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Category — Causos

Um fim de semana dentro de casa

É lógico que estou exagerando. No sábado de manhã passei na Velvet para papear com o André, ver uns amigos e comprar uns CDs. Depois comi um pão com mortadela na esquina da Ipirnga com a São João, e voltei pra casa. Eu e Lili passamos boa parte da tarde assistindo ao box quádruplo do Rolling Stones, “The Biggest Band”, e só saímos mais à noite para um pulinho rápido ao Exquisito comer bolinho caipira, beber chopp escuro e sobremesear churros com sorvete.

O domingo acordou nublado. Levantei cedo para rever uns planos que ando tendo na minha cabeça que não para de pensar um minuto. Mudamos as plantas de lugar na sala, demos um pulo na feira assim que o tempo melhorou, e quando saiu um solzinho corajoso no fim da tarde, esticamos até o Minhocão para Lili andar mais uma vez de bike enquanto eu saboreava uma água de coco gelado. Voltamos pra casa antes da chuva, mas não é que eu gripei sem motivo. Ah, e eu tentei fazer omelete, e não rolou. :/

Uma semana agitada começa nessa segunda. Ainda nem dormi, mas já estou com uma preguiça danada de acordar. Uma das coisas legais da vida é que após um dia ruim há uma noite para se apagar e uma manhã para começar de novo. Então, lá vamos nós. Força sempre.

fevereiro 15, 2009   No Comments

Ressaca (atualizada)

Se você estiver caminhando por ai e topar com uma holandesa Amsterdã 500 ml na graduação alcoólica de 8,4%, tome cuidado. Tome muuuuuito cuidado.

*****

Bem, sábado, e estou todo detonado ainda. Lili não se conformava com a ressaca, e segundo meus relatos saiu-se com essa: “Você comeu algo estragado”. Refiz meu roteiro de quinta, e não é que ela estava certa. Como podemos viver em segurança se não podemos confiar no molho vinagrete de um dos nossos botecos favoritos?

Na quinta, prevendo a bebedeira, passei em um dos meus botecos prediletos para comer um dos meus sanduíches prediletos: Pão com mortadela com molho vinagrete. Na primeira mordida senti um gosto diferente do normal, mas fiquei entretido pelo ambiente.

Dez segundos depois chegou um um cara com enormes fones de ouvido, e sem tira-los fez um sinal com o indicador para o garçom, que logo lhe trouxe uma latinha de Skol. Nesse meio tempo ele me olhou, tirou os fones, colocou nos meus ouvidos e disse: “Esse cara não é foda?”. Nos aproximadamente cinco segundos que ouvi deu para reconhecer a voz de Robertão cantando o soul “Não Vou Ficar”. Ele tirou exclamando: “O tempo passa, mas ninguém consegue fazer isso”.

Foram só essas duas frases em dez segundos, ele colocou novamente o fone, fez um sinal de positivo com a cabeça e saiu levando a latinha de cerveja nas mãos. Pensei: vou escrever um Cenas de São Paulo disso e comecei a perceber mais coisas que aconteciam no bar enquanto devorava meu pão com mortadela com vinagrete estragado. Terminei, fui para o show, enchi a cara, acordei mal para trabalhar no dia seguinte e no meio do dia voltei para casa detonado.

Daquelas situações em que a azeitona da empada realmente faz mal.

Ps. Ou seja, a Amsterdã está liberada para consumo. Mesmo assim, não gostei tanto dela.

janeiro 30, 2009   No Comments

Último dia de trabalho do ano

Eu gosto do meu trabalho. Quando me indicaram para a vaga balancei pensando se ia dar conta. Sofri um pouco nos três primeiros meses para criar uma metodologia de trabalho e, por fim, aprendi que editar uma capa de um grande portal é dançar conforme a música que está tocando. Melhorou pacas a minha vida (risos). Porém, não é segredo para ninguém: assim como Wander Wildner, se eu pudesse não faria nada, “nem essa canção”.

Ok, exagerei. Imagino Lili lendo isso acima e pensando na quantidade de noites em que fui pra cama às 2 ou 3 da manhã, pois fiquei atualizando o Scream & Yell, a Calmantes e escrevendo uma ou outra bobagem por puro prazer de escrever. Quem estou querendo enganar, né. Sou quaaaaaase um workalholic, mas sou um cara legal. Eu acho. O lance é que o que eu mais queria na vida era ficar fazendo isso: escrevendo, escrevendo, escrevendo. E escrevendo. Mas as contas chegam todos os meses, inevitavelmente.

Desta forma, a gente segue dançando enquanto a música não termina – do jeito que dá e sem saber dançar. Não dá para reclamar muito. 2008 foi um ano… sensacional. Olho para trás, para os posts que escrevi, para as coisas que aconteceram, para a viagem que fiz, e às vezes não acredito que eu vivi realmente tudo aquilo. Nem nos meus sonhos mais complexos poderia ter sido tão perfeito (ok, sempre pode, a gente sempre quer mais, muito mais, mas do jeitinho que aconteceu foi bastante especial).

Queria agradecer imensamente a todos que passaram por este espaço em algum momento. Queria agradecer muito a todos aqueles que deram dicas de CDs, filmes, albergues, lojas, HTML, textos, cervejas e o escambau. Queria agradecer a confiança, a amizade e o carinho que muitas vezes acredito não merecer, mas que recebo de coração aberto e tento – do meu jeito tosco – transformar em algo especial. Ainda estou tentando trilhar o caminho do bem, quem sabe chegamos a algum lugar.

Deixo a redação às 15h, corro pra casa para arrumar a mala (que Lili já está adiantando), parto ás 17h para o aeroporto e às 20h espero pousar em Belo Horizonte para um passeio de 14 dias por cidades históricas em busca de arte, memórias, cachaças, passeios de trem, comida mineira e pão de queijo. 2008 está quase dormindo, 2009 pode acordar a qualquer momento. E com seu despertar várias coisas boas hão de surgir. Que eu me lembre, nunca fiz tantos planos para um ano que se inicia, nunca criei tanta expectativa, e estou feliz por isso.

Feliz, pois apesar de tanta cacetada tomada da vida em anos e anos de janela, o sonhar ainda não me abandonou. E você sabe: é preciso sonhar para viver. Não só sonhar, claro. É preciso desejar, querer e batalhar para que as coisas aconteçam. É preciso mirar um pontinho no horizonte e dizer “é lá que eu quero chegar”. Pode não ser fácil e pode até não dar certo, mas basta levantar e tentar de novo. Nunca é fácil, e quem disse que era mentiu. Mas não desanime, pois sonhar deve ser divertido. Sempre. Sonhe. E lute para que estes sonhos se transformem em realidade. Um bom 2009 para todos nós. Não se esqueça: força sempre.

dezembro 29, 2008   No Comments

Véspera de natal, na redação

Quase duas da tarde, Leonard Cohen nos fones de ouvido, um burrito de chilli beans com salada ao lado do teclado, minha caneca atolada de coca-cola e uma vida inteira pela frente para viver. Faz sol lá fora. Às 15h deixo a lojinha. E vou beber. Ainda não fiz o balanço anual, mas 2008 foi foda. FODA. E não posso acordar de ressaca, afinal, amanhã abro a lojinha novamente, mas deu vontade de dividir esse pequeno momento de felicidade passageira por aqui. A felicidade, você sabe, passa. Mas volta. hehe. Então, feliz natal.

dezembro 24, 2008   No Comments

Bill Graham e Otis Redding

Trecho sensacional do livro “Bill Graham Apresenta: Minha Vida Dentro e Fora do Rock”, lançado no Brasil pela Editora Barracuda (aqui):

“Havia um grande músico que todo mundo queria ver. Todo mundo dizia: ‘Este é o cara’. Otis. Otis Redding. Ele era o cara. Para todo mundo que falava comigo. Para fazer Otis vir tocar no Fillmore, eu fui de avião até Atlanta para depois ir até Macon, que ficava no meio do nada. Acho que acabei impressionando o cara por ter ido tão longe. Mas eu pensava: ‘Como é possível explicar para alguém que eu realmente quero que ele vá tocar para mim?’. Eu poderia ter oferecido dez mil dólares, o que significaria a minha morte. Meu negócio quebraria. Na época, eu não podia pagar tanto dinheiro. Ou então eu poderia dizer que quando eu falava com artistas que respeitava, Paul Butterfield, Michael Bloomfield, Jerry Garcia, e perguntava quem era o cara, quem era o número de suas listas, eles sempre diziam que era você.

Tentei ser humilde com ele. Nada de ‘você tem que vir tocar no maravilhoso Fillmore’. Foi o contrário. ‘Todo mundo me diz que eu preciso convencer você a tocar. Eu sou fã de música latina e não conheço a sua música. Sou fã de Carmen MacRae’. O pessoal dele me perguntou sobre os jovens que iam ao Fillmore e as drogas que tomavam. Só faltava acharem que havia rituais de vodu no lugar. Aquelas tintas, as luzes, as roupas malucas. Era uma coisa estranha para eles. E esse foi outro motivo por que ir até Macon ajudou. Porque eu era um cara supercertinho que não se vestia de um jeito maluco. Finalmente, ele concordou em vir com sua banda, chamada Robert Hathaway Band. Ele tocou em dezembro de 1966. Otis Redding foi o talento mais extraordinário que eu já vi na vida. Disparado. Não havia comparação. Nem naquela época, nem agora.

Todo artista na cidade pediu para abrir o show do Otis. Na primeira noite foi o Grateful Dead. Janis Joplin chegou às três da tarde no dia do primeiro show para ter certeza de que conseguiria um lugar na frente. Até hoje, acho que nenhum músico conseguiu fazer com que todo mundo viesse para um show como ele fez. Todos os músicos apareceram. Ele era o cara. O VERDADEIRO cara. Gostasse de rhythm n’blues, rock de brancos, rock de negros ou jazz, a pessoa sempre ia ver Otis.

Ele tinha uma banda enorme. Dezoito músicos. Na primeira noite usou um terno verde, uma camisa preta e uma gravata amarela, com uma corrente de chaveiro pendurada no cinto. Tinha um metro e noventa. Era um Adônis negro. Ele se movia feito uma serpente. Uma pantera à espreita da presa. Ciente de que era o dono do universo. Belo, brilhante, negro, suado, sensual, apaixonado. Era o predecessor daquele que finalmente conseguiu tocar diante de uma platéia de fãs de rock and roll negros e brancos. Foi só quando Jimi Hendrix apareceu que me dei conta de que Otis esteve lá antes. Jimi foi o primeiro a ter mulheres brancas o desejando abertamente sem nem se dar conta disso. Mas Otis foi seu predecessor.

No palco o homem não parava de se mexer. Ele tocava uma música e, no fim, andava pelo palco. ‘Yeah! Uff! Hey! Oh! Yeah! Vamos lá! Oh! Yeah! Uff! Um, dois…’. e ai entrava na música seguinte. Três, quatro músicas depois do set da primeira noite, eu já estava em pé ao lado do palco. Eu não conseguia acreditar no quanto ele era bom. Ele começou a andar para cima e para baixo. ‘Yeah! Uff! Hey! Oh! Yeah!’. Enquanto fazia isso, uma mulher estava debruçada na frente do palco. Uma jovem negra belíssima num vestido decotado. Ela começou a suspirar como se não pudesse se conter. ‘Otis! Ah! Oh!’. Ele viu. Ele andava para cima e para baixo e dizia: “Yeah”. Estava com o microfone na mão. Ele a viu e ela disse: ‘Uhhh’. Ele atravessou o palco, se debruçou, pegou o microfone e fez uma coisa que nunca ninguém fez igual. Ele olhou para ela, e era um cara grandão e bonito, e ela estava toda animada. E ele disse olhando bem dentro dos olhos dela. ‘Essa vai com tudo para você, querida. Um, dois…’ e todo mundo fez ‘Hah!’ juntos.

Eu esperava algo especial, mas não aquilo. Aquela coisa animal. Ele fez algo naquela noite que ninguém conseguia fazer. Todo mundo batia palma enquanto ela falava ‘fa fa fa fa’ andando pelo palco. Quando terminou as pessoas estavam loucas, gritavam, ‘Yeah! Yeah!’, aplaudindo loucamente, e pouco antes do aplauso morrer tocou ‘I Been Lovin Too Long’. Ele sempre recomeçava logo antes do ânimo morrer. Logo antes de a platéia se acalmar. Vocês estão nas alturas? Vão cair? Eu ainda estou aqui. Não fui embora ainda. Ninguém nunca conseguiu isso. Até hoje eu nunca vi ninguém fazer isso. Quando Richard Pryor estava no ápice não dava para parar de rir. A gente ria, ria, ria de novo, e doía. No caso de Otis, nunca doía. O negócio é que ele era calmo. Era um cara relaxado. Mas se mexia também. Era o verdadeiro Tom Jones. A pessoa que Tom Jones sempre quis ser.

Foi uma maravilha. Otis terminou o show. Ele estava lá em cima, no camarote. Eu estava do lado de fora e ele me chamou: ‘Bill! Bill’. Eu entrei e ele disse: ‘Eu amo essas pessoas!’. Estava sem fôlego e suava loucamente porque tinha acabado de pôr o lugar abaixo. Estava lá sentado com um monte de toalhas, e eu disse: ‘Otis, nem sei o que dizer, meu deus’. E ai eu desatei a falar. A primeira coisa que ele me disse foi: ‘Muita mulher bonita aqui. Mulheres muito bonitas’.

– ‘Meu Deus’, eu disse a Otis. “Mais duas noites. Existe algo que eu possa fazer por você?’.
– ‘Não, não’, disse ele.

Quando eu estava saindo, ele disse. ‘Espere, Bill. A gente acabou de chegar da Inglaterra, e quando você faz shows lá nunca tem gelo. Será que você pode me arranjar um negócio grande com gelo e 7-Up’.

– ‘Sem problema’, eu disse.

Desci correndo as escadas até Denise, que trabalhava atrás do balcão. E falei:
– ‘Denise, preciso de contêineres grandes com gelo e 7-Up’.
– ‘A máquina quebrou’, ela me disse.
– ‘Como assim, quebrou?’
– ‘Bom, a gente continua servindo as bebidas, mas não tem gelo’.

Então sai de lá. Sai correndo de lá, possuído. Desci a Geary e fui até um mercado que ficava a um quarteirão de distância. Comprei um saco de gelo. Subi correndo a Geary de volta e entrei no Fillmore. Quebrei o gelo no balcão. Quando entrei estava resfolegando. Aí coloquei o gelo nos copos e coloquei o 7-Up. Quando cheguei lá em cima, comecei a pensar: ‘Como posso fazer o Otis saber que fiz isso por ele?’. De propósito, comecei a resfolegar de novo. Comecei a respirar como se tivesse corrido. ‘Aqui está o 7-Up’, eu disse. ‘Está bom de gelo?’.

– ‘O que houve?’, perguntou Otis.
– ‘Bom’, eu disse, ainda tentando respirar calmamente. ‘Não é nada demais… eu…. a gente… hm… a máquina de gelo quebrou. Eu tive que descer a rua para pegar gelo para você. Mas não foi nada’.
E ai Otis fez algo grande. Ele agarrou a minha camisa e disse: ‘Você fez o que? Você desceu a rua para pegar gelo para mim?’.
– ‘É. E o que que tem?’
Ele me deu um grande abraço. Depois se afastou e disse: ‘Deixa eu falar uma coisa, cara. Quando eu tocar aqui, a partir de agora, vou tocar para você’.

Se alguém quisesse saber como era o mundo dos negócios na música, eu sempre achei que aquela noite respondia. Como eu podia deixar claro que eu queria que ele voltasse a tocar para mim? Com 7-Up com gelo.”

novembro 19, 2008   No Comments

Sobre a palestra na Sercom

Lembra que eu tinha dito que iria palestrar na segunda passada na Sercom da UniRadial? Bem, foi. O pessoal adorou, mas preciso melhorar muito com palestrante. Mesmo. A palestra que dei em Araraquara, ano passado, foi melhor. Nessa da Sercom eu tentei seguir por temas e acabei me confundindo um pouco, mas a própria turma me ajudou com ótimas perguntas que permitiram que eu voltasse a falar de coisas que eu tinha pulado durante o bate-papo. Meta pessoal agora: montar uma boa palestra para uma próxima oportunidade. Seguem links do site do evento e uma entrevistinha que fizeram comigo (“mestre” é um tremendo exagero, mas tudo bem – risos):

– Sercom 2008 (aqui)

– Entrevista (aqui)

outubro 24, 2008   No Comments

Quadro de medalhas

Participei neste domingo da 5ª Corrida Santos Dumont, em São Paulo. Eram dois trechos e, totalmente fora de forma, aceitei o convite de Lili – que vem treinando faz alguns meses – para encarar a corrida de 5 quilomêtros. Acordamos às 6 e pouco da manhã (fui dormir quase às 4h após assistir o excelente GP do Japão – que corrida!), Lili tomou um rápido café, encarei um leite frio – que sempre ajuda a diminuir a força da gastrite – e lá fomos nós para o Campo de Marte.

Não lembro a última vez que havia corrido uma prova dessas, mesmo descompromissadamente. Faz um tempo que estou buscando uma atividade para fazer amparado naquela velha máxima de que é melhor cuidar do corpo, já que a alma já era (risos). Pensei no futebol, mas é preciso uma boa turma, sem panela, que não faça você correr a toa na quadra, e isso é difícil. A natação sempre foi vista com carinho por estes lados, e ainda devo encarar uma piscina. Só preciso encontrar um bom lugar, perto e… barato.

Ainda tem o squash, inspirado no começo de “Annie Hall”, do Woody Allen. Já acertei com um amigo, já vimos o preço da quadra, mas – putz – as raquetes são caríssimas. Ainda não dispensei a idéia. Nessa vontade danada de praticar um esporte diferente de levantamento de copo e arremesso de tampinha de garrafa, correr voltou a parecer uma boa solução. Isso de manhã. Agora, com a virilha detonada e o dedão inchado, começo a pensar duas vezes (hehehe).

A corrida fluiu super bem. Acompanhei Lili, e não quis forçar muito exatamente por não ter a mínima idéia do quanto meu corpo pode aguentar depois de tanto tempo sem fazer nada (e bebendo razoavelmente). Terminamos o trecho estipulado (ainda havia uma turma de 10 quilomêtros) em pouco mais de 35 minutos (fiquei em 177 na minha categoria, Lili em 78 na dela), o que pareceu bastante razoável, mesmo com o fato do vencedor da meia maratona do Rio de Janeiro, hoje, ter feito o mesmo trecho em 14 minutos. Como lembrança da prova a organização presentou os participantes com medalhas e, então, comecei a relembrar quantas medalhas já ganhei, e foram bem poucas, viu.

Tenho uma de bronze pelo terceiro lugar nos jogos escolares de Taubaté, mil novencentos e oitenta e pouco. Eu era goleiro do time de futebol de salão, e nossa sorte poderia ter sido diferente se não tivéssemos pegado o time do Industrial (colégio famoso de Taubaté, em que vários jogadores do time treinavam no time do Taubaté num ano em que o Taubaté ainda estava na primeira divisão do Paulistão). Seguramos a pressão até os 6 minutos, quando tomamos o primeiro gol e uma avalanche na sequência: 9 a 1. Fomos disputar o terceiro lugar, e vencemos.

Outra medalha, de prata, foi de uma gincana municipal muito bacana, daquelas que movimentam a cidade e tal. Ficamos em segundo, e nunca mais me devolveram um guia de todas as Copas do Mundo que emprestei para a equipe em um quesito que dizia que tinhámos que levar uma foto da Seleção Brasileira campeã em 1970. Fora isso, tem um quarto lugar em tênis de mesa em dos jogos universitários (mas nem conta muito pois eu era reserva e joguei só uma partida), e um quinto lugar em xadrez, também nos jogos universitários.

Na verdade, meu “grande prêmio” é um pequeno troféu que ganhei na Semana de Comunicação de 1996, o de dupla campeã do 1º Campeonato de Truco da Comunicação Social. \o/. É sério. E foi muito legal ter vencido. Primeiro que as oito duplas que passaram para as oitavas de final eram duplas do curso matutino, o que permitiu muita tiração de sarro com o noturno. Segundo que joguei com um japonês do terceiro ano, pois meus dois principais parceiros – Pinda e Dadá – jogaram juntos.

A final fomos nós dois contra o Pinda e o Dadá, e mesmo eu conhecendo todos os sinais, truques e manhas dos dois, sabia que vence-los em uma melhor de três seria muuuuuito difícil. Mas o legal do truco é que você pode derrubar favoritos com blefes e, principalmente, com um casal preto. A jogada que nos deu o título é histórica na turma, por um fato inusitado. Pelo vidro da sala de aula, o Pinda conseguia ver minhas cartas, mas só foi perceber isso na última mão. Ele viu que eu estava com casal preto, e percebeu o que eu estava armando, mas não podia fazer muita coisa.

Ou melhor, podia: torcer para que o Dadá não viesse me trucando no fecha da segunda passagem. E ele veio. O Pinda quase levantou do seu lugar para tapar a boca do Dadá, que se empolgou e gritou nove após o meu seis, que já garantia o título, mas não impediu de berrar “doze, vice”. Saímos, se não engano, com algumas caixas de cerveja – que foram distribuidas para a turma – e o troféu de Campeão, o único troféu pessoal que tenho guardado em casa. Nem sei mais onde foram parar as medalhas, mas sei que, sábado que vem – se a dor na virilha deixar – vou correr no Ibirapuera de manhã. À tarde, uma cervejinha, pois ninguém é de ferro…

outubro 12, 2008   No Comments

Você já tomou Na Bunda?

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Calma minha gente, eu tô falando da cachaça. Com todo respeito, por favor. A picante aguardente de cana grossa envelhecida em tonéis de pau barbado e produzida no município de Cacete Armado de pai para filho desde 1924 (clique nas fotos abaixo para ler mais detalhes do hilário rótulo da cachaça) é apenas uma das várias vedetes que circulam nos balcões do Porto da Pinga, cachaçaria de Paraty (endereço no fim do post). Neste caso, porém, a piada é mais importante que a cachaça (de terceira linha), por isso, deixe-a para o final da noite.

Antes, prove nomes como Canarinha, Boazinha, Lua Cheia, Seleta, Prosa e Viola (todas de Salinas, MG), Claudionor e Januária Centenária (Januária, MG), Germana (Nova União, MG), Benvinda (Patos de Minas, MG), Paratiana (Paraty, RJ), Maria Izabel (Paraty, RJ), entre outros, apreciando o sabor, degustando mesmo. Tome uma Providência (Buenópolis, MG) e, se a grana estiver sobrando, pense em encarar uma dose da mítica Anízio Santiago (Salinas, MG), que pode custar entre R$ 20 e R$ 30 (a dose, não a garrafa).

Curta o cardápio escolhendo as pingas pelas madeiras dos tonéis e, quando estiver preparado, tente encarar a botija com aguardente Pirahy (Volta Redonda, RJ) envelhecida com cobra. Você não tem nem tempo de pensar. O barman coloca o jarro na sua mesa e antes de você perguntar algo, ele mesmo enche o copo e vira a dita. Se ele não cair nos próximos dez segundos, não perca o brio: encha o copo, vire de uma vez e bata na mesa. Apenas tenha cuidado quando sair. Caminhar no Centro Histórico de Paraty pode ser uma aventura. Aqueles paralelepípedos…

Ps. Este blogueiro não tomou Na Bunda… apenas deu uma bicadinha nela!

nabunda1.jpg nabunda2.jpg

Post escrito especialmente para o blog Bebidinhas (aqui)

Restaurante e Cachaçaria Porto da Pinga
Rua Matriz, 12, Centro Histórico, Paraty-RJ
(24) 99074370 / (24) 99580121

agosto 20, 2008   No Comments

Sobre sebos e Dawson’s Creek

Eu adoro sebos. Na verdade, sou viciado. Tenho amigos que não gostam de livros, CDs ou filmes usados. Eu não ligo. Se estiver em boas condições, e o preço estiver ok, não penso duas vezes. Há, em São Paulo, ao menos uns dez sebos que vivo batendo cartão. Quando pinta uma folga, como hoje, faça um pequeno roteiro atrás de algumas preciosidades. Existem uns bons sebos em Pinheiros, alguns ótimos na Teodoro Sampaio, na Augusta e no Centro da cidade. Hoje, pela correria, só consegui passar na Disconexus, uma loja bacana na Consolação quase com a Paulista (número 2682). Dá para perder umas boas duas horas lá (ainda mais que agora eles colocaram uma bancada enorme de DVDs), mas hoje deixei a passagem por todas as bancadas por uma olhada rápida.

Uma das partes da loja que sempre me atrai, e que sempre me faz sair com algo bom nas mãos, é a bancada de R$ 2,99 (quatro por R$ 10). Já encontrei ali em dias iluminados o “Wild Swing Tremolo”, do Son Volt, e o “Feast of Wire”, do Calexico. Hoje sai com o Thou (”Put us In Tune”, um CD que a Ju Alencar gravou num CDR pra mim anos e anos atrás), o “Disqueria”, do Radiola Santa Rosa (que o Azenha já entrevistou pro Scream), o Caesars (”Paper Tigers”, que o André sempre elogia) e o Josh Rouse que saiu no Brasil (”Home”), e que um amigo não acreditava ser possível achar mais. Presente pra ele. E tudo deu R$10.

Porém, quando estava no balcão, para pagar, olhei nas bancadas de entrada um box de DVD: a primeira temporada completa de Dawson’s Creek. Senti um deja vu. No Scream & Yell On Paper número 2, de janeiro de 1999, está cravado no editorial: “Textos, melancolia e paixão pela Joey: Marcelo Costa”. Sério. Passei uns dois ou três anos apaixonado pela Joey, personagem da Sra. Tom Cruise e mãe da fofinha Suri, Katie Homes, na época. A título de info, Dawson’s Creek foi uma série exibida originalmente entre 20 de Janeiro de 1998 à 14 de Maio de 2003 pela Warner Channel.

No Brasil, Dawson’s Creek passava na Sony, e em uma época que não havia TV paga em casa, e não tinha como baixar os episódios na web como acontece hoje. Resultado: um amigo gravava os episódios inéditos em VHS na segunda, e me levava na faculdade na terça. As duas primeiras temporadas da série são sensacionais, mas o clima cai da terceira em diante, quando o criador Kevin Williamson abandona o barco para arriscar um outro projeto, e só retorna para fechar a tampa da série, em 2003, com o episódio final.

Que eu me lembre, só assisti às três primeiras temporadas. Ao final da terceira, que já não tinha o mesmo brilho das duas primeiras comandadas por Williamson, desencanei e me separei da Joey – e, obviamente, da ex-Sra Heath Ledger, Michelle Williams, e também da (suspiro) Meredith Monroe, que fazia o papel da Andie. Não sei nada do que aconteceu nas temporadas seguintes (vi um outro episódio esparso zapeando pela TV) e nunca me deu vontade de descobrir, mas sempre quis, ao menos ter as duas primeiras temporadas em casa, para matar saudade. Agora tenho a primeira. Não resisti.

Ps. Uma das lembranças mais divertidas que tenho da série, porém, não é da série. No VMA de 98, apresentado por Samuel Jackson, numa das brincadeiras aparecem Dawson e Joey. Ela vira pra ele e diz: “Dawson, cansei dessa enrolação toda. Vamos nos beijar”. O drama da série era exatamente esse: Joey e Dawson demoram anos para ficarem juntos (tipo Jack e Katie em Lost). Na piada armada pela MTV, porém, a câmera faz o close de um personagem, olhos fechados e biquinho esperando o beijo, e em seguida do outro. Quando a cena abre, está cada um de lado do quarto, e pelo jeito vai demorar anos para esse beijo sair.

Eis que, então, entra pela janela Samuel Jackson, taco de beisebol na mão. Joey, desde criança, sempre entrou no quatro de Dawson pela mesma janela, nunca com um taco de beisebol. Está tocando a música tema da série, o casal sem ser casal naquele lenga lenga que sabemos que não vai dar em nada, e Samuel Jackson estraçalha o toca-fitas com o tema da série. Dawson e Joey param imediatamente. Samuel pergunta: “Eu odeio essa música. Podem continuar”. Eles ficam estáticos. Samuel, então, improvisa e começa a cantar o tema da série. Eles voltam ao beijo. É sensacional (procurei no Youtube, mas não achei).

Hoje em dia, Dawson’s Creek não entraria num Top 5 de séries que mais gostei de assistir, e olha que eu nem devo ter assistido dez séries inteiras. Um pouco pela irregularidade do roteiro pós saída de Kevin Williamson, outro pouco devido ao fato de que Friends, Simpsons e Seinfeld tem lugares garantidos no podium, e são imbatíveis. Mesmo assim, eu acho que devia aquele cara de dez anos atrás esse fragmento de felicidade de cultura pop. Talvez, assistindo agora, eu não ache essas duas primeiras temporadas tão boas quanto as achava na época, mas com certeza devo passar alguns meses apaixonado pela Joey… novamente.

junho 24, 2008   No Comments

Sonic Youth, Sinatra, Coldplay e Podcast

O Rodrigo Ortega, do ótimo Pílula Pop, convidou alguns malucos para elegerem quais músicas deveriam entrar numa coletânea do Sonic Youth, gente como Alexandre Matias, Jair Naves, Bruno Dias, Gabriel Thomaz, Rodrigo Lariú e… eu. Escolhi uma música da fase recente (coletâneas sempre tem uma, né), e deixei para os craques na juventude sônica a escolha do material mais – ahñ – clássico. A lista toda, com pequenos comentários, você lê aqui.

A Mariana, do marketing a Abril, achou que uma promo que eles estão fazendo lá – sorteando dez boxes da fase dourada do Frank Sinatra no cinema – era a cara dos leitores deste blog. Também acho, Mariana. Mas tem que fazer cadastro… (e cadastro é algo tão 1998 na web).

O Allan Lito me convidou para participar da gravação do podcast Frequência Damata #7. Topei, e a gente deve gravar nos próximos dias.

Nesta sexta tem 500 Toques. Faz um tempo que estou querendo instituir coluna na segunda, e 500 Toques na quarta e na sexta, mas quem diz que o tempo deixa. Nessa semana, no entanto, consegui. Vê lá a partir das 8 da manhã o disco que, pra mim, poderia assumir o posto de “Pet Sounds” do século XXI.

Para quem não anda prestando atenção na capa do Scream & Yell, a Juliana Zambelo estreou um novo blog, Supernovas, voltado para novidades da música.

Eu juro que tento ir com a cara do Chris Martin. Juro. Então surge uma noticia de que o cara se quebrou no ensaio da banda!?!?! Como assim???? Depois surge o próprio dizendo na RS que Brian Eno o avisou que suas letras não são lá grande coisa, que a banda é repetitiva e que as músicas do Coldplay são longas demais (tudo aquilo que nós já sabíamos). Quanto mais perto chega a data de lançamento do álbum, mais bobagens sobre a banda surgem no noticiário. Eu queria falar bem desse disco… aliás, vocês conseguiram ler o que o Andy Gill, do Independent, escreveu sobre a banda? O título do texto é: ‘Why I hate Coldplay’. Imperdível (aqui).

Por fim, o Maurício Teixeira, amigo e ex-chefe, após 15 dias de férias da internet, voltou ao seu blog de bola, no iG, com uma certeza: não existe futebol sem internet. Sempre me pergunto: como a gente vivia sem internet no século passado? Os argumentos do Mau são precisos, certeiros, e podem ser adaptados na sua totalidade ao conteúdo de música, filmes e séries que povoa a web. Leia a coluna (curtinha) do Mauricio e concorde conosco.

Faltam 15 dias para as férias, 19 para a viagem. Começou a contagem regressiva!

junho 12, 2008   No Comments