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Category — Bobagens

Calma, esse blog não morreu

Eu só estou extremamente enrolado com mil e uma picuinhas. Volto logo para contar a nova confusão sobre o apartamento.

abril 26, 2010   No Comments

E 2009 chegou ao fim…

Ok, só chega depois da meia-noite, e estou devendo um post caprichado com umas coisas que estão flutuando na minha mente, mas quem disse que sobra tempo. Hoje tem discotecagem de réveillon na festa de um amigo (bora ae, vamos lá), e será a segunda vez que entro o ano discotecando, o que é bem legal. E sábado tem discotecagem na Festa Urbanaque, na Funhouse. Se não rolar de você aparecer em alguma das duas festas, fica um abraço sincero e um desejo enorme de que 2010 seja um ano sensacional para todos nós.

Eu estava meio encanado com 2009, mas não posso reclamar muito. Aconteceram coisas bacanas nestes últimos 365 dias, mas isso eu penso ali pelo dia 03 ou 04… por enquanto, vou selecionando as músicas para começar o ano pulando muito. E sorrindo. Obrigado, de coração, por abrir essa página. Vai parecer piegas, e eu e você sabemos, mas não tem jeito: eu coloco a minha vida aqui. Tento ser o mais honesto e verdadeiro possível. Tento dividir as coisas boas com você para que você tente sentir a mesma coisa que eu. Desabafo para você não ter a impressão que isso aqui é um conto de fadas. E não é mesmo.

Há um cara que sorri e chora deste lado.  Briga com a mulher que ama, mas sempre diz que a ama. Ouve discos como se precisasse mais deles para respirar do que ar. Tenta a todo custo se desamarrar das armadilhas da rotina, do emprego que consome a alma, da vida cotidiana. Se arrisca na cozinha sem conhecer muito bem os temperos. Bebe champagne caro para escrever um texto, mas gosta mesmo de cachaça e cerveja. Aprendeu que viajar libera os sentidos. E, se pudesse, levaria você e todo mundo que quisesse nesses roteiros malucos que faz.

Se você, caro leitor e amigo, não estivesse aqui, eu continuaria existindo, mas a vida iria ser mais cinza e sem graça como se eu vivesse em um quarto escuro sem janelas. É bom demais saber que alguém ai do outro lado está reciclando essas palavras, e transformando-as em idéias, sonhos, sons, passeios, drinks e pratos. Está pegando uma idéia primária minha e desenvolvendo-a, transformando-a em algo melhor. Que 2010 seja um ano repleto de transformações. Que novas idéias apareçam e que a gente consiga construir uma casa melhor, uma cidade melhor, um país melhor, uma mundo melhor para nós mesmos.

Obrigado a você por me dar a chance de contribuir com isso. A minha parcela nisso tudo é pequena, é simples, mas é de coração. Feliz 2010.

dezembro 31, 2009   No Comments

Um exercício de desabafo

Não perca tempo com isso. É só um exercício de desabafo.
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Estou cansado. Muito. Demais da conta. Não, não é só um cansaço físico. Estou cansado de estar vivo. Respirar anda pesando. E o que a gente faz numa dessas? Um espertinho diria: “Se mata”. É uma opção, não nego, mas quem diz isso não entende que a minha paixão por Woody Allen, por exemplo, começa deslumbradamente em “Annie Hall”, na forma em que ele explica a vida, que segundo o personagem Alvin Singer é “cheia de solidão, miséria, sofrimento e tristeza, e acaba rápido demais”.

É isso. Sem mais, nem menos. A gente se fode um bocado na vida, mas se eu puder viver 100 anos, com condições lúcidas, eu quero. É agora a hora em que alguém anota ai em cima o meu pedido. Nesses momentos de tristeza máxima, de se sentir um nada, lembro de uma velha canção de Raul Seixas, com letra de Paulo Coelho, que começa tristonha ao piano dizendo “tem dias que a gente se sente, um pouco talvez menos gente”. E depois de enfileirar toda macumba possível, a letra finaliza dizendo que está em qualquer profecia que o mundo se acaba um dia.

Esqueça o fim do mundo e concentre-se na tristeza. Estou dizendo isso para você, e também para mim. A tristeza é um ato umbiguista do caralho, mas lembrando de um ditado tosco, só quem come prego sabe o cu que tem. Pequena pausa risonha. Lili acabou de dizer que estou reclamando da vida. De novo. Oras, tem como aceitar essa vidinha que dão pra gente e dizem pra gente viver feliz e alegremente? A gente se engana durante algum tempo, mas a ficha cai. E dói. E cansa. É algo cíclico.

Sei lá. Estou cansado do mundo. Estou cansado do meu trabalho. Não sou daqueles que daria a vida para não trabalhar. Durmo sorrindo quando escrevo um texto besta como esse do Otto ou quando passo cinco horas decupando uma entrevista, como fiz com esse ótimo bate papo com o Wado. São coisas que me realizam, que me animam e me fazem ter vontade de chutar o mundo lá para o infinito enquanto os sonhos mais tolos se realizam, mas nem todos os dias são assim, afinal, as contas chegam.

Lili, que me ama de um jeito que me comove, tenta procurar saídas. “Eu queria te ajudar, mas não sei como. Vamos pedir demissão e ir pra Londres?”. “Será que adianta?”, eu respondo perguntando. “Será que a tristeza não está dentro de você?”, ela me devolve a pergunta, e eu acho que em dias como esse a tristeza mora sim em mim. Eu queria poder fazer mais do que eu faço, mas, bingo, quem não gostaria. Sinto-me vestindo meu uniforme de idiota. Ok, eu sou assim. Desculpe-me a decepção. O pescoço pesa sobre a cabeça.

Melhor falar sobre coisas práticas. Estou terminando de recontar os votos dos melhores da década do Scream & Yell. Foram 67 amigos votando, e o resultado ficou bem legal (ao menos a prévia). Aquela banda que todo mundo adora odiar hoje em dia deu um banho na concorrência, e acho que o Top 20 permitirá uma bela análise dos últimos 10 anos de nossas vidas. Talvez isso me baste por enquanto. Tem coisas extras para contar, mas vou guardar isso prum momento feliz. Acho que agora, sobretudo, eu queria me esconder. Vou tentar fazer isso. Ahhhhh, a tristeza…

Ps. Não consigo pensar em tristeza e não lembrar disso aqui

dezembro 7, 2009   No Comments

Temos nosso próprio tempo… mesmo?

E o fim de semana se foi – como se tivesse existido realmente. Plantão de fim de semana é algo crudelíssimo. Você tenta aproveitar um pouquinho o tempo que lhe resta, e claro que acaba passando dos limites e fica o dia seguinte prometendo não beber mais. Mas ninguém merece deixar de curtir o fim de semana. Se até o criador descansou no domingo.

Mesmo assim acho até que aproveitei este fim de semana de plantão mais do que os anteriores. Na sexta, após uma semana amarga de futuro incógnito no trabalho subi na compania de dois amigos a Augusta vindo da Faria Lima até a Paulista alternando latinhas de cerveja. Ainda paramos em um boteco argentino para uma Quilmes com empanada.

No sábado, mais correria. Passei na Velvet Cds, peguei uns discos e fui pra casa cochilar. A idéia era ver o show do Heitor e Banda Gentileza, mas quem diz que consegui sair da cama. Tiago Agostini marcou presença, e no bar horas depois foi bastante elogioso. Ainda quero vê-los ao vivo e ouvir com calma o CD que eles acabaram da lançar.

A noitada de sábado (aproveitando a entrada no plantão às 15h do domingo) foi na Funhouse na companhia de grandes amigos e um ótimo show na Festa Urbanaque, dos chapas Bruno, Cirilo e o Leonardo Dias mais a Mariangela Carvalho (aviso assim que ela colocar no ar o programa de rádio que gravamos) e as queridas Pamela Leme :)~ e Katia Abreu, da Alavanca.

No palco minúsculo da Funhouse, Stela Campos. Deve ter sido o terceiro ou quarto show que vi da Stela, e fico me perguntando por que não paro para ouvi-la com mais calma. Adoro os shows dela, principalmente o fraseado de guitarra que vira e mexe bate forte em meu peito roqueiro apaixonado por sons ásperos que sonham ser melodiosos.

Queria que a voz de Stela estivesse mais definida no show, mas tem coisas que a gente precisa relevar nas casas noturnas brasileiras. Já vi shows fodas na Funhouse, como a melhor apresentação que assisiti da Walverdes e um momento antológico: Replicantes com Wander Wildner no vocal e uns 30 caras (eu incluso) se matando no pogo na pista.

O som de Stela (assim como o de muita gente boa dessa nova safra), porém, precisa de um cuidado maior, mas nada que tenha impedido o público presente de curtir o show, instrumentalmente impecável. Peguei o “Mustang Bar” pra ouvir no plantão de domingo, e quero ter fôlego para ainda escrever dele. É daqueles discos que você não quer parar de ouvir.

A ressaca do domingo foi morna, talvez devido à quantidade de água que bebi alternando com a meia dúzia de Stella Artois. O sono foi bom, e a chuva que baixou em São Paulo no começo da manhã serviu para amaciar o mormaço do calor insano que tem nos acometido nos últimos dias. Almoço na feira (dois “pastel” e caldo de cana) e… redação. Tô com a alma cansada. Muito cansada…

Isso tudo é meio que um desabafo / explicação sobre o sumiço. A vida está dando nó nos meus sonhos, e estou enlouquecendo de tristeza e raiva por não estar conseguindo desatar esses nós. Ok. Muita hora nessa calma, como diria um amigo. Ou, como diria outro, temos todo o tempo do mundo. Nada de tempo perdido, ok. Estou exercitando meus pensamentos de fuga. Uma hora sai.

novembro 15, 2009   No Comments

Dezenove dias para as férias

Começou a contagem regressiva. Tirando os quatro dias do próximo feriadão são apenas 14 dias de trabalho (estou de plantão na última semana antes das férias), e então 37 dias de andanças pelo Velho Mundo. Estou precisando demais disso. A vista está meio turva, o cérebro não consegue chegar a um resultado satisfatório numa soma de 2 + 2, e o frio paulistano chegou definitivamente. Hora de dar uma volta.

Ando um pouco relapso com meus textos, eu sei, mas acredite: não é por vontade própria. Algo está me bloqueando. Não tenho conseguido passar as coisas que venho sentindo para as folhas brancas do Word. Às vezes parece que ando com o coração envolto em uma bolha de plástico que o protege das coisas ruins do mundo, mas também das coisas boas. O que não quer dizer que não ando me arrepiando ultimamente. Imagina.

Por exemplo: na semana passada trouxe para o trabalho o bootleg das sessões de Elvis Costello com Paul McCartney. Assim que começou “My Brave Face”, com os dois dividindo os vocais, me arrepiei. Ainda não comentei da sessão do filme “Joe Strummer – O Futuro Não Está Escrito” (baixe aqui – com legendas toscas em português), mas sai da sessão revigorado, como se minha alma tivesse tomado uma ducha quente.

E, também, comecei a ler o sensacional “Um Ano na Vida dos Beatles e Amigos”, de Clinton Heylin (leia o prefácio aqui), cujos primeiros parágrafos serviram para voltar a me dar um norte sobre as coisas que me motivam a escrever. “Em muitos aspectos, o verão de 1967 foi o momento em que o resto do mundo alcançou os mais descolados, que haviam visto o mundo pop virar de cabeça pra baixo no ano anterior (algo muito parecido com o punk, uma década mais tarde”).

O fato é que ando em débito comigo mesmo – e com você. Vou tentar corrigir isso nos próximos dias, assim como vou atrás de um netbook para levar na viagem e relatar com mais precisão essa segunda ida ao Velho Mundo – e todos os pontos turísticos, e todos os shows, e todas as alegrias e mancadas. Saio de São Paulo em direção a Paris no próximo dia 27 voando de Airbus da Air France. Melhor não pensar muito, né. Mas que dá um friozinho no estômago, ahh dá.

27/06 – São Paulo / Paris
28/06 – Paris / Londres
29/06 – Londres
30/06 – Londres
01/07 – Londres
02/07 – Londres (Hyde Park: Blur, Foals, Friendly Fires, Crystal Castles)
03/07 – Londres / Paris
04/07 – Paris / Leuven (Rock Werchter: Nick Cave, Franz Ferdinand, Mogwai, Yeah Yeah Yeahs, Kings of Leon, Kate Perry, Social Distortion)
05/07 – Leuven / Paris
06/07 – Paris
07/07 – Paris (Leonard Cohen)
08/07 – Paris
09/07 – Paris
10/07 – Paris
11/07 – Paris / Bruges (Cactus: Paul Weller, Gutter Twins, Cold War Kids)
12/07 – Bruges (Cactus: Joss Stone, Calexico, Magic Numbers, !!!)
13/07 – Bruxelas / Berlim
14/07 – Berlim
15/07 – Berlim
16/07 – Berlim / Pisa / Firenze
17/07 – Firenze
18/07 – Firenze
19/07 – Firenze / Roma (Bruce Springsteen)
20/07 – Roma
21/07 – Roma
22/07 – Roma
23/07 – Roma / Veneza
24/07 – Veneza
25/07 – Veneza
26/07 – Veneza / Barcelona
27/07 – Barcelona
28/07 – Barcelona
29/07 – Barcelona
30/07 – Barcelona / Madri
31/07 – Madri
01/08 – Madri
02/08 – Madri / Paris / São Paulo

junho 8, 2009   No Comments

Das coisas que me explicam

>De resto, tudo bem. Eh impressionante como essa poluição toda me faz >bem para alma.

Meu Deus, os paulistas realmente nao sao deste planeta, isso eh pq vc nao mora no Rio, eu vejo o mar e o sol e a lagoa e a montanha todos os dias… todos os dias Deus me lembra que estou viva

> Hoje vou ver “Dali” no Masp. E eh isso. A tristeza esta me pegando sei >la porque e isso tem me arrebentado…

A tristeza esta te pegando pq vc gosta disso. Vc eh meu companheiro “ludico”, vc eh o elemento de insanidade e irrealidade do meu cotidiano. Vc pra mim nao existe, certo? Vc eh palavras bonitas e poemas no meu dia; vc eh a magica que eu nao tenho normalmente. E por ser assim, vc eh tristeza e alegria (mesmo que melancolica), pq eh so sentimento puro; e mesmo que voce me fale do sanduiche de cebola, nozes e repolho que comeu, mesmo assim sera belo pq eh um contexto de conto-de-fadas, nao eh simplesmente a narracao de uma refeicao, e sim algo bem mais profundo, uma constatacao paradoxal da sua existencia – eu nao *imagino voce, voce *eh*, apesar de nao existir. 

Fragmento de correspondência pessoal SP/RJ, 1999

maio 18, 2009   No Comments

Remexendo textos antigos

Teoria de Alison

por Miguel F. Luna

“Oh, it’s so funny to be seeing you after so long, girl.

And with the way you look

I understand that you are not impressed.”

Essas são as três primeiras frases de “Alison”, canção de Elvis Costelo, clássico absoluto. E é a canção que empresta som, palavras e sentimento para esse texto, ou melhor, teoria. Essas frases já são uma pista mas o que vem a ser a Teoria de Alison? Bem, a teoria de Alison é uma equação muito simples:

{É só juntar um cara legal, uma garota bacana, platonismo à vontade, alguns itens da Lei de Murphy, e, às vezes, um relacionamento quase perfeito acontece. Quase perfeito. Aí é só bater no liqüidificador e beber o resto da vida entre silêncios e sonhos}

Alisons são aquelas garotas que marcam a vida da gente e que a gente não consegue esquecer com o tempo, ao contrário, elas nos tomam cada vez mais, como se só existissem elas no mundo. Sei que não existem apenas elas, mas isso é inexplicável, acontece. E acontece a ponto de as tornarem as maiores adversárias de novos relacionamentos, embora nem estejam mais ali, talvez apenas como fantasmas, mas nós acabamos sempre as querendo. É diferente de flertes corriqueiros e inconseqüentes e é sacrifício até manter a amizade depois que a história chega ao fim, ou melhor, quase início.

Ela pode ser qualquer garota, como a vizinha, uma colega de classe, a amiga de um conhecido, a irmã de uma amiga, a namorada do melhor amigo, uma prima, qualquer uma. Parece piada, mas acredite, não é. Acontece. Quem tem uma Alison tem também uma porção de histórias tragicômicas para contar. Eu mesmo tenho um monte e daria para escrever um livro só contando minhas mancadas.

Cada um deve ter a sua Alison. Eu tenho a minha, bonita, inteligente, frases iniciadas por um e finalizada por outro, quase beijos, e por fim, silêncios. Tá, ela me envia emails vez em quando. Mas já não está sozinha, o que a torna ainda mais impossível. Mas é a minha Alison, vou fazer o que? Não escolhi. Ela me apareceu do nada, numa tarde de julho a quase 800 km da minha casa (acho que fui eu que apareci) e, bem, ela vai se casar em setembro e eu não quero ser muito sentimental (como canta Costelo) mas a vida segue, cada um na sua, e geralmente Alisons nos trazem tristeza. É a sina. Eu só sei que ela não é minha.

Isso é o fim ? Não, como eu disse, a vida segue. Apenas segue mais arrastada. Isso tudo não impede da gente encontrar alguém e se apaixonar e tal. Eu já me apaixonei mas não foi lá grande coisa, nem por culpa da paixão mas por culpa da Alison. Mesmo assim acredito que a minha garota está andando por aí e qualquer dia eu a encontro. Acredito. Mas Alison é Alison, a gente bebe a vida inteira dessa chuva. E desde então parece que tem chovido sempre. Sempre.
“Alison, my aim is true. My aim is true.”

Miguel F. Luna, 25, é cercado por fantasmas e escreve sobre silêncios.

Reflexões Alisônicas

Por Miguel F. Luna

É meio de semana, quarta-feira de um mês de junho friorento que já derrubou um punhado de amigos meus, com gripe. No som, Yo La Tengo novo, lindo lindo e… lindo. Mesmo assim, e sem ouvir, a canção dos últimos dias tem sido Alison, do Elvis Costelo…

Não, ela não ligou, não mandou e-mail e nem apareceu na porta de casa vestida em um paletó de couro sobre um pijama de bolinhas. O que me fez cantar “my aim is true” em pensamento todos esses dias foram a porção inimaginável de cartas e emails que recebi, de gente elogiando a teoria (publicada na edição anterior), o texto, a canção, tudo. É muito legal ter um feedback desses, principalmente na passionalidade que o texto passava. Mas, saibam, fiquei preocupado.

Preocupado pois sei que por trás dos elogios existem uma porção de pessoas vivendo situações terrivelmente alisônicas, cujo sintoma maior é a perda de alguém que a gente julga “a pessoa certa” para nós. Por isso, vivemos a margem, romances incompletos. Não é legal, mesmo. A não ser que você nutra alguma chance de retorno, ai vale. Caso contrário, é tragédia grega.

No meu caso particular, exemplificando, Vitória é uma cidade proibida. Não piso lá nem que alguém diga que Ian Curtis ressuscitou para um único show com a formação original do Joy Division em que ele vai cantar Atmosphere. Nem. Então, bola pra frente, certo. Certo?

Errado. Não consigo me apaixonar e acho que a garota que eu tava paquerando, e que eu queria que se apaixonasse por mim, se achou carta fora do baralho, por esse papo de Alison, e desistiu. Não é legal isso. Nem um pouco.

Não é legal ter uma Alison. É legal ter uma Ana (”She’s my fave, undressing in the sun”), é legar ter uma Sweet Jane (”Cause life is just die, but, anyone who has a heart wouldn’t want to turn around and break it”), é legal até ter uma Metal Baby (”My Metal Baby, made me take her to the heavy metal show”) ou uma Lump (”Lump lingered last in line for brains and the one she ot was sort rotten and insane”). Alisons só dão dor de cabeça. E corações partidos.

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Garotas perguntam: uma menina pode ter um Alison? É claro. Infelizmente vocês não estão livre. Nem os gays, nem os negros, nem os japoneses, nem os marcianos, nem os personagens de Woody Allen e muito menos Spit, personagem principal do romance rock and roll Clube dos Corações Solitários, de André Takeda, se salvam.

*****

Garotas continuam perguntando: é possível ter dois Alisons? Com muito azar, sim.

*****

Teorizando em nível rasteiro: talvez Alisons sejam Copas do Mundo perdidas como as de 50 e a de 82. Permanecem mais que conquistas como a de 94…

*****

Alguém cantou baixinho no meu ouvido:
“as brigas que eu ganhei, nenhum troféu como lembrança pra casa eu levei.
as brigas que eu perdi, essas sim, eu nunca esqueci, eu nunca esqueci…”

*****

Enriquecendo o repertório de Alisons:
“Alison Road”, dos americanos do Gin Blossoms, foi a canção de fundo desse texto.

“I’ve lost my mind on what i’d find, and all of the pressure that I left behind on Alisson Road.
Now I can’t hide so why not drive I know I want to love her but I can’t decide on Alisson Road
Dark clouds file in when the moon in near birds fly by a.m. in her bedroom stare
there was no tellin what I might find I couldnt, see I was lost at the time…
Yeah, I didn’t know I was lost at the time on Alisson Road”

Miguel, 26, sabe tanto de Alisons quanto falar francês, ou seja, nada…

Nota do Editor: a Teoria de Alison foi publicada pela primeira vez na versão on paper do Scream & Yell, em março de 2000. Foi um dos textos mais comentados da edição, rendendo muitas cartas e comentários ao autor, que ainda preparou um segundo texto, que estaria no número 7 do Scream & Yell On Paper, mas acabou sendo publicado na versão on line, na estréia do site, chamado “Reflexões Alisônicas”.

março 29, 2009   No Comments

A moderna música brasileira

Quarta-feira, quase 20h. Em um taxi que cruza a Consolação em direção ao Shopping Higienópolis, o motorista liga o rádio. O locutor apresenta o bordão da FM – ”Nova Brasil FM, a moderna música brasileira” – e solta, na sequência, “Os Outros”, do segundo disco do Kid Abelha e os Abóboras Selvagens, de 1985. Em seguida, uma do Djavan tão ruim que não vale nem a comparação com outras do artista (também poderia ser Jorge Vercilo, não consegui identificar). Depois, “Me Liga”, do segundo disco dos Paralamas do Sucesso, de 1984. Para fechar esse set “muderno”, uma do acústico MTV da Cássia Eller, de 2001. Não precisa muito para explicar o cenário desolador da música mainstream brasileira. Basta sintonizar uma rádio FM e ver como eles pararam no tempo e estão matando a música. Alguém devia processar uma rádio dessas por falsidade ideológica e crime culposo.

março 26, 2009   No Comments

Discos que todo homem “tem” que ter

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A revista Esquire fez um listão com 75 discos que todo homem deve ter. A lista é bem polêmica, e nada confiável, mas divertida. Contei por cima e tenho 42 dos 75 discos, embora esse número possa subir se pensarmos que não tenho “The unreleased recordings”, do Hank Williams, mas tenho uma coletânea tripla com quase tudo do homem (e esse exemplo se estende a mais uns dez discos). O fato é que uma lista de macho com “Ziggy Stadust”, do David Bowie, “Grace”, do Jeff Buckley, “Dire Straits”, do Dire Straits, e “Rubber Soul”, dos Beatles, pode ser desconsiderada valida?

Falo isso pensando exatamente no Zeca Bordoada, mítico apresentador da TV Macho, “o programa que enfrentava um mundo cheio de frescura sem desafinar”. Eu não sei como é o macho na redação da Esquire, mas o macho da TV Pirata não tinha nada de delicado e nunca ouviria “Hallelujah”, com o Jeff Buckley e se fosse escolher um disco dos Beatles seria o “Álbum Branco”, um disco com “Revolution”, “Hapiness Is a Warm Gun” e “Helter Skelter”, e não um com “In My Life”, pelamordedeus.

Ps. Eu sou o macho da redação da Esquire. Ui. <3

Abaixo a lista completa. A reportagem original da Esquire está aqui. E a TV Macho… aqui. E fim de papo.

“Darkness on the edge of town”, Bruce Springsteen
“Phases and stages”, Willie Nelson
“The Stone Roses”, The Stone Roses
“Lust for life”, Iggy Pop
“The rise and fall of Ziggy Stardust and the Spiders from Mars”, David Bowie
“Live at the Apollo”, James Brown
“What’s going on”, Marvin Gaye
“Crooked rain, crooked rain”, Pavement
“Illmatic”, NaS
“Dire Straits”, Dire Straits
“American beauty, Grateful Dead
“Out of step”, Minor Threat
“Aftermath”, The Rolling Stones
“Paul’s boutique”, The Beastie Boys
“Led Zeppelin I”, Led Zeppelin
“Imperial bedroom”, Elvis Costello
‘The Cars”, The Cars
“Being there”, Wilco
“Destroyer”, KISS
“The bends”, Radiohead
“Gettin’ ready”, The Temptations
“Highway to hell”, AC/DC
“The dictionary of soul”, Otis Redding
“The headphone masterpiece”, Cody Chessnut
“The good, the bad, and the ugly soundtrack”, Ennio Morricone
“Blood on the tracks”, Bob Dylan
“Take a giant step/De ole foiks at home”, Taj Mahal
“Catch a fire”, Bob Marley
“MTV Unplugged in New York”, Nirvana
“The best of Mississippi John Hurt (Live at Oberlin College, 1966)”, Mississippi John Hurt
“The Traveling Wilburys, Vol. 1”, The Traveling Wilburys
“Live at the Old Quarter, Houston, Texas”, Townes Van Zandt
“Woke on a whaleheart”, Bill Callahan
“Rubber soul”, The Beatles
“The Velvet Underground & Nico”, Velvet Underground
“Workin’ together”, Ike & Tina Turner
“The Earth is not a cold dead place”, Explosions in the Sky
“True stories”, Talking Heads
“This is hardcore”, Pulp
“Appetite for destruction”, Guns N’ Roses
“In the wee small hours”, Frank Sinatra
“Sketches of Spain”, Miles Davis
“Combat rock”, The Clash
“Road to ruin”, The Ramones
“Marquee moon”, Television
“Animals”, Pink Floyd
“Doolittle”, The Pixies
“The adventures of Slick Rick”, Slick Rick
“Ready to die”, The Notorious B.I.G.
“The unreleased recordings”, Hank Williams
“Ten’, Pearl Jam
“Band of gypsys”, Jimi Hendrix
“Brighter than creation’s dark”, Drive-By Truckers
“Modern sounds in country and western music”, Ray Charles
“…And justice for all”, Metallica
“Fair warning”, Van Halen
“Reasonable doubt”, Jay-Z
“Pet sounds”, Beach Boys
“Exile in Guyville”, Liz Phair
“Look sharp!”, Joe Jackson
“Songs in the key of life”, Stevie Wonder
“Rage Against the Machine”, Rage Against the Machine
“Who’s next”, The Who
“Left to his own devices”, Vic Chessnut
“Sinfonia Nº. 5”, Beethoven
“Night beat”, Sam Cooke
“Songs of Leonard Cohen”, Leonard Cohen
“Penthouse”, Luna
“Buena Vista Social Club”, Buena Vista Social Club
“Small change”, Tom Waits
“Johnny Cash at Folsom Prison (Live)”, Johnny Cash
“Harvest”, Neil Young
“Mingus ah um”, Charles Mingus
“Sinfonia Nº. 5”, Gustav Mahler
“Grace”, Jeff Buckley

março 10, 2009   No Comments

Horóscopo do dia

Eu não lembro direito, mas vou dizer que o horóscopo do Bus TV pegou pesado com minha tristeza. Não tinha como não rir. Era algo sobre “Tudo bem que você está em uma fase péssima, mas não adianta ficar jogado pelos cantos”. O final era sensacional: “Avalie a sua honestidade e não queira bancar o infantil para resolver os problemas”. Uau. Valeu pela dica. Vou tentar caminhar um pouco em direção a lugar nenhum e quero ver se as nuvens cinzas vão me seguir. E vou parar de beber. Ok, vou diminuir a bebida. Como disse um amigo, “se você for beber apenas socialmente você está fudido. Eita cara sociável”. Não é assim, apesar que comecei a semana com dois half pint de Guiness na segunda e um pint inteiro hoje (depois uma Hoegaarden), mas o problema não foram esses dois dias e sim a ressaca de dias como quarta retrasada. Eu só lembrava do Gabriel Thomaz falando que parou de beber pois chega um ponto da vida que a ressaca parece que nunca vai embora. Cheguei nesse ponto. E ninguém merece ressacas de quinze horas. Caramba, eu só ia dar um oi, mas até que é bom escrever um pouco, desabafar, desestressar. Quem sabe as coisas não estejam voltando ao lugar, né mesmo.

março 3, 2009   No Comments