Category — Cervejas
O dry martíni, por Luis Buñuel
“Meu drinque favorito é o dry martíni. Considerando o papel primordial que ele desempenhou em minha vida, vejo-me obrigado a dedicar-lhe uma ou duas páginas. Como todos os drinques, o dry martíni é uma invenção americana. Compõe-se essencialmente de gim e gotas de vermute, de preferência Noilly-Prat.
Os autênticos aficionados, que apreciam seu dry martíni bem seco, chegavam a dizer que bastava deixar um raio de sol atravessar uma garrafa de Noilly-Prat antes de tocar o copo de gim. Um bom dry martíni, diziam certa época nos Estados Unidos, deve se parecer com a concepção da Virgem Maria. Com efeito, sabemos que, segundo são Tomaz de Aquino, o poder gerador do Espírito Santo atravessou o hímen da Virgem “como um raio de sol passa através de uma vidraça, sem quebrá-la”. O mesmo se passa com o Noilly-Prat, diziam.
Mas eu achava isso um pouco de exagero.
Outra recomendação: convém que o gelo utilizado esteja bem frio, bem duro, para não soltar água. Nada pior do que um martíni aguado. Peço licença para dar minha receita pessoal, fruto de longa experiência, com a qual continuo a obter um sucesso lisonjeador.
Guardo tudo o que é necessário no congelador na véspera do dia em que espero os meus convidados, os copos, o gim, a coqueteleira. Tenho um termômetro que me permite certificar-me de que o gelo está numa temperatura de cerca de vinte graus abaixo de zero.
No dia seguinte, quando chegam os amigos, pego tudo o que preciso. Sobre o gelo bem duro despejo algumas gotas de Noilly-Prat e meia colherinha de café de angustura. Agito tudo, depois jogo fora o líquido. Preservo apenas o gelo, que carrega o ligeiro vestígio dos dois perfumes, e sobre o gelo despejo o gim puro. Sacudo um pouco e mais e sirvo. É só isso, mas é insuperável”.
Luis Buñuel, cineasta, morreu aos 83 anos em 1983 deixando um vasto catálogo de obras clássicas, das quais é possível destacar “Um Cão Andaluz” (1928), “Idade do Ouro” (1930), “Os Esquecidos” (1950), “O Alucinado” (1952), “Viridiana” (1961), “O Anjo Exterminador” (1962), “A Bela da Tarde” (1967) e “O Discreto Charme da Burguesia” (1972). O trecho acima é um dos relatos do diretor em seu livro de memórias, “Meu Último Suspiro”, lançado no Brasil pela Cosac Naify. Saiba mais sobre o livro aqui.
Leia também
– “O bar é um exercício de solidão”, por Luis Buñuel (aqui)
– Terremoto: o drink preferido de Toulouse-Lautrec (aqui)
– De Stanley Kubrick para Luis Buñuel, por Marcelo Costa (aqui)
outubro 30, 2012 No Comments
Cinco cervejas: DaDo Bier
A DaDo Bier começou sua produção em 1995 em uma micro cervejaria montada em meio ao restaurante da casa em Porto Alegre. A produção artesanal (regida pelo Decreto de Pureza da Baviera) era consumida pelos clientes até que em 2004, após a inauguração da Fábrica de Cervejas DaDo Bier, a capacidade foi ampliada. Em 2009, a fábrica foi transferida para Santa Maria e a produção atingiu a marca de um milhão de litros mensais (prioritariamente da versão Lager, feita em larga escala). Além desta, a DaDo Bier produz outros sete rótulos: Ilex, Red Ale, Weiss, Original, Belgian Ale, Double Chocolate e Royal Black. Abaixo temos cinco:
E quis o destino que, sem pensar, eu fosse (entre cinco) logo abrindo a DaDo Bier Ilex, cerveja que traz erva-mate em sua fórmula. Ou seja: não basta o chimarrão (risos). Pé direito no universo das cervejas gaúchas. O belo aroma é herbal, com clara influência do mate além da presença de notas de biscoito, fermento e, discretamente, lúpulo. No paladar, o mate faz a diferença e toma conta do conjunto (com notas de frutado) numa sugestão alcoólica bastante interessante (aliás, a Ilex começou a ser fabricada com 7% de graduação, mas hoje tem apenas 5%). Eis uma lager de personalidade (gaúcha), refrescante e diferente.
Colocando o trem nos trilhos, a DaDo Bier Red Ale traz intensa notas de malte que dão um tom de caramelo, amadeirado e uma queda para frutas vermelhas e baunilha ao aroma. O paladar é levemente adocicado e um tiquinho aguado – com presença de caramelo e mel. Notas interessantes de amadeirado, mas perde no conjunto (principalmente para similares nacionais como Baden Baden e St. Gallen, mais complexas). A Da Do Bier Weiss se comportou melhor no copo. Notas cítricas (e clássicas), de cravo e banana. O paladar refrescante segue o aroma com uma delicada presença de tutti-frutti. Boa cerveja (mas a Bohemia Weiss se sai melhor).
A versão Original da casa portoalegrense é uma american lager extra que segue a linha que conquistou os brasileiros, ou seja, presença rasteira de malte e lúpulo, amargor pronunciado e sugestão de refrescância. É mais consistente do que as concorrentes das macro cervejarias, mas entrega menos do que deveria. Por fim, a DaDo Bier Belgian Ale, uma strong ale de 8,5% de teor alcoólico bastante perceptíveis. Aroma extremamente cítrico com notas de abacaxi, banana e melaço – mais álcool. No paladar, o álcool bate tão forte que lembra cachaça com mel. Falta equilíbrio ao conjunto com os cinco tipos de malte se destacando excessivamente.
Em Porto Alegre é possível beber as cervejas em torneira no restaurante DaDo Bier, e alguns rótulos da linha tradicional da DaDo Bier até são encontrados em grandes redes de supermercado, mas é melhor confiar em um bom empório. No caso das cinco acima, todas foram compradas em um lote único na Costi Bebidas, de Porto Alegre. Lá as garrafas de 600 ml saem entre R$ 8 e R$ 9 e os latões de 473ml na média de R$ 6,50. Em outros empórios é possível encontra-la entre R$ 9 e R$ 11. No saldo final, parece faltar foco para a cervejaria que tenat unir rótulos norte-americanos, belgas e alemães sem muito unidade. Vale como ponto de partida.
DaDo Bier Ilex
– Produto: Vegetable Beer
– Nacionalidade: Brasil
– Graduação alcoólica: 5%
– Nota: 2,12/5
DaDo Bier Red Ale
– Produto: American Pale Ale
– Nacionalidade: Brasil
– Graduação alcoólica: 5,3%
– Nota: 2,01/5
DaDo Bier Weiss
– Produto: German Weizen
– Nacionalidade: Brasil
– Graduação alcoólica: 5%
– Nota: 2,06/5
DaDo Bier Original
– Produto: Standard American Lager
– Nacionalidade: Brasil
– Graduação alcoólica: 5%
– Nota: 1,95/5
DaDo Bier Belgian Ale
– Produto: Strong Belgian Ale
– Nacionalidade: Brasil
– Graduação alcoólica: 8,5%
– Nota: 2,28/5
Leia mais:
– Top Cervejas: Cold 200, por Marcelo Costa (aqui)
outubro 22, 2012 No Comments
Roteiros de uísque e cerveja
Irlanda
Dublin, a capital da Irlanda, localiza-se na costa oriental da ilha, e merece muito mais o epíteto de Terra da Garoa do que São Paulo, pois o tempo fica constantemente nublado, com frio e chuva fina em boa parte dos 12 meses do ano. Para esquentar, o irlandês especializou-se na produção de uísque, que o acompanha desde o café (o Irish Cofee tradicional é uma experiência inesquecível) até a noitada em pubs (existem centenas pela cidade). Conhecido em gaélico como “Uisea Beatha” (pronuncia-se “Ishka baha”), que significa “Água da Vida”, o uísque chegou à Irlanda e (na vizinha Escócia) no século 12, e de lá para cá se tornou mundialmente conhecido. O país chegou a ter mais de 100 destilarias, mas hoje em dia apenas quatro estão em atividade. A Old Jameson Distillery, em Dublin, virou museu – depois que a bebida passou a ser produzida em Cork – e pode ser visitada em um tour caprichado que conta a história do uísque irlandês mais vendido no mundo e explica as fases de preparação da bebida, da maltagem à destilação. O tour termina no bar da velha destilaria em que o visitante pode beber o uísque da casa em drinks que levam strawberry e ginger ale ou ainda comparar uma dose do legitimo representante Jameson com um bourbon norte-americano e um exemplar escocês – valendo um certificado de provador de uísque.
Old Jameson Distillery
Bow Street, Smithfield, Dublin 7, Irlanda
De segunda a sábado: de 9h às 18h
Domingo: de 10h às 18h
Preço: 13 euros o tour (8 euros o Teste de Uísque)
Informações: http://www.tours.jamesonwhiskey.com/
James Joyce escreveu em seu romance mais famoso, “Ulisses”, que era impossível atravessar Dublin sem passar na frente de um pub. Já que eles estão por toda parte, melhor se render ao ritual e entregar-se a um pint da cerveja escura mais famosa do mundo, a Guiness. Para corroborar a fama, a cervejaria construiu uma Storehouse de causar inveja aos concorrentes. São seis andares de informações sobre a famosa stout que vão desde o processo de produção da cerveja até uma área com as clássicas propagandas da Guiness. O visitante aprende ainda a tirar o pint perfeito (e, claro, pode bebê-lo na sequencia) com direito a certificado. O passeio termina no último andar do prédio, uma redoma de vidro que abriga um bar com uma vista impressionante de toda a cidade. A loja é uma tentação para cervelogos.
Guiness Storehouse
St James’s Gate, Dublin 3, Irlanda
Todos os dias: de 9h30 às 17h
Preço: 14 euros
Informações: http://www.guinness-storehouse.com/
Estados Unidos
Lynchburg é a capital de Moore County, o menor condado do Tennessee. Foi aqui que Jasper Newton Daniel fundou, em 1866, uma destilaria para produzir aquele que viria a ser um dos uísques mais famosos do mundo. Lynchburg – 120 quilômetros de Nashville – recebe anualmente mais de 250 mil pessoas interessadas em conhecer a história do Jack Daniels. A destilaria funciona todos os dias, mas não abre em alguns feriados (confira o site). Um inconveniente: a Lei Seca ainda vigora em Moore County, então se prepare para ouvir muito sobre uísque, mas não beber.
http://www.jackdaniels.com/TheDistillery/
Escócia
Fundada em 1786 em Keith, uma cidadezinha de 5 mil habitantes no nordeste da Escócia, a Destilaria Strathisla carrega o peso de ser uma das mais antigas destilarias do mundo. Ainda em atividade (e com a maior produção de uísque em terras escocesas), a casa espiritual do Chivas Regal promove um tour que parece uma volta no tempo: os edifícios do século 18 pouco mudaram e a paisagem contemplativa, cujo destaque é o rio Isla (que ainda movimenta o moinho da destilaria), formam um cenário idílico para a produção de um dos melhores uísques do mundo.
A Escócia que produz a água da vida é dividida em quatro áreas: Highlands, Lowlands, Speyside e Islands. Se você quer aprender a diferenciar os aromas do uísque produzido em cada uma dessas regiões, seu lugar é o Scotch Whisky Experience, um tour que já começa especial em sua localização: numa casa vizinha ao Castelo de Edimburgo, antiga fortaleza imponente que domina a paisagem da capital da Escócia. Há três tipos de tours (Prata, Ouro e Platina) que permitem ao visitante conhecer a história da bebida e admirar a maior coleção de uísque escocês do mundo. E, claro, beber também.
outubro 20, 2012 No Comments
Três perguntas: José Felipe, da Wäls
Em 2011, na primeira edição do Beer Experience, em São Paulo, uma avalanche de rótulos estrangeiros fez a alegria de um público exigente tal qual criança em uma grande loja de brinquedos. Em 2012, o foco foi produção nacional, e a alegria talvez até tenha sido maior frente ao número expressivo de novidades que estão surgindo no mercado nacional. A Wäls, de Belo Horizonte, ocupa um lugar de destaque em um cenário cada vez mais surpreendente de micro-cervejarias artesanais brasileiras de alta qualidade.
Eu já tinha visitado a fábrica, na Pampulha, no dia em que eles iniciavam a brasagem do que viria a ser a cerveja do ano, a Petroleum, e conversado (na panela) com os irmãos Thiago e José Felipe. Daquele encontro para cá, em março, eles já colocaram no mercado três novos rótulos: a Wäls Petroleum, a Wäls Witte e, lançada no Beer Experience 2012, a Wäls 42, uma cerveja geek (de acentuação belga) produzida em parceria com o pessoal do Google.
Porém, a Wäls não para. “Estamos com algumas parcerias de produção de cerveja que podem sair até este ano ainda. A gente só não pode contar”, disse José Felipe no Beer Experience. Uma delas foi revelada esta semana: Garrett Oliver, o mestre-cervejeiro da Brooklyn Brewery (autor do livro “A Mesa do Mestre Cervejeiro”, e colaborador de outras micro-cervejarias, como a italiana Amarcord) virá ao Brasil para produzir uma cerveja em parceria com José Felipe na Pampulha. Vem mais coisa boa vem por ai.
Abaixo, três perguntas rápidas para José Felipe:
Qual é a da Wäls 42?
A Wäls 42 é uma cerveja inovadora. É a primeira cerveja do estilo Saison Farmhouse Ale do Brasil, e nós a fizemos em parceria com os Googlers, que são os funcionários da maior empresa de tecnologia das Américas. O nome #42 é um místico. Se você digitar no Google uma pergunta sobre a vida, o universo e tudo mais, você encontrará uma resposta: 42. A gente quis fazer essa brincadeira. #42 é a resposta da vida. Uma cerveja da Wäls é a resposta para tudo aquilo que a gente estava procurando. É uma cerveja bem leve (tem 6,5% por álcool) e um pouquinho ácida. Colocamos como ingredientes amêndoas, café, Limão Tahiti e abacaxi. Foi uma cerveja rápida. A gente tinha que acertar de cara. Foram dois para produzir – entre a ideia e o lançamento. Porque a ideia era lança-la na primavera, o que é tradição na Bélgica.
Como é pra vocês quando chega uma pessoa, como aconteceu agora, e diz que a Wäls Petroleum é a cerveja do ano?
É um fato recorrente. Nós ficamos felizes porque é uma receita que veio da panela dos amigos do Paraná (da Dum Cervejaria), e acabou se tornando uma cerveja brasileira com um nome muito mais grandioso. Então não é a mim que vocês tem que agradecer pela Petroleum ser a cerveja do ano. É ao Murilo (Foltran), ao Luiz (Felipe Araújo) e ao Júlio (Coutinho), que são os verdadeiros criadores dela. A Wäls só fez ela acontecer.
Como é estar em um evento como o Beer Experience? São Paulo é carente de eventos assim…
O paulistano é carente por cervejas de alta qualidade, e a gente vê isso com muita alegria, porque São Paulo já representa para a cervejaria Wäls cerca de 30% de nossa venda total. É muita cerveja que vem pra cá. O paulistano está respondendo isso à altura, comprando, bebendo e esgotando as cervejas na gondola. É isso que a gente espera ver. A gente espera mesmo que vocês acabem com a nossa cerveja (risos)…
Leia também:
– Uma manhã na cervejaria Wäls, em Belo Horizonte (aqui)
– Saiba como foi o segundo Beer Experience, em São Paulo (aqui)
– Wäls Witte: os mineiros seguiram a risca a tradição (aqui)
– Wäls Petroleum: uma verdadeira experiência alcoólica (aqui)
– Wäls Quadruppel, uma cerveja excepcional, por Mac (aqui)
– Ranking Pessoal -> Top 200 Cervejas, por Marcelo Costa (aqui)
outubro 18, 2012 No Comments
Três cervejas da Anderson Valley
Boonville é uma cidadezinha de pouco mais de mil habitantes que fica num vale (o Anderson Valley) a duas horas de São Francisco. Foi primeiramente habitada no século 17 por dezenas de tribos indígenas até a chegada dos europeus, que se apaixonaram pelo lugar. Corte para o século 20: com o boom do vinho da região desértica de Mendocino no meio dos anos 80, não demoraria para algum maluco pegar alguns barris (10, no caso) e destinar para a produção de cerveja. Nascia, em 1987, a Anderson Valley Brewery, que foi crescendo com o tempo até que, em 2010, o fundador, Ken Allen, decidiu se aposentar e vender a cervejaria – o que levou a Anderson Valley para vários cantos do planeta.
Em tempos de sustentabilidade, a Anderson Valley já ganhou dezenas de prêmios devido a seu método artesanal de produção. As cervejas orgânicas da casa não possuem conservantes artificiais e também não passam por processo de pasteurização. O malte e o lúpulo usados são doados para as fazendas da região, que o reutilizam na alimentação de seus animais, e até o fermento é reutilizado na fertilização das plantações. O transporte local dos barris é feito ou por meio de cavalos, ou por carro elétrico. A coisa toda não para: 768 painéis solares instalados em 2007 fornecem quase metade da energia elétrica utilizada na cervejaria e eles ainda utilizam energia eólica para oxigenação e revitalização dos lagos nos arredores da fábrica.
Primeira cerveja feita pela Anderson Valley (e responsável por levar o nome da casa além vila), a Boont Amber Ale é apaixonante. O aroma é deliciosamente caramelado com uma leve sugestão de tostado, biscoito e lúpulo. Este último é representado por três estilos (todos norte-americanos): Horizon, Northern Brewer e Liberty, cada um presente em uma fase distinta da produção. No paladar, os lúpulos fazem a cortesia, mas com uma dosagem leve de amargor, que junto aos maltes californianos remetem novamente a caramelo, biscoito e mel. Interessante: a primeira sensação é de uma IPA (devido ao primeiro toque na língua e ao aroma), mas assim que ela se aconchega encontramos uma pale ale que declara amor ao malte. Campeã.
A Hop Ottin’ India Pale Ale da vila também honra a tradição e, principalmente, os fãs de lúpulo. Porém, acalme-se: é tudo muito bem balanceado na IPA da Anderson Valley. O aroma esbanja lúpulos californianos, mas é possível também perceber a presença de malte de caramelo e notas cítricas que remetem a cascas de laranja (o site oficial cita bergamota) além de mel. No paladar, assim como na Boont Amber Ale, quem esperava uma cacetada de amargor encontra uma cerveja bastante equilibrada, com os lúpulos acariciando a alma e o malte ninando o coração – com uma leve lembrança de açúcar mascavo, que remete diretamente à rapadura. Os 7% de álcool não dão as caras em um excelente conjunto de uma belíssima IPA.
Fechando este primeiro lote, a Barney Flats Oatmeal Stout mantém o padrão de qualidade. No aroma, notas intensas de café, chocolate e caramelo, todos provenientes do malte torrado – além do lúpulo, discreto, mas presente. No paladar, no entanto, a Barney Flats não pega tão pesado no amargor como uma stout tradicional (provavelmente pela inserção da aveia no conjunto), sugerindo suavidade e, acredite, refrescância. Notas de café e chocolate amargo grudam no céu da boca com um rastro longo e, ao mesmo, seco, que pode conquistar aqueles que não são fãs das stouts clássicas (tanto quanto os fãs, que tem aqui uma cerveja diferente, mas deliciosa). Foi a primeira medalha de ouro da Anderson Valley, em 1990, e continua brilhando tendo ficado com a medalha de bronze no World Beer Cup 2010.
Atualmente, a Anderson Valley produz 10 rótulos em Boonville, e praticamente todos estão sendo trazidos ao Brasil pela distribuidora Tarantino. As latinhas de 355 ml, como as da foto, costumam sair entre R$ 9 e R$ 11 (já encontrei mais barato e, também, mais caro) enquanto as garrafas de 330 ml variam entre R$ 13 e R$ 15. Há, ainda, duas versões em garrafas de 600 ml: Brother’s David Double e Brother’s David Triple, ambas na faixa dos R$ 29. É possível conhecer a cervejaria em Boonville. O pessoal prepara tours duas vezes ao dia (13h30 e 15h) com exceção de feriados e das terças e quartas nos meses de inverno. Eis uma boa pedida de um tour alcoólico para quem tiver de bobeira em São Francisco (e querer fugir do vinho). O vídeo abaixo é uma amostra.
Boont Amber Ale
– Produto: American Amber Ale
– Nacionalidade: Estados Unidos
– Graduação alcoólica: 5,8%
– Nota: 3,86/5
Hop Ottin’ India Pale Ale
– Produto: India Pale Ale
– Nacionalidade: Estados Unidos
– Graduação alcoólica: 7%
– Nota: 3,82/5
Barney Flats Oatmeal Stout
– Produto: Oatmeal Stout
– Nacionalidade: Estados Unidos
– Graduação alcoólica: 5,8%
– Nota: 3,83/5
Leia mais:
– Top Cervejas: Cold 200, por Marcelo Costa (aqui)
outubro 16, 2012 No Comments
Três cervejas paranaenses
Tiago, o responsável pela cerveja bárbara Pagan, é fascinado pela história viking e por cervejas. A Pagan Strong Bitter foi a primeira cerveja comercializada da casa, e segue fielmente o estilo britânico. O aroma é suave e traz notas de malte de caramelo com a presença concentrada dos lúpulos ingleses (Target, Challenger e Kent Goldings), que dão um tom especial ao conjunto. O paladar é levíssimo, com notas de caramelo e mel unindo-se a um amargor suave que toca o céu da boca e acompanha charmosamente toda a experiência. Não é uma cerveja marcante, mas é bem saborosa – daquelas para ficar bebendo e bebendo.
A versão Porter da Pagan se mantém no nível da Strong Bitter, e talvez até avance um pouco. No aroma, café. E também… café. E um pouquinho de chocolate. O lúpulo usado aqui é o inglês fuggles, que confere ao conjunto um aroma e sabor adocicados, e mostra a personalidade do mestre-cervejeiro: a Pagan sugere leveza em dois estilos peculiares e, de certa forma, agressivos. No caso da Porter, o paladar é agradabilíssimo e deixa a impressão que a Pagan não quer impressionar de cara, mas conquistar pouco a pouco. Eles estão no caminho certo com estes dois ótimos rótulos.
Vladimir Urban é um dos responsáveis pela Diabólica. Além da cerveja, ele também comanda um dos principais festivais de psychobilly do mundo, o Psycho Carnival, que acontece durante o carnaval em Curitiba com bandas do mundo inteiro. A Diabólica existe desde 2009 na versão IPA, e após um hiato na produção, retornou com força em 2012 (eu até achava que era a Way, de Curitiba, que estava produzido e distribuindo, mas a produção é própria da Diabólica com distribuição da Beer Maniacs).
Após os elogios merecidos à Diabólica IPA, surge agora a Pale Ale da casa, lançada oficialmente no Beer Experience – mas ainda em versão teste. Eles ainda estão mexendo na receita, e nem o rótulo deverá ser essa da foto, mas já é possível ter uma ideia: eles não pretendem carregar a mão no álcool (4,6% apenas), mas falta presença de lúpulo tanto no aroma quanto no paladar, que até traz algumas notas de caramelo e um amargor suave. Nessa primeira versão, a Pale Ale da Diabólica lembra mais uma Pilsen Premium, mas de onde saiu a IPA pode vir coisa muito boa. Vamos acompanhar.
Fundada em 2009 em Araucária, cidade vizinha de Curitiba, a Wensky Beer leva na abreviação do sobrenome da família Wengrzinski o desejo por resgatar as raízes culturais polonesas na arte de fazer cerveja caseira. Atualmente, a cervejaria produz cinco rótulos que são vendidos em garrafas e também no pub da casa em Araucária: uma Pilsen tradicional (5%), uma Drewna Piwa Old Ale (9,5%), uma Vienna Lager (5,5%), uma Red Weyzen (6%) e uma Baltic Porter (7%). Na foto acima você vê as duas últimas – e são sobre elas que vamos conversar.
Bastante fiel ao estilo alemão, a ótima Red Weyzen capricha nos aromas suaves de banana e cravo (além da sugestão de maçã), com o malte levemente torrado marcando presença. No paladar, as notas de aroma se repetem com o lúpulo mais presente contrabalanceando o conjunto, que destaca um final marcante com um frutado interessante. A Baltic Porter, por sua vez, é caracterizada pela leveza. São 7% de graduação alcoólica que passa batido frente ao malte torrado, que marca o aroma junto a caramelo e ameixas. No paladar, a torrefação mostra a que veio, mas o amargor é bem mais suave se comparado a uma Porter britânica. Eis um bom cartão de entrada para o estilo.
Tanto as Pagan (que agora já estão como novo rótulo – se o site oficial estiver atualizado – e são vendidas em garrafas de 355 ml) quanto as Wensky Beer (600 ml) foram adquiridas no Clube do Malte: as primeiras vendidas ao preço de R$ 12,90; as duas da Wenksy saíram por R$ 9,90 cada. A Diabólica Pale Ale foi adquirida no Beer Experience ao preço de R$ 12 (a garrafa de 600 ml). Agora é ir atrás das outras Pagan e Wenksy: pela experiência dessas quatro garrafas acima há mais coisa boa no caminho.
Pagan Strong Bitter
– Produto: Pale Ale
– Nacionalidade: Brasil
– Graduação alcoólica: 5,8%
– Nota: 2,63/5
Pagan Porter
– Produto: Porter
– Nacionalidade: Brasil
– Graduação alcoólica: 5,8%
– Nota: 2,71/5
Diabólica Pale Ale
– Produto: Pale Ale
– Nacionalidade: Brasil
– Graduação alcoólica: 4,6%
– Nota: 1,97/5
Wensky Red Weyzen
– Produto: German Weizen
– Nacionalidade: Brasil
– Graduação alcoólica: 6%
– Nota: 3,21/5
Wensky Baltic Porter
– Produto: Porter
– Nacionalidade: Brasil
– Graduação alcoólica: 7%
– Nota: 3,17/5
Leia mais:
– Saiba como foram as duas edições do Beer Experience (aqui)
– Diabólica, uma IPA de responsa como manda o figurino (aqui)
– Top Cervejas: Cold 200, por Marcelo Costa (aqui)
outubro 12, 2012 No Comments
Três perguntas: Vladimir Urban
Em 1999, Vladimir Urban organizava em Curitiba o primeiro daquele que se transformaria em um dos maiores festivais de psychobilly do mundo, o Psycho Carnival, com um detalhe: realizado no meio da maior festa brasileira, o carnaval. Em 2013, o Psycho Carnival chega a sua 14 ª edição e já anunciou os primeiros nomes (Demeted Are Go, Frantic Flinstones, The Swampys, Luna Vegas, Ovos Presley, Sick Sick Sinners e As Diabata) além de um novo integrante: a Diabólica Pale Ale.
Lançada em primeira mão no Beer Experience 2012, a Diabólica Pale Ale segue o caminho aberto pela elogiada Diabólica IPA 6,66%, que já está conquistando os curitibanos: “Está sendo vendida até em posto de gasolina. Estamos ficando famosos (risos)”, diz Urban, que aproveitou o festival paulistano para lançar sua nova cerveja e também o site http://cervejadiabolica.com.br/. Distribuída em São Paulo pela Beer Maniacs, a Diabólica vem conquistando cada vez mais espaço. É um pecado que merece ser cometido. Abaixo, três perguntas para Urban:
Como surgiu a Diabólica?
A Diabólica foi uma ideia minha e do meu sócio. Eu tenho um festival de psychobilly em Curitiba, o Psycho Carnival, e meu sócio era distribuidor de cerveja especial. A gente sempre ficava se debatendo nessa coisa de conseguir apoio para o festival, e ele sempre tentava me apoiar até que um dia, depois de um festival, ele chegou e disse: “Vamos fazer a nossa a própria cerveja artesanal!”. Dai surgiu a Diabólica. Nós pensamos em qual cerveja seria interessante para o público, que ele se identificasse, a Diabólica surgiu nesse esquema. A gente adora cerveja especial, temos uma coisa com cervejas inglesas, então foi bem legal ter a Diabólica.
Então IPA é o estilo preferido da casa…
IPA é o nosso carro chefe. Desde que a Diabólica surgiu, a primeira que a gente começou a produzir foi a IPA. A gente adora IPA. Ela passou por algumas mudanças de receita e agora está com uma receita bem estabilizada, bem legal. Agora estamos começando o processo de lançamento da Pale Ale, que é lançamento no Beer Experience, nem a garrafa será como está aqui agora. Esse é um momento de apresentar a Pale Ale para o público, para que eles possam beber, possam conversar depois ir ao site e dizer o que achou. De repente uma opinião pode ajudar a aperfeiçoar a nossa Pale Ale. Essa é a ideia.
Como é a sensação dos gringos que chegam para o Psycho Carnival e conhecem a Diabólica?
É muito interessante porque a cena de cervejas especiais na Europa e muito parecida com a cena de cervejas especiais no mundo inteiro. São nichos. Não é uma coisa tão comum. A gente fica falando: “Ah, as cervejas europeias, eles tem um monte de cervejas”, mas geralmente o cara bebe lager lá, principalmente o público jovem. No Psycho Carnival acaba sendo assim também, mas quando os caras chegam aqui e encontram essa variedade de cerveja diferente dentro do festival, eles não acreditam! “Como vocês tem essa cerveja aqui? Como vocês fazem isso?”. Muitas vezes eles não conhecem o estilo (que é um estilo inglês), não tem essa percepção de conhecer uma cerveja especial legal. Tem cara que chega e diz: “Você vai fazer a cerveja da minha banda lá na Europa”. A gente quer fazer, a gente vai fazer, mas a Diabólica ainda está caminhando e a gente pretende atender não só a demanda brasileira como a americana e europeia, dentro das nossas conexões. É uma galera que a gente atende e que gosta do estilo.
Leia mais:
– Saiba como foram as duas edições do Beer Experience (aqui)
– Diabólica, uma IPA de responsa como manda o figurino (aqui)
– Top Cervejas: Cold 200, por Marcelo Costa (aqui)
outubro 8, 2012 No Comments
Segundo Beer Experience, em São Paulo
Texto por Marcelo Costa (http://twitter.com/screamyell)
Fotos por Liliane Callegari (http://lilianecallegari.com.br)
Após uma boa edição realizada na cara e na coragem em uma área de eventos do Shopping Frei Caneca, em São Paulo, em 2011, o Beer Experience chegou a sua segunda edição em São Paulo com jeitão profissional em um grande galpão no bairro do Jaguaré, que recebeu mais de 40 expositores (contra 25 de 2011) entre importadoras, distribuidoras, cervejarias, lojas e bares e cerca de 5 mil pessoas em dois dias dedicados á cerveja especial na capital paulista.
Se em 2011, os rótulos internacionais foram a grande atração do Beer Experience, em 2012 começa a se desenhar um cenário dedicado de cervejarias brasileiras apresentando grandes lançamentos: a Wäls, de Belo Horizonte, trouxe sua novíssima Wäls 42; a Way, de Curitiba, apresentou a Way Amburana Lager; a Diabólica, também de Curitiba, lançava no evento a Diabólica Pale Ale enquanto a Colorado, de Ribeirão Preto, apresentava a Berthô, entre outras.
Outro destaque entre as brasileiras foi a gaúcha Coruja, que apresentava no Beer Experience, sua nova Fora de Série, a poderosa Doppelbock Coice, feita em parceria com o artista plástico Caé Braga (entre as outras Fora de Série da casa, estão a Baca e também a Labareda, está última feita em parceria com Wander Wildner, encontra-se esgotada e sem previsão de nova remessa: “É por isso que ela se chama Fora de Série”, avisou o expositor. “É uma tiragem limitada”).
A paraense Amazon Beer trouxe sua Witbier de Taperebá enquanto a mineira Backer concentrou-se na linha Três Lobos e na ótima Medieval. De Valinhos, interior de São Paulo, a Britannica trouxe três rótulos (os três encontráveis em torneira no Titus Bar) enquanto a Cervejaria Nacional também trouxe três barris de sua produção artesanal. Dama, Invicta (a queridinha do momento) e Falke também estiveram presentes.
Entre os rótulos importados destaque para a novidade da Tarantino, que trouxe a dinamarquesa Mikkeller para a festa, com destaque para a excelente Mikkeller Drink’in the Sun. Curiosidade: Mikkel Borg, o proprietário, é conhecido como o “Cigano Cervejeiro”, porque ele não tem cervejaria. Ele simplesmente aluga alguma cervejaria de um amigo pelo mundo e produz ali algum de seus mais de 30 rótulos.
A Tarantino foi, também, responsável pelas grandes promoções do evento. A italiana Baladin Open Noir, cuja garrafa de 750 ml custa em média R$ 60, estava saindo por R$ 20 no Beer Experience (a caixa com seis saia por R$ 100). Além dela, uma boa pedida era o pack da Anderson Valley, com seis cervejas (duas Hop Ottin’ IPA, duas Barney Flats Oatmeal Stout e duas Boont Amber Ale) por R$ 30 (na sexta-feira. O preço foi para R$ 50 no sábado).
Uma das boas novidades de 2012, a fruit beer Delirium Red (nova integrante da família belga Delirium Tremens), de cereja, também conquistou corações no evento com seus 8.5% de graduação alcoólica num conjunto bastante elogiado. Do lado brasileiro, a Petroleum, da Wäls, era a queridinha, mas o estande da Colorado, da Diabólica e da Coruja também ficaram cheios durante praticamente todo o evento.
Das que experimentei, a Way Amburana Lager me agradou bastante se tornando uma das preferidas do evento e só perdendo o posto de número 1 para a minha queridinha do momento, a Way Double American Pale Ale, simplesmente irresistível em sua versão torneira. A Colorado Berthô (uma Double Brown Ale com castanha do Pará) também agradou bastante ao lado da Wäls 42, uma farmhouse ale de responsa com amêndoa, limão, abacaxi e café.
Entre os rótulos importados a Baladin distanciou-se com sua conquistadora Open Noir, mas a Mikkeller Drink’in the Sun também merece uma salva de palmas. Além delas ainda provei a ótima Delirium Red e algumas Brooklyn. Senti bastante falta da italiana Del Ducatto e da escocesa Brew Dog, mas sai feliz com um engradado cheio de volta para casa: Baladin, Wäls, Diabólica, Anderson Valley, Delirium e algumas Golden Carolus logo aparecerão por aqui. Acho que é um estoque até o Beer Experience 2013.
Leia também:
– Saiba como foi o primeiro Beer Experience, em São Paulo (aqui)
outubro 7, 2012 No Comments
Três cervejas: Espanha, Brasil, Argentina
A companhia de Cervezas Alhambra foi fundada em 1925 na província de Granada, na Andaluzia, Espanha, e logo se tornou uma das cervejarias mais conhecidas de toda a região, com o carro chefe sendo desde o começo a Reserva 1925, mas que durante os anos viu o cardápio se estender para mais outros sete rótulos, incluindo uma de abadia chamada Mezquita, e uma Shandy, cerveja sabor limão. Em 2006, o grupo Mahou-San Miguel comprou a cervejaria, mas continua seguindo a receita original do mestre D. Miguel Hernainz.
Rótulo mais famoso da Andaluzia, a Alhambra Reserva 1925 merece a fama. Eleve as cervejas de balcão brasileiras uns sete degraus de qualidade, e talvez cheguemos perto da Reserva 1925. O aroma é maltado e remete de cara às tradicionais pilsens tchecas. No paladar, o lúpulo herbal surge de forma intensa encobrindo o malte e os 6,4% de álcool num belo conjunto. Quem curte cerveja “tradicional” pode se apaixonar perdidamente por esta excelente Premium American Lager.
A paranaense Way vem se firmando como uma das cervejarias mais interessantes do Brasil – junto com a mineira Wäls. Existem muitas outras ótimas cervejarias (algumas, como Coruja e a Colorado, ainda nem comentei neste espaço), mas, para mim, as Way e Wäls começaram a trilhar o caminho das fórmulas mágicas de cerveja. No caso da curitibana, a premiada Pale Ale da casa abriu a porta, e essa Eight Secrets foi o segundo passo, que no final resultou na sensacional Way Double American Pale Ale, uma das melhores cervejas do país na atualidade.
A Way 8S (como é conhecida a Eight Secrets) foi uma experiência de cerveja colaborativa. Os mestres cervejeiros da Wäls, Bodebrown, Coruja e BrewDog se juntaram em Curitiba a Joseph Tucker, do RateBeer, e o cervejeiro caseiro belga Jacques Bourdouxhe para criar uma versão turbinada da Way American Pale Ale, eleita pelo júri do 1º Prêmio Maxim de Cervejas como a melhor Pale Ale brasileira. O resultado foi a Way 8S, uma Double APA que usa uma variedade de lúpulos bastante nova, chamados de Falconer’s Flight.
O aroma toma conta do ambiente assim que a tampa da 8S é retirada. Inicialmente, notas de cítrico (lima e maracujá) pulam para fora da garrafa, e depois o floral começa a surgir. Como era de se esperar, a Way 8S é uma cacetada de lúpulo, mas há no paladar notas de melaço que equilibram perfeitamente com o amargor, resultando em uma cerveja absolutamente particular e excelente – mas que só foi feita uma vez. Se você cruzar com ela, compre. É uma experiência (de certa forma, melhorada com a Double APA) que vale a pena ser provada.
Fundada pelo imigrante alemão Otto Bemberg em 1888 em Quilmes, uma cidade próxima a Buenos Aires com quase 600 mil habitantes, a Cervecería Quilmes (hoje, QUINZA: Quilmes Industrial S.A, empresa que pertence ao grupo belga brasileiro Anheuser-Busch InBev) transformou-se na principal cervejaria do país, detendo hoje 75% do mercado argentino de cerveja, boa parte com a famosa Quilmes Cristal (e suas variações). Com mais personalidade que a linha tradicional da Quilmes, a QUINZA lançou a Patagonia, uma linha com maltes especiais e lúpulo patagônico em três rótulos: Amber Lager, Bohemina Pilsener e Weisse.
A morena Amber Lager usa três tipos de malte (Melanoidina, Carared e Carapils) e aposta no lúpulo regional Pellet (que segue a linha Cascade). No aroma, a junção dos três maltes levemente tostados pede passagem, mas não espere
setembro 29, 2012 No Comments
Sobre cidades e cervejas
Eis uma pauta que curti muito fazer para a One Health Mag: como juntar turismo cervejeiro com cidades legais.
por Marcelo Costa
Férias e cerveja formam uma combinação perfeita, não importa a época do ano. Quando se trata de cervejas especiais – que vêm se popularizando no Brasil recentemente, apesar de algumas terem quase mil anos de tradição –, é possível sair da rotina e buscar roteiros que unem história, gastronomia, belas paisagens e sabores surpreendentes.
Quer exemplos? Que tal visitar uma abadia na Bélgica atrás de uma cerveja rara e passar por Bruges, a cidade que tem um dos centros históricos mais bem preservados de toda a Europa (além de várias casas com pratos especiais cozidos na bebida)? Ou conhecer São Francisco e desfrutar cervejas que você só irá encontrar ali, junto a um interessante brownie de chocolate com… bacon!
As dicas de roteiro abaixo ainda incluem desde as ruazinhas da belíssima cidade de Praga, na República Tcheca, até a tradicional Oktoberfest, em Munique, cidade onde foi criada a cerveja mais antiga do mundo, passando ainda por Dublin, que abriga a Storehouse da Guinness, e por Belo Horizonte, da novata (e já cheia de prêmios) Wäls. É só convidar os amigos, pegar o mapa e colocar a mochila nas costas.
setembro 21, 2012 No Comments