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Category — Europa 2014

Festivais: Øya, em Oslo (Dia 2)

Texto: Marcelo Costa
Fotos: Liliane Callegari (veja galeria)

O segundo dia do Øya Festival começou bem cedo: às 10h, a produção do festival colocou toda a imprensa estrangeira em um barco e os enviou para uma casa comunitária próxima de um pequeno fiorde. Ali, em meio a churrasco (de salsicha), cerveja e frutas, o pessoal do Øya promoveu jogos e debates interessantes além de liberar a galera para pular na água. A comitiva francesa não decepcionou, os ingleses se divertiram (e divertiram a galera), os japoneses ficaram olhando, os suecos não pensaram duas vezes, os norte-americanos fizeram que não era com eles e apenas metade da equipe brasileira (a fotógrafa) encarou a água fria.

Enquanto isso, dentro da casa, uma mesa formada por quatro franceses (dois bookings, um representante de selo e uma representante de major) e mediada por uma norueguesa discutia os rumos futuros da nova música escandinava. O ponto de partida era o sucesso da música local na França, um país cuja lei determina que 40% do que toca em rádio tem que ser cantado na língua francesa. Muito se discutiu, e algumas coisas valem para o mercado brasileiro: o pessoal ressaltou a importância das majors francesas investirem em novos talentos e, principalmente, das bandas encontrarem “sua família”, o seu verdadeiro público.

Já na área do festival, Bill Callahan (que começava aqui sua nova turnê europeia) surpreendia a todos ao abrir seu show com “The Wheel”, faixa de sua ótima estreia solo, “Woke on a Whaleheart”, de 2007, e emendar, para felicidade geral, com “Let Me See the Colts”, do último álbum do Smog, “A River Ain’t Too Much to Love” (2004). “Spring”, do ótimo “Dream River” (2013) apareceu em versão mais encorpada (Callahan surgiu acompanhado de uma segunda guitarra, bateria e baixo) e o set list caprichado ainda trouxe “Javelin Unlanding”, “Seagull”, “Winter Road” e “One Fine Morning” num belo show que lotou a grande tenda Sirkus.

No palco principal, uma multidão aguardava Janelle Monáe, e quando um MC de sua banda a trouxe amarrada para o palco (todo decorado nas cores branco e preto), a galera foi ao delírio. A menina é um estouro em cena: ela dança (muito), canta (bastante) e ainda faz alguns raps. Com o público nas mãos, distribui hits colados um nos outros, mantendo a adrenalina do público (muito maior neste horário do que no dia anterior) em alta. Uma pena que a guitarra estivesse inaudível (o baixo, por sua vez, parecia duas vezes mais alto do que o normal), mas ainda assim Janelle deixou o festival aplaudidíssima.

Um giro pelo festival permitiu descobrir o local em que as boas cervejas são vendidas: se o copo da Ringnes, a cerveja oficial do Øya (uma pilsen tradicional meio sem graça, mas que cai muito bem neste dia de sol de verão escandinavo), custa cerca de R$ 29, uma long neck de Brooklyn, Leffe ou Guinness sai por R$ 35. Melhor se hidratar com água, né mesmo. No quesito comida, hambúrgueres, fish & chips, tortilhas mexicanas, jambalaya e outros quitutes eram vendidos entre R$30 e R$ 40. Enquanto isso, o Little Dragon mostrava seu som genérico no palco Vindfruen e o Thulsa Doom fazia muito barulho por nada no palco Hagen.

Grande atração do dia, e um dos principais nomes do line-up 2014 do Øya Festival (e uma das principais turnês do ano), o Outkast causou uma catarse coletiva no Tøyen Park, com a lourada escandinava (de crianças até senhoras) cantando e dançando hip hop como se tivesse nascido no Bronx. Ninguém reclamou dos 25 minutos de atraso. Assim que o DJ (o palco ainda trazia uma baixista e duas backings) soltou a base de “B.O.B.”, Big Boi (de bermuda e camisa colorida) e Andre 3000 (de peruca cinza, todo de preto com uma camiseta onde se lia: “Loners Get Lonely Too”) adentraram o recinto e tomaram conta da festa.

Com a maior parte das canções na ponta da língua, o público escandinavo não decepcionou acompanhando no gogo “Gasoline Dreams” quase inteira e arremessando copos de cerveja (de R$ 30 – para nós, brasileiros) para o alto. O clima seguiu quente música a música (o set list é exatamente o mesmo em toda a turnê) culminando no já tradicional momento de “Hey Ya”, em que dezenas de pessoas retiradas da plateia sobem ao palco para dançar com a dupla. O alto astral da apresentação fez a arena do Øya Festival viver um momento especial, um daqueles shows com pinta de inesquecível para o público local. Bonito de ver.

O festival segue nesta sexta-feira com mais de 20 shows. Bora!

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Europa 2014: Diário de Viagem

agosto 7, 2014   No Comments

Festivais: Øya, em Oslo (Dia 1)

Texto: Marcelo Costa
Fotos: Liliane Callegari (veja galeria)

Quem vê a grandiosidade atual do Øya Festival, em Oslo, não imagina que o maior festival da Noruega começou em 1999 com 1200 espectadores. No ano seguinte, o público pulou para 4 mil pessoas, em 2003 já somava 24 mil espectadores , em 2010, alcançava a marca de 85 mil pessoas no fim de semana (com os quatro dias alternando entre 20 e 25 mil pessoas, dependendo da atração), que vem se mantendo desde então. Esse público se divide em uma grande área que recebe (este ano) 96 atrações divididas em cinco palcos (um deles, uma tenda para apresentações intimistas, debates e discussões sobre os rumos da música norueguesa).

As atividades do festival não se restringem ao primeiro parágrafo, e muito menos ao ambiente do Tøyen Park, no lado leste de Oslo: em todos os dias do festival, 23 casas noturnas da cidade recebem bandas norueguesas em seus palcos. A programação para esta quarta-feira, por exemplo, vai do som minimal synthpop do Blå, passando pelo folk de Janne Sea, pelo alternativo de Fay Wildhagen e pelo pop do Pow Pow até chegar ao hardcore do Haraball, o post metal do Kollwitz, o doom metal do Tombstones, o thrash do Condor e o kraut do Astro Sonic. Definitivamente, tem shows para todos os gostos (e, principalmente, bolsos).

Quem não é cidadão escandinavo (nascido ou imigrante) pode levar um tremendo susto ao conferir os preços da região, e olha que já existiram festivais brasileiros que conseguiram superar os R$ 900 do passe para os quatro dias do Øya Festival. A coisa fica feia no quesito bebida alcoólica, taxadíssima na região: um copo de chope na área do evento custa nada menos que R$ 30 – um hambúrguer sai por R$ 35, um baldão de pipoca por R$ 20, um prato de nachos por R$ 35 e um fish & chips, R$ 40. As lojas de discos vendem vinis novos das atrações do festival com preços entre R$ 60 e R$ 80 e as camisetas oficiais custam, em média, R$ 80.

O público é o mais variado possível, e num primeiro momento surpreende a quantidade de pais de família com filhos pequenos (de 1, 2 e 3 anos – todos com fones de proteção de ouvido – até moleques) presentes no recinto. O Tøyen Park fica exatamente ao lado do Museu Munch (grande pintor norueguês, responsável pelo quadro “O Grito”, de 1893, entre outros) e parece ter caído como uma luva para o festival, que mudou-se para cá neste ano (a produção precisou mudar o endereço do festival após 13 edições no Medieval Park porque a área do metrô que o atendia está em reconstrução, e isso prejudicaria o deslocamento do público).

As atividades do Scream & Yell no dia foram abertas pelo combo norueguês Atlanter, que subiu ao palco acompanhado das compositoras Hanne Kolstø e Anne Lise Frøkedal, somando três guitarras no palco (e oito integrantes) e dando vida a um projeto que estreou ao vivo em fevereiro deste ano – e já ganhou um EP, “Temple”, lançado em junho. Ao vivo, a junção de três nomes badalados da cena musical local soa mezzo kraut rock e mezzo progressivo (Yes do começo) com vocais melodiosos (meio The Byrds), uma aparente salada sonora que, por incrível que pareça, não soa indigesta. Nada de novo, mas, ainda assim, um bom show.

Enquanto isso, a tenda Biblioteket, um projeto resultante da parceria da Biblioteca Pública da cidade com duas casas de shows, recebia uma palestra de Benedikt e Kristoffer Momrak, dois ex-integrantes da banda Tusmørke. Pelo que deu para (não) entender, o bate papo – que divertiu bastante a plateia e tinha como fundo o rock norte-americano dos anos 50 – era sobre ervas mágicas do Jardim Botânico (ou alguma coisa muito doida nesse sentido). Do lado de fora, uma barraca vendia sorvete e sanduíche de carne de alce desfiada. O dono, bastante solicito, não pestanejava em agradar o cliente: “Quer um copo de leite?”. Já que é de graça…

Quer ver o Rival Sons, grupo de classic rock dos anos 70 nascido em 2009 em Long Beach? Venha para a Escandinávia no verão. Ano passado eles se apresentaram no Norweggian Wood, aqui mesmo em Oslo, e dessa vez foram escalados para o primeiro dia do Øya. Noruegueses caíram na farsa, e consta que brasileiros também, mas a banda é datada, bocejante e mais apelativa no abuso dos clichês que qualquer Pearl Jam cover (ou melhor, Stone Temple Pilots cover) que já tenha pisado no palco do Café Piu Piu, em São Paulo. Jay Buchanan, o vocalista, é 10 vezes mais afetado que Axl Rose… sem um centésimo do talento. Tristeza.

No palco Vindfruen, exatamente ao lado do palco principal, o músico norte-americano Jonathan Wilson tentava provar que todo o blá blá blá sobre seu álbum “Fanfarre” (2013) era digno, e não fruto de sua carteira de serviços prestados no mundo pop (de produtor de álbuns de Father John Misty e Dawes a participações em álbuns de Elvis Costello, Autumn Defense e Erykah Badu, entre muitos outros), e o que pode se dizer é que ele sobrevive bem no palco, mas ainda precisa comer bastante sucrilhos para ser comparado a gente como Tom Petty, Graham Nash e Jackson Browne. Deixem o menino (de 39 anos) seguir em frente.

Voltando no tempo, ali pelos idos de 2008, quando excursionava pela Europa divulgando o disco “Boxer” (2007), um excelente álbum, ainda que uns dois degraus abaixo das obras primas “Alligator” (2005) e “Sad Songs for Dirty Lovers” (2003), o The National era então uma das melhores bandas no mundo sobre um palco. O epiteto não vale para os dias de hoje apenas porque o grupo de Matt Berninger colocou paletó e gravata nos arranjos a partir de “High Violet” (2010), e as canções outrora únicas pareceram, desde então, seguir uma fórmula óbvia de “silêncio + explosão” que foi se desgastando com o tempo e perdendo brilho.

Dói escrever isso, principalmente depois da aula de bom humor do obrigatório documentário “Mistaken For Strangers” (2013), mas seis músicas de “Trouble Will Find Me” (2013) e quatro de “High Violet” num set list de 14 canções soam um erro descomunal (ainda que das quatro de “High Violet”, duas sejam as pérolas “Bloodbuzz Ohio” e “Terrible Love”) num show que ainda depende da atuação arrepiante de Matt para ser salvo. É ele quem pula no meio do público e canta “Mr. November” carregando um garoto de uns 13 anos nas costas a canção inteira, e arrasa no vozeirão entoando “Fake Empire”. Por alguns minutos, parece 2008. Saudade.

Um dos shows mais esperados do dia (para os noruegueses) era o de Thomas Dybdahl, nome de bastante sucesso da música do país neste novo século. Já comparado com Nick Cave e Jeff Buckley, ao menos por este show pode-se dizer que as comparações são equivocadas e, principalmente, exageradas. Com boa vontade dá para pintar o retrato de um James Taylor nórdico breguinha da fazenda, e olhe lá. O público, porém, cantou boa parte das canções de forma apaixonada e aprovou o show, que teve lá alguns momentos interessantes embalados numa proposta feita e refeita um bom par de zilhões de vezes.

Fechando o palco principal, a segunda passagem da turnê “…Like Clockwork” por Oslo (a primeira foi em dezembro de 2013) começou a 300 por hora com Michael Shuman disparando no baixo a linha inconfundível de “Feel Good Hit of the Summer”. No tradicional break do meio da canção, em que a melodia vai sumindo, Josh Homme começou a cantar “Never Let Me Down Again”, do Depeche Mode, até puxar a fila de narcóticos novamente: “Nicotine, Valium, Vicodin, marijuana, ecstasy and alcohol: Co-co-co-co-co-cocaine”. Como num passe de mágica, a ligação com “The Lost Art of Keeping a Secret”, do álbum “Rated R” (2000), foi mantida. Festa.

Antes de começar a terceira, Josh avisou: “Essa é uma música bem velha”. E “Avon”, do primeiro disco do Queens (1998), surgiu no set list para delírio dos fãs mais antigos. O show, dai em diante, foi absolutamente impecável. “My God Is the Sun”, que estreou no Lolla Brasil de 2013, está ainda mais densa. “I Sat by the Ocean” perdeu um pouco de corpo e ganhou mais sujeira. Com Josh ao piano, “…Like Clockwork” foi um dos momentos de destaque na noite. O empolgante coro da galera antes de começar “Burn the Witch” pegou Josh de surpresa, e o vocalista não resistiu e brindou ao público… com uísque (na terra do álcool 4.7%).

Por duas vezes, Homme pediu: “Acendam as luzes: quero olhar para vocês! Que noite linda, hein”. O caminhão de hinos não ficou de fora: “Monsters in the Parasol”, “Little Sister”, “Make It Wit Chu”, “Sick, Sick, Sick”, “Go With the Flow” e “No One Knows” fizeram a festa dos 20 mil presentes, que puderam ver como Jon Theodore fez o som da banda crescer e ganhar inflexões (só ele consegue fazer a bateria de “No One Knows”, um momento mágico de Dave Grohl, soar no palco como no disco). O respeito que o músico conseguiu dentro da banda é tamanho que o show termina com uma versão cacetada de “A Song for the Dead”, com direito a solo de bateria de Theodore, após uma hora e meia de porrada. Impressionante. E perfeito. Que show.

O Øya Festival continua nesta quinta com mais 23 shows. Nos vemos amanhã.

Europa 2014: Diário de Viagem

agosto 6, 2014   No Comments

Ontem Estocolmo, hoje Oslo

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A primeira parada do dia derradeiro em Estocolmo foi no Museu de Arte Moderna da cidade, e Lili pode matar saudade de alguns de seus eleitos: Alberto Giacometti e Alexander Calder. Gostei do acervo, e ainda que não tenha me impressionado com muita coisa, valeu por descobrir a obra da grande pintora sueca Vera Nilsson.

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Aproveitamos o Hop On Hop Off, que aqui existe também em versão barco (que passeia pingando por várias pontos das ilhas centrais da cidade), para descansar e observar um pouco a cidade… de dentro do mar.

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O impressionante Vasa Museum, que apresenta o navio Vasa, que afundou em 1628 a um quilometro e meio da costa de Estocolmo, e foi resgatado do fundo do mar 333 anos depois (em 1961). Para mim, um dos museus mais espetaculares do mundo.

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 O Museu Nacional está fechado para reforma. Demos com a cara na porta…

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 Já o Abba The Musem estava aberto, porém, a entrada custando quase R$ 90 por pessoa nos soou proibitiva. Entramos na lojinha, demos uma fuçada rápida e fomos embora. Depois (olhando umas fotos no folder) me arrependi. Ah, o museu também dá acesso ao Swedish Music Hall of Fame (Roxette, Hives, Cardigans)…

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 Encaramos o hot-dog sueco… e aprovamos.

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Observamos a rotina da cidade no verão…

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E como despedida de Estocolmo, que definitivamente ganhou um lugar de destaque na lista de cidades especiais do mundo, fomos jantar e celebrar no ótimo pub (belga) Akkurat, com uma bela seleção de cervejas suecas, muitas belgas e algumas alemãs, inglesas e norte-americanas.

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Acordamos às seis da manhã para arrumar as malas, fazer check-out e partir para seis horas de uma ótima viagem de trem. Ainda deu tempo de dar uma caminhada em Oslo, mas temos mais quatro dias pela frente. A viagem segue.

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Europa 2014: Diário de Viagem

agosto 5, 2014   No Comments

Stockholm Music & Arts (Dag 3)

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Texto: Marcelo Costa
Fotos: Liliane Callegari (veja galeria)

Após cabular o segundo dia do festival para cuidar de uma virose que ameaçava dar cabo no fim de semana já na manhã de sábado (Beth Orton, nos vemos numa próxima oportunidade, ok) e ouvir uma tempestade castigar as janelas do hotel durante a madrugada seguinte, o domingo amanheceu nublado e emburrado. A previsão garantia que permaneceria assim o dia inteiro (com temperatura entre 20 e 28 graus), mas o sol contrariou as expectativas e surgiu bonito iluminando o Museu de Arte Moderna da cidade.

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Acompanhado apenas de um violão e de suas histórias, Richard Thompson mostrou um pouco de sua história no palco do Stockholm Music and Arts para um público atento. Focando em sua carreira solo e pescando pérolas de sua parceria com Linda Thompson (como “Wall of Death”, já gravada pelo R.E.M.), Richard Thompson aprofundou as letras ao contar histórias sobre cada uma das canções que tocava e até presenteou o público com uma singela versão de “Genesis Hall”, do Fairport Convention. Um trovador em meio ao sol de Estocolmo.

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Na sequencia, com pouco mais de 10 minutos de atraso devido à dificuldade de equalizar tanta gente no palco (o intervalo entre uma atração e outra no festival é de meia hora), os 12 integrantes da mítica Egypt 80 (banda que Fela Kuti montou nos anos 80 e que hoje em dia segue acompanhando seu filho, Seun, em gravações e shows pelo mundo) foram apresentados um a um e saudaram a lourada sueca bronzeada de sol com uma pancada energética de afrobeat que não deixou ninguém parado.

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Oluseun Anikulapo Kuti foi convidado ao palco na sequencia e chegou chutando a porta: “Essa música é do meu disco novo e se chama “IMF”: International Mother Fuckers. Ela é dedicada ao FMI”. De sax em punho, o filho mais novo de Fela seguiu tarde adentro dando recados e fazendo o público sueco dançar e pensar mostrando que o legado do pai segue vivo. O bom público presente (cerca de 2 mil pessoas) tentou (como pode) seguir o ritmo das duas backings sedutoras, que rebolavam e instigavam a dança. Bonito de ver.

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Magic Numbers, uma banda sempre eficiente no palco, foi a terceira atração do dia. Duas canções de “Alias”, o quarto disco da banda, que chega às lojas nas próximas semanas, apareceram no set list, e mostram que eles continuam românticos e melo(dio)sos, mas a apresentação conquistou a plateia, que após o suor gasto com Seun Kuti, admirou o Magic Numbers sentada na sombra e bebendo bastante café (um vício sueco). “Love’s a Game” e “Forever Lost” (com citação de “People Get Ready”) soaram belas.

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Agradavelmente díspar, o line up que apresentava um trovador, uma banda de afrobeat e um grupo de rock inglês, reservava como surpresa um nome sueco (apadrinhado pela Sub Pop), o Goat, mistura empolgante de vodu, macumba, cantos afros e rock embalada por riffs psicodélicos (que ganham peso no momento cerimonial da canção), mais baixo, bateria e um mano batucando como se estivesse recebendo uma alma. Na frente, duas ensandecidas frontwomans. Todos mascarados. Um dos shows mais aplaudidos do dia.

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A honra de encerrar a terceira edição do Stockholm Music and Arts ficou a cargo de Neil Young, acompanhado da sempre barulhenta Crazy Horse. Show mais esperado do festival (os seis modelos de camisetas não só esgotaram na loja de merchandising como o público – a essa altura, umas 4 mil pessoas – exibia modelos variados de umas 10 turnês diferentes), Neil Young subiu ao palco às 20h50 (com o dia claro) para 2h20 de guitarras relinchando, dando coices e ameaçando a saúde auditiva da audiência (para felicidade geral).

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A festa começou com uma versão encorpada de “Love and Only Love”, que começou apitando microfonia e carregou o publico por 10 minutos inesquecíveis de solos ensandecidos. O público ainda não havia se refeito da emoção, e “Powderfinger” surgiu galopante e fez a plateia flutuar por mais seis minutos. Apresentada pela primeira vez em 2001, ainda inédita, mas recuperada para essa perna europeia da tour 2014, “Standing in the Light of Love” soou tão bem ao vivo que, ao final da canção, o público continuou fazendo o coro do refrão.

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Outras duas do disco “Ragged Glory”, de 1990 (“Days That Used to Be” e “Love To Burn” em uma versão de mais de 15 minutos), “Living With War” e “Name of Lave” (pescada de “American Dream”, o álbum da Crosby, Stills, Nash & Young de 1988) formam o meio do show e são a deixa para o momento solo acústico, que começa com uma versão de “Blowin’ in the Wind”, de Bob Dylan, e termina com uma singela versão de “Heart of Gold”. “Barstool Blues”, de um dos grandes discos de Neil, “Zuma” (1975), arranca sorrisos da alma.

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O trecho final é aberto com “Psychedelic Pill” (faixa título do ótimo disco de 2012), ganha ares clássicos quando os primeiros acordes de “Cortez The Killer” cortam o céu agora escuro de Estocolmo por 12 minutos levitantes, e faz até os comportados suecos pularem ensandecidos gritando o refrão de “Rockin’ in the Free World”, a última. Neil volta no bis com uma música inédita escrita para esta turnê, “Who’s Gonna Stand Up and Save the Earth”, e a noite termina com os suecos gritando “Stand Up” por cinco minutos após a saída da banda. Inesquecível.

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O saldo dos dois dias de shows da terceira edição do Stockholm Music and Arts foi mais do que positivo. Som impecável, serviços perfeitos (diversas barracas de comidas e bebidas variadas, água gratuita e banheiros e lixeiras em quantidade elogiável) e um line-up caprichado que tira o espectador da zona de conforto são ingredientes que merecem muitos elogios. Isso sem contar a boa dosagem em ações de marketing (várias espalhadas pela área do festival), que não desrespeitavam o espectador, foram o retrato de um ótimo festival num fim de semana especialíssimo.

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Leia também:
– Stockholm Music & Arts (Dia 1) (aqui)
– Europa 2014: Diário de Viagem (aqui)

agosto 4, 2014   No Comments

Em Estocolmo: Abba Caviar

Você olha na gôndola do supermercado e pensa: “Olha os caras usando o nome da banda”. E, quando vai pesquisar, descobre que é exatamente o contrário: “O nome (da empresa de produtos de conserva de peixe) AB Bröderna Ameln, ABBA, foi registrado em 1906. Eles são conhecidos por ter deixado o grupo ABBA compartilhar o nome em 1974?. 😀

Ps. No supermercado, esse pote de 80 gramas do Abba Caviar (em grãos) custa kr 23,90 (aproximadamente R$ 8).
Ps 2. Eu não gosto…

agosto 2, 2014   No Comments

Nos Systembolagets de Estocolmo

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Criado em 1955 na Suécia, o Systembolaget é uma empresa controlada pelo Governo, a única autorizada a vender bebidas com teor alcoólico superior a 3,5% (bares, pubs e restaurantes também são liberados, mas apenas para consumo no local, não para o comprador levar para casa). São 426 lojas na Suécia, e, segundo o site oficial, “os funcionários são especialistas em comida e bebida” além de que, nas lojas, o trabalho de marcas (e promoções) inexiste.

O interessante do conceito de Systembolaget é que, segundo o site oficial, a ideia da empresa é “vender bebidas alcoólicas de maneira consciente, sem fins lucrativos”. Ou seja, de forma antagônica, com o Governo não lucrando um centavo que seja (hipoteticamente) sobre a venda de bebidas alcoólicas, as mesmas tendem a chegar mais em conta ao consumidor final (apesar dos ditos impostos elevados aos produtores).

O que pude perceber nos quatro Systembolaget que visitei em Estocolmo foi que os preços são tabelados, mas o estoque é particular de cada loja. As cervejas básicas (belgas, inglesas e algumas americanas) são encontradas praticamente em todas as lojas assim como um número elogiável de rótulos locais. Porém, na loja mais afastada da área central, em Hammarby, onde estamos hospedados, encontrei mais itens raros do que nas lojas centrais.

Ainda assim, numa das lojas centrais encontrei boa parte da linha da Monks Café (não a Number 5, o Chanel da casa, nona melhor cerveja sueca do Top 50 do Ratebeer – acabei pegando a no.2, a no.4 e a no.14), e no maior (e mais completo) Systembolaget que visitei, no número 44 da Regeringsgatan, havia mais Monks tanto quanto edições especiais de algumas cervejarias, como a Brooklyn Wild Streak, envelhecida em barril de Bourbon.

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Na primeira visita optei apenas por comprar cervejas suecas visando me aprofundar no mercado “local”. Da pré-lista com 10 rótulos que eu havia feito no Brasil, encontrei apenas a Oppigårds Thurbo Double IPA (12ª na lista do Ratebeer), mas peguei (sob recomendação da vendedora, que reforçou que os suecos “preferem cervejas amargas”) uma Electric Nurse DIPA (38ª) e duas outras Oppigårds: Amarillo (21ª) e Indian Tribute (48ª).

No segundo passeio (em que passei por três Systembolaget centrais e próximos um do outro) busquei as suecas da lista, mas acabei me rendendo as Del Ducato (minha cervejaria italiana preferida) e a tal Brooklyn Wild Streak, que eu havia devolvido na gondola, mas alguém desistiu da compra deixando uma ao lado do caixa, e não resisti. Junto a Brooklyn 1/2 Ale (falei dela aqui), a mala já soma 16 garrafas… e é só o primeiro trecho da viagem.

Uma questão: como consegue um dos países mais caros do mundo, em que o transporte público custa R$ 11 (o passe único vale por 1h15m), vender cervejas a um preço menor do que o Brasil? A italiana La Luna Rossa, que encontrei em Estocolmo por R$ 25, chegou a ser vendida entre R$ 75 e R$ 90 em São Paulo. A Brooklyn Wild Streak custa quase R$ 170 na capital paulista (R$ 50 na capital sueca). Será só imposto que encarece a cerveja no Brasil?

Abaixo segue a lista das 15 cervejas que comprei em Estocolmo (até o momento), com os devidos preços e a triste conclusão: em São Paulo, com o mesmo dinheiro que gastei em Estocolmo, eu provavelmente compraria apenas a Wild Streak e a La Luna Rossa…

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– Sigtuna & Shepherd Neame Barley Wine: kr 71 (R$ 24)
– Oppigårds Thurbo Double IPA: kr 26,30 (R$ 8,70)
– Oppigårds Indian Tribute: kr 22,50 (R$ 7,50)
– Oppigårds Amarillo: kr 19,90 (R$ 6,50)
– Electric Nurse DIPA: kr 29,90 (R$ 10)
– Södra IPA: kr 23,30 (R$ 7,70)
– S:t Eriks Rauchbier: kr 24,20 (R$ 8 )

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– Birrificio del Ducato La Luna Rossa: kr 73,90 (R$ 25)
– Birrificio del Ducato Wedding Rauch: kr 32 (R$ 11)
– Monks Café Blend no.2 Superior Sour: kr 69,40 (R$ 23)
– Monks Café Blend no.4 Vigorous: kr 69,40 (R$ 23)
– Monks Café Blend no.14 Bavarian Hero: kr 38,90 (R$ 13)
– Omnipollo Mazarin: kr 32,90 (R$ 11,20)
– Omnipollo Leon: kr 49,90 (R$ 16,50)
– Brooklyn Wild Streak: kr 149 (R$ 50)

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 Ps. A apresentação das cervejas é padronizada em todas as Systembolagets. “Beska” significa amargor;  “Fyllighet” é corpo e “Sötma”, doçura. Além existem as figuras que simbolizam o que combina com determinada cerveja. No caso da Electric Nurse DIPA, ela combina com carne de ovelha, vaca e porco (além de ser uma ótima bebida social). Já a Del Ducato La Nuna Rossa combina com pato e porco, e é também é uma boa bebida social. 

Europa 2014: Diário de Viagem

agosto 2, 2014   No Comments

Stockholm Music & Arts (Dag 1)

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Texto: Marcelo Costa
Fotos: Liliane Callegari (veja galeria)

A pequena ilha de Skeppsholmen, no centro de Estocolmo, recebe desde 1980 o Stockholm Jazz Festival, e a partir de 2012 adicionou um novo festival em seu calendário: Stockholm Music & Arts, um festival de três dias que une música (as duas edições anteriores tiveram Marianne Faithfull, Patti Smith, Antony & The Johnsons, Prince, Billy Bragg, Rodriguez e Regina Spektor, entre outros) e artes (o festival acontece na área do Museu de Arte Moderna, o principal da cidade), com exposições, instalações e apresentações de artistas.

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A escalação musical de 2014 reservou para o primeiro dia de sol intenso (que só foi dormir às 22h) uma seleção que parece ter agradado o público (com média de idade parece ser de 40 anos – ou mais), que apesar de não manifestar empolgação visível (a frieza sueca não é um mito), aplaudia com animo os artistas ao final das canções. O festival abriu as portas às 13h, mas o público só foi lotar o lugar (mas nem tanto: cerca de 2 mil pessoas numa área para o dobro disso) nas três últimas apresentações do dia no começo da noite de sol.

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Quando a loura Alison Goldfrapp pisou no palco às 16h15 encontrou cerca de 500 pessoas na plateia, que acompanharam a diva londrina (e um quinteto todo vestido de preto – moda na cidade – com baixo, guitarra, bateria, teclados e… violino) num show muito mais calmo, bonito e introspectivo do que o do Planeta Terra 2011 (nenhuma música tocada no Brasil apareceu no show de Estocolmo). A base do repertório foi o álbum “Tales of Us” (2013), mas canções do ótimo “Felt Mountain” (2000) apareceram no set (“Paper Bag”, “Utopia” e “Lovely Head”).

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Na sequencia, Linnéa Henriksson (se apresentando para o dobro de público do Goldfrapp) surgiu em um palco colorido (rosa, lilás e roxo) estilo Programa da Xuxa Perua acompanhada de um septeto e mostrando um som pop que faz muito sucesso por estes lados, mas cujos melhores momentos não serviriam como um lado D do Abba. Quarto lugar no Idol Swedish 2010, Linnéa Henriksson (uma Gaby Amarantos – antes do banho de loja da paraense – versão sueca) soa melhor nos vídeos (em que ela não grita tanto) do que ao vivo, mas o público atendeu quando ela pediu palmas.

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A próxima a pisar no palco é uma das principais damas (ao lado de Siouxsie Sioux) do pós-punk britânico. Com bota preta até os joelhos, jeans, blusinha, colete preto, gravata lilás e 62 anos de boa forma, Chrissie Hynde mostrou as boas canções de sua enfim estreia solo, “Stockholm”, álbum gravado na cidade com produção de Björn Yttling (do Peter, Björn and John), que assina 10 canções em parceria com a eterna Pretenders – outras duas são divididas com Joakim Åhlund – “Acho que errei a pronuncia do nome dele… foda-se”, disse ao apresentar “Like In the Movies”.

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De muito bom humor, Chrissie divertiu a plateia: “Eu estava no tram indo para o Museu Abba, pensando: Queria soar com eles, mas não ter o mesmo visual”. Lá pelo meio do show mandou “The Loner”, do primeiro disco de Neil Young (1969): “Vou tocar essa porque Neil não vai toca-la no domingo… mentira, é porque eu não vou estar aqui”. Faixas novas como “House of Cards” e “Dark Sunglasses” (com base que lembra “Meeting Paris Hilton”, do CSS) soaram ótimas ao vivo num show que ainda teve clássicos de sua banda como “Back in The Chain Gang”, “Don’t Get Me Wrong” e “I’ll Stand by You”.

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Ainda com o dia claro (às 21h), o Television subiu ao palco para tocar “Marquee Moon”, uma das obras primas do rock and roll, na integra. Show mais aplaudido do dia (e não só porque a média de idade no palco batia com a do público), a apresentação do Television foi daqueles momentos de emoldurar e colocar na parede, desde o começo com “See No Evil” , “Prove It” e “Elevation” até as raras aparições de “Guiding Light” e “Friction” culminando numa versão de mais de 12 minutos da faixa título, com solos dissonantes de Tom Verlaine. Palmas, palmas e palmas.

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Com jeitão de pequeno festival local (tal como o Norwegian Wood, de Oslo) e bastante caprichado no que diz respeito a comida, bebida e serviços (a água não só é gratuita como a produção deixa copos de plástico ao lado dos bebedouros), o Stockholm Music and Arts segue movido a cervejas, cidras e com promessa de sol forte no sábado e, para o domingo (e grande dia do festival), reserva Richard Thompson, Sean Kuti & Egypt 80, The Magic Numbers, GOAT e Neil Young & Crazy Horse. A coisa toda promete… muito.

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Europa 2014: Diário de Viagem

agosto 1, 2014   No Comments

Um dia de emoções em Estocolmo

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Fotos: Liliane Callegari (PB) e Marcelo Costa (cor)

Quer testar sua (boa) forma? Nada como uma viagem para a Europa. As primeiras que fiz, em 2007 e 2008, eram no estilo 40 dias de mochilão, de albergue para albergue. Agora, pós 40 anos (se aproximando dos 45 na verdade), o cansaço surge em dobro. E o desafio já começa no voo: desta vez, 11 horas de São Paulo para Paris durante a madrugada e mais 3 horas de Paris para Estocolmo durante o dia. A sensação pós voo é de que levei uma sova do Anderson Silva.

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E olha que foi um dos melhores voos que já fiz! Consegui reservar (para ida e volta) um lugar (concorrido) após a fileira 39 do Boeing da Air France, e essas fileiras reduzem o formato de três lugares para dois. Ou seja, viajei apenas eu e Lili, e isso já faz (muita) diferença. A comida foi ok, o controle de imigração no aeroporto Charles de Gaulle, em Paris, foi rápido e sem perguntas e o voo para Estocolmo… aparentemente interminável.

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Aproveitei a viagem para terminar o livro de Piper Kerman, “Orange is the New Black”, de que gostei muito mais do que eu pudesse imaginar. Achei-o muito mais interessante do que a série, mais… natural. Para adaptar a série para o Netflix, Piper Kerman optou por exagerar nos estereótipos (recurso muito usado na dramaturgia), e embora funcione na tela, no livro o conjunto se mostra mais profundo e delicado. Ainda vou escrever sobre ele.

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A chegada a Estocolmo foi sossegada, sem controle de imigração. Do Aeroporto de Arlanda para o centro utilizamos o Arlanda Express, um trem rápido (10 minutos) cujos tickets podem ser comprados via web: o preço normal é 260 coroas suecas (uns R$ 90), mas no verão você pode comprar dois tickets por 280 coroas na promoção. Ficamos impressionados com a eficiência do método: “Seu cartão de crédito é o seu bilhete”, avisava a página da web.

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Já no trem, enquanto ajeitava as duas malas e as duas mochilas, o cobrador passou e dei-lhe o meu cartão de crédito. Ele passou em uma máquina, que confirmou minha reserva, e me devolveu o cartão. “Que eficiente”, comentou Lili. E essa foi a última vez que vimos o cartão de crédito. Provável que eu tenha deixado cair entre os bancos, mas só fui perceber a perda uns 20 minutos depois, na hora de pagar os tickets do metrô. Com ou sem emoção? Com, claro.

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Conversei com o pessoal que administra a linha Arlanda Express, e nada de ninguém ter devolvido o cartão, e meia hora depois decide tocar o barco em frente (com o cartão reserva). Mas ainda havia mais emoção (hehe): pegamos o metrô, descemos na estação que nos leva ao hotel que reservamos, no bairro de Södra Hammarby, e decidimos ir a pé até o hotel, uma caminhada de menos de 10 minutos. Foi o que bastou para nos perdermos (risos).

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Na verdade, eu já tinha estudado o caminho pelo Google Maps (até impresso), mas não há programa que funcione quando você pega a saída errada… e insiste nela. Uns 10 minutos depois, já perdidos, e após pedirmos infos para três suecos (que não falavam inglês), um taxista passa e nos orienta. Já cansados, não pensamos duas vezes: “Nos leva até lá”. Não foi nem cinco minutos de taxi e custou… R$ 45. Bem-vindo a Escandinávia.

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No hotel (bastante agradável), fiz o procedimento de cancelamento do cartão de crédito via web rapidamente, peguei as infos das Systembolaget (lojas controladas pelo governo autorizadas a vender bebidas com álcool acima do permitido pela lei – 3.5%) que eu havia coletado do Ratebeer e saímos a caminhar atravessando ilhas: primeiro Söderman, e os dois Systembolaget (que fecham às 18h) que eu havia anotado o endereço não existem mais.

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Como já havia passado das 18h (apesar do sol à pino – ele iria descansar apenas as 21h45), decide deixar a buscar por boas cervejas locais para o dia seguinte e levar Lili para passear. Passamos de olhada rápida em dois sebos de vinis (um Dylan dos anos 80 e o “Blah Blah Blah”, do Iggy Pop, usados, custando R$ 5), atravessamos a ilha de Söderman e chegamos a Gamla Stan, a pequena ilha onde a cidade nasceu, e o principal ponto turístico de Estocolmo.

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Lili já havia se apaixonado pela cidade umas horas antes, e Gamla Stan foi o flechada final do Cupido. Ficamos por ali, caminhando pelas ruas até sentir o estomago roncar. Optamos pelo pub The Liffey e fui de Gotlands Brutal Bulldog Double IPA, uma bela cerveja local de 8.4% de álcool e jeitão norte-americano, e bife com fritas enquanto Lili optou por fish and chips com Magners Cider. Preço da brincadeira: 521 coroas suecas (quase R$ 200!!!).

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Ou seja, Estocolmo ameaça seriamente nossas finanças, mas vamos procurar lugares fora da zona turística de agora em diante para tentar encontrar um meio termo entre viver cinco dias em uma das cidades mais lindas do mundo (e caras) e nossa pouca grana. Hoje começa o Stockholm Music and Arts com shows de Chrissie Hynde, Goldfrapp e Television, e após 12 horas de sono, as pernas se preparam para a primeira maratona de shows desta viagem. Partiu.

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Europa 2014: Diário de Viagem

agosto 1, 2014   No Comments

Europa 2014: Roteiro fechado

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Estocolmo, 2013, Marcelo Costa

Falta uma semana para a viagem, e só hoje batemos o martelo do roteiro, afinal, não dá para abraçar o mundo. A entrada do show do Portishead em St. Malo acabou complicando a ida para Delft e a passagem por Haia, então deixamos as duas cidades para uma próxima viagem e antecipamos a chegada em St. Malo, o que nos permitirá não só conhecer melhor a cidade como sair sossegado de lá para Paris no sábado. Ou seja, tudo praticamente ok. Já separei uma lista de Systembolaget em Estocolmo e de Vinmonopolet em Oslo e agora é começar a preparar as malas. O roteiro (agora final) fica assim:

30/07 – São Paulo
31/07 – Estocolmo
01/08 – Estocolmo – Music & Arts Festival (Television, Goldfrapp)
02/08 – Estocolmo – Music & Arts Festival (Beth Orton)
03/08 – Estocolmo – Music & Arts Festival (Neil Young & Crazy Horse)
04/08 – Estocolmo
05/08 – Oslo
06/08 – Oslo – Oya Festival (The National, QOTSA)
07/08 – Oslo – Oya Festival (Bill Calahan, Outkast)
08/08 – Oslo – Oya Festival (Neutral Milk Hotel, Mayhem)
09/08 – Oslo – Oya Festival (Slowdive, Sharon Van Etten)
10/08 – Amsterdã
11/08 – Amsterdã – Neutral Milk Hotel, Paradiso
12/08 – Amsterdã
13/08 – Amsterdã
14/08 – Saint Malo
15/08 – Saint Malo – La Route Du Rock (Portishead, Anna Calvi, Slowdive)
16/08 – Paris
17/08 – Paris
18/08 – Paris  / São Paulo

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Oslo, 2013, Marcelo Costa

Leia também:
Diário de viagem: Europa 2008, 2009, 2010, 2011, 2012 e 2013
Diário de viagem: Estados Unidos 2011 e 2013

julho 23, 2014   No Comments

Europa 2014: um mês para a viagem

A ideia inicial do roteiro não era ver tantos shows, mas eles estão atravessando o caminho, e como dizer não? Após o festival Stockholm Music & Arts confirmar Neil Young & Crazy Horse exatamente nos dias em que estaremos na cidade, agora foi a vez de Neutral Milk Hotel fechar um show no Paradiso, em Amsterdã, no período em que estaremos por lá. Bora. O roteiro de shows está assim, por enquanto…

30/07 – São Paulo
31/07 – Estocolmo
01/08 – Estocolmo – Music & Arts Festival (Television, Goldfrapp)
02/08 – Estocolmo – Music & Arts Festival (Beth Orton)
03/08 – Estocolmo – Music & Arts Festival (Neil Young & Crazy Horse)
04/08 – Estocolmo
05/08 – Oslo
06/08 – Oslo – Oya Festival (The National, QOTSA)
07/08 – Oslo – Oya Festival (Bill Calahan, Outkast)
08/08 – Oslo – Oya Festival (Neutral Milk Hotel, Mayhem)
09/08 – Oslo – Oya Festival (Slowdive, Sharon Van Etten)
10/08 – Amsterdã
11/08 – Amsterdã – Neutral Milk Hotel, Paradiso
12/08 – Amsterdã
13/08 – Amsterdã
14/08 – Delft / Haia
15/08 – Saint Malo – La Route Du Rock (Portishead, Anna Calvi, Slowdive)
16/08 – Saint Malo
17/08 – Paris
18/08 – Paris / São Paulo

julho 1, 2014   No Comments