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Category — Entrevistas

O assunto é… Alice Cooper

Bem, não sou um especialista em Alice Cooper. Tenho o “School’s Out” (1972) em CD e o “Muscle of Love” (1973) em vinil, mas a editora do site da Red Bull, a Luana Dornelas, me mandou umas perguntas para comentar a efeméride dos 45 anos do show que Alice Cooper fez nesta terra arrasada chamada Brasil em 1974. O resultado ficou bem bacana (confira aqui) e eu ainda pude colocar umas listinha top 10 de shows gringos em território brazuca. Abaixo as perguntas dela e as minhas respostas:

– Primeiro, me conta um pouco sobre você! Quando começou a se envolver com a música e a criar conteúdos no Scream & Yell?
O Scream & Yell nasce como fanzine em papel em dezembro de 1996. Foram seis edições impressas, mais alguns informativos rápidos. A versão Web nasce em novembro de 2000 e seguimos em frente, resistindo, desde então. São 19 anos de cultura pop.

– Há anos você trabalha cobrindo a cena de música no Brasil. Qual foi o maior show gringo de rock que você assistiu aqui por aqui? Por que este show te marcou? Conta mais sobre a experiência.
Sinceramente, não consigo elencar um show só! (risos). É muito show! Dai eu fiz uma listinha com 10 dos anos 2000! Daria pra fazer uma outra só com shows do século passado, mas tem tanta coisa boa que já passou por aqui neste século, e a gente não lembra. Dai esses 10, por ordem alfabética, são alguns dos meus favoritos. E todos eles foram shows absolutos, impecáveis! Todos me emocionaram seja pelas canções, seja pelo clima, pois costumo dizer que um show aqui é muito melhor do que assistir ao mesmo show na gringa porque aqui você está acompanhado de seus amigos, tem um sentimento diferente.

Brian Wilson no Tim Festival, São Paulo, 2004
Bruce Springsteen no Espaço das Américas, São Paulo, 2013
Elvis Costello no Tom Brasil, São Paulo, 2005
Neil Young & Crazy Horse, Rock in Rio, 2001
Pearl Jam no Pacaembu, São Paulo, 2005
R.E.M. no Rock in Rio, 2001
Radiohead em São Paulo, 2009
Sonic Youth no Free Jazz, São Paulo, 2000
Weezer no Curitiba Rock Festival, 2005
Wilco no Auditório Ibirapuera, 2016

– O show do Alice Cooper no Brasil, que aconteceu em 1974, foi um marco histórico na história do rock do Brasil. Acha que ele foi um divisor de águas e abriu caminho para os megashows que vieram nos anos seguinte?
Não acho que foi um divisor porque o mercado não se abriu como esperava – isso só foi acontecer com o Rock in Rio, em 1985. Mas é um show absolutamente histórico exatamente por isso: hoje é fácil, mas tinha que ter muito culhão para vir tocar no Brasil nos anos 70, investir no país.

– Você conhece alguém que esteve presente neste show?
Algum amigo já comentou comigo desse show, mas não lembro quem!

– Décadas atrás, as pessoas precisavam esperar anos para poder conferir um show de um artista gringo. Hoje em dia, isso se tornou algo comum, com shows acontecendo com bastante frequência, mas atraindo um público menor. Pra você, qual é a maior mudança entre aquela época e os dias atuais?
O mercado brasileiro de shows evoluiu, e isso foi uma conquista pós Rock in Rio 1, de 1985, que mostrou para o show business internacional que era possível investir no Brasil. De lá para cá, essa confiança só foi aumentando ao mesmo tempo que diversos produtores e artistas descobriram que o Brasil é um país importante na estratégia de marketing da música, é um mercado enorme com muito potencial. E isso possibilitou a abertura de casas pequenas com boa estrutura. Se antes só vinha artista para tocar em estádio, agora vários lugares menores recebem grandes artistas. Ou seja, agora há espaço para artistas de diversos tamanhos, o que se adequa a todo tipo de produtor e público. Quanto ao público menor, creio também que há o peso do preço do ticket, pois pagamos alguns dos ingressos mais caros do mundo para ver show, e nem todo mundo tem dinheiro para ver mais de um show. Se o ingresso fosse mais barato, muito mais gente veria show.

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maio 3, 2019   No Comments

O assunto é… assessoria de imprensa

Respostas para Talita N. Rustichelli

Qual a dinâmica Scream & Yell? Há mais pessoas na equipe fazendo matérias? Se sim, quais os horários de reuniões de pauta, dead line etc?
O Scream & Yell é um site colaborativo gerenciado por mim e a dinâmica é simples: os colaboradores quando têm alguma pauta em mente, me escrevem e discutimos a viabilidade dela. Essa é a via 1: os colaboradores me procuram. A via 2 é o contrário: recebo centenas de releases diariamente, e quando vejo algo que interessa, e conhecendo o staff colaborativo do site, encaminho ao jornalista que aquela pauta melhor se encaixa. Não fazemos reunião de pauta (apenas essa discussões online diretas entre editor e colaborador) e os dead lines são acertados nessa conversa, ainda que o perfil de publicação do Scream & Yell exiga liberdade: cada um faz no tempo que tiver livre e sempre tentamos fugir das armadilhas do gancho jornalístico que, muitas vezes, data a pauta – vender o show, o single, essas coisas que morrem no dia seguinte e que muitas vezes são tempo desperdiçado. No Scream & Yell, até pela falta de tempo de todos nós, tentamos utilizar o tempo da melhor maneira e realizar pautas mais longevas, que possam ser lidas com contexto tempos depois, e não apenas no dia que é publicada.

Qual a média de volume de material de música que você recebe diariamente ou semanalmente?
Intensa. Diria que entre 400 e 500 e-mails diários de várias partes do mundo, Brasil em primeiro lugar, mas muita coisa do Canadá, Europa, Estados Unidos, México, Oriente Médio e Austrália. Estou usando parte desse material numa nova seção do site, as postagens de novidades, porque é muita coisa legal.

Que tipo de material te chama atenção? Qual critério usa para filtrar o que pode ou não render matéria pro site?
O que chama a atenção em primeiro lugar são os e-mails escritos especialmente para o site, ou seja, direcionados a alguma seção do site especifica, o que denota que o assessor ou o próprio artista conhecem o site, e isso já adianta o meu trabalho de edição. Por exemplo: é bastante comum eu receber e-mails com “será que rola uma notinha no site sobre isso?” e nós não fazemos notas curtas no Scream & Yell (focamos em entrevistas, reviews, seleção de clipes, entre outras coisas). Tenho absoluto pânico desses e-mails padrão, pois mostra que o assessor não conhece o site. Já há, porém, outros assessores que enviam release já pedindo: “Olha, um clipe para o post semanal que você faz no site”. Ou: “Que tal um ‘três perguntas’ com esse artista?”. É muito importante o assessor conhecer a mídia em que ele quer destacar o cliente dele. Isso acelera o trabalho dele, do artista e do editor do site. Pedir coisas que o site não faz é lixeira de e-mail na certa.

Dá pra dar atenção ao material de músicos do interior do Estado, que não aparecem na grande mídia? O site dá espaço para estes trabalhos? Por quê?
No Mapa de Jornalismo Independente escrito pela Agência Pública, eles definiram o Scream & Yell com perfeição:

“Um site jornalístico sobre cultura pop, com entrevistas, reviews e coberturas de festivais de música, cinema, cerveja. Também produzem e lançam álbuns, fazem podcast e mixtapes e jornalismo musical aprofundado independentemente do apelo do entrevistado: tratando Caetano Veloso, Romulo Fróes e Loomer como iguais, porque todos fazem boa música.”

Então o que nos interessa é… boa música. Lógico, isso é conceitual (boa música é algo para mim e pode ser outra coisa para você), mas partindo desse principio já conseguimos ampliar demasiadamente o leque de atuação. Desta forma, não importa muito de onde é o artista (se de Israel, de Quebec, de Oslo ou de Botucatu), mas sim se ele faz uma música que chama a atenção e se o material chega de uma determinada maneira que se encaixa no site. A gente nunca vai conseguir ouvir tudo, infelizmente, mas o que conseguirmos ouvir e bater a vibe, a gente dá um jeito de destacar.

Analisando a realidade da maioria dos músicos aqui da região Noroeste Paulista, é muito raro alguma banda que tenha um assessor de imprensa. Os próprios músicos ou produtores é que fazem esse trabalho. O que é legal e o que não é legal fazer na hora de fazer contato com um site especializado e enviar material? Por exemplo, mandar e-mails, fazer contato pelo inbox do Facebook… Pode dar alguns exemplos do que considera bom ou ruim neste sentido?
Assessor de imprensa é algo essencial, mas a realiade muitas vezes não permite a um artista ter um assessor. Não vejo nenhum problema no artista fazer esse trabalho, ainda que isso possa tira-lo do foco de fazer música tanto quanto lhe faltará know how pra função. Dentre as coisas ruins posso citar:

1) Fazer contato por Inbox pessoal do Facebook (evito ao máximo responder)
2) Enviar grandes arquivos para o email do site (MP3, fotos imensas e pesadas)
3) Cobrar excessivamente por uma resposta

Pessoalmente, entendo a importância do follow up, mas no Scream & Yell nós não respondemos os e-mails de pauta que recebemos pelo simples motivo de que responder 500 e-mails diários nos tiraria o tempo livre que temos para editar o site, ou seja, essa passaria o dia inteiro respondendo e-mails e não publicaria nada no Scream & Yell. Lemos todos os e-mails e respondemos aqueles que a gente vai tentar realizar algo no site. Enviar três, cinco, dez vezes o mesmo e-mails não vai aumentar a chance de fazer a sua banda aparecer (às vezes, pode funcionar ao contrário), mas sim causar mais lixo virtual na caixa do editor. É muito mais prático você estudar o veiculo para quem você quer mandar o material e ser direto. Dai vão algumas dicas pessoais:

A) E-mails curtos e sem muitas delongas e exageros de marketing (“A banda X lança um disco revolucionário” Zzzzzzz). Seja sucinto: jornalistas não tem tempo para ler grandes e-mails. Faça um texto rápido e, se achar necessário, anexe um release em word ou pdf com mais informações.
B) Faça uma caixa padrão no texto do e-mail com os principais links de redes sociais (e para ouvir o disco. Não envie MP3. Envie um link do Youtube, do Soundcloud, do Bandcamp ou do Spotify. “Ah, mas eu não lancei o disco ainda, quero mandar uma prévia?”. Suba esse arquivo não listado ou com senha no Youtube ou no Vimeo. Não estoure o limite do e-mail do cara, por favor (risos)
C) Selecione uma ou duas imagens de divulgação, com crédito do fotógrafo. Se você está enviando esse release para um site, a imagem não precisa estar em grande definição, ela pode ser tratada e salva especialmente para web. Se for para um veiculo impresso (jornal, revista), a qualidade precisa ser bem melhor, e é recomendável perguntar para o jornalista qual a melhor maneira de enviar essa foto (se anexa, se por webtranfer ou por dropbox, sendo essa última a melhor das alternativas).

Qual a melhor forma de envio de material sobre música? Links por e-mail? Ou CD físico?
Depende de cada veículo. Existem jornalistas que preferem links e existem aqueles que valorizam o material físico. De cara, mande o link. Se o assessor tem uma cota de CDs dedicada para a imprensa, é importante que o jornalista receba esse material, então é só buscar pelo endereço (que pode estar num cadastro tanto quanto ser pedido para o profissional) e enviar. Novamente: atente-se ao veiculo que você está tentando encaixar uma pauta. Isso já irá ajudar em 50% no sucesso da divulgação.

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agosto 9, 2018   No Comments

Entrevista: Ser ou Não Ser (Youtuber)

Respostas para o jornalista Vinicius FeIix

Por que fazer um canal no Youtube? Explica um pouco a origem do canal?
Foi uma ideia que nasceu de outra ideia. Estávamos eu, Iuri Freiberger (produtor) e Rafael Cortes (Assustado Discos) conversando sobre ideias de projetos, e surgiu a ideia de um programa. Levei isso para o Tiago Trigo (da produtora Casa Inflamável), e começamos a fazer uns esboços, chegamos a fazer um primeiro piloto pra sentir a vibe do programa, como a coisa iria ficar, e eu ainda estava um pouco inseguro. Já participei de muitos programas em TV, já dei muita entrevista, mas comandar um programa é outra coisa. Fiz um pouco de TV na faculdade e só. Dai me veio a ideia de fazer o canal no Youtube para me soltar, ver a viabilidade da coisa e fazer um teste para mim mesmo, e o resultado me surpreendeu. Estamos tanto eu quanto o Tiago bastante felizes com o ritmo de produção e a resposta do público.

Qual é a rotina de gravações e o processo de criação?
A gente está gravando quinzenalmente. A pauta é toda minha, e eu sou o maníaco por organização em seções, por isso já fui criando variáveis. Começamos pensando em um programa que não passasse dos 10 minutos, tudo em primeiro take, conversando o calor da conversa. E, claro, quando vi já estava falando 15 minutos. Dai surgiu a ideia de fazer programas mais longos (o Scream & Yell Discos) e gravar pequenas pílulas de, no máximo, dois minutos, para quem quer ver a coisa rápida e tal, e assim nasceu o Dicas Scream & Yell. Dai tivemos a encomenda de vídeos sobre shows e festivais para uma marca parceria. E assim nasceu o Scream & Yell Festivais. As coisas vão surgindo naturalmente.

E dá dinheiro? Se não, você faz pra que dê dinheiro algum dia?
Já deu um pequeno retorno financeiro que é dinheiro de cachaça para os Youtubers badalados do país, mas me mostrou que a maneira da linguagem pode atingir públicos diferentes: conseguimos uma parceria com alguém que nunca tinha lido nada no Scream & Yell! O cara sacou os vídeos, percebeu o potencial e nos chamou pra conversar. Tenho pensando nos vídeos como sempre pensei o site, um veículo sobre cultura pop para atiçar a curiosidade das pessoas, faze-las pensar. Mas o site já nasceu meio torto, meio fanzine, e chegou uma hora que ele já tinha uma personalidade tão forte que rentabiliza-lo era bem complicado. Já os vídeos, como está no começo, permite sim vislumbrar que dê dinheiro. É o que a gente espera.

Você é novo na área, mas já tem alguma dica para alguém que queria abrir o próprio canal no Youtube?
É usar a câmera do celular e mandar brasa. O Dicas Scream & Yell já é isso, linguagem de câmera de celular, coisa rápida, com pouca edição. A facilidade tecnológica ajuda muito hoje em dia, então quem quiser abrir um canal no Youtube abre em poucos clipes. Meu conselho (que é pra toda vida) sempre é: Faça. Não fique esperando o momento certo, ter condições, equipamento e o escambau. O importante é fazer, e durante o percurso ir melhorando, entendendo o processo e dando passos a frente. Não adianta ficar parado. Só quem caminha pode olhar para trás, analisar os passos certos e errados, e seguir adiante buscando melhorar.

Comentários. Ler ou não ler?
Eu tenho dado uma sorte imensa, ou mais provavelmente ainda o Scream & Yell Vídeos não é um veículo de grande porte a ponto de aparecer gente sem noção comentando bobagens, porque todos os comentários que chegam são muito legais, são gente interagindo mesmo com perguntas que lanço nos vídeos, essa coisa de cultura pop, de listas. Nesse nível acho importante dialogar, conhecer seu público e essas pessoas. Então ler é fundamental.

Você produz conteúdo, ok. Mas você também gosta de assistir outros conteúdos do YT?
Eu assisto uma coisa ou outra porque tenho um medo danado de ter ideias podadas porque esse ou aquele cara falou algo que eu estava pensando em falar. É algo que já lido com textos: eu só leio resenhas sobre um disco/livro/ ou filme depois que eu escrevi sobre esse disco/livro ou filme, para que a minha reflexão seja minha, sabe, sem direcionamentos. Dai acabou vendo algumas coisas que não são muito o que eu faria, como os programas do Gastão, por exemplo. Mas tenho favoritado alguns outros para assistir depois que eu publicar a “minha versão”, até por curiosidade para saber se eu tive o mesmo insight que outras pessoas.

Acompanhe o canal: https://www.youtube.com/c/screamyell

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julho 25, 2018   1 Comment

Entrevista: Música e Política

Respostas para Igor Cruz (setembro de 2015)

Em junho de 2013 tivemos as grandes manifestações e muitos personagens da música se manifestaram de diversas formas. Alguns fizeram músicas (Tom Zé, MV Bill, Latino, entre outros) outros subiram nos palanques e deram uma direção em suas opiniões (Lobão, Roger). Como você vê essa participação dessas personalidades em um momento delicado politicamente falando, no Brasil?
Acho extremamente importante que um artista se manifeste, mas é preciso ter cuidado para não ser leviano com um tema tão sério. Uma coisa é ter uma opinião sobre algo, outra é defender de maneira argumentativa uma ideia. A grande mídia trabalha praticamente com manchetes (“Fulano disse isso”, “Sicrano fez aquilo”), e em tempos de redes sociais, com muita gente lendo apenas a manchete, o artista precisa ser o mais cuidadoso possível na hora de manifestar sua opinião evitando correr o risco de induzir o público ao erro. Por isso acho complicado sair por ai como uma metralhadora verbal. O assunto é sério e merece ser tratado com a máxima seriedade possível, e artistas, na posição privilegiada que têm, podem ser uma ponte interessante para a disseminação do pensamento político em uma país que hibernou durante décadas devido a ditadura. Antes de 1964 tínhamos grandes manifestações, e fico feliz que as pessoas estejam voltando a se manifestar depois de tanto tempo. Só é preciso saber contra o que e quem está se manifestando, e, neste ponto, artistas podem tanto ajudar quanto confundir o público. É preciso estar atento (e forte).

Em comparação com a época da ditadura militar, você acha que a música cumpriu um papel politizado nesta que é a linguagem artística de maior alcance?
Não. Se atentarmos ao conteúdo das músicas atuais, vivemos um imenso escapismo, que também acometeu a música brasileira após os exílios de Gil, Caetano e Chico. Quando os três voltam, sofridos com a experiência, deixam de fazer o combate que faziam, e a música brasileira entra num marasmo do qual só vai sair quando o rock nacional surge nos anos 80 e é tomado como válvula de escape para a abertura política. Então na segunda metade da década de 80, a música brasileira (rock) falou tudo o que podia e o que não podia após tantos anos calada, proibida de se manifestar. Não sei, após esse momento inicial de liberdade, houve uma super exposição de temas políticos, e o público se cansou, mas o fato é que hoje a música brasileira vive em um país sem crises políticas, sem diferenças sociais e sem crimes, o que é uma tremenda falta de contato com a realidade. Neste ponto, o rap continua sendo a principal válvula de escape para ideias politicas, e figuras como Emicida (através de disco e show) são extremamente importantes (ainda que a maior parte do público esteja cantando “Sapequinha”).

Se sim, acertamos? Se não, porque erramos? Ou, o que faltou (ou ainda falta) na politização da música brasileira atual?
O que falta são pessoas conscientes e gente que participe dos sofrimentos do mundo. Renato Russo, quando escreveu “Que País é Esse”, estava sentindo na pele aqueles sentimentos, aquela cidade de Brasília que ele vivia. “Teatro dos Vampiros” é uma música extremamente política (sem ser diretamente política) em um momento de depressão pós-Collor. Olhando por esse viés é natural que o texto político hoje venha de gente como Criolo e Emicida, que sentem na pele a desigualdade do país. Como uma bandinha punk de playboy pode falar das mazelas da sociedade se não as sente? Dai melhor ser emo e falar das dores do coração, porque se ele for tentar falar dos problemas do país vai acabar mostrando toda sua desconexão com a realidade. Então a música, como manifestação artística, é completamente refém do ambiente em que ela é criada. George Harrison vai escrever “Taxman” porque os Beatles estavam ganhando uma fortuna, e grande parte dela estava sendo “devorada” pelas taxas do país. É algo que ele nunca poderia ter escrito nos primeiros discos dos Beatles, porque não era uma realidade. Dai se temos agora um cenário pouco politizado na música brasileira podemos suscitar algumas discussões: por exemplo, aparentemente o país melhorou a ponto das pessoas não se sentirem oprimidas querendo se manifestar sobre isso, mas a opressão persiste de diversos modos (capitalista, religiosa, racista, sexista e política), e só que quem pode transformar isso em canções são artistas que conseguem perceber que esses fatores de opressão existem, e os incomodam.

Você vê (ouve) algum destaque na cena musical atual? Quem?
Emicida, sem dúvida! No show de lançamento do novo disco, no Sesc Pinheiros, ele falou no meio de uma música: “Quando 18 pessoas morrem em uma cidade e ninguém fala nada, essa cidade também está morta”. Isso é extremamente político! É você incitar o seu público a não ficar calado diante de uma barbaridade feita por uma instituição. Ele está agindo, está embotando a cabeça da galera, e isso é sensacional. Emicida é o personagem mais contundente da música brasileira hoje.

Música politizada, vende?
Tudo está à venda. Como diz o Emicida, pegando o gancho, “a sociedade vende Jesus, por que não ia vender rap”. Se parte do jabá gasto com sertanejo universitário fosse usado com música politizada, ela poderia vender tanto quanto. Claro, é mais complicado fazer uma música politizada, porque o limite para se cair no populismo é mínimo, ou seja, a chance de errar é maior, mas ela pode sim vender muito. Depende do investimento.

E você acha que a música tem esse “poder” de “politizar” (ou de esclarecer politicamente) as pessoas?
Tem um pequeno poder, mas é preciso dizer que, via de regra, o público brasileiro canta músicas sem saber o que elas significam. Vai mais pela sonoridade do que pela ideia. E não é algo novo, de hoje, mas sempre. Por isso eu não diria politizar, mas ao menos colocar temas em debate. “Inútil”, “Que País é Esse”, “Desordem”, “Aluga-Se”, “Luís Inácio (300 picaretas)” e muitas outras não devem ter politizado ninguém, mas são pequenas reflexões que podem ir bastante longe. Raul Seixas dizia que se numa plateia de 20 mil pessoas, 2 entendessem o que ele estava falando, já tinha valido a pena, e acho que é por ai.

julho 21, 2018   No Comments

Papeando com Bruno Kayapy

Programa Passagem de Som, do SESC TV

Na companhia do guitarrista Bruno Kayapy e da chefe de cozinha Helena Rizzo, seguimos até o “Pico do Macaco”, base que sedia o grupo na cidade de São Paulo. É lá que o guitarrista nos aproxima da história da banda que foi fundada em 2004, em Cuiabá (MT), mas depois de algumas mudanças se estabeleceu em São Paulo com uma nova formação.

O Macaco Bong nasceu a partir de um coletivo chamado “Espaço Cubo”, no qual os integrantes trabalhavam. Fundado em 2002 por produtores culturais, o coletivo organizava festivais como o Calango e o Grito Rock. O álbum de estreia, “Artista Igual Pedreiro”, foi lançado em 2008 e ganhou o prêmio de melhor disco do ano pela revista Rolling Stone Brasil. Depois vieram “Verdão e Verdinho EP” (2011), “This is Rolê” (2012), “Macumba Afrocimética” (2014) e “Macaco Bong” (2016).

Já no bairro Consolação, no centro da cidade, conhecemos o espaço do curador musical Marcelo Costa. Com prateleiras de discos até o teto, Bruno Kayapy troca várias ideias com o criador do Scream and Yell, site de cultura pop dedicado a entrevistas, críticas de discos e divulgação de novas bandas. Mas é sobre o palco do Teatro Anchieta, no Sesc Consolação, que os músicos trazem um pouco mais da ideia de fazer a releitura e de interpretar o álbum “Nevermind”, do Nirvana.

junho 29, 2018   No Comments

A coleção de discos de Marcelo Costa

Atendendo (com pouco mais de um ano de atraso) ao pedido do amigo Ricardo Seelig, falo sobre a minha coleção pessoal de discos e outras coisas no Collectors Room. Daqueles papos que se eu soubesse que iria ficar tão legal, eu teria respondido antes (risos). Leia aqui. Valeu pela paciência, Ricardo.

junho 3, 2018   No Comments

Jornalismo cultural e a contemplação da arte

Respostas para Bruno Borges

– Conte um pouco da sua história com a música.
A música entra na minha vida através da coleção de discos que meu pai tinha nos anos 70, muito da MPB combativa, Vinicius, Chico, Caetano, Gil, Gal, um pouco de Beatles, essas coisas. Com meu primeiro salário, aos 14 anos, comprei seis vinis, coisas do rock nacional que estava nascendo na metade dos anos 80. Dai em diante encontrei na música não só uma válvula de escape e uma companheira, mas também uma maneira de me comunicar com o mundo.

– Você acredita que o jornalismo cultural pode impulsionar novas carreiras na música?
Acho isso cada vez mais difícil, mas ainda possível. Em outras áreas, como na culinária, um bom review, uma boa reportagem, ainda podem transformar a vida de uma pessoa (o Chef’s Table exibe várias dessas histórias). Na música isso acontece apenas de forma mais pontual hoje em dia, mas não é impossível.

– Seria um papel do Jornalismo Musical revelar novos talentos?
De maneira alguma. O Jornalismo Musical têm de dar material para que as pessoas entendam o momento cultural em que elas estão inseridas, para que elas vislumbrem o todo através de um disco, de uma música, de um movimento cultural. Quem tem que revelar novos talentos é a gravadora, o selo, os próprios artistas.

– Na questão ética, qual seria o papel do jornalismo cultural?
Não deixar se levar pela proximidade com seu objeto de estudo talvez seja o maior desafio ético no mundo hoje. Como diria Lester Bangs, “eles vão te usar”. E vão mesmo. Diferente de antigamente, onde o contato era mais distante, hoje em dia o contato com o artista é cada vez mais próximo, devido às redes sociais e a facilidade de comunicação. É preciso utilizar todas as ferramentas de aproximação, mas também manter certo distanciamento.

– A produção em escala industrial de novas músicas e artistas pode ser um ponto negativo para a contemplação da arte? Como você enxerga isso?
Lá se vão quase 60 anos de indústria cultural e a discussão já deveria estar adiantada. Muita gente (mais gabaritada do que eu) já discorreu sobre isso, e até essas discussões já estão datadas porque vivemos numa sociedade de capitalismo de consumo que muda segundo a segundo, e para discutirmos indústria cultural precisamos discutir esse modelo de capitalismo de consumo, precisamos discutir superexposição nas redes sociais, precisamos discutir o silencio na sociedade moderna, precisamos discutir essas mudanças constantes. Por exemplo: como contemplar uma obra de arte no caos que vivemos? como criar uma obra de arte no caos que vivemos? Como milhares de coisas na vida, a escala industrial tem pontos positivos e pontos negativos. Conheceríamos Beatles, U2, Nirvana e Arctic Monkeys se eles não fossem escala mundial? Talvez sim, talvez não. Mas, sinceramente, isso pouco importa. A questão aqui não é a indústria, mas sim a evolução do ser-humano na luta contra algo que ele sempre temeu: ele mesmo. Vivemos alguns milhões de anos lutando para preencher todos os espaços do dia a modo que não nos tornássemos solitários e fugíssemos de nosso âmago. O que Beethoven tem a ver com a indústria cultural? Nada. Porém, ele não seria Beethoven no mundo de hoje, a não ser que fosse um eremita distante do caos social. Como compor, como escrever, como refletir filosoficamente em meio a todo esse turbilhão de informação e contato? Essa é uma das principais questões culturais do mundo moderno. No tempo de Beethoven, Shakespeare e outros gênios, o dia claro era curto, a noite era longa, o silêncio era dominante, a escuridão, todo um conjunto de fatores que levava a reflexão. Agora vivemos a era da hiper-conexão e nunca estamos sozinhos, ainda que estejamos sozinhos. Como se concentrar em “Em Busca do Tempo Perdido” com Messenger, Whatsapp, Twitter, Facebook, Telegram e todas as demais redes mandando alertas de atualização a todo o momento? Desligando os aparelhos? Funciona? E o quanto a nossa mente já está focada nessa sensação eterna de compartilhamento: “Nossa, esse trecho do livro tal é sensacional! Vou compartilhar no Instagram”. Ou seja, a pessoa se desliga do foco (o aprofundamento no objeto de cultura que pode fazê-lo refletir sobre algo que ele não estava pensando) para viver um momento zumbi: o objeto final é o compartilhamento, não a reflexão. Então, a contemplação da arte nada tem a ver com indústria cultural, mas sim com a necessidade que o ser-humano teve de preencher todas as lacunas de seu tempo a modo de não se sentir solitário. E isso irá, cada vez mais, mudar a percepção das pessoas sobre o mundo e sobre a cultura.

– A contemplação do fã Marcelo ajuda ao Marcelo jornalista a escrever suas resenhas?
Funciona como um start, mas pode sofrer radicalmente com o aprofundamento do olhar, porque muitas vezes a beleza artística é rarefeita e tangível ao primeiro contato. Então, de repente, você ouve um disco e se apaixona por ele. Mas na hora que você senta para ouvir todos os detalhes, procurar entende-lo melhor, muitas vezes ele não é aquilo que você achava que era no “amor à primeira ouvida”. Contemplação e crítica divergem muito

– O jornalismo opinativo é sem dúvida dominante no meio cultural, mas existe espaço para o jornalismo informativo? Como esse se desenvolveria? Você não acredita que a imparcialidade deixa o jornalismo cultural sem tempero?
Muita gente confunde jornalismo com colunismo, e são coisas extremamente diversas: uma coluna opinativa é algo em que fulano emite sua opinião enquanto uma reportagem informativa é o olhar (pessoal, inevitável) de alguém sobre determinado objeto de estudo. Se aprofundarmos jornalisticamente um acidente na esquina, conversando com diversas pessoas que possam ter visto o que aconteceu, cada uma delas poderá contar uma versão que incluirá sua personalidade (tipo um homem ser machista e no acidente ter uma mulher envolvida, e mesmo ela não estando hipoteticamente errada, o cara jogar a culpa nela porque, no mundo errado dele, “mulher não dirige bem”). A função do jornalista informativo é tentar se aproximar o máximo da verdade, ou do que ele acredita ser a verdade. Transpondo isso para o meio cultural, crítica é uma coisa: é fulano com todo seu histórico analisando uma obra (um show, um disco, um filme), e um cara que gosta de Iron Maiden irá fazer uma critica do show de Ivete Sangalo diferente de um cara que gosta de Gal Costa. Ponto. Reportagem já é outra coisa, mas muita gente ainda confunde e coloca opinião onde deveria existir investigação. Não existe imparcialidade porque cada pessoa é uma construção histórica, e essa construção irá ditar o modo como se constrói a pauta, como se acessa a fonte, como se observa as nuances do dialogo jornalístico. E tudo isso é tempero. Talvez a gente cobre muito do jornalismo quando deveria cobrar maior percepção das pessoas na forma de entender que o meio influencia decididamente o que ela está lendo, e entender esse meio a ajudaria a entender a noticia, a crítica, a reportagem como um todo. Porém, o que estamos vendo, com a proliferação de fake news, é o contrário. Uma pena.

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maio 4, 2018   No Comments

Algumas palavras sobre o Miranda

A pedido da SIM São Paulo, escrevi algumas palavras sobre o amigo Carlos Eduardo Miranda, que nos deixou recentemente:

“Se não existisse o Miranda, talvez a história do rock brasileiro a partir dos anos 90 fosse completamente outra”, escreveu Samuel Rosa (Skank) no Instagram. “Perdemos nosso Guru da música e arte, um homem sem fronteiras, explorador do estranho, esquisito e legal”, disseram os Raimundos, no Facebook. “Talvez você não saiba, mas, nos últimos 25 anos, sua vida tem sido influenciada pelo Miranda”, pontuou o músico Giancarlo Rufatto, no Twitter, no dia em que as redes sociais se uniram para saudar a sabedoria de Carlos Eduardo Miranda, falecido na quinta-feira, 25, aos 56 anos.

Miranda era tudo isso… e muito mais. Em sua coluna de estreia, na saudosa revista General, de dezembro de 1993, após anos escrevendo na revista Bizz, ele batia no peito e escancarava em tom de bravata: “Como inventei o rock gaúcho”. Ironicamente, naquele mesmo momento ele estava “inventando” o rock nacional dos anos 90. Enquanto toda a indústria fonográfica da época estendia um tapete vermelho para a música sertaneja e arremessava pás de cal sobre o rock, Miranda estava cercado de fitas K7 arquitetando a revolução que lançaria, através do selo Banguela Records (em parceria com os Titãs), nomes como Raimundos, Mundo Livre S/A, Little Quail and Mad Birds, Graforréia Xilarmônica e Maskavo Roots. Era só o primeiro passo.

“O contrato dos Raimundos foi assinado numa roda de chopp, num barzinho em Ipanema”, relembrou ele em outra coluna da revista General. “O Little Quail, um dia depois do Mundo Livre S/A, também assinou na praia e em mesa de bar. Dessa vez no Leblon. Mais um dia e eu comemorava a assinatura do Graforréia Xilarmônica com uma cervejada no Timbuca, na Assunção, em Porto Alegre. Na beira do rio Guaíba, arquibancada para o mais tradicional pôr-do-sol sulista e brodagens gerais”, completava Miranda para, no parágrafo seguinte, cantar a bola do verão 94/95: “Por sinal, o Maskavo Roots vai se dar bem nesse verão. Eles, o Skank… É reggae na cabeça”. E não é que o Velhinho estava certo?

Ele não parou. Muito pelo contrário. Depois de virar os anos 90 do avesso, Miranda adentrou o novo século arquitetando outro belo movimento de xadrez no tabuleiro da música brasileira. E quando a Internet começou a se tornar realidade em um Brasil ainda navegando em conexões discadas, lá estava ele à frente da Trama Virtual, uma plataforma gratuita focada em música independente que criou um espaço para novas bandas mostrarem seu trabalho. De Teatro Mágico a Móveis Coloniais De Acaju, de Hateen a Vanguart, de Jupiter Maçã a Fresno (que ocupou por muito tempo as paradas da plataforma), de Nuno Prata (Portugal) a Cansei de Ser Sexy, que foi a primeira banda a lançar um disco pelo selo, para depois se transformar em um sucesso mundial.

Se um é pouco e dois é bom, três “é só alegria”. No mesmo momento em que começava a se tornar um nome reconhecido nacionalmente através de programas de TV, Miranda também iniciava um relacionamento amoroso pela música paraense que renderia muitos frutos: ele dirigiu as três edições do Terruá Pará, projeto grandioso envolvendo dezenas de músicos da região que aconteceu nos anos de 2006, 2011 e 2013, sendo que, nesse último ano, o show foi eleito como o melhor projeto especial na categoria Música Popular, pela Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA). Depois trabalhou nos discos de Gaby Amarantos, Jaloo e Sammliz. Já à frente do selo StereoMono, também lançou Mahmundi e Boogarins. Miranda não era apaixonado por um estilo de música, mas sim pela música como um todo, por qualquer boa música.

Mas muito mais que músico, jornalista, crítico, produtor, curador, agitador, dono de selos (além do Banguela Records, Miranda montou a Excelente Discos, que lançou o Virguloides – do hit “Bagulho no Bumba” – e também o Acabou La Tequila, influência assumida de outro grupo que faria sucesso nos anos 2000: Los Hermanos) e jurado de programa de TV, Miranda foi um dos maiores articuladores e influenciadores que a música brasileira já teve. Por trás das câmeras, era um pesquisador incansável de novos sons e acompanhava atentamente a carreira dos jovens artistas que admirava. Fonte inesgotável de boas ideias, se tornou uma espécie de guia e referência para quem criava ou produzia no mundo musical. Tem um projeto novo? Pergunta pro Miranda o que ele acha. Escreveu uma música nova? Manda pro Miranda dar uma escutada. E ele sempre tinha a resposta certa pra dar, como um bom amigo.

Se não fosse ele, a música brasileira não teria alcançado muitos dos níveis de criatividade que alcançou nos últimos 30 anos. Miranda ajudou a mudar o mercado muitas vezes, injetando sabedoria, humanidade e bom humor. “Eu acho que não conheço outra pessoa que mudou tantas vidas como ele”, comentou Adriano Cintra, ex-Cansei de Ser Sexy, em seu Facebook. “A minha com certeza ele mudou”, completou. A sua também, caro leitor, pode acreditar.

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. E junto com os amigos Marcos Bragatto, do site Rock em Geral,  e Rodrigo James, do Esquema Novo, gravamos um vídeo mais emocional contando nossas histórias e nossos álbuns favoritos produzidos pelo Miranda. Assista abaixo.

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