantidade de ouro usada, que marca a abundância do período. Ela foi inagurada em 1733, ainda não terminada, e diz a lenda que a procissão que se seguiu para levar a padroeira da igreja do Rosário para a nova foi feita toda sobre ruas cobertas com pó de ouro.
A guia nos contou várias histórias interessantes, e saiu com uma das máximas mais bacanas da viagem: “Ouro Preto é para ser vista à noite”. Segundo ela, várias obras trazem á tona novos significados quando vistas na escuridão. É o momento em que detalhes interessantes que os artistas ocultam nas obras surgem. Como, por exemplo, segundo ela, uma caveira na fachada da Igreja de São Francisco de Assis, que é valorizada em dias de chuva, que escurecem certas pedras mais do que outras. “Dizem que ele errou em alguns profetas de Congonhas, né. Que nada. Ele fez aquilo de propósito para mostrar o defeito das pessoas e símbolos da maçonaria”, comentou.
Na saída, a chuva apertou, e acabamos parando na cachaçaria Milagre de Minas, na rua de cima da Igreja de Pilar. Ficamos ali uma meia hora, e a Leila caprichou na hospitalidade. Experimentamos cerca de dez ou doze cachaças (sacumé, perdi a conta), além de uma geleia da marvada. Acabei optando por um jogo de copos para pinga e uma bela garrafa da cachaça da casa, a Milagre de Minas, aguardente curtida em dezenas de especiarias. Logo mais em casa, em São Paulo. Aguarde.
Nosso último ato turístico foi visitar o Museu da Inconfidência, na Praça Tiradentes, com um excelente acervo que conta não só a história de Minas Gerais, mas também do Brasil. É se segurar para não sair de lá procurando uma lojinha com a camiseta que traz a estampa da bandeira mineira e o popular “Liberta que será tamém”. Estou me segurando, mas alguma coisa eu devo levar, além das cachaças (ainda tomo uma Providência em BH, pode ter certeza).
Ainda passamos pela Igreja Nossa Senhora do Carmo (frequentada pela aristocracia rica da cidade), projetada pelo pai de Aleijadinho, e que conta com um belíssimo desenho de Athayde na sacristia. Interessante observar como cada comunidade local tinha sua igreja, mesmo os negros, que apesar de não terem fontes de renda, construiram uma das mais belas igrejas da cidade, a do Rosário. Agora é hora de um café. Amanhã seguimos viagem para São João Del Rey.
Ps. Após terminar o post fomos comprar as passagens na Rodoviária. Demos sorte. Pegamos dois dos últimos quatro lugares (vamos em um ônibus que segue para São Paulo e nos deixará em São João). Aproveitamos que estávamos por ali para ver a Igreja de São Francisco de Paula (uma das que mais chama a atenção na cidade, por estar sobre um morro). Dali “descobrimos” outra bastante especial descendo o morro, a Igreja de São José.
Erguida entre 1730 e 1811, a Igreja de São José pertencia à uma irmandade que reunia vários artistas chamada Confraria de São José dos Bem Casados, entre eles Aleijadinho, que desenhou (gratuitamente) o risco do retábulo, da capela-mor e da torre. Junto com a do Rosário e de São Francisco de Assis, a de São José é a que mais me chamou a atenção (embora seja visível o descuido com a obra) em toda a viagem, parte por ela fugir do padrão e ter uma entrada circular e suas sacadas frontais.
Fotos: Marcelo Costa (http://www.flickr.com/photos/maccosta)
janeiro 6, 2009 No Comments
Estrada Real e Os Profetas
Quando disse no post anterior que iríamos fazer um “bate e volta” para Congonhas, não imaginava que seria uma quase aventura (hehe). Aviso aos navegantes: no site de Ouro Preto consta que existem ônibus direto da cidade para Congonhas, mas essa linha foi desativada. Agora são dois os caminhos a seguir: pegar um ônibus de Ouro Preto para Ouro Branco ou então para Conselheiro Lafaiete, e de lá para Congonhas.
Parece simples, não. Não é. Para Conselheiro Lafaiete só existem duas partidas e voltas diárias. Para Ouro Branco há mais possibilidades. Acabamos optando pela primeira, cujo ônibus saia quase uma hora antes da segunda, mas não fazia o mesmo trajeto pois a estrada estava “fechada” (como descobriríamos na volta), então a linha seguia um longo atalho pela Estrada Real (http://www.estradareal.org.br/).
A Estrada Real inicialmente ligava a antiga Villa Rica, hoje Ouro Preto, ao porto de Paraty, mas pela necessidade de uma via de escoamento mais segura e mais rápida ao porto do Rio e, também por imposição da Coroa foi aberto um “caminho novo”. A rota de Paraty passou a ser o “caminho velho”. Com a descoberta das pedras preciosas na região do Serro, a estrada se estendeu até o Arraial do Tejuco (atual Diamantina), deixando Ouro Preto como o centro de convergência.
Muitos anos atrás, ainda na época em que eu trabalhava na Pró-Reitoria de Extensão da Universidade de Taubaté, fiz um trecho de caminhada pela Estrada Real de Cunha até Parati com alunos de Arquitetura. Agora pegamos mais de quarenta minutos em estrada de terra batida com asfalto em paisagens lindissimas, mas é preciso estômago para se concentrar no visual e não enjoar diante das dezenas de curvas.
Atravessamos Cachoeiro do Campo, um pedacinho de Glaura, Santo Antônio do Leite, Engenho Correia, Miguel Burnier e Lobo Leite. Foi quando percebi uma placa de Congonhas, e sai correndo para falar com o motorista, que nos deixou debaixo de uma ponte na BR-040 avisando: pode ficar ai que o ônibus para Congonhas passa logo. Não deu outra: dez minutos depois pegamos um que vinha exatamente de Conselheiro Lafaiete. No mínimo duas horas de economia.
Na Rodoviária de Congonhas, o pessoal meio que olhou torto quando perguntamos sobre o Santuário de Bom Jesus de Matosinhos, até se atentarem que estávamos na verdade querendo conhecer a Basílica. Há um ônibus com este mesmo nome que deixa o visitante na porta do santuário, obra de Aleijadinho em 1757 (e terminada em 1790) sob encomenda de Feliciano Mendes como forma de pagar uma promessa para o santo.
É aqui que estão os famosos Profetas de Aleijadinho, obras impressionates que praticamente flutuam na entrada da igreja. É um conjunto tão forte que é impossível não querer traze-los pra casa, nem que for em miniatura, como eu fiz (ok, não vou ter espaço para os 12 profetas, mas já separei alguns para amigos). O Santuário é completado com seis capelas que ilustram os Passos da Paixão de Cristo em obras também de Aleijadinho. De cair o queixo.
Almoçamos no Restaurante da Ladeira, ali mesmo, um típico prato de Tutu a Mineira que serve para dois, mas na verdade dava fácil para quatro, acompanhado de uma cachaça artesanal (mais uma). Na volta ainda passamos pela igreja matriz (também de Aleijadinho) e partimos para a saga do retorno para Ouro Preto, com escala em Ouro Branco, passagem rápida pela Vila de Itatiaia, mais um trecho da Estrada Real e uma parada estratégica.
Lembra que tivemos que fazer um longo trecho em estrada de terra pois a estrada que liga Ouro Preto com Ouro Branco estava fechada? Então, mais ou menos fechada. Na verdade, está proibida a passagem de ônibus sobre a ponte do Rio Falcão, então o que o pessoal da empresa Vale do Ouro faz: eles levam o passageiro de Ouro Branco até a ponte, e trocamos de ônibus atravessando a pé (passageiros do outro lado fazem o caminho inverso). Coisas de Brasil.
A paisagem na volta é novamente belíssima apesar das nuvens baixas e da chuva constante. Chegou a lembrar o alto da Cordilheira dos Andes, na região do Atacama, quando visitamos alguns lagos perto de vulcões ativos. É impossível não ter vontade de fazer o caminho da Estrada Real conforme as tradições: a pé, de bike ou, melhor, à cavalo. Quem sabe um dia, né mesmo.
Hoje o dia amanheceu ensolarado novamente em Ouro Preto, mas a maioria das igrejas abre para visitação após o meio-dia. Após um bom café no albergue, lá vamos nós atrás das belezas do barroco mineiro. Me aguarde.
Fotos: Marcelo Costa (http://www.flickr.com/photos/maccosta/)
janeiro 6, 2009 No Comments
“Um cara bom de serviço”
Foto: Marcelo Costa (http://www.flickr.com/photos/maccosta/)
Um casal de franceses (falando muito bem o português) conversa com um guia mineiro dentro da Igreja de São Francisco de Assis, a obra mais famosa de Ouro Preto, simbolo máximo do barroco mineiro. “Esse Aleijadinho era muito bom”, comentam os franceses. “Ele era um cara bom de serviço, né mesmo”, responde comicamente o guia. Realmente, o homem era muito bom de serviço. Um gênio, na verdade.
A Igreja de São Francisco é a obra maior de Aleijadinho em Ouro Preto, embora encontre-se coisas suas em dezenas de monumentos da cidade. Aqui ele desenhou o prédio na função de arquiteto, a portada, tribuna do altar-mor, altares laterais e capela-mor. São também suas as esculturas da portada e dos púlpitos. Mestre Ataíde conferiu excelência artística ao teto, representando a assunção de Nossa Senhora.
Paga-se R$ 6 para visita-la ganhando-se o direito de visitar o Museu Aleijadinho, na Matriz N. Sra. da Conceição, que além de obras do artista ganha destaque por sua bela construção. Ainda falta visitarmos – dentre tantas – a Matriz de Nossa Senhora do Pilar (a igreja mais rica da cidade) e a Nossa Senhora do Rosário (que se destaca por sua rara fachada circular) e beber mais algumas cachaças.
Por enquanto, tenho seis cachaças anotadas no caderninho. Na parte da tarde deste domingo fomos comer no Bené da Flauta, um restaurante bacana que fica na descida da Igreja de São Francisco. O garçom ofereceu algumas cachaças, entre elas a Milagre de Minas, que eu havia bebido na noite anterior. “Achei muito forte”, comentei. “É mesmo? Ela é curtida em especiarias e ervas”, explicou. E eu tinha anotado na noite anterior: “forte gosto de pimenta do reino”. (risos)
Vou comentar todas as cachaças em um post à parte, ok. Agora vamos de trem para Mariana. Se você está planejando uma viagem pelas cidades históricas, coloque Ouro Preto e Mariana num fim de semana, tá. O Trem da Vale só funciona para passeios de sexta a domingo (mais feriados) em dois horários diários. As viagens (R$ 18 – aceita-se meia entrada) são de uma hora e valem a pena.
Em Mariana, pela primeira vez, pegamos um guia local para nos explicar as belezas da Igreja de São Francisco de Assis. O Renildo mostrou conhecimento do local, e valorizou o passeio com ótimas observações. No entanto, perdemos o concerto na Basílica da Sé, marcado para às 12h15 (todos os domingos). É um concerto em um orgão alemão do século 18 com 7 metros de altura, 5 de comprimento e 964 tubos, doação de Dom João V.
Voltamos de ônibus – com mais franceses e espanhóis – e fomos passear na feirinha de artesanato. Quase comprei um jogo de xadrez em pedra (R$ 20) para fazer par com o meu “incas vs espanhóis” adquirido no Atacama, mas ainda estamos no meio da viagem, e carregar pedras não é um bom negócio. Amanhã devemos embarcar para Congonhas em um bate e volta de um dia. Se eu não estiver bêbado demais, apareço. hehe
Foto: Liliane Callegari (http://www.flickr.com/photos/lilianecallegari)
janeiro 4, 2009 No Comments
De Diamantina para Ouro Preto
Sete horas de viagem. Cinco de Diamantina para Belo Horizonte mais duas de Belo Horizonte para Ouro Preto. Viajar de ônibus, meus caros, cansa. Aliás, fica a dica: saem vôos de Belo Horizonte para Diamantina todos os fins de semana (só nos fins de semana) por R$ 99. Como o ônibus custa quase R$ 60, compare o tempo das viagens, planeje e faça sua escolha: de ônibus são 6 horas; de avião só meia-hora. Se nós tivéssemos pesquisado antes…
Deixamos Diamantina sob chuva, fraquinha, mas chuva. Passamos o dia todo caminhando para cá e para lá, e sou obrigado a dizer que a cidade me conquistou, embora a infra-estrutura no quesito “turismo” deixe bastante a desejar. Não me compreenda errado: fomos muito bem tratados em todos os lugares em que passamos (aquele jeitinho mineiro de querer que você se sinta como se estivesse em casa) e a cidade merece sua visita. No entanto…
Bem, parece que a cidade não acordou para o turismo… ainda. Das seis igrejas históricas da cidade, três estavam fechadas para o público. Se você for pensando em comer comida mineira, vai precisar camelar muito. Quase todos os restaurantes atendem no formato self-service, e com sorte você encontra um a la carte com comidas típicas (que eles dizem que o prato dá para duas pessoas, mas fácil que alimenta quatro amigos famintos). E nem parece que Minas tem mais de 2 mil cachaças. Nenhum bar tinha variações da marvada.
Fora isso, se você quiser fazer alguma trilha, visitar o Caminho dos Escravos ou a Estrada Real, ou mesmo visitar algum garimpo, terá que dar sorte do centro de atendimento ao turista estar aberto para pegar telefone de algum guia e marcar um horário. Ou seja: você precisa ir atrás. Ao contrário de diversas outras cidades turistas, em que guias e agências oferecem uma variedade de passeios ao público, em Diamantina é preciso peneirar, peneirar e peneirar. Mas vale a pena.
Diamantina é uma graça. O calçamento da cidade é feito todo em pedra e as casas não possuem recuo frontal, o que torna o centro bastante aconchegante. O conjunto arquitetônico do centro histórico da cidade foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional em 1938, e, em 1999, foi reconhecido pela Unesco como Patrimônio Mundial.
A igreja mais rica da cidade é Igreja da Ordem Terceira de Nossa Senhora do Carmo, que teve sua construção iniciada em 1766. Sua maior característica pode ser observada por fora: os sinos ficam na parte de trás da construção, e muita gente diz que ela foi construída assim para que o barulho dos sinos não acordasse Xica da Silva, a ex-escrava que viveu um romance com o homem mais rico da região (e que mandou erguer esta igreja). Dentro dela chama a atenção uma estatua em madeira do Profeta Elias que pesa mais de 80 quilos.
A Igreja do Carmo pode ser a mais rica, mas a mais fofa é a de Igreja de São Francisco de Assis (procure o Artur e peça para ele contar histórias sobre o prédio). Aqui os santos são todos de roca. A outra capela aberta na cidade é de Nossa Senhora do Amparo, e vale a visita pelo belíssimo presépio do secúlo 18 feito todo com conchinhas. Além destas igrejas vale visitar a Casa de Juscelino, o Casarão de Xica da Silva, o Museu do Diamante e o Passadiço da Casa da Glória.
No Museu do Diamante apreciamos uma belíssima exposição de fotos de Assis Horta, fotógrafo que registrou os anos 30 e 40 da cidade. E é bom não esquecer que aqui também se encontram três construções desenhadas por Oscar Niemeyer, como o Hotel Tijuco, marcas de uma parceria com Juscelino que acabaria, por fim, nos dando Brasília (há rascunhos de desenhos de Lúcio Costa na casa do ex-presidente).
Tudo muito bem, tudo muito bom. Assim que entrei em Ouro Preto não fui muito com a cara da cidade. Diamantina é uma joiazinha enquanto em Ouro Preto está tudo mais misturado. Porém, bastou parar na frente da Igreja da Ordem Terceira de São Francisco para deixar o queixo cair, bater no chão, e voltar ao rosto. Obra máxima do gênio Aleijadinho (e do mestre Athayde), a Igreja de São Francisco já entra no meu Top 3 ao lado da Abadia de Westminster (Londres) e da Catedral de Glasgow, mas falo mais sobre ela depois.
Ps. A Sagrada Família, de Gaudi, é hors-concours, ok.
Fotos: Marcelo Costa (http://www.flickr.com/photos/maccosta)
janeiro 3, 2009 No Comments
Uma cidade fantasma
Praticamente seis horas de viagem de ônibus de Belo Horizonte para Diamantina. Ali por Sete Lagoas (o ônibus da Passaro Verde vai parando aqui e ali no caminho) entrou uma senhora e um tal de Felipe. Ela monologou com ele praticamente duas horas para o ônibus inteiro ouvir. Poderia irritar se não fosse engraçado. “Cheguemo”, gritou ela para o tal Felipe quando o ônibus entrou em Curvelo, a capital do forró (bem destacado na rodoviária da cidade).
Fora isso, a viagem foi tranquila e cansativa. “Cheguemo” em Diamantina debaixo de um sol forte. O hotel fica ao lado da rodoviária, e segundo Lili é o pior hotel em que já ficamos. Bate até o de San Pedro de Atacama. “E olha que lá estávamos no meio do deserto”, observa ela. Até achamos uma pousada fofa no centro histórico por R$ 20 a mais do que estamos pagando no hotel, mas decidimos ficar aqui já que acordamos amanhã às 5h30 para irmos para Ouro Preto. Vai ser bom estar do lado da rodoviária e não “lá embaixo”.
Como era de se esperar, Diamantina no dia primeiro de janeiro estava completamente entregue aos fantasmas. Comemos em um self-service básico, que embora tivesse a boa Backer (cerveja artesanal mineira), não nos impressionou com a comida. À noite, para jantar, foi uma dificuldade. Acabamos optando por um caldinho muito bom (de feijão com torresmo pra mim, de mandioca com carne seca pra Lili).
Ok que era feriado, mas sentimos que falta um pouco de estrutura para a cidade atender aos turistas. Imagina: em três bares que fomos não havia carta de cachaça. Minas Gerais produz mais de 2 mil marcas diferentes e os caras aqui não tem nada! Nos ofereceram no primeiro bar uma “pinga artesanal”, que Lili bebeu e gostou. Depois uma de alambique, igualmente boa, mas sem marca.
Já a cidade é uma jóia. Lili, que conhece bem Ouro Preto, diz que ambas são muito parecidas, mas que Diamantina é muito menor. As ruas são lindas e a cidade tanto durante o dia quanto à noite é belíssima. Batemos muita perna, mas acabamos fazendo poucas visitas aos lugares históricos, já que todos estavam fechados. Acabamos acompanhando junto com moradores a posse do novo prefeito, e esperamos que a banda de jovens da cidade tocasse, mas demorou pacas, e desistimos.
Um dos momentos engraçados da noite aconteceu quando foram abertos os votos para o cargo de primeiro secretário do novo prefeito. Resultado final: fulano de tal, 04 votos; votos em branco, 05. Os presentes riram, mas o prefeito confirmou fulano de tal como primeiro secretário. Eita Brasil. O dia permaneceu com bom tempo até a madrugada, quando despencou uma chuvarada enorme, mas amanheceu novamente lindo.
Para esta sexta-feira vários planos. Passamos na casa de Juscelino, filho ilustre da cidade, e começamos o circuito pelas igrejas tradicionais, todas datadas de 1700 e pouco. Se você estiver com planos de passar por Diamantina (hoje, 02 de janeiro, ela já está bem mais habitada), comece seu passeio pela Igreja de São Francisco de Assis (1772). O Artur, que recebe os turistas ali de quinta a domingo, dá uma ótima aula sobre as igrejas da cidade, com excelentes observações históricas. Vale a visita.
Fotos: Marcelo Costa (http://www.flickr.com/photos/maccosta)
janeiro 2, 2009 No Comments
Pão de queijo e Praça da Liberdade
Foto: Marcelo Costa (http://flickr.com/photos/maccosta/)
Dia total de preguiça. Demos folga aos amigos e fomos atrás do melhor pão de queijo da cidade, no Supermercado Verdemar, da avenida Nossa Senhora do Carmo. Lili, que é especialista no assunto (como boa mineira), aprovou. Mas, assim, não tem como comparar com o do Boca do Forno, pois ao contrário deste, o da Verdemar é daqueles pequeninos, e quentinhos devem ser de viciar.
Porém, mais do que o pão de queijo, o que me chamou a atenção na Verdemar foi um pãozinho feito com massa de pão de queijo e recheado com cenoura, cebola, azeite e especiarias. Uma delícia. Sem contar as pizzas. Saímos do Supermercado e fomos para a lanchonete Verdemar. Não arrisquei e fui da básica e muito boa Peperoni, mas Lili pediu uma deliciosa de Alho Poró. Se for lá, peça. Vale, vale, vale.
Aproveitamos que estávamos em um bom supermercado (segundo a Veja, um dos melhores de BH) e compramos champagne e alguns petiscos para nossa festinha particular. Nada muito especial, afinal vamos amanhecer na rodoviária em direção a Diamantina. Tiramos uma soneca à tarde, assistimos ao programa Alto-Falante (edição festivais europeus) e partimos para fotos noturnas da Praça da Liberdade.
Assim como a avenida Paulista, em São Paulo, que está atraindo um público imenso todas as noites devido a sua belíssima decoração de natal, a Praça da Liberdade, em Belo Horizonte, também caprichou na decoração. Muita iluminação dourada, estrelas, luzinhas e árvores totalmente iluminadas deram um colorido todo especial ao local. Passamos um bom tempo fotografando o lugar enquanto a chuva não vinha.
De volta ao hotel, com São Pedro dando adeus ao ano que se vai, temos que arrumar as malas e prepararmos a nossa pequena ceia de ano novo. Agora, só no ano que vem. Nos vemos. Novamente, um 2009 sensacional para todos nós.
Foto: Liliane Callegari (http://flickr.com/photos/lilianecallegari)
dezembro 31, 2008 No Comments