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Enquanto o Natal não chega…
– 500 Toques na Revoluttion: esta semana, Jens Lekman, Suzanne Vega e Damon and Naomi
– David Byrne entrevistando Thom Yorke na Wired (você sabe que Radiohead é o nome de uma música do Talking Heads, né?) Aqui
– Diego Medina (ex-Video Hits) apresenta seu novo projeto, o pirado “Zombieoper”, um ensaio sobre o apodrecimento da humanidade em dois atos, assinado por Senador Medinha e Seridée Mondevac. Os dois álbuns estão disponiveis para download gratuito aqui.
– Daniel Peixoto avisa: 11 músicas novas do Montage para baixar no Trama Virtual. Pega.
– Caiu na Internet as cinco faixas que compõe o single “Conquest”, do White Stripes, uma das cinco grandes músicas de 2007. O single traz Beck cantando e tocando piano em “It’s My Fault for Being Famous”, fazendo slide guitar em “Honey, We Can’t Afford to Look This Cheap” e produzindo “Cash Grab Complications on the Matter”. O single ainda traz uma versão “acoustic mariatchi” da faixa título.
– Por último, a Revista O Grito publicou seu Top 25 e ainda traz uma lista especial com os votos de jornalistas convidados, entre eles este que vos escreve. Aqui.
dezembro 20, 2007 No Comments
Dois discos para você baixar… agora
Toda semana, três ou quatro pessoas (às vezes mais, às vezes menos) me escrevem dizendo que tem uma banda, que gravaram algumas canções e que gostariam de me mandar um CD para eu escutar e – quem sabe – resenhar. Sinto-me sempre elogiado quando alguém leva em consideração o que penso sobre uma música, disco ou mesmo uma banda que está surgindo, mas lá no âmago eu sempre me enrolo numa situação dessas, por que ouvir fitas demo e/ou CDs de novas bandas é um trabalho na maioria das vezes tortuoso, pode acreditar.
Quando me peguei pensando nisso, lembrei-me do Álvaro Pereira Júnior, que em uma coluna de 1999 na Folhateen dizia: “É preciso ter estômago de avestruz para escutar fitas demo. Muitas revistas estrangeiras têm jornalistas que cuidam especificamente de analisá-las. (…) Recebo poucas fitas demo e CDs de estreantes. Ainda bem. Estou velho, rabugento e seletivo, não tenho mais como perder tempo dando ouvidos a amadores” (o texto todo está aqui). Na época, achei que se ele estava de saco cheio disso, que fosse procurar outro ramo para trabalhar, pois se você escreve sobre música precisa estar atento a todas as novidades, e as grandes bandas (TODAS) surgem de uma fita demo, um single ou um CD de estréia. Hoje, mais velho (”rabugento e seletivo”, como o Álvaro se justifica na coluna), entendo a posição dele.
Entendo por que, cada vez mais, ando sem tempo para quase nada. A velocidade do tempo moderno, as facilidades da tecnologia (que ao invés de nos poupar tempo, nos trouxe mais coisas para “perdermos tempo” e nos mostrou uma infinidade de coisas que não sabíamos que existiam) e os afazeres diários se juntaram e se transformaram em uma bola de neve que aumenta sintomaticamente todos os dias. São centenas de discos para ouvir, livros para ler, filmes para assistir, e ainda preciso arranjar tempo para trabalhar, me alimentar e me relacionar. Isso tudo sem contar que grande parte do material que recebo não é destinado a mim (coisas de hard rock e derivados de Red Hot Chili Peppers e Evanescence – será que esses músicos lêem o que eu escrevo faz mais de dez anos?)
Então, depois de três parágrafos reclamões, o leitor pergunta: Por qual você continua aceitando receber fitas demo e/ou CDs de bandas novas se é tão tortuoso assim? A resposta é simples: pelo imenso e inigualável prazer de “descobrir” uma banda nova que me deixe sem fôlego a ponto de eu querer escrever dela, indicar para os amigos, insistir para as pessoas baixarem o disco, irem ao show, se encantarem como eu me encantei enquanto ouvia. É preciso entender que eu escrevo por necessidade da minha alma, por um desejo que surgiu em mim do nada, sem eu saber por quê. Escrevo por prazer. Não dá para perder tempo sendo burocrático ou falando sobre coisas inúteis (a não ser que seja em forma de ironia, a raiva travestida de estilo e inspiração). Tempo é algo sagrado.
Toda essa reflexão surgiu por causa do Lestics, projeto paralelo de dois integrantes do grupo independente paulistano Gianoukas Papoulas (Olavo e Umberto), que lançou dois belíssimos discos gravados em home studio em 2007, “9 Sonhos” em março e “les tics” em outubro, ambos liberados para download gratuito no site oficial do duo (www.lestics.com.br). Olavo fica responsável pelo excelente registro vocal enquanto Umberto se divide entre guitarra, violão, baixo, teclados, gaitas, programações, percussão e voz. Juntos eles fazem um passeio emocionante por melodias calcadas em folk, rock e country criando pequenas odes sombrias repletas de beleza urbana que deixam o ouvinte sem fôlego após a primeira audição.
“9 Sonhos”, como explicita o nome, são nove canções que passeiam pelo universo da memória em um tempo indistinto, mas que permite ligação com a infância e a adolescência. Abre com a deliciosa “Elefantes”, que narra uma pequena fábula cujo personagem aperta a campainha de uma casa e sai correndo (quem nunca fez isso na infância?), mas os moradores da casa são uma família de elefantes, “que vem voando arrasando tudo pelo caminho”. O surrealismo toma conta das letras como em “Mutantis Mutandi” que finaliza dizendo que “a vida é o nada, é a morte, é o parto”. Já a genial “Alguma Coisa Me Diz” filosofa em forma de folk rock: “Eu saio da cama, eu lavo o meu rosto, eu troco de roupa, e desço pra rua / eu entro no táxi, e digo bom dia, apago o cigarro e abro o jornal / mas alguma coisa me diz que nada disso é normal”.
A primeira lembrança que o som do duo resgata são os gaúchos da Graforreia Xilarmônica, mas também é possível identificar influências dos paulistas do Fellini (que além de gravarem seus primeiros discos também em home studio, tinham uma poética muito próxima da que o Lestics exibe) em algumas passagens. Embalada por uma gaitinha, a romântica “O Mundo Acaba” fala de uma garota que tem mais de mil bocas, dois mais braços, dez mil pernas e milhões de seios lindos, e explica no refrão: “Ela vem e me abraça e ai que o mundo acaba”. “Dois Olhos” é climática, psicodélica. “O Rio” é folk alegre. “Tropeço” tem outra letra ótima: “Eu quero parar e começo / Eu quero correr e tropeço”. “Canto de Sereia” é suave enquanto “Escuridão e Silêncio” narra um assassinato em um sinal vermelho. São nove sonhos… repletos de realidade.
No segundo álbum recém lançado, “les tics”, os textos continuam surreais, mas são bem mais diretos como mostra a faixa de abertura, “Tipo” que narra: “Levando em conta a história da família, os quatro anos isolados numa ilha, e a falta de presentes no natal, até que ele é um tipo bem normal”. “Gênio”, a próxima, é uma das melhores do álbum. Abre dizendo que Shakespeare e os gregos já disseram tudo antes para cravar no refrão cruel: “Você tem a alma atormentada de um gênio / pena que te falte uma pitada de talento”. Com o orgão à frente, “Última Palavra” narra um fim de relacionamento cujo forte verso exprime: “Longe demais é o lugar que a gente vai pelo prazer de se arrepender”. Após o tempestade surge a calmaria de “Luz de Outono”, que prevê sabiamente: “Pode ser que algum dia que eu queime os meus livros / Jogue fora os meus discos e quebre a TV / Mas mesmo enjoado de tudo na vida / Eu sei que não vou me cansar de você”.
“Náusea” é sombria (e tem um outro ótimo verso: “O instinto mantém minhas veias abertas”); “Inevitável” é divertida e fala sobre a necessidade de composição de uma canção “pobre de idéias”; “Metamorfose” é uma declaração de amor (no jeito Lestics de fazer declarações de amor: “Ainda me surpreendem as suas metamorfoses / as mudanças de aparência / suas coleções de vozes”); a poética de “Caos” destaca outra grande faixa do álbum (“Não é possível que você não acorde / com o barulho infernal de cada estrela que explode”); a curtinha “Ego” fecha o pacote de MP3 em clima de folk blues. Juntas, as noves faixas de “9 Sonhos” e “les tics” somam 50 minutos de música inspirada, canções prontas para serem devoradas por ouvintes exigentes. Os dois discos estão disponíveis gratuitamente no site www.lestics.com.br, basta um clique sobre o nome do álbum e “salvar” para o seu computador. Minha alma, agora, está satisfeita. Vou voltar para a rotina do dia (que inclui terminar de assistir a trilogia “O Poderoso Chefão”, de Francis Ford Copolla, e ouvir com mais calma “White Chalk”, novo de Polly Jean Harvey), mas se você me conhece, sabe: ainda vamos voltar a conversar sobre o Lestics.
novembro 18, 2007 No Comments
Revoluttion (Mini) Tour
Nesta sexta começa a Revoluttion (Mini) Tour (eeee). Ok, menos, menos. Na sexta embarco para Curitiba com o compromisso de discotecar no Jokers Bar na noite em que se juntam as duas principais bandas do meu Top 2007 pessoal: Terminal Guadalupe e Violins. Só garanto que vai rolar Cold War Kids. O resto é resto. No sábado tem Planeta Terra. Pretendo acordar lá pelas 15h e começar a me preparar com bastante energético, pois esse vai ser um festival em que as bandas nacionais tem tudo para roubar a cena das gringas. Ou seja, o lance é chegar cedo. Domingo pela manhã embarco para Ribeirão Preto onde assumo as pick-ups no Groselha Fuzz Festival (garanto que vai rolar Cold War Kids). E como canta Rubin na cover da banda do Bob Geldof: “I Don’t Like Mondays”…
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Disco da Semana: a trilha sonora do filme “I’m Not There ” “Lee Ranaldo, do Sonic Youth, montou um supergrupo para acompanhar os “sem banda”: Steve Shelley na bateria (Sonic Youth), Nels Cline (Wilco) numa guitarra, Tom Verlaine (Television) na outra, Tony Garnier (Bob Dylan Band) no baixo, Smokey Hormel (parceiro de Miho Hatori) também na guitarra, e John Medeski (do grupo Medeski, Martin and Wood) nos teclados.” Continua
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500 Toques: Britney Spears, Emma Pollock e Siouxsie “Britney é mais rock do que Coldplay, Keane e emos juntos; Emma Pollock mostra que os mandamentos praticados pelo Delgados permanecem vivos; Siouxsie chega aos 50 anos tão inspirada e criativa como quando tinha 20?; Continua
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Downloads da Semana: Para quem não ficou até o final do Tim Festival em São Paulo e quer saber como soa o Killers ao vivo, o Part Of The Queue está disponibilizando a integra do show que a banda de Brandon Flowers fez em Santiago três dias atrás. O show lá foi mais completinho (18 músicas incluindo a nova “Tranquilize” e a cover de “Can’t Take My Eyes Off You”) e permite perceber que o fanfarrão Brandon Flowers não segura a peteca de um show completo (a voz falha várias vezes), mas o baterista é bem bom. De quebra você pode baixar o show que o Travis fez no mesmo festival (Fênix Festival, que ainda contou com o Starsailor) e cantar com os chilenos “Why Does it Always Rain on Me” já que ninguém no Brasil quis bancar a vinda da banda de Fran Healy ao país (eles são coxinha, mas tem umas músicas muito boas).
novembro 7, 2007 No Comments
OAEOZ no Scream & Yell
O quinteto curitibano OAEOZ está festejando 10 anos de atividade com um show especial e o lançamento do segundo single extraído das gravações do novo disco, “Canção Para OAEOZ”, que traz como “lado b” uma versão para “Loucura”, música do Ídolos da Matinee, banda curitibana dos anos 80. O show especial acontece na quinta-feira (11/10), e as duas músicas que compõe o segundo single do novo álbum do OAEOZ você baixa aqui, agora, com exclusividade do Scream & Yell:
Uma década distribuindo boa música pelo cenário independente é um fato que deve ser comemorado. Bandas surgem todas as noites, bandas acabam todas as manhãs. Um grupo permanecer na ativa por uma década apenas pelo tesão de se fazer o som que gosta não é pouco, e diz muito sobre a paixão que esses caras sentem por algo maltratado/usado pela indústria, e que um dia convencionou-se ser chamado música.
“Canção Para OAEOZ” é a cara do OAEOZ. Um violão conduzindo, as guitarras pontuando o arranjo com detalhes; o vocal entregue que vez em quando foge da nota para criar o seu próprio espaço em uma melodia que cresce e se transforma em uma canção, uma canção do OAEOZ, uma canção para OAEOZ, uma canção para Curitiba: “Vou deixar a porta aberta / Esquecer o que aprendi / A chuva fria de Curitiba / Pra mim é o sol do Havaí”, canta o guitarrista Carlos Zubek. “Loucura”, apesar de ser uma versão, está perfeitamente contextualizada no som do OAEOZ.
Este segundo single segue “Impossibilidades”, lançando em junho, e que trazia como “lado b” uma versão acachapante de “Città Piu Bella”, uma das faixas luminosas do luminoso álbum “Amor Louco”, do Fellini. O que era folk na versão felliniana se transformou em rock espacial de altíssima qualidade com o OAEOZ.
outubro 8, 2007 No Comments
500 Toques e mais Tropa de Elite
500 Toques sobre Paula Toller, George Israel e Maria Rita
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Assisti a versão pirata do badalado (e ainda inédito) “Tropa de Elite” na noite passada. A versão que comprei – R$ 8 – é a tão famosa que circula por ai, com intertítulos em inglês e sem os créditos finais. O longa de José Padilha estava previsto para estrear em novembro, mas a produção antecipou a estréia para 12 de outubro devido ao “sucesso” do filme no mercado negro. Suas primeiras exibições públicas acontecem na noite de quinta (20), para convidados do Festival de Cinema do RJ, e outra na sexta (21), às 23h45, no Espaço de Cinema, a única aberta ao público (mas os ingressos esgotaram em uma hora).
Padilha diz que a versão que circula é o terceiro corte, e que o filme passou por 16 cortes até o final de montagem. Isso só poderá ser comprovado após uma comparação do que foi visto no DVD pirata e do que estará nas telas de cinema no próximo dia 12. O que dá para dizer é que, do jeito que está circulando em versão pirata, “Tropa de Elite” é sensacional. Bate “Cidade de Deus” em vários quesitos, e Wagner Moura impressiona com uma atuação eletrizante. Agora, a pergunta que fica é: será que a versão final vai ser tão boa quanto esta cópia pirata do terceiro corte?
Dúvidas a parte, a única coisa que dá para garantir é o grande sucesso que espera o filme. Assim como acontece com os CDs vazados na web, que ganham uma exposição gratuita, “Tropa de Elite” chega aos cinemas com um público garantido. Duvido que as pessoas que assistiram ao DVD (como eu) vão deixar de ir ao cinema para ver a versão final do melhor filme brasileiro dos anos 00. É uma tremenda tolice gastar tempo questionando se esse ou aquele é culpado na distribuição do filme. A propaganda gratuita só deve fazer de “Tropa de Elite” a grande bilheteria do Brasil em 2007. Merecidamente.
setembro 19, 2007 No Comments