Category — Bobagens
Pequenos renascimentos
Pra muita gente, o fim de um ano e o começo de outro marca um recomeço. Aquele texto atribuído ao Drummond, mas que não é dele, é bem oportuno quando diz que “doze meses dão para qualquer ser humano se cansar e entregar os pontos. Aí entra o milagre da renovação e tudo começa outra vez”. Pra mim, isso acontece no meu aniversário. O começo de ano é sempre bom para planejar coisas, mas julho, por mais que eu tente insistir em não levar a sério o inferno astral, é costumamente um mês pesado. As pernas não querem se mexer, o corpo não quer se mover. Mas, bem, chega agosto e a vida começa de novo. E, desta vez, sem ser um setênio… : )
Ando bastante reflexivo nos últimos tempos. Cada vez me enxergo menos neste espaço, que deveria ser mais ego(ista) do que é (e basta uma passada na versão antiga da Calmantes pra ver que algo mudou: foi o mundo ou fui eu?). Mas falar sobre o que? Cinema? Até poderia, mas quero refrescar ainda mais as ideias para escrever longamente sobre “Hannah Arendt” e “Tabu”, dois filmes excelentes que vi neste fim de semana. Música? Talvez. Gostei muito do Selton (falei dele aqui) e acho que “Primavera”, do The Gift, caiu como uma luva na sonoridade que minha solidão particular buscava. Vou ouvir mais.
Vou retomar a leitura de “Bling Ring”, de Nancy Jo Sales. Estava adorando o caminho que a jornalista escolheu, e gostei bastante do filme da Sofia Coppola sobre o livro (humm, verdade, ele entra no Top 5 do ano, preciso arranjar um espacinho pra ele), mas no meio do caminho havia uma pedra, havia uma pedra no meio do caminho, e a leitura foi interrompida. Sei lá. Ando meio vivendo movido pelo sem querer, que me atrapalha, me distrai e me leva pela mão por territórios inóspitos do pensamento. Preciso de um hobby… Talvez. Talvez fazer cerveja em casa. Quem sabe. Está em standby. Como a vida…
agosto 5, 2013 No Comments
Enquete: Qual a melhor capa?
setembro 5, 2012 No Comments
Queria aprender a fazer nada mais vezes
Ontem fiz aniversário. Mais um. 42. Tirei o dia para fazer algo que tem sido muito raro por aqui: nada. Sinto-me culpado quando fico sem fazer nada, tanto que mesmo nas viagens arrumo mil e uma coisas, e quando percebo volto tão ou mais cansado do que quando sai (este ano foi assim). Neste 05 de agosto, porém, nenhuma culpa. Cheguei levemente bêbado ás 5 da manhã após aproveitar uma noite com alguns amigos, e decidi dar folga para as ideias. E gostei do exercício. Não fazer nada é bom! E, particularmente, neste momento em que estou fazendo mais coisas do que dou conta, que estou esticando os braços para abraçar o mundo (a Oceania e um pedaço do Japão estão escapando), foi bem revigorante. Claro que a semana começa, e o peso do mundo volta aos ombros. Qual a saída? Venho pensando cada vez mais nisso. Hoje recebi dois vinis do White Stripes, dois álbuns que eu já tinha em CD, MP3 e o escambau, e fico pensando se realmente eu precisava dele. Se eu preciso de tudo o que o mundo diz que eu preciso. É uma linha perigosa. Uma rua complicada de atravessar. Temos cada vez mais coisas do que damos conta de dar atenção, e muitas vezes o que precisamos é apenas desligar do mundo e fazer… nada. Funcionaria todos os dias? Quem sabe? Provavelmente eu não conseguiria, mas queria, cada vez mais, pular fora dessa roda da fortuna. Fico imaginando fugas, mas ainda assim precisaria abdicar de muitas coisas. Ok, eu abdico dos vinis do White Stripes, dos CDs (mas não dos MP3!), e acho que levaria um bocado de livros comigo, não muitos, mas um número possível que pudesse manter minha mente sã, a espinha ereta e o coração tranquilo. E trocaria num momento x, quando necessitasse. Porém, essa abdicação não funcionaria em São Paulo, onde se gasta demais apenas para respirar. E dai a coisa toda começa a crescer, o sonho todo começa a enlouquecer, o mundo começa a ganhar asas. Poderíamos morar em qualquer lugar, mas sem ser excessivamente hippie e chato. Poderia esquecer o mundo, e ser esquecido por ele. Talvez tivesse que abdicar do fazer nada. A vida simples, aparentemente, dá mais trabalho do que essa vida carregada de supérfluos. Talvez tivesse que viver – muitas vezes tenho a sensação que sou levado por algum sentido de obrigação, e quando percebo acordei, dormi e não vivi. Talvez não fosse ruim. Não que agora seja, por favor. Sou feliz, só estou cansado. Mas queria aprender a fazer nada mais vezes.
agosto 6, 2012 No Comments
Futebol Cards: Grandes Jogos
Não lembro direito o ano, mas foi no começo dos anos 80, provável que antes da Copa de 1982, na Espanha, mas sinceramente não me lembro. O grande chiclete da criançada, o Ping Pong, lançou uma coleção de cards colecionáveis que retratavam 52 grandes jogos entre times brasileiros de 1973 a 1979. Era a segunda grande coleção Ping Pong (a primeira era sobre jogadores), e a minha primeira.
Os cards vinham em um enorme chiclete prensado e eram divididos em grupos de dois: o primeiro trazia a ficha técnica do jogo; o segundo, o relato. Juntei todos, claro, e hoje, 30 anos depois, tentando organizar a bagunça do quarto, os encontrei. Dos 104 cards da época, 99 ainda sobrevivem na minha coleção (provável que os outros cinco estejam por aqui, em algum lugar – um dia eu acho).
Procurando no Google encontrei a relação de todos os jogos (aqui) e um arquivo com 75 dos cards escaneados (ah o mundo maravilhoso da internet – baixe aqui). Há até um site de colecionadores de cards Ping Pong (vale fuçar os arquivos da coleção de jogadores aqui). Além descobri que no Mercado Livre existe à venda quase todos os cards da coleção. Abaixo, cinco dos cinqüenta e dois jogos.
setembro 8, 2011 No Comments
Batendo bola no Canindé com Rai
Quem bate a falta? 😛
Ensaiando a jogada
Pose para a foto final
novembro 23, 2010 No Comments
Friends é Beatles, Seinfeld é Stones
Na tarde desta segunda, o grande Pablo Miyazawa soltou no Twitter:
– Por que é proibido falar mal de Friends, a série?
Na hora, sem pensar muito, tasquei:
– Porque eles são os Beatles das séries de TV (Seinfeld é o The Who)
O Tiago Agostini veio tergiversar, dizendo que “numa classificação tipo maior banda de todos os tempos = maior seriado de todos os tempos. beatles = seinfeld”, e fiquei matutando a questão – e pensando que apesar da violência (musical) em um (Who) e temática em outro (Seinfeld), o seriado está mesmo mais pra Rolling Stones do que para The Who.
Não sei ao certo qual das duas séries foi mais famosa nos Estados Unidos. O enorme cachê que os seis amigos embolsavam para fazer as temporadas finais de Friends me leva a crer que eles podem ter tido mais sucesso, embora Seinfeld seja melhor (e então começo a me enrolar), mas numa explicação rápida vamos deixar assim:
– Friends é certinha demais, pop até a medula. Mesmo as sacanagens que marcaram presença em algum episódio surgiam de modo inocente, como aquele do “pornô grátis”, uma coisa quase Beatles fase iê-iê-iê. Lógico que eles tiveram seus episódios chapados, Lucy In The Sky With Diamonds, como o aquele em Vegas, ou politicamente incorreto, como o que o Ross namora uma aluna (podem citar mais – se lembrarem – nos comentários), mas Friends era, essencialmente, uma série cândida (tão doce quanto milk-shake) que tentava flagrar a poesia do dia a dia através de uma relação de amizade que nasce em uma república estilizada e termina em um segundo matrimônio, o que não deixa de ser sintomático, afinal o humor de toda aquela relação de amigos sai de cena para ceder lugar a vida de casado, momento em que muitas amizades se distanciam.
– Já Seinfeld não. Seinfeld é o dedo em riste do politicamente incorreto, mesmo quando o seriado estava sendo politicamente correto como no episódio em que Jerry é confundido com um gay, e toda vez que renuncia o fato, solta a frase fenomenal: “Não que tenha algo de errado com isso”, uma frase que funciona a perfeição no duplo sentido: o literal, nada contra gay, e o metafórico, que o fato de já dizer isso prenuncia o algo contra. Porém, isso é fichinha perto de dezenas de deliciosas atrocidades cometidas na série em nome do bom humor.
Seinfeld, em certa altura, rouba o pão de uma velhinha indefesa. De uma velhinha!!!! Kramer luta judô com crianças de dez anos (e, claro, ganha de todas elas, mas elas vão a forra). Elaine quer dar um fim no cão do vizinho, que não para de latir a noite toda, e decide seqüestrar o cachorro. George, o rei do politicamente incorreto, poderia ter uma centena de citações.
Ele transa com a mulher da limpeza de um escritório em que começou a trabalhar; no próprio escritório (e quando perguntando pelo chefe sobre o fato apenas responde: “Não pode? Eu não sabia que não podia fazer isso nessa empresa” – assista). Em outra cena ele pega um bombom do lixo. É, do lixo (assista). Masturbação? (assista).
Já Newman, por sua vez, “empresta” um caminhão da companhia de correios em que trabalha para fazer um servicinho sujo. A lista é enorme e totalmente rock and roll.
Apesar de concordar com Tiago Agostini e com a Babee que Seinfeld é melhor (maior é algo para se avaliar por números), para mim, numa definição estilistica, Friends é Beatles e Seinfeld é Rolling Stones. Simples assim.
E, como observou brilhantemente Santiago, Lost era Nirvana. \o/
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No fim da tarde, começo da noite de terça-feira, a coisa toda virou uma febre no twitter. Muita gente dando seu pitaco sobre que banda seria tal seriado. Uma pequena seleção dos melhores aqui:
@manoelfrasaes The Smiths é Anos Incríveis
@noah_mera Arquivo X é Smashing Pumpkins
@NinaMagalhaesArquivo X é Spiritualized!
@Tales_Maia Arquivo X é Mark Snow =)
@kazinhalacerda Arquivo X é kraftwerk!
@BartBarbosa Arquivo X é Pixies
@_ana_c Arquivo X é Muse
@ocirederf Death Cab for Cutie é OC?
@leodiaspereira Os Trapalhões é Mamonas Assassinas
@sandro_serpa Twin Peaks então é Miles Davis fase Kind of Blue
@pamela_leme Malhação = Restart
@pamela_leme Everybody Loves Raymond = Lemonheads
@pamela_leme That’s 70 Show = Big Star
@_ana_c That 70’s show é Wolfmother
@michellepcs Six Feet Under é Radiohead
@michellepcs Will & Grace é Lady Gaga
@elson Super Vicky = Mallu Magalhães
@elson Sex & The City = Madonna
@Rodrigo_Keke Dexter seria Nine Inch Nails?
@fab77_ Dexter é Mr. Bungle
@louisdaher Black Sabbath = Dexter!
@LucasM4ndes Prison Break é meio Van Halen
@danielroda Eu, a Patroa e as Crianças = Jacksons Five!
@eldertanaka Fringe é Pixies
@toloi House = Bob Dylan
@Saymom8 Smallvillle é Coldplay?
@christopheeeer AC/DC é Chaves
@danielroda Simpsons = Oingo Boingo
@conector Two and a Half Men = Mudhoney
@mariarenata Two and a Half Man pode ser Eagles Of Death Metal
@Salvador37 Two and a half men poderia ser Black Keys
@carmessias Red Hot Chilli Peppers = Californication?
@sidfromhell E Californication seria Red Hot Chilli Peppers
@AnaMesquitafoto The grey’s anatomys é Interpol
@mpadrao A Grande Família é Robertão?
@ClaudioMottaJr Supernatural é RPM?
@fernanda_iaia Gilmore Girls tem bem mais cara de she&him
@AnaMesquitafoto Gilmore Girls é Belle e Sebastian
@_tigermilk Belle and Sebastian pra mim é gilmore girls
@carolruas Belle & Sebastian tá mais pra Gilmore Girls!
@patttdiniz Belle and Sebastian é Dawson’s.
@martimnb Belle And Sebastian é anos incriveis vai…
@lueba The Office é Grandaddy
@NinaMagalhaes How I met your mother é wilco
@nananeri Wilco = My Name Is Earl
@Rodrigo_Keke Mcguiver é lógico que é Rush
@LuisGuilherme 24 Horas seria Metallica?
@LuisGuilherme Slayer é 24 Horas
@kazinhalacerda Melrose é NoDoubt
@danielroda C.S.I. é The Who
@Rodrigo_Keke Heroes seria o Oasis?
@danielroda Queen = Glee?
@Chicocabron A Diarista é Calypso.
@aloi Seria Desperate Housewives, White Stripes?
@eldertanaka Weezer é The Big Bang Theory
@christopheeeer Weezer é The Big Bang Theory
@heroihc Big Bang Theory é Weezer!
@fab77_ Big Bang Theory seria Weezer?
Leia também:
– Top Five momentâneo de Seinfeld (aqui)
– Sobre o episódio piloto da série Seinfeld (aqui)
setembro 21, 2010 No Comments
Karen O, Spiritualized, Snow Patrol e depressão
Ando passando por uns dias depressivos, daqueles em que a tristeza surge sei lá de onde, se aloja no peito e tudo parece nublado, sem rumo e futuro. Passa. Tem que passar, né. Um bom acompanhamento para esse momento é a trilha sonora de “Onde Vivem os Monstros”, filme do Spike Jonze, que chamou Karen O (do Yeah Yeah Yeahs) para compor e cantar as canções de ninar do filme. Do jeito que estou poderia deixar a faixa que abre, “Igloo”, semanas no repeat. Não sei se já disse isso, mas adoro a Karen O…
Não gostei tanto do filme (falei dele um poquito aqui). Na verdade, não consegui absorver a história, mas tem coisas bonitas ali. Porém, o curta “I’m Here” – que o pessoal da Absolut apresentou para alguns convidados e que foi exibido dentro da programação do festival Rojo Nova, no Museu da Imagem e do Som (MIS) de São Paulo (o Guto escreveu mais aqui) – me balançou bastante. São apenas 30 minutos… intensos. Você pode assistir aqui (assista, assista). Fiquei uns dias pensando em como o fato de se doar para alguém pode ser tão… especial. Não sei se conseguiria. Acho até que a depressão veio após o filme… ou estava antes. Dúvidas.
Ontem fiz aniversário. Cheguei enfim aos 40 anos (que ninguém venha com esse papo de que a depressão tem a ver com a idade, hein) e fui recebido no clube por amigos queridos como Sérgio Martins e Marcelo Orozco, que mandaram mensagens ótimas no Facebook. Aliás, a melhor coisa de se fazer aniversário é receber o carinho de um monte de pessoas praticamente ao mesmo tempo. Ajudou a colocar um solzinho timido em meio ao nublado destes dias cansativos. Ganhei o livro do Peter Biskind (“Como a Geração Sexo-Drogas-e-Rock-and-Roll salvou Hollywood”), presente do Tiago Agostini, e já comecei a ler.
Hoje à tarde, a partir das 15h, vai ao ar o quarto programa Scream & Yell na Rádio Levis. O convidado desta semana foi o chapa de todas as horas André Fiori, capo da Velvet CDs, que escolheu uma versão de uma canção de Bob Dylan para rolar no programa e contou várias histórias bacanas. Me pareceu o melhor dos quatro programas que fizemos até agora.
Como estou sem internet em casa (a Net promete nos conectar amanhã) após a mudança, não assisti ao show do Arcade Fire, mas pela comoção dos amigos a coisa foi bonita. Vou esperar mais alguns dias para procurar, afinal, o show lindo do Spiritualized no Radio Music Hall, em Nova York, que foi transmitido pela web no dia 30 do mês passado já está circulando por ai. Baixe via megaupload aqui. Eles tocam o “Ladies” inteirinho e terminam com “Oh Happy Day”. Bem que o SWU, o Planeta Terra ou o Natura About Us podiam se animar e trazer Jason Pierce para estes lados, hein.
Falando em festivais, o anúncio do Snow Patrol no Natura About Us (16/10 na Chacará do Jóquei junto com Air, Móveis Colonias de Acajú, Karina Buhr, Cidadão Instigado, Cèu e Jamiroquai. Mais infos aqui) foi o primeiro a me balançar de verdade entre os shows que baixam nesse segundo semestre no Brasil. Já vi coisas deles ao vivo em DVDs, e percebi que os caras não são bons de palco, mas bora conferir, né. Ainda não comprei meu ingresso pro Planeta Terra (Lili bateu o pé: quero ir) e estou cogitando o SWU. Mas posso dizer que o Echo tocando o “Ocean Rain” é imperdível…
Semana que vem (mais precisamente no dia 10) tem Billboard com Katy Perry em destaque (a capa está uns posts atrás) e um materião assinado por mim sobre festivais. Ficou bacana. E ontem entrou para download a edição deste mês da Revista Noize (baixe ou leia online aqui). Minha coluna fala sobre músicas que resumem a gente. No meu caso, claro, uma bela balada do Echo and The Bunnymen que diz que as cicatrizes do tempo fazem com que a gente enferruje. Como manter a alma inquieta e continuar sonhando se viver é acumular tristezas? Reticências…
agosto 6, 2010 No Comments
Dias cinzas
Não sei o motivo, mas dias cinzas me lembram poesia. Não escrevo uma poesia já faz uns… seis anos. Mesmo assim, uma amiga me mandou um e-mail na sexta-feira:
– O site está lindo e sempre muito interessante. Ai lembrei-me de uma coisa: a muuuuuito tempo você tinha postado uns poemas seus lá e hoje tentei relê-los, sem sucesso. Inclusive estava procurando um em especial, lembro somente de um trecho e de certa forma me sinto envergonhada por não me lembrar do título. Era algo sobre a solidão freqüentar tanto a casa que já estava pegando cerveja na geladeira.
Fui olhar os poemas (eles estão aqui) e deu tanta saudade de escrever. Nisso colocamos na minha conta o fato de eu já estar bastante tenso com a mudança de apartamento (tenso leia-se: gastrite), não ter tido o melhor dos fins de semana dos últimos tempos, e ainda ter assistido a cinebiografia do John Keats, “Bright Star”. Tuitei assim que sai da sessão:
“Bright Star: um senhor chorava de soluçar ao meu lado numa cena mais bonita que o filme”.
E conclui:
“É uma pena não poder morrer tão facilmente hoje em dia. Nos resta… chorar.”
Uma amiga, espertamente, comentou:
“Saiu tuberculoso de Bright Star? =) // A ed. Hedra tem um pocket bilingue do “Ode sobre a Melancolia” do Keats. Fino”.
Não sei se sai tuberculoso do filme, mas vou comprar o livro (apesar de preferir muito mais os franceses aos ingleses) e ver se rabisco algum poema. Um dos motivos de não escrever tanto tempo é estar feliz (e a felicidade é brega em 99% dos casos). Porém, ando triste, os dias estão cinzas e não estou conseguindo dar conta do mundo. Se você acompanha esse blog há algum tempo sabe que não existe motivo de preocupação. Afinal é melhor morrer de vodka do que de tristeza, certo.
julho 11, 2010 No Comments
Sei lá
Sabe aquele fase em que a gente tem vontade de apertar o delete e começar tudo de novo? Todo mundo já deve ter passado por isso, acho. Eu vivo isso em turnos cíclicos, mas as coisas todas parecem estar mais densas agora, o que sempre é uma bobagem: as dificuldades que estamos vivendo sempre são as mais difíceis, embora se tivéssemos a visão do todo talvez observássemos que o probleminha de agora não é nada perto a outro que a gente já viveu.
No fundo, sei lá. Acho que tem um pouco de 11 meses trabalhando direto, e a cabeça está a mil pedindo férias. Nos últimos três meses vários projetos legais se acotovelaram pedindo espaço, e o coração grande vai tentando abraçar o mundo, em vão. Ele tenta, ele se esforça, ele se transforma em dois, três, às vezes quatro, mas chega uma hora em que a água cai fora do copo, e isso é inevitável. A gente respira fundo, toma um par de Dorflex pra amaciar a dor no corpo e tenta sonhar com anjos.
Olho pra esse blog e fico pensando que eu deveria escrever mais coisas assim. Aliás, quando ele surgiu, tinha esse propósito mais pessoal, mas o site acaba ocupando mais espaço, o social encobre o pessoal, e a vida segue, sabe-se lá até onde. O botão delete é tentador, mas fazer o que quando a gente não sabe exatamente o que fazer. O que quer. A vida é deveras complicada. É bonita, é bonita e é bonita, mas é deveras complicada. Fico pensando na sorte, se ela vai sorrir pra mim, quem sabe uma piscadela.
Em outubro o Scream & Yell completa 10 anos. Tenho medo de colocar no papel quanto tempo da minha vida dediquei para este site, seguramente mais tempo do que para qualquer outra coisa que tenha passado pelo meu caminho. Imagina que tudo que entrou no ar no Scream & Yell – absolutamente tudo – de outubro de 2000 até hoje passou por mim. Fui eu a apertar o botão “publicar” desde sempre. Assusta.
Um amigo querido se refere a mim como um cara tão concentrado quanto extrato de tomate, mas ando querendo fazer outras coisas, sentir outros sons, outros ritmos, outras pulsações. O horizonte é infinito e o futuro é repleto de possibilidades. Se eu pudesse escolher agora, talvez abandonasse tudo por um refugio em Barcelona, Veneza ou Paris. Ou em alguma vilinha de pescador no nordeste. Eu, Lili e um laptop sem conexão, quem sabe um livro pudesse nascer.
O mundo tem me esgotado. São Paulo tem me esgotado. E eu queria paz. Querer um mundo melhor e lutar por isso nem sempre resulta em um mundo melhor. A honestidade, meu amigo, é um fardo danado pra se carregar nas costas. Mas não nos restam muitas saídas. A gente segue vivo, brigando e respirando. Acreditando nas nossas convicções. Argumentando. E eu ando cansado de argumentar.
No fim, ando um pouco cansado de tudo. Talvez seja o acumulo de trabalho que faz um dia de folga virar um dia de stress total. Talvez seja a chegada dos 40 anos. Talvez seja a vontade de ser ermitão, de comprar uma casinha branca com varanda, um quintal e uma janela para ver o sol nascer. A vida é simples, dizem. Agora explica isso pro meu coração apaixonado, pra minha querida gastrite e pros meus pensamentos que não cessam.
No fundo, sei lá.
maio 3, 2010 No Comments
O bagaço de cada dia e alguns links
Tô um bagaço. E o mundo não para. Não vejo a hora das férias chegaram (faltam 16 dias) e esse espaço ser tomado por relatos do diário de bordo da viagem a Europa. Por enquanto, a gente descansa trabalhando e salivando projetos bacanas. Na semana que vem devemos estrear o programa Scream & Yell On The Radio, na Rádio Levis, e ouvir músicas novas de Romulo Fróes na Festa Scream & Yell #3. Ele prometeu. \o/
E ainda tem o entrevistão do mês, que não consegui me organizar para decupar, mas se tudo der certo (e vai dar), bate papo com Lulina e Stela Campos no ar na segunda-feira. Aliás, falando em tudo dar certo, “Whatever Works”, de Woody Allen, finalmente estréia no Brasil. Vou escrever sobre ele, nem que seja as três da manhã. Assisti na Mostra Woody Allen e vale a pena, mas exploro isso melhor depois.
O fim de semana promete, a partir de hoje. No momento que digito essas linhas, a queridíssima Lulina se apresenta no Sesc Consolação (sorry, @lulins, mas eu tinha que ficar em casa pra decupar a entrevista). Mais à noite, precisamente às zero hora em ponto, Karina Burh vai mostrar a sua ciranda do incentivo no CB, na festa Versão Brasileira, de Romulo Fróes, com Catatau na guitarra e Guizado Man nos sopros. Foda.
Nesta sexta, o chapa Thadeu Meneguini (ex-Banzé) sobe ao palco da choperia do Sesc Pompéia com uma penca de convidados legais para lançar o seu projeto Conjunto Vazio. Já confirmaram presença Alexandre Fontanetti, Tatá Aeroplano, Lobão, Genival Lacerda, Chuck Hipolitho e Tulipa Ruiz, entre muitos outros. O disquinho tem uma versão de “Síndrome de Brega”, do Lobão, que é uma música foda.
Mais à noite, na sexta mesmo, o Vanguart volta ao palco do Studio SP. To afinzão de aparecer, mas não sei se tenho pique. E ainda tem Wander Wildner no CB. No sábado, Nevilton e Aerocirco prometem um festão na sua, na minha, na nossa Casa Dissenso. Enquanto isso, na Funhouse, o pessoal do Apanhador Só mostra as músicas de seu excelente álbum de estréia (já baixou? Aqui). Como já vi o Nevilton ao vivo, vou garantir o meu lugar na Funha.
Além disso, tinha uma porrada de links que era pra eu ir despejando aqui durante a semana, mas quem diz que consegui me organizar. Então, alguns que eu lembro seguem abaixo. Coisa fina, hein.
– O futuro da música brasileira está sendo discutido intensamente e apaixonadamente nos comentários da Carta Aberta aos Músicos, que o João Parayba liberou para postarmos no Scream & Yell. O tema vale uma monografia. Leia aqui.
– Os 20 momentos chocantes do rock brasileiro. Leia aqui
– Saiu a programação da Virada Cultural 2010 (fracote, aliás). Veja aqui
– Ouça a música 220V do Cérebro Eletrônico em troca de um twitt. Aqui
– E a versão de “No Surprises“, com a Regina Spektor, já ouviu? Aqui
– A poesia completa de Vinicius está liberada na web. Imperdível. Aqui
– Como se ouve música hoje no Brasil, por Marco Tomazzoni. Aqui
abril 29, 2010 No Comments