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Category — Europa 2010

18 países asiáticos reunidos em Istambul

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Apesar da chuva, do frio e do tempo nublado, o clima está quente em Istambul. A cidade recebe líderes de 18 países asiáticos para discutir, entre outras coisas, o ataque israelense sobre a frota humanitária internacional e o controverso programa nuclear iraniano. O primeiro-ministro russo, Vladimir Putin, e o presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, devem participar da cúpula.

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Nesta terça, uma bomba explodiu no lado europeu da cidade deixando15 feridos. O alvo era um ônibus com policiais, mas a maioria das vitimas eram civis que estavam passando pelo local. Nenhum pânico na cidade, no entanto. Soubemos do atentado pela Greice, que sabia que a gente estava por aqui e ficou preocupada. Não vimos nada de diferente que denotasse um clima de preocupação.

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De manhã olhamos algumas tumbas de sultões e familiares (incrível a quantidade de túmulos de crianças)  em bonitas mesquitas que fazem parte do complexo Hagia Sofia, passamos pela Cisterna Yerebatan (que abrigou cenas do filme “007 contra Moscou” e tem clima fantasmagórico com direito a música clássica e iluminação intensa) e, pra fugir da chuva e da fila do Museu Sofia, fomos para o Grande Bazaar.

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O local tem mais de 3 mil lojas, e é só olhar para algo que chega alguém perguntando se você quer comprar. Você pensa e o cara diz um preço. Você diz que está caro e então começa a negociação. É uma arte que é engraçada nas primeiras vezes, mas cansa. Porém o lugar é bonito demais. Lili comprou várias coisas. Vou comprar umas bolachas de cerveja desenhadas em azulejo no Spice Bazaar. Esse foi o nosso dia.

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Devido ao atentado, melhor não arriscar ficar marcando bobeira, então vamos descansar e jantar mais cedo. E dormir, se conseguirmos. Nosso hostel fica na balada. Ontem, duas da manhã, parecia que eu estava dentro de algum boteco da Augusta (mesmo deitado na cama). A algazarra foi até às três, e eu devia ter seguido o conselho do Carlos, meu conselheiro para assuntos europeus, e não ter ficado no centro antigo.

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Que o sol saia nesta quarta-feira (e que não aconteça nenhuma atentado).

Ps1. As cervejas turcas estão se revelando uma ótima surpresa. Bebi duas Gusta hoje (essas aqui: uma weiss e uma dunkel weiss) simplesmente deliciosas, daquelas que eu teria na geladeira em casa fácil.

Ps2. Como a chuva chegou para ficar (parece que o sol só vai sair na quinta-feira, quando estivermos partindo para Londres) decidimos ir para algum lugar fechado hoje à noite, um shopping. Escolhemos um na parte nova da cidade, mas no meio do caminho desistimos e fomos caminhar na garoa pela rua comercial de Istambul, a Istiklal, e ver a cidade. Valeu a pena.

Ps3. Estou adorando a comida turca. O kebab é ótimo e hoje de manhã descobri o pide, a metade do caminho entre a esfiha aberta e a pizza. Gostei tanto que comi um de manhã no meio da rua e agora pouco no restaurante turistão aqui do lado do hostel. Os dois estavam bons, mas o “true” da manhã estava beeeem melhor. Lili amou uma caçarola de cordeiro que comeu no jantar.

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Ps4. Os turcos são o bom humor negociante em pessoa. Sorriem para você a todo momento, tentam falar espanhol e às vezes solta uma palavra em português no meio da negociação. Sempre sorrindo.Ps5 E eles sempre tem a resposta na ponta da língua. No Grand Bazaar, para fugir de um vendedor de tapetes, comentei que estava viajando e que não teria como carrega-lo. E ele: “Sem problema, my friend: enviamos por correio”. Risos

Ps6. Nesta quarta, Hagia Sofia e Palácio Topkapi. Se fizer sol, passeio de barco no Bósforo,. Dedos cruzados pela segunda alternativa, afinal ainda não pisamos na Asia.

Ps7. Quinta e sexta, Londres. Sábado tem Vampire Weekend, Blondie, Hold Steady e Strokes no Isle of Wight. Domingo tem Suzanne Vega e Paul e mais umas bandinhas novas (veja aqui). E nós.

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Fotos da viagem:
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junho 8, 2010   No Comments

Em Istambul, chuva

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Após três dias de sonho em Santorini, acho que poucos lugares no mundo poderiam manter o nível de astral da ilha grega. Por acaso e sorte escolhemos um desses lugares para a próxima parada: Istambul, a cidade de 10 milhões de habitantes dividida entre dois continentes (a Turquia tem 3% de sua área na Europa e os outros 97% na Asia), que um dia se chamou Bizâncio (século VII A.C.), depois Constantinopla (no ano 96), que é Ocidente e Oriente ao mesmo tempo (ok, mais Oriente) e que surpreende de várias maneiras.

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Primeiro foi a chuva. Era uma garoa no meio da tarde quando chegamos, mas se transformou num baita pé d’agua algumas horas depois (que lavou a alma e encharcou o tênis). Deu tempo de derrubar o queixo na surpreendente Mesquita Azul, considerada o último grande templo religioso Otomano. Achávamos que a encontraríamos fechada (nosso hostel é praticamente a dois minutos dela), mas ela nos recebeu – descalços, claro – e nos impressionou de modo intenso.

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Construída entre 1609 e 1616, a Mesquita Azul tem 260 janelas, mais de 21 mil peças de azulejaria e centenas de metros de tapete que recebem os muçulmanos que aqui vem rezar (e os turistas, que ficam embasbacados com a obra de arte do arquiteto Mehmet Aga). O clima é de paz e apenas alguns escritos retirados do Alcorão fazem menção à religião (ao contrário das igrejas católicas, lotadas de estátuas, santos e pinturas que mais intimidam do que convidam a contemplação).

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Exatamente na sua frente, do outro lado da praça, está a Santa Sofia, construída no ano de 573, e que após ter sido uma Igreja e uma Mesquita passou a abrigar um museu (fechado às segundas). Assim, temos uma agenda lotada para a terça, quarta e quinta. A idéia é visitar a Santa Sofia e a Cisterna Yerebatan na parte da manhã, e partir para o Grand Bazaar e para o Spicy Bazaar na parte da tarde/noite. Quarta, se o sol sair, vamos navegar pelo Bósforo e visitar o Palácio Topkapi. E quinta temos a manhã livre para ir atrás de algo que faltou. Que o tempo melhore!

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junho 7, 2010   No Comments

Domingo, descanso no paraíso

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Manja teorias malucas, certo. Santorini tem uma, tipo aquela que diz que existe uma caverna que liga São Thomé das Letras com Machu Picchu. A história que ronda a ilha vulcânica conta que Santorini é a Atlântida citada por Platão, ilha que sumiu após uma grande erupção 3650 anos atrás. Resumindo: o povo que vivia em Atlântida foi dizimado com a erupção, e o topo do vulcão afundou com boa parte da ilha. Séculos depois, o que sobrou (a caldeira e o anel) foi habitado novamente ganhando o nome de Thira, ou Santorini.

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O plano A do domingo era ir para a ilha de Ios, mas perdemos o navio do meio-dia, e o próximo e último seria às 17h (com volta no dia seguinte). Sem chance. Assim, pensando um pouco na teoria acima, optamos pelo plano B e decidimos fuçar algumas das vilas antigas, mais detonadas que Oia, mas também mais… verdadeiras. A ideia era passar por Megalohori, Messaria e Pyrgos, vilas que influenciaram gênios da arquitetura como Alvar Aalto e Le Corbusier.

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Das três, porém, acabamos passando a tarde em Pyrgos, a maior delas, uma vila que preserva a característica medieval da velha Santorini, com edificações construídas pelos venezianos no século XV no alto de um morro com a intenção de ser um forte (os venezianos construíram cinco vilas assim na ilha). A arquitetura é mais densa, as ruas são bem mais estreitas e labirínticas, e é tudo de um lirismo que encanta os olhos.

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A Santo Wines fica na entrada de Pyrgos. A casa dos vinhos da ilha promove uma degustação de seis taças de vinhos da casa por 12 euros (incluindo petiscos), ou doze taças de vinhos diferentes por R$ 18 euros. Mesinhas são colocadas na beira do precipício para uma visão paradisíaca do Mar Egeu. A winery fica em uma encosta no meio da ilha e a visão do arquipélago é impressionante e recompensadora. Os vinhos, doces demais, não são o grande destaque, mas a vista vale a visita.

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O plano C incluía uma ida para Fira, para descermos de teleférico para o antigo porto da cidade, mas a demora do ônibus nos fez desistir e voltar pra casa. Aliás, dica importante de Santorini: se você tiver carteira de motorista, alugue um carro (quadriciclo e moto já são pra corajosos). Os pontos turísticos são distantes e os ônibus costumam atrasar (mas passam). Uma vantagem é que a quantidade absurda de rent a car na cidade coloca os preços lá embaixo. Vale investir.

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Último dia na terra de Santa Irene, vale um balanço. A ilha tem praias ótimas (Perissa, Perivolos, Red Beach, Kamari) e vilas que merecem ser visitadas. Oia (ou Ia) é o lugar, mas Fira, a capital da ilha, merece um olhar delicado (há uma catedral ortodoxa lá que parece ser bem interessante, mas que vamos deixar pra próxima) assim como Pyrgos (Megalohori e Messaria). Um passeio até o vulcão pode ajudar a entender a ilha e as ilhotas menores são pura curiosidade. A alma agradece.Próxima passo: Istambul.

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junho 7, 2010   No Comments

Uma casinha branca lá no pé da serra

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Pé da serra? Passado. Veja onde está essa casinha branca com quintal e janela na imensa rocha do final da Praia de Perissa, em Santorini, nesta foto aqui.

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junho 6, 2010   No Comments

Dia de vulcão, mar e donkey parade

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Aconteceu de tudo neste sábado. Visitamos a cratera de um vulcão que, segundo o folder do parque geológico que o abriga, está em “estado de tranqüilidade”. Almoçamos em uma pequena ilha cuja população não passa de 200 habitantes. Mergulhei no Mar Egeu em busca de uma piscina termal (que não estava tão quente assim). E subimos do porto para o alto da cidade cavalgando em um burro. Esse tem tudo para ser o dia imbatível da viagem.

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Do começo. Como tínhamos apenas três dias inteiros em Santorini e pouca noção do que fazer para aproveitar o tempo da melhor maneira, acabamos comprando um tour na nossa pousada, que prometia um dia bem bacana. Sou totalmente a favor de quebrar a cara, ir atrás dos pontos turísticos, descobrir coisas sozinho e desbravar uma cidade, mas de vez em quando um tour não faz mal a ninguém.

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Nosso tour começou às 11h no barco Odisseia, que nos levou para a ilha do vulcão, para uma pequena aula de geologia (viagem também é cultura). A ilha de Santa Irene (ou Thira, seu nome verdadeiro) é remanescente de um vulcão, que após uma imensa explosão perdeu sua parte superior. Ou seja: nos primórdios, toda a ilha era apenas um vulcão. Hoje em dia ela continua sendo território de um vulcão, mas a caldeira é uma ilhota separada e desabitada (com blocos negros de lava endurecida por todos os lados).

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A última grande erupção, acompanhada de um terremoto, aconteceu em 1956, e devastou grande parte das casas da ilha, o que quer dizer que a cidade bela que todos admiram tem pouco mais de 50 anos. As casas foram reconstruídas no topo dos morros, e parecem cavalgar as montanhas de rocha vulcânica como se fizessem parte da paisagem, uma sucessão de telhadinhos brancos, amarelos e azuis (estes últimos, igrejas) que encantam o olhar.

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Do Vulcano (como eles chamam) fomos para a ilha de Palea Kameni, visitar um poço de água termal que, segundo os guias, podia chegar a 60 graus positivos, então melhor tomar cuidado. O barco ficou parado a uns cem metros do poço, e lá foram os aventureiros mergulhar no gelado Mar Egeu. Vou te contar: estou completamente fora de forma. Nadei no mar razoavelmente para chegar ao poço (que nem estava tão quente assim) e sofri horrores para voltar. Cheguei com os braços dormentes e a cabeça doendo. Preciso voltar às piscinas urgentemente (mas valeu a experiência).

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Dali fomos para Thirassia, a tal ilhota de 200 habitantes. Almoçamos na beira do mar (como do mar só gosto de sereia, fui de espetinho de frango com fritas e salada enquanto Lili não rogou-se e aproveitou um espeto com camarão e lagosta). A parada final do barco, às 18h, era em um pequeno porto embaixo das casas do povoado de Oia, e uma alternativa para subir os cincoenta e sete mil degraus era… o burro.

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Burro aqui é um animal especial (cachorros também, sendo que estes passam o dia todo dormindo deliciosamente esparramados – como esse aqui). Se São Paulo tem a Cow Parade, Santorni tem a Donkey Parade com vários desses aqui espalhados pela cidade. Os burros sempre foram usados na ilha para levar mantimentos e materiais variados para o topo da cidade. O aeroporto diminuiu a função do animal, mas ainda há lugares (como Thirassia e Pyrgo) que só mesmo o burro pode ajudar no serviço.

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A priori, eu iria deixar Lili subir, e iria à pé acompanhando, mas o burro dela (e de mais umas cinco pessoas) saiu em disparada morro acima que não pestanejei e a segui trotando a um palmo do despenhadeiro, mas a Caterina (essa) foi bastante calma e prestativa comigo, não fazendo nenhum grande movimento maluco que me fizesse cair morro abaixo. E eu e Lili, que nunca sequer tínhamos andado à cavalo, passamos no teste da subida até Oia de burro (Lili chegou sorrindo e tremendo de alegria e desespero).

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E o por-do-sol em Oia, no segundo dia, ficou devendo novamente. Ele foi mais bonito que no dia anterior, pintando o mar de amarelo, dourado e laranja, mas Atacama abre 2 a 0 no marcador. Talvez no verão, sem as nuvens no horizonte, Santorini vença, mas neste momento a lembrança que temos é a do Vale da Lua, sem conversa, o que não diminui a beleza desse lugar que já foi (e continua sendo) um vulcão, e hoje é um aglomerado de vilas, praias e ruazinhas que conseguem transformam um dia qualquer em algo extremamente especial.

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O sábado foi tão completo que desistimos de fazer planos para o domingo. A primeira ideia era ir para Ios, uma interessante ilha próxima (uma hora de barco de Santorini), mas chegamos tão felizes (e meio bêbados) em casa que extinguimos planos. Amanhã acordamos, tomamos café da manhã aqui na pousada, e decidimos na hora o que fazer: se vamos nadar em Perissa, descobrir qualé a da Light House ou encarar o barco até Ios em nosso último dia na ilha de Santa Irene. Segunda-feira, Istambul…

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junho 6, 2010   No Comments

O melhor barzinho café de Ia

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Assim que terminamos o ótimo tour do sábado (assunto do próximo post), fomos deixados em Oia (ou Ia, como quiser o freguês) para vermos o por-do-sol. Tinhámos ainda duas horas e meia pela frente até o astro rei decidir se esconder atrás das nuvens, então fomos procurar um café bacaninha para matarmos tempo.

Meu desejo quase irrealizável era encontrar algum bar que não tivesse só Amstel, Heineken e Mythos, as únicas cervejas existentes aqui, e foi então que esbarramos em “Yeah Yeah Yeah Song”, do Flaming Lips, tocando em um café. Fomos ver o cardápio dos caras e eles devem ser os únicos a ter uma cerveja diferente em toda a ilha. Paramos.

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Paramos e ficamos quase três horas. Assim que entrei, o Kosta, no balcão, disparou: “Quando você quer por essa camiseta do Mudhoney?”. Escolhemos uma mesa perto da janela, e comecei a sessão degustação da Craft, uma cervejaria artesanal grega que produz weiss, pilsener e red ale de boa qualidade.

Lili parou em uma taça de vinho branco, e o sol foi morrendo enquanto bebiamos e o som tocava Talking Heads, Bowie, Velvet, Joy Division e outros. Um grupo de portugueses veio papear conosco sobre viagens e antes de encerrarmos a conta, o Drasko, que fazia o papel de garçom, nos trouxe um chopp e uma taça de vinho (a terceira de Lili) de brinde.

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Não precisa dizer que saimos altinhos do lugar (vou mandar um arquivo com umas 30 músicas brasileiras pra ele rolar ali). Então fica a dica: quem quiser gastar menos com cerveja na Grécia vai de Heineken, Mythos ou Amstel (em média, 3 euros a lata). A Craft sai por 7 euros o copo de 500 ml, mas compensa pelo conjunto no Meteor (incluindo a vista da janelinha, belíssima – todas as fotos aqui são no café).

Fora a Craft, muitas outras cervejas estreiam na lista. Uma nova belga (tinha que ser)  entra no top 5: a Carolus, em sua versão Ambrio, uma cerveja escura apaixonante com o tradicional paladar entre café e chocolate mais uma alta graduação alcoólica que pode enganar os desavisados.

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Outra boa surpresa foi a holandesa McFarland, uma ruiva bastante aprazível. Outra cerveja interessante é a Rethymnian, mais uma cerveja grega artesenal (como o Craft), com o diferencial de que esta é feita com ingredientes orgânicos. A cervejaria fica em Creta e, segundo o site (veja aqui), o mestre cervejeiro Dr. Bernd Brink espera a sua visita.

Na sequência, uma listade pilsens praticamente iguais: Alpha (bobagem), Amstel (uma das melhores da região), Mythos (uma cerveja helenica, e isso é o melhor que posso dizer dela, seja lá o que isso signifique), Kaiser (uma austríaca que eu já tinha experimentado em Veneza), a Fischer (outra pilsen normalzinha) e a… Sandy, outra daquelas que mistura Sprite com Pilsen (uma boa limonada). A lista atualizada fica assim:

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1) 5/5 – Chimay Blue, Bélgica (aqui) 9%
1) 5/5 – Chimay Red, Bélgica (aqui) 7%
3) 4,95/5 – Grimbergen Cuvée de l’Ermitage, Bélgica (aqui) 7,5%
4) 4,92/5 – Grimbergen Optimo Bruno, Bélgica (aqui) 10%
5) 4,69/5 – Gouden Carolus Ambrio, Bélgica (aqui) 8%
6) 4,65/5 – Judas, Bélgica (aqui) 8,5%
7) 4,59/5 – Kout Special Dark Beer 14°, República Tcheca (aqui) 6%
8 ) 4,50/5 – Grimbergen Blonde, Bélgica (aqui) 6,7%
9) 4,02/5 – Voll Damm, Espanha (aqui) 7,2%
10) 3,95/5 – Edelweiss, Áustria (aqui) 5,5%
11) 3,55/5 – Hofbrau Munchen, Alemanha (aqui) 5,1%
12) 3,50/5 – Soproni’s Fekete Démon, Hungria (aqui) 5,2%
13) 3,49/5 – McFarland, Holanda (aqui) 5,6%
14) 3,48/5 – Rethymnian Dark, Grécia (aqui) 4,8%
15) 2,89/5 – Craft Weiss, Grécia (aqui) 5%
16) 2,86/5 – Rethymnian Blonde, Grécia (aqui) 4,8%
17) 2,79/5 – Negra Modelo, México (aqui) 5,2%
18) 2,76/5 – Staropramen Cerný (Dark), República Tcheca (aqui) 4,4%
19) 2,75/5 – Kozel Cerný (Dark), República Tcheca (aqui) 3,8%
20) 2,74/5 – Craft Red Ale, Grécia (aqui) 4,8%
21) 2,73/5 – Pilsner Urquell, República Tcheca (aqui) 4,4%
22) 2,72/5 – Craft Pilsner, Grécia (aqui) 5%
23) 2,71/5 – Amstel, Holanda (aqui) 5%
24) 2,70/5 – Kronenbourg 1664, França (aqui) 5%
25) 2,65/5 – Arany Ászok, Hungria (aqui) 4,5%
26) 2,62/5 – Staropramen Granat, República Tcheca (aqui) 4,8%
27) 2,55/5 – Staropramen Premium Lager, República Tcheca (aqui) 5%
28) 2,54/5 – Gambrinus Svetly, República Tcheca (aqui) 4,1%
29) 2,49/5 – Hubertus Bräu, Áustria (aqui) 3,9%
30) 2,45/5 – Kozel Premium, República Tcheca (aqui) 4,8%
31) 2,28/5 – San Miguel, Espanha 4,8%
32) 2,27/5 – Kaiser, Áustria (aqui) 5%
33) 2,25/5 – Eggenberg Vollbier, Áustria (aqui) 5,1%
34) 2,20/5 – Fischer, Grécia (aqui) 5%
35) 2,11/5 – Alpha, Grécia (aqui) 5,4%
36) 2,07/5 – Wieselburger Stammbräu, Áustria (aqui) 5,4%
37) 2,05/5 – Róna, Hungria (aqui) 5%
38) 2,04/5 – Nastro Azzuro, Itália (aqui) 5%
39) 2,02/5 – Mythos, Grécia (aqui) 5,4%
40) 2,01/5 – Dreher, Hungria (aqui) 5,2%
41) 1,99/5 – Elephant, Dinamarca (aqui) 7,2%
42) 1,85/5 – Gösser Märzen, Áustria (aqui) 5,2%
43) 1,84/5 – Cannabia, Espanha (aqui) 4,8%
44) 1,10/5 – Sandy, Grécia 2,0%
45) 1,00/5 – Gösser Radler, Áustria (aqui) 2,0%

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junho 5, 2010   No Comments

Um sonho chamado Santorini

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Após uns vinte minutos de espera no ponto de ônibus, ele nos deixou no meio de lugar nenhum com uma turma de canadenses (três meninas, dois meninos), que também iriam ao mesmo destino que nós: Red Beach. Outro ônibus, uma caminhada entre pedras vulcânicas e chegamos ao pequeno paraíso: uma prainha que precipitava-se sobre um despenhadeiro vermelho (daí seu nome). A visão de cima era fantástica, mas nada como se esticar na rede, abrir uma cerveja e… sonhar.

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Comentei com Lili: “Você devia ter comprado um livro ontem. Agora poderia ler e dormir”. E ela: “Mas eu não quero dormir. Eu quero ficar olhando!!!”, numa sensação que misturava admiração com um sorriso enorme no rosto. Red Beach é uma das praias famosas de Santorini, e além dela ainda existem a Light House, White Beach e as praias de Perissa, mas a pequena ilha de Thira reserva muitas surpresas e belezas.

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Primeiro de tudo: o nome oficial da ilha é Thira, e não Santorini, embora todas se refiram a ela pelo segundo nome (a junção dos nomes Santa Irini). A ilha, nos primórdios, era uma bola com um vulcão no meio. Após uma forte erupção (que atingiu centenas de ilhas ao redor, inclusive Creta), Santorini ganhou o aspecto que tem hoje: o de uma meia lua com a o vulcão isolado no meio, uma ilha dentro de outra ilha.

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O aeroporto fica numa ponta da ilha, e a vila de Perissa fica mais abaixo. O centro da cidade (que segundo o último censo, de 2001, tinha 12 mil habitantes) é Fira, agitada, cheia de lojinhas e ruazinhas, mas o que você, eu, Lili e o mundo conhece da ilha está na vila Oia (lê-se Ia): casinhas brancas sobrepostas umas as outras como se fossem marshmallow. Ruazinhas minusculas as unem, e a sensação é de que você está pisando em um território mágico.

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 O ponto alto de Oia, dizem, é o por-do-sol, o mais belo do planeta segundo… todo mundo. Na nossa primeira experiência, porém, ele ficou tímido e escondeu-se atrás de uma longa nuvem branca (e a platéia era imensa). Hoje teremos uma segunda chance, mas já adiantamos que, neste momento, o por-do-sol no Vale da Lua, no Deserto de Atacama (essas aqui e aqui) está vencendo a peleja por 1 x 0. E Tiradentes fica com o segundo lugar com este por-do-sol aqui e aqui.

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Isso não tira de forma alguma o posto de cidade encantada de Santorini. Naquela minha lista de cidades passionais, Paris e Barcelona se diferenciam de Veneza e Santorini (e, por que não, Tiradentes) porque as primeiras são cidades belíssimas com tudo aquilo que conhecemos (facilidade e dificuldades) enquanto as três últimas (nosso exemplar mineiro incluso) são pequenos sonhos incrustados em lugares especiais.

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Veneza flutua à beira do Mediterrâneo cheia de becos e vielas, onde se vai de um lugar para o outro de barco, e vê-se gandolas negras flutuando de lá pra cá entre o mar e as paredes. Santorini é uma pequena ilha no meio do Egeu, uma superlotação de casinhas brancas (as de tetos azuis são igrejas) unidas por ruazinhas minusculas que desembocam em praias e em bares aos pés do mar (tão claro, mas tão claro).

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Passamos o dia inteiro fora do hotel, e voltamos de alma lavada para casa. Hoje o dia promete. Pegamos um tour que nos levará até a cratera do vulcão, passará por duas ilhas menores, e terminará no fim da tarde ao por-do-sol de Oia. Esperamos ansiosos pelo empate, e com um gol belíssimo de Santorini, mas se não rolar, não tem problema: a cidade já nos conquistou de uma maneira que podemos ficar parados para ela olhando, olhando e olhando por horas como se estivéssemos sonhando. E não estamos.

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junho 5, 2010   No Comments

De Atenas para Santorini

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Último dia em Atenas, e fiquei com vontade de ir ao bairro anarquista, mas hoje teve greve geral dos transportes públicos, então só valia ir aonde a perna aguentasse. Fica pra próxima. Dormimos até tarde, fizemos o check-out, mas deixamos as malas no hotel, pois nosso vôo para Santorini só iria sair às 19h30. Assim, passamos o dia camelando. Para matar o tempo, escolhemos um restaurante bacaninha para almoçar (bebi Kaiser, a alemã) e depois saímos à caminhar pelo mercado de pulgas de Atenas.

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Para desespero da Lili, achei “a” loja de bootlegs da minha vida. Ok, nem tanto assim (só quase), mas fiz uma senhora compra na lojinha, 11 CDs por 40 euros. No pacote, um bootleg de Bruce Springsteen da turnê de 1992, um QOTSA caprichado com vários momentos da turnê de 2002 (aquela que teve Dave Ghrol e Mark Lanegan), um Lou Reed da turnê “New York” (1992), um Dylan duplo da turnê de 2000, mais dois Radiohead, dois Manics e dois R.E.M. \o/

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Tudo muito bonito, tudo muito legal, mas eis que olhamos para os relógios na rua e percebemos que todos estão uma hora adiantada em relação ao nosso. Ou será o nosso que está uma hora atrasada? Pergunta daqui e dali, e não é que passamos quatro dias em Atenas com o fuso horário atrasado em uma hora! Atenas adianta o relógio uma hora em relação a Greenwich, e mais uma hora do horário de verão. Assim, eramos dois brasileiros correndo e por pouco não perdemos nosso vôo.

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De resto, fora a correria, tudo tranqüilo. A viagem – que de barco demora oito horas – de avião não passa de 40 minutos. A aeronave nem termina de subir e as aeromoças já estão lhe servindo um refrigerante, e acho que não tem comida exatamente porque não daria tempo (hehe). Acho que vi golfinhos (ou tubarões, vá saber) pela janela do avião, e tudo é tão azul profundo que impressiona. Pra fechar, a pousada que escolhemos é ótima (além de ser bem barata). Amanhã, praia e casinhas brancas.

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junho 3, 2010   No Comments

Um dia pelas ruínas históricas de Atenas

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O que dizer sobre a Acrópole, o Parthenon, o Templo de Zeus Olímpico que já não tenha sido dito? Sinceramente, não sei. É tudo tão grandioso (mesmo para os nosso padrões atuais) que chega a assustar. A quarta-feira foi dedicada totalmente à caminhada. Colocamos os pés no asfalto (e no mármore), óculos de sol no rosto, e fomos a luta. A cidade pareceu muito mais amistosa e bonita, e olha que a atravessamos de uma ponta a outra num daqueles dias em que você chega no hotel e se vê feliz por tudo que aproveitou.

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O caminho básico foi sair do hotel às 9h, seguir a Rua Septemvriou até a Praça Omonia, e dali pegar a avenida Stadiou até a Praça Syntagma (com um pequeno desvio no roteiro para ver os prédios da avenida Venizelou. Dali descemos pelo rua comercial Ermoy parando em várias igrejinhas bizantinas do século 11. Ok, parece que estou falando grego (sinta o clima aqui), eu sei, mas foi uma bela caminhada que terminou (ou melhor, teve uma pausa) com um ótimo pita (churrasquinho grego) em um restaurante do Psiri (que um grego, amigo do Ariel, havia nos levado no dia anterior).

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Dali fomos para o Parque Agora Antiga, que abriga o bem conversado Templo de Hephaestus. Uma olhada para o céu e… morro avante. Lá fomos nós em direção a Acrópole. A região no alto do morro (100 metros acima da cidade) é um tesouro para arqueólogos, que “brincam” de quebra-cabeça juntando peças (pesadas) de mármore de dois mil anos. Grandioso é a única palavra que consigo pensar, enquanto Lili sufixa todos os “ia” possíveis inventados pelos gregos: democracia, filosofia, geometria, poesia (e putaria, minha contribuição), e a lista parece seguir infinita.

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Passamos no novo Museu da Acrópole (um belíssimo projeto do arquiteto suiço Bernard Tschumi) e admiramos no caminho, abaixo da Acrópole, um teatro romano, cujo público original chegava a 18 mil pessoas (as arquibancadas se estendiam até o pé do morro), e que hoje, reformado, deve receber umas 3 mil pessoas. Dia 15 de junho, se você estiver de bobeira por Atenas e quiser matar saudades do Brasil, tem show de Caetano Veloso (da turnê “Zii e Zie”, esse aqui). Imagina… fazer um show aos pés da Acrópole, do Pathernon, em um teatro romano que tem mais de 2 mil anos… Foda.

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Num resumo rápido, essa quarta-feira em Atenas foi um dia de total contemplação da cidade. Amanhã a coisa toda volta ao normal (ainda mais porque haverá um grande protesto na cidade, que inclui greve geral dos transportes públicos), e à noite voamos para Santorini. Na memória, meio bêbado de cerveja grega e de Creta, ouço Herbert Vianna cantando “Santorini Blues”, faixa que encerra o álbum “Hey Na Na”, uma canção cuja letra diz: “Quem não tem amor no mundo, não vem neste lugar”. Espero ser digno.

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Fotos da viagem:
http://www.flickr.com/photos/maccosta/
http://www.flickr.com/photos/lilianecallegari/

junho 2, 2010   No Comments

A beleza e a tristeza de ser Atenas

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Nosso guia de viagens já avisava sobre Atenas: “é bom não esperar uma terra encantada, pois daí você pode se decepcionar”. Mas como não esperar uma terra encantada se tudo que você sabe sobre a Grécia são o mar azul, a história antiga, a Acrópole e o filme “Casamento Grego” (além, claro, do indefectível churrasquinho grego). Após 15 dias de andanças pelo velho mundo, a chegada no país cuja economia é (e sempre foi) a mais frágil da Europa Ocidental é, inevitavelmente, um choque. E suspeito que isso tem mais a ver com a história do país do que com a recente crise econômica.

Tento não deixar me levar pelo momento, e um diário como esse é repleto de prejulgamentos que precisam ser melhores analisados com o tempo. Tipo Budapeste, que nos mostrou sisuda e tristonha, mas só porque chegamos na cidade em um fim de semana chuvoso. Ou Praga que se mostrou alegre e aconchegante, mas será só por que pisamos na cidade no dia da final do campeonato mundial de hóquei no gelo, contra a rival Rússia, e os checos felizes acreditavam no título (que, no final, foi realmente conquistado).

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Penso sempre que o local que você escolhe para ficar pode influenciar diretamente seu olhar sobre a cidade. Talvez meu descaso com Florença, por exemplo, advenha do fato de termos ficado um pouco distantes do centro, mas lembro que achei o museu Uffizi um desrespeito (pelo preço, pela desorganização, pelas luzes que iluminavam de forma errada o quadro), a igreja nem tão impressionante sim, e tudo muito mais caro do que em outros centros. Talvez não tenha me enganado, mas vá saber, vou precisar voltar e tirar a prova.

Por outro lado teve Paris, em que tudo deu errado no primeiro dia, mas a cidade conquistou-me depois. Já em Atenas, as coisas estão complicadas. Demos azar no primeiro hotel (uma espelunca no meio de uma área pouco convidativa e que, recomenda-se, não se deve sair à noite), localizado em uma área da cidade que está caindo aos pedaços (o problema é muito mais antigo que a crise atual), o que é uma ironia, já que se as construções novas são um desastre, restos milenares continuam de pé muitas vezes melhor preservados.

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Trocamos a espelunca por um Novotel. O primeiro ficava no bairro Psiri, entre a praça Omonia e os sitios arqueológicos. O segundo fica do outro lado da praça Omonia, e pode se dizer que lembra a Cracolândia, em São Paulo (yep, região barra pesada). Um grego contou ao Ariel Martini (nos encontramos sem querer perambulando pela cidade) que a polícia não costuma freqüentar muito a área, e que se você os chama-los sofrerá um belo interrogatório para eles confirmarem se vale a pena visitar o local.

Porém, a cidade não gira em torno apenas dessas duas áreas que circundam a praça Omonia (assim como São Paulo não é só a Cracolândia e Barcelona não é só o El Raval). A região da avenida Stadiou, que liga as praças Omonia e Syntagma, parece ser ótima, uma cidade grande que se contrasta com as casinhas turísticas do bairro Plaka. E embora as avenidas estivessem vazias (reflexo das manifestações diárias), a rua comercial Ermoy estava lotada muito antes de chegar no território turístico, pós metrô Monastiraki (uma região de barzinhos e restaurantes que lembra um pouquinho o bairro do Bexiga, em São Paulo.

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Uma coisa que percebi em Barcelona desde que estive na cidade pela primeira vez, três anos atrás, é que esse momento da história mundial é bastante interessante pois chegamos em um ponto que preservar monumentos se tornou vital para as cidades. A recuperação de áreas antes degradadas está se tornando prioridade em diversos países, que enxergaram no turismo uma forma de abrir as portas de casa para os vizinhos. E, quando se fala em Europa, os vizinhos são muitos e querem visitar você e conhecer sua história.

Atenas, porém, exibe o cerne de seus problemas ao ar livre, pois você não está vendo somente a Atenas milenar, heróica, cujo apogeu aconteceu entre 480 e 338 antes de Cristo, mas também todos os anos de ocupação romana, bizantina, turco otomana, alemã e italiana (na Segunda Guerra) além da ditadura, tema do obrigatório “Z”, de Costa Gravas, que traduz política, manipulação da mídia, e o poder da força sobre a inteligência de forma soberba. Um filme tão fresco, tão forte, tão impressionantemente atual, que explica um pouco do que é Atenas hoje.

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Lógico que a crise financeira atual pode ser vista em todas as esquinas. Manifestações pesadas estão acontecendo quase todos os dias nas ruas da cidade, repleta de policiais. Nesta terça, novamente, a polícia fechou diversas ruas evitando que carros circulassem pelas ruas perto do Parlamento grego, em frente a praça Syntagma. O clima é pesadíssimo na cidade, e faz parecer que um golpe de Estado pode acontecer a qualquer momento, mas isso pode ser mais a memória acostumada com om histórico de tantos eventos assim do que a realidade.

Terra encantada não existe. O que existe são pessoas governando países, e tudo que esses governos fizeram pelo povo em 2 mil anos está exibido na sua rua, no seu bairro, na sua cidade. E tudo isso é história, muitas vezes não tão bonita. As ruas do centro velho de Atenas são tão históricas quanto o Acrópole. O mundo perfeito dos shopping centers (um local em que você só vê beleza e está seguro) é falso (assim com a vida paralela dos personagens de Lost), e é preciso ter isso em mente quando se pisa em Atenas, uma cidade brasileira, com a classe média convivendo com a pobreza todos os dias.

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No entanto, basta caminhar em locais antigos como os Parques Agora Romana e Agora Antiga para deixar-se levar pela contemplação, ou mesmo descer a rua Ermoy da praça Syntagma até o centro histórico para perceber que Atenas é uma cidade viva. O começo da área dos sítios arqueológicos e o bairro Plaka são inebriantes, e sempre que se levanta o olhar encontra-se o Parthernon, imponente, um templo mítico que lembra que a cidade já viveu outras tantas eras históricas. A esperança é de que o futuro reserve dias melhores para o povo grego no geral, e para Atenas em particular. Enquanto isso, a cidade vive (pois deixar de viver nunca foi uma opção), e nós a admiramos.

Ps1. Comprei na FNAC aqui em Atenas os dois primeiros DVDs da viagem: “Roma” e “Satyricon”, de Fellini, 6 euros cada (e com legendas em português… de Portugal. Mas tá valendo).Ps2. Estou me contendo bastante nas compras de CDs. Peguei a reedição dupla do debute do The La’s aqui, e em Barcelona quase pirei com a quantidade de bootlegs da Revolver Records, na Calle Tallers, 11 (veja o site da loja aqui). Tinha um box com todos os shows de Bruce Springsteen na Itália, ano passado (incluindo o show que vi em Roma) e centenas de DVDs piratas. Acabei pegando um bootleg simples do Bruce e mais algumas bobagenzinhas.

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Ps2. Meu sonho de consumo do momento, presente em qualquer grande loja que se preze, é o box “Exile”, dos Stones (esse aqui), com dois vinis, dois Cds e um DVD. Mas tá carão.

Ps3. Terminei “Juliet, Naked”, do Nick Hornby. Aprovado. Escrevo dele assim que sobrar um tempo… Lili, por sua vez, está relendo “Tudo se Ilumina”, do Jonfe.

Ps4. Os próximos passos são Santorini na quinta-feira e Istambul na próxima segunda. Depois, Londres e Paul McCartney

Ps5. Acho que vai rolar chegar a 50 cervejas. No momento, 34.

Ps6. O jeito agora é descansar, pois amanhã será dia de Acrópole. Você vê ela lá em cima, no morro, e pensa que é perto. Pensa. A caminhada é longa, bem longa.

Ps7. Haja pernas…

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Fotos da viagem:
http://www.flickr.com/photos/maccosta/
http://www.flickr.com/photos/lilianecallegari/

junho 1, 2010   No Comments