Category — Cervejas
Quatro cervejas da chilena Kross
A Cerveceria Kross surgiu em 2003 em Santiago, no Chile, quando o engenheiro José Tomás Infante retornou de um trabalho na Irlanda, e começou a procurar no Chile por cervejas tão boas quanto as que conheceu na terra de Oscar Wilde. Na busca, Infante conheceu o mestre cervejeiro Alemán Asbjorn Gerlach, que tinha uma pequena produção artesanal. Juntos, eles decidiram criar uma nova cervejaria chilena que seguisse os padrões das melhores cervejarias do mundo. E conseguiram. A Kross atualmente ostenta o título (merecido) de mais premiada cervejaria do Chile.
Digna da honraria de uma cerveja comemorativa, a Kross 5 (feita com oito tipos de malte para festejar os cinco anos da cervejaria) é uma belíssima Strong Scoth Ale, quase licorosa, maturada durante três meses em barris de carvalho. No aroma, as notas maltadas se destacam remetendo a caramelo, baunilha e amanteigado com um leve toque do barril de carvalho. No paladar, a primeira sensação é adocicada (caramelo, melaço e… coco!), mas o lúpulo chega de mansinho colocando o conjunto em sintonia. Uma cerveja agradabilíssima com o malte dominando 80% da experiência, mas o lúpulo finalizando com um amargor bastante suave.
Já a Kross Golden Pale Ale é simplicidade e capricho. O aroma é leve, bem leve, com um algo de frutado e outro de malte (Pilsen e Caramelo). No paladar, a escolha dos lúpulos mostra suas particularidades – sem tornarem a cerveja um oceano de amargor. No total são três tipos de lúpulo: Horizon, que é colocado no começo do processo é libera um amargor bem leve, mais Cascade e Chinook, que causam um frescor suave com notas citricas. Há percepção de mel, frutado e caramelo. A combinação destes dois maltes com os três lúpulos resulta em uma cerveja levíssima, saborosa e bastante equilibrada. Ótima para dias de sol.
A Kross Maibock é uma das sazonais da cervejeira chilena. Feita para comemorar a chegada de maio, leva três tipos de malte (Pilsen, Caramelo e Munique) e dois tipos de lúpulo (Glacial e Mount Hood). O aroma, como era de se esperar, é bastante maltado com notas de caramelo, maçã, pêssego e melaço. O paladar segue a risca as considerações do aroma com o adocicado surpreendendo. Primeiramente caramelo, depois melaço, para no final deixar o álcool transparecer com certa força (são 6,5% de graduação). É uma cerveja bem interessante que começa a fazer a cama do bebedor para o inverno que está para chegar.
Para fechar, Kross Stout, que traz três tipos de malte (Pilsen, Caramelo e Tostado) e apenas um de lúpulo, East Kent Goldings, para honrar a tradição irlandesa do café gelado. O aroma é aquilo que faz apaixonados pelo estilo sorrirem: o malte tostado remete com força a café, caramelo e chocolate amargo. No paladar, apenas reforço: mais café, mais caramelo e mais chocolate amargo. O lúpulo parece estar aqui apenas para evitar que o nível de doçura torne-se enjoativo, pois não há quase nada de amargor, o que de forma alguma desmerece essa bela sweet stout chilena.
Além destes quatro rótulos há mais uma cerveja na linha tradicional da Kross, a Pilsen, e a linha Experimental, das quais são filhas a Kross 110 Minutos e a Kross Curaca Abby Ale. Infelizmente ainda não é possível encontrar a Kross no Brasil. Em Santiago é possível encomendar no site oficial uma caixa com 24 garrafas de 330 ml por 20 mil Pesos Chilenos (cerca de R$ 85) tanto quanto encontra-la em grandes supermercados (um lugar certo é uma das banquinhas de bebidas do Mercado Municipal) ou mesmo nos melhores botecos pé limpo do bairro Independência (como Galindo ou La Casa Vieja), perto da La Chascona (a casa museu de Pablo Neruda) e do Cerro San Cristóbal.
Kross 5
– Produto: Strong Scotch Ale
– Nacionalidade: Chile
– Graduação alcoólica: 7,2%
– Nota: 3,90/5
Kross Golden Pale Ale
– Produto: English Pale Ale
– Nacionalidade: Chile
– Graduação alcoólica: 5%
– Nota: 3,32/5
Kross Maibock
– Produto: Maibock
– Nacionalidade: Chile
– Graduação alcoólica: 6,5%
– Nota: 3,28/5
Kross Stout
– Produto: Sweet Stout
– Nacionalidade: Chile
– Graduação alcoólica: 5,2%
– Nota: 3,28/5
Leia também:
– Top Cervejas: Cold 200, por Marcelo Costa (aqui)
dezembro 27, 2012 2 Comments
Balanço 2012: Top 3 Cerveja Brasil
Numa conta aproximada, bebi mais de 150 cervejas diferentes em 2012, e escrevi de aproximadamente 135 aqui. O que era Top 100 virou Top 200. Este foi o ano em que me aventurei no catálogo da curitibana Bodebrown (aliás, tenho duas novas deles pela frente para escrever), da ararense Mestre das Poções e da mineira Casa Piacenza (desta última venho procurando desde então a Jabuticaba Beer).
Também foi um ano em que experimentei pela primeira vez algumas britânicas (Shepherds Name, Old Tom), belgas (La Gauloise, Affligem), italianas (a Winterlude, da Del Ducato, comprada em Veneza, reina como a melhor cerveja estrangeira que provei em 2012), argentinas (Gülmen) e norte-americanas (Anderson Valley e Founders) além das chilenas (Szot e Quimera).
Porém, mais do qualquer coisa, 2012 foi o ano em que algumas cervejarias brasileiras tiraram as manguinhas de fora e começaram a produzir algumas das melhores cervejas do mundo – abrindo as portas para dezenas de outras, que começam a arriscar em rótulos personais. Belo Horizonte, Curitiba e Porto Alegre (além do interior paulista e da região da serra catarinense) se destacam como polos de boa cerveja.
De BH, a Wäls surgiu com cerveja número 1 de 2012, a Petroleum, uma Russian Imperial Stout maravilhosa. De Curitiba, a Way exibiu a Way 8S, cuja receita teve 16 mãos (de gente entendida), depois a melhorou com a Double Apa e deu o golpe de misericórdia com a Ambaruna Lager. De POa, a Coruja lançou uma (fora de) série limitada das quais se destacam os dois primeiros lançamentos: Baca e Laberada (com pimenta!). E a Coice vem por ai!
Passei batido pela Vixnu, da Colorado, que até poderia embolar o Top 3 que segue abaixo, e gostaria de citar os ótimos trabalhos da Gaudenbier, de Curitiba (principalmente na linha não filtrada); do Lagom Brewpub, de Porto Alegre (a Pampeana Gruit Ale foi uma das surpresas do ano); da Invicta, de Ribeirão Preto; e da Backer, de Belo Horizonte (pela ótima linha Bravo).
Abaixo, o Top 3. Porém, um adendo: se a Petroleum é a cerveja número 1 do Brasil em 2012, a Way é a cervejaria do ano. Pelo projeto 8S, que rendeu a Double American Pale Ale, pela matadora Amburana Lager, pela recém-lançada Belgian Dark e pelo projeto single hop, que traz em um pack três cervejas Pale Ale (a premiada da casa), cada uma com um lúpulo diferente (falo destas single hop na primeira semana de janeiro).
No quesito cerveja, 2013 promete muito para os brasileiros. Abaixo, as minhas três cervejas nacionais prediletas de 2012:
1) Wäls Petroleum
2) Way Double APA
3) Coruja Labareda
Leia também:
– Top Cervejas: Cold 200, por Marcelo Costa (aqui)
– Três perguntas: José Felipe, da Wäls (aqui)
– Uma manhã na cervejaria Wäls, em Belo Horizonte (aqui)
– Wäls Petroleum: uma verdadeira experiência alcoólica (aqui)
– Uma das melhores do país: Way Double American Pale Ale (aqui)
– Itália: Um conto cervejeiro em Veneza (Winterlude) (aqui)
dezembro 25, 2012 No Comments
De Ribeirão Preto, Invicta
Inaugurada em Ribeirão Preto em no segundo semestre de 2011, e bastante elogiada no meio cervejeiro em 2012, a Cervejaria Invicta surgiu do desejo do mestre cervejeiro Rodrigo Silveira em criar receitas gourmet para apreciadores de boas cervejas. Um dos primeiros lançamentos da casa foi a Indie Rockin’Beer, uma encomenda da banda Velhas Virgens em comemoração aos 25 anos do grupo. Depois vieram mais sete cervejas, todas vendidas em torneira no bar da cervejaria, em Ribeirão Preto (cidade homenageada nos rótulos). Duas destas cervejas começam a ganhar as prateleiras do país em versão garrafa: a Invicta India Black Ale e a Invicta Imperial India Pale Ale.
Com 75 de IBU e 7,5% de graduação alcoólica, a Invicta India Black Ale sugere – através de seu rótulo (que traz a imagem de uma das três locomotivas alemãs Borsig 1912 existentes no país) – uma cerveja forte e, de certa forma, agressiva, mas o conjunto é muito mais comportado do que a expectativa prevê. No aroma, notas de café derivadas do malte tostado e uma interessante remissão a frutas vermelhas. O paladar, por sua vez, dança entre a suavidade do malte torrado (que abre no primeiro toque, e fica por ali) e o amargor dos lúpulos norte-americanos (que não parece chegar a 50 de IBU) resultando em um conjunto agradável (ainda mais para a primeira IBA nacional), ainda que não impressionante.
Já a Invicta Imperial India Pale Ale impressiona, muito embora os 115 de IBU (escala de amargor da cerveja que vai de 0 até 120 – uma Brahma ou Skol, por exemplo, não chegam a 15 de IBU) apontados no rótulo não apareçam no conjunto. A menina dos olhos da cervejaria ribeirão-pretana traz no aroma sua personalidade lupulada que – em meio a nuvens de floral, cítrico e maracujá – não esconde o adocicado do malte de caramelo. No paladar, o malte dá as boas vindas com um interessante adocicado, mas o lúpulo se apresenta rapidamente, de forma leve, com o cítrico acima do amargor. O conjunto baila entre amargor e suave numa cerveja que parece uma versão ruiva (e mais bem, delineada) da India Black Ale. Cuidado com os 8% de álcool… uma paulada.
Tanto a Invicta India Black Ale quanto a Invicta Imperial India Pale Ale podem ser encontradas em empórios com um bom catálogo de cervejas nacionais. Estas duas foram adquiridas a R$ 18 na loja da Mamãe Bebidas, em Belo Horizonte, mas o site do Clube do Malte já está tem as duas em estoque (ao preço de R$ 22 a garrafa de 500 ml). São duas ótimas cervejas de uma cidade que vem se destacando no meio cervejeiro (Ribeirão Preto também é casa da Colorado). Se você estiver pelas redondezas, vale conhecer o bar da Invicta, que fica anexo a fábrica, possui ambiente (externo e interno) com visão para os barris e traz em seu cardápio mais de 40 rótulos de cervejas nacionais e importadas além das feitas pela própria casa.
Invicta India Black Ale
– Produto: Black IPA
– Nacionalidade: Brasil
– Graduação alcoólica: 7%
– Nota: 3,28/5
Invicta Imperial India Pale Ale
– Produto: Imperial Double IPA
– Nacionalidade: Brasil
– Graduação alcoólica: 8%
– Nota: 3,36/5
Leia mais:
– Top Cervejas: Cold 200, por Marcelo Costa (aqui)
dezembro 20, 2012 No Comments
Mais três cervejas da Anderson Valley
Uma das mais brilhantes micro cervejarias norte-americanas, a Anderson Valley forma com a Brooklyn Brewery, de Nova York, e a Founders, do Michigan, o trio de representantes que vem colocando os Estados Unidos no mapa da boa cerveja. Claro que existem muitas outras boas cervejarias na terra de Obama, mas estas três são as preferidas deste espaço, sendo que a Anderson Valley soa a mais personal (e maluca) das três: sua fábrica fica em um vale perto de São Francisco; suas cervejas orgânicas não possuem conservantes artificiais e também não passam por processo de pasteurização; o transporte local dos barris é feito ou por meio de cavalos, ou por carro elétrico. E, quer saber, as cervejas são excelentes.
A Anderson Valley nasceu em 1987 e quando completou 20 anos decidiu lançar esta Imperial IPA, uma sacolejada em forma de cerveja movida a mais de 20 pequenas adições de lúpulo Pacific Northwest em fases distintas do processo. O resultado é uma cerveja perfumadíssima com notas cítricas e florais que remetem a caramelo, rapadura e maracujá. No paladar, além do que é antecipado pelo aroma (sem a mesma intensidade), o conjunto valoriza o álcool (8,7%), bastante evidente. Desta forma, álcool e lúpulo juntos constroem uma cerveja forte, amarga e de bastante personalidade cuja potência pode assustar desavisados. O malte está presente com doses de dulçor, ótimo contraste que valoriza ainda mais o amargor.
A Poleeko Gold Pale Ale parece uma busca da Anderson Valley pela simplicidade cervejeira. Aqui temos uma bela American Pale Ale com o lúpulo Pacific Northwest sendo responsável por boa parte da percepção de aroma e paladar (que quase a aproxima de uma IPA). No aroma, bastante cítrico e herbal que remetem a feno, lima, baunilha e maracujá. O paladar é menos complexo, mas interessante. O lúpulo mostra sua cara nos primeiros goles, mas o malte de caramelo equilibra o conjunto com um dulçor que remete a melaço em contraste com o cítrico. O final é um risco levemente amargo na garganta. Conforme a temperatura sobe, os sabores se desprendem e a Poleeko fica ainda melhor.
Já a English Pale Ale da Anderson Valley, a Boont Extra Special Beer, é tão inglesa quanto o estado do Texas, o McDonalds e Woody Allen. Num primeiro momento parece uma Poleeko Gold Pale Ale mais turbinada (a Poleeko tem uma medalha de ouro em torneios; essa Boont Extra Special Beer tem quatro). O aroma traz notas florais e de caramelo e é um pouco mais maltado embora o que interessa aqui seja realmente o lúpulo, e ele não decepciona os fãs. O álcool se desprende com facilidade conforme a temperatura da cerveja sobe. O amargor surge forte no paladar, principalmente nos primeiros toques na língua, mas logo se aconchega, e permite admirar o malte de caramelo. Excelente final.
Eis três ótimas cervejas de Boonville. A Anderson Valley produz 10 rótulos, e praticamente todos estão sendo trazidos ao Brasil pela distribuidora Tarantino. As latinhas de 355 ml costumam sair entre R$ 9 e R$ 11 enquanto as garrafas de 330 ml variam entre R$ 13 e R$ 15. Vale ainda ir atrás das sensacionais Boont Amber Ale (apaixonante, minha preferida da casa), Hop Ottin’ India Pale Ale e da Barney Flats Oatmeal Stout. Há, ainda, duas versões em garrafas de 600 ml: Brother’s David Double e Brother’s David Triple, ambas na faixa dos R$ 29 – e a possibilidade de conhecer a cervejaria em Boonville. Eis um ótimo programa de viagem…
Imperial IPA
– Produto: Imperial Double IPA
– Nacionalidade: Estados Unidos
– Graduação alcoólica: 8,7%
– Nota: 4,28/5
Poleeko Gold Pale Ale
– Produto: American Pale Ale
– Nacionalidade: Estados Unidos
– Graduação alcoólica: 5,5%
– Nota: 3,21/5
Boont Extra Special Beer
– Produto: English Pale Ale
– Nacionalidade: Estados Unidos
– Graduação alcoólica: 6,8%
– Nota: 3,44/5
Leia mais:
– Top Cervejas: Cold 200, por Marcelo Costa (aqui)
– Conheça outras três cervejas da Anderson Valley: Boont Amber Ale, Hop Ottin’ India Pale Ale e Barney Flats Oatmeal Stout (aqui)
dezembro 17, 2012 No Comments
Founders, uma grande pequena cervejaria
A Founders Brewery nasceu em 1997 em Michigan, nos Estados Unidos, quando dois entusiastas do homebrewing decidiram criar suas próprias cervejas assim que deixaram a faculdade. De lá cá, nestes 15 anos, a Founders acumula dezenas de medalhas variadas em premiações de cerveja, e é apontada por muitos como uma das três melhores cervejarias dos Estados Unidos (arriscaria outras duas: Brooklyn e Anderson Valley – quem é a primeira das três? Difícil) com uma produção que já soma mais de 30 rótulos.
Dos mais de 30 rótulos que a Founders Brewery produz – as estrelas premiadas são as sazonais Kentucky Breakfast Stout e Canadian Breakfast Stout – apenas cinco são produzidas o ano inteiro: Centennial IPA (American IPA), Dirty Bastard (Scotch Ale), Dry Hopped Pale Ale (Pale Ale), Porter (Porter) e Red’s Rye PA (Rye beer), sendo que as quatro primeiras estão chegando ao Brasil agora via Tarantino. O pessoal de Michigan leva a sério a ideia de releitura mais encorpada e personal das melhores cervejas europeias.
A Founders Dry Hopped Pale Ale, como diria o grande mestre cervejeiro Garrett Oliver, entrega boa parte de seu charme no rótulo: se tem dry hopping, pode ter certeza que o lúpulo será valorizado no conjunto. Não é diferente aqui: o aroma valoriza o lúpulo cascade que dispersa notas florais sobre uma camada de malte de caramelo. O paladar é amargo na medida certa, sem esconder algumas notas adocicadas num conjunto simples e bastante funcional. O final é seco e amargo com um leve adocicado marcando presença. Sem invenções, uma boa cerveja.
A Founders Centennial IPA carrega em seu nome o lúpulo que é sua marca registrada. Assim como na versão Pale Ale, aqui também o processo dry hopping faz um belíssimo trabalho. O aroma, perfumadíssimo, transpira lúpulo floral e se divide em notas encantadoras de pitanga, manga, caramelo, resina e canela. O paladar sofisticado é bastante lupulado, resinoso e cítrico com sugestões de frutas vermelhas, casca de laranja, mel e abacaxi. Bastante intensa, e de amargor forte, eis uma IPA que se diferencia brilhantemente das demais. Palmas.
A Founders Porter (Dark, Rich, and Sexy) só perde na cor escura para a Petroleum, da Wäls. Aguarde muito chocolate quando retirar a tampa. O malte tostado confere ao aroma as notas de café tradicionais e, nesta cerveja principalmente, chocolate. E também fumaça. Já o paladar é inicialmente adocicado (chocolate e mel), depois o tostado traz notas claras de café em um conjunto que finaliza com um amargor que se perpetua. Apesar da intensidade, a Founders Porter une suavidade e encerra de maneira seca. Quase um café gelado com chocolate. Ótima.
Fechando de maneira fenomenal, a Founders Dirty Bastard é uma releitura do pessoal de Michigan para a tradicional Scotch Ale europeia. Aqui, Strong Scoth Ale. São sete tipos de malte que conferem ao aroma notas de caramelo, uva passa, frutas vermelhas e madeira. No paladar, o malte trabalha que é uma beleza distribuindo notas de açúcar mascavo, caramelo, melaço e chocolate em um conjunto charmoso e aveludado cuja doçura esconde os 8,5% de álcool presentes. Por isso a recomendação direta: “não é para moleques”.
Inicialmente, dois rótulos da Founders foram para o mercado no Brasil de cara (Centennial IPA e Dry Hopped Pale Ale, ainda os mais fáceis de serem encontrados), e os outros dois (Porter e Dirty Bastard) eram exclusivos do clube de assinatura Have a Nice Beer. Agora, as quatro Founders já podem ser encontradas em bons empórios. Os preços variam entre R$ 13 e R$ 16 (a garrafinha gorduchinha de 355 ml), e aqueles que declaravam amor para a Brooklyn vão ter que repensar essa paixão (ou, no mínimo, dividir o coração): a Founders é apaixonante.
Founders Dry Hopped Pale Ale
– Produto: American Pale Ale
– Nacionalidade: Estados Unidos
– Graduação alcoólica: 5,8%
– Nota: 3,16/5
Founders Centennial IPA
– Produto: India Pale Ale
– Nacionalidade: Estados Unidos
– Graduação alcoólica: 7,2%
– Nota: 3,88/5
Founders Porter
– Produto: Porter
– Nacionalidade: Estados Unidos
– Graduação alcoólica: 6,5%
– Nota: 3,91/5
Founders Dirty Bastard
– Produto: Strong Scotch Ale
– Nacionalidade: Estados Unidos
– Graduação alcoólica: 8,5%
– Nota: 4,28/5
Leia também:
– Ranking Pessoal -> Top 200 Cervejas, por Marcelo Costa (aqui)
dezembro 11, 2012 1 Comment
Duas cervejas chilenas: Szot e Quimera
A Szot é uma das mais cultuadas micro cervejarias chilenas. Não é à toa. Do rótulo personal ao modo peculiar em que produz suas cervejas, há muito que admirar a Szot. No site oficial, um texto provoca: “Todas as cervejarias chilenas usam o mesmo malte e compram o lúpulo do mesmo fornecedor. Por que as cervejas são diferentes?”, questiona. “A panela”, responde. No caso da Szot, todas as cervejas da casa são refermentadas na garrafa usando o método champenoise, o que lhe confere um aroma cítrico e uma personalidade fortíssima. Uma aula para todos os micro cervejeiros que fazem cervejas iguais ao do colonialismo Ambev/Inbev.
A Szot Amber Ale, de diabinho fashion no rótulo, remete diretamente ás cervejas belgas refermentadas na garrafa. O aroma cítrico, predominando abacaxi e lima. Já no paladar, este cítrico (intenso tendendo ao azedo) mais o amargo (com boa participação do lúpulo Cascade) e o alcoólico (apenas 5,8% de graduação) causam um estranhamento inicial que provocam o bebedor. Bastante complexa em um conjunto de 90% de malte pilsen e 10% de malte caramelo. Pode assustar aqueles acostumados com as cervejas de balcão tradicionais, mas ela acalma – principalmente se acompanhada de carnes, salame ou embutidos. Bela experiência.
Já a Szot Rubia al Vapor leva o experimento a outros níveis, sendo inspirada no estilo Steam, da Califórnia, em que a cerveja é feita em uma temperatura mais alta do que o padrão de uma lager, mas menos do que uma ale. Novamente, a fórmula aposta em 90% de malte pilsen e 10% de caramelo com o conjunto sendo fechado pelo lúpulo Northern. No copo, o conteúdo turvo valoriza a acidez, que no aroma se transforma em cítrico, e no paladar remete e queijo roquefort. É uma cerveja ao mesmo tempo arisca e leve (assim como a Amber Ale da casa), que provoca o paladar enquanto refresca. Boa presença de lúpulo em um belíssimo conjunto.
A Casa Cervecera Quinta Normal é tão nova que ainda existem poucas informações acessíveis sobre ela. Sabe-se que a pequena fábrica nasceu em Santiago, provavelmente em 2010, e que apenas alguns bares especializados da cidade trazem em sua carta os quatro rótulos da Quimera, primeiro lançamento artesanal da casa (nas versões Amber Ale, Pale Ale, Stout e Imperial Stout). Por alguma razão feliz e interessante, dois rótulos da Quimera estão (estavam) disponíveis em uma das lojas do aeroporto de Santiago (já dentro da área de embarque). Anote: sua volta pode ser ainda melhor.
A ótima Quimera Pale Ale traz o mesmo rótulo azul da Quimera Sparkling Ale (fica a dúvida se o nome foi mudado), e nenhum deles entrega o líquido quase IPA (que também traz alguns traços de bitter ale) de dentro da garrafa. O aroma valoriza categoricamente os três lúpulos usados pela casa (Magnum, Cascade e Perle), que pulam a frente do malte de caramelo sem deixar notas deste último. O paladar é riquíssimo. A força dos lúpulos em contraste com o melaço se divide em algo de cítrico, avelã, madeira, charuto e, por fim, caramelo. O final, terroso, deixa um rastro de lúpulo pelo caminho. Excelente. E são só 5% de álcool!
Por sua vez, a Quimera Amber Ale (o rótulo verde da casa) remete bastante às Pale Ale tradicionais. Os dois maltes escolhidos pelos chilenos (Cristal e Caramelo) dão um tom frutado ao aroma enquanto o único lúpulo do conjunto (o imponente Cascade) perfuma o conjunto de forma intensa. No paladar (menos brilhante que a versão Pale Ale), o frutado volta a se destacar embora o lúpulo marque presença, o que resulta em um começo adocicado e num final amargo e aromático. É um conjunto bastante suave, bem mais simples e menos vistoso que a versão Pale Ale, mas ainda assim interessante.
Só encontrei a Quimera no aeroporto de Santiago (por cerca de 2 mil pesos chilenos – cerca de R$ 9), já a Szot (que ganhou várias medalhas mundo afora) pode ser encontrada pelo mesmo preço (as duas em garrafas de 330 ml) na tradicional rede de supermercados chilena Líder (ao menos tem várias lojas em Santiago). Porém, nem todas as Szot. São oito rótulos e, pra variar (além da tradicional – e obrigatória – a visita a Concha Y Toro), talvez seja uma boa oportunidade para se conhecer a fábrica da Szot, que fica a 30 quilômetros do centro de Santiago, e recebe visitantes para tours quase todos os sábados (eles pedem para acompanha-los no Facebook ou avisar por telefone – número aqui).
Szot Amber Ale
– Produto: American Amber Ale
– Nacionalidade: Chile
– Graduação alcoólica: 5,8%
– Nota: 3,81/5
Szot Rubia al Vapor
– Produto: Amber Lager
– Nacionalidade: Chile
– Graduação alcoólica: 4,7%
– Nota: 3,86/5
Quimera Pale Ale
– Produto: Pale Ale
– Nacionalidade: Chile
– Graduação alcoólica: 5%
– Nota: 3,86/5
Quimera Amber Ale
– Produto: Amber Ale
– Nacionalidade: Chile
– Graduação alcoólica: 5,7%
– Nota: 3,03/5
Leia também:
– Ranking Pessoal -> Top 200 Cervejas, por Marcelo Costa (aqui)
dezembro 2, 2012 No Comments
Voltando no tempo: Pampeana Gruit Ale
A cerveja existe há milhares de anos, e, no principio, ela era bem diferente do que nós estamos acostumados a beber. Consta que sumérios, egípcios, mesopotâmios e ibéricos já fabricavam cerveja 6 mil antes de Cristo, mas esse tipo de cerveja consumida no mundo todo hoje em dia surgiu apenas no século 12, na Alemanha, quando a Abadessa Hildegard Von Biden colocou lúpulo na mistura, descobrindo assim uma flor que não só combatia o adocicado do malte como tinha qualidades de conservante natural. Nascia a cerveja como nós conhecemos – e bebemos.
A questão que fica: como os cervejeiros faziam antes da descoberta do lúpulo? Para contrabalançar o malte e conservar a cerveja durante algum tempo era usado um gruit, que nada mais é do que uma mistura de ervas aromáticas que funcionavam como tempero e concediam a cada cerveja um sabor único e bastante particular. Como as ervas mudavam de região para região, cada localidade tinha uma cerveja sua, que era feita só ali usando os ingredientes locais – muitos deles moderadamente narcóticos (como o lúpulo, aliás, um parente distante da cannabis).
Com a popularização do lúpulo, num primeiro momento, e a rigorosa Reinheitsgebot (Lei da Pureza da Baviera), que em 23 de abril de 1516 definiu que os únicos ingredientes que poderiam ser utilizados na produção de cerveja fossem apenas água, cevada e lúpulo, o gruit perdeu terreno e desapareceu lentamente, até ressurgir junto ao movimento de microcervejarias norte-americanas dos anos 90. De lá pra cá, várias cervejarias (tanto californianas quanto belgas, britânicas e escocesas) produziram e ainda produzem cerveja apenas com gruit.
No Brasil, a honraria e coragem ficou a cargo do Lagom Brewpub, de Porto Alegre. Para festejar os dois anos da casa, em 2012, o pessoal arriscou e o resultado é a Pampeana Gruit Ale, que conta com diversas ervas, entre elas a Carqueja e o Guaco, típicos da região dos Pampas. A primeira prova saiu extremamente amarga, por isso o mel aparece na receita para equilibrar o conjunto. Vendida apenas em torneira (essas garrafas da foto são uma cortesia para um apaixonado que escreve sobre cervejas), a Pampeana Gruit Ale é uma bela surpresa.
No aroma, notas intensas de ervas além de melaço e alguma coisa de remédios de infância (isso mesmo). Ainda é possível sentir o malte de caramelo, nozes e álcool (são 8,3% de graduação alcoólica). O paladar valoriza as ervas, que causam sensações que remetem desde própolis e melaço até nozes, coco queimado e, claro, álcool. O liquido cria uma camada de sabor no céu da boca, e a descida deixa um rastro de mel por todos os cantos. O final é longo, adocicado e surpreendente. Eis uma cerveja única.
No balcão da Lagom ela é vendida por R$ 15 cada pint (R$ 10, meio pint), e acompanha uma carta que traz entre outras 10 e 15 cervejas (dependendo da época – a Lagom já produziu mais de 40 cervejas diferentes em dois anos de existência) com destaque para a intrigante Tripel (8,8%) da casa, que junta aveia, coentro e casca de laranja (e remete a anis) e para a sensacional Imperial Stout (9,5%). Sem contar com a Tiltap Irish Red Ale, receita vencedora do concurso Acerva Gaúcha, de 2011, feita por Jesael Eckert e… Wander Wildner (sim, sim!).
As cervejas da casa são divididas em três grupos cujo preço varia de R$ 7 o pint (PIlsen), R$ 9 (Belgian Ale, Weiss, Brown Porter, Tiltap, Blond Ale, Dunkweiss e Dry Stout) e R$ 13,50 (Tripel, Imperial Stout e a Columbus American IPA). Na parte de petiscos destaque para as brusquetas (que podem ser as tradicionais – tomate, ervas e azeite – ou então de cogumelos e, ainda, uma versão com gorgonzola e alho poró), mas ainda há um Entrecot Viking (500 gramas de carne grelhada acompanhada de purê e ervilhas) e Salsicha Bock com Queijo.
A Lagom fica na Rua Bento Figueiredo, 72, no Bairro Bom Fim, há cerca de cinco minutos a pé do Parque Farroupilha, e funciona de segunda a sábado das 18h às 23h. Merece muito uma visita – com o pint de Pampeana Gruit Ale na taça. Com a Lagom (e muitas outras cervejarias abertas nos últimos dois anos na capital gaúcha), Porto Alegre se junta a Curitiba e Belo Horizonte no quesito de boas cervejas locais. Já é um destino certo para os apaixonados por boa cerveja no lado debaixo do Equador.
novembro 21, 2012 No Comments
Três cervejas: Rameé, Baladin, Way
A Baladin – através de seu mestre cervejeiro Teo Musso – é a precursora do renascimento das cervejas artesanais na Itália. Teo inaugurou a cervejaria em 1986 em Piozzo, uma cidadezinha de mil habitantes. De lá pra cá, a Baladin acumula dezenas de prêmios e um catálogo de cervejas de dar água na boca: são 12 rótulos divididos em quatro categorias – Birre Speziate (Picante), Birre Puro Malto (Puro Malte), Birre Luppolate (Lupulada) e Birre Stagionali (Sazonal) – e geralmente apresentadas em belas garrafas de 750 ml.
Esta beleza da foto é a Baladin Open Noir, versão especial de um dos hits da casa italiana, a Open. Nesta versão Noir, Teo Musso acrescenta alcaçuz Calábria na receita, buscando acalmar uma IPA bastante rebelde. No aroma deslumbrante, notas nítidas e ricas de frutas cítricas (abacaxi, maracujá) bailam com lúpulo. No paladar, o alcaçuz tenta combater com doçura o amargo da alta dosagem de lúpulo. O resultado é uma cerveja adocicada que valoriza o alcaçuz e o malte de caramelo sem desmerecer o amargor do lúpulo. Uma cerveja bela e corajosa.
Localizada no coração da Bélgica, no Brabante Valão, cerca de 50 minutos de Bruxelas, a Abadia de La Ramée (de monges cistercienses) produz, desde o século 13, queijos suaves, patês de carne de porco e, claro, cerveja. Como várias outras abadias francesas e belgas, La Ramée sofreu com as guerras territoriais e religiosas da Europa. Foi incendiada e reconstruída. Durante a Revolução Francesa foi fechada e parcialmente demolida para ser reaberta no século 20, e tombada pelo Patrimônio Histórico em 1980.
A Rameé Blond é tudo aquilo que se espera de uma cerveja belga de abadia. O aroma, cítrico e frutadíssimo, remete a baunilha, abacaxi e flores. No paladar, o álcool (8%) pede passagem sem constranger o freguês. O toque na língua é bastante suave e as notas frutadas não chegam a entregar aquilo que os aromas anunciam alcançando um resultado equilibrado, mas pouco complexo. É uma boa cerveja cuja acidez desce riscando a garganta e deixa pelo caminho um rastro de malte de caramelo e álcool.
Já a Way, de Curitiba, continua em uma ascendente impressionante. Logo depois que a American Pale Ale da casa foi premiada como melhor do país no 1º Prêmio Maxim de Cervejas Brasileiras, os curitibanos investiram no projeto de cerveja colaborativa, que rendeu a Way 8 Secrets num primeiro momento, e a maravilhosa Way Double APA na sequencia. Agora, a Way surge com a Amburana Lager, uma receita inspirada nas Lagers escuras e mais alcoólicas da região da Áustria, maturada em barris de madeira Amburana Cearensis.
Lançada em setembro de 2012, a Amburana Lager traz um aroma suave com notas de malte defumado, madeira, frutas escuras (uvas e, intensamente, ameixas), toffee, café e álcool (são 8,4% de graduação alcoólica). O paladar licoroso renova as notas do aroma com o álcool saltando à frente e os tons de madeira, ameixa e caramelo bailando com o lúpulo, que se arrasta deixando marcas amargas pelo caminho até o final denso e saboroso – que remete à café. O pessoal de Curitiba está de parabéns. Eles acertaram de novo.
Apresentada no Beer Experience 2012, a Way Amburana Lager já está sendo engarrafada e pode ser encontrada em alguns empórios (em São Paulo precisa procurar bem) entre R$ 15 e R$ 17 a garrafa de 310 ml. As garrafas de 750 ml da Baladin saem por cerca de R$ 50 (estavam sendo vendidas por R$ 20 no Beer Experience) enquanto as Rameé Blond podem ser encontradas entre R$ 16 e R$ 22 (garrafa de 330 ml) – as deste post foram compradas no Clube Flamingo, novo boteco de cervejas especiais na Rua Antonio Carlos, esquina com a Augusta. Recomendo.
Baladin Open Noir
– Produto: IPA
– Nacionalidade: Itália
– Graduação alcoólica: 7,5%
– Nota: 3,84/5
Rameé Blond
– Produto: Belgian Golden Strong Ale
– Nacionalidade: Bélgica
– Graduação alcoólica: 7,5%
– Nota: 3,82/5
Way Amburana Lager
– Produto: Wood Aged Beer
– Nacionalidade: Brasil
– Graduação alcoólica: 8,4%
– Nota: 3,84/5
Leia também:
– Uma das melhores do país: Way Double American Pale Ale (aqui)
– Cinco rótulos da cervejaria curitibana Way Beer (aqui)
– Ranking Pessoal -> Top 200 Cervejas, por Marcelo Costa (aqui)
novembro 19, 2012 No Comments
Garrett Oliver no Brasil
Foto: Divulgação
Ele é o cara. Garrett Oliver, um dos nomes mais respeitados do universo cervejeiro mundial, desembarca no Brasil no dia 07 de Novembro, para agenda de palestras e produção de cerveja. Oliver é mestre cervejeiro da Brooklyn Brewery, editor-chefe do The Oxford Companion to Beer e autor de “A Mesa do Mestre-Cervejeiro” (“The Brewmaster’s Table”), livro lançado no Brasil pelo Senac, minha compania pessoal nos últimos dois meses (uma sensacional Bíblia sobre harmonização de cervejas).
Oliver vem ao Brasil e vai participar da produção da nova cerveja da Wäls, uma Saison com cana de açúcar. Oliver se juntará a um dos Mestres Cervejeiros mais criativos do Brasil, José Felipe Carneiro, para esta produção única e histórica. A receita inédita vai unir a brasilidade da cana com o estilo belga Saison, que traz os sabores das terras férteis do Brasil. O nome não poderia ser mais especial: Saison de Caipira (uma cerveja entre 6 e 8% de álcool, que irá consumir cerca de 400 litros de caldo de cana, fornecida pela cachaçaria mineira Vale Verde).
Além da produção da cerveja, Oliver irá ministrar uma palestra sobre ingredientes das Américas na produção de cervejas, participar de evento com clientes da Brooklyn Brewery e sua distribuidora no Brasil a BeerManiacs no Mercado Municipal de São Paulo, além de um bate papo com jornalistas no Bar Aconchego Carioca, recém-inaugurado em São Paulo. Além da Brooklyn, Garrett Oliver produziu a linha especial da cervejaria italiana Amarcord e já promoveu mais de 800 degustações de cerveja, jantares e demonstrações culinárias em 14 países.
Leia também:
– Três perguntas para José Felipe Carneiro, da Wäls (aqui)
– Uma manhã na cervejaria Wäls, em Belo Horizonte (aqui)
– Saiba como foi o segundo Beer Experience, em São Paulo (aqui)
– Amarcord: eis um bom motivo para conhecer a Itália (aqui)
– Brooklyn Post Road Pumpkin Ale e Oktoberfestl (aqui)
– Brooklyn Brewery e outros 4 pubs cervejarias nos EUA (aqui)
– Brooklyn Monster Ale e Brooklyn Black Chocolate Stout (aqui)
– Brooklyn Lager, India Pale Ale e Brown Ale (aqui)
novembro 5, 2012 No Comments
As quatro cervejas da Gauden Bier
Fundada em 2007 no bairro de Santa Felicidade, em Curitiba, a Gauden Bier é mais uma pequena cervejaria que brilha na capital paranaense, Estado que junto a Minas Gerais destaca-se no segmento. Utilizando água do Aqüífero Embasamento Cristalino da Bacia Hidrográfica do Iguaçu Gauden Bier surpreende por um belo conjunto que mostra unidade entre as quatro cervejas produzidas pela casa: Hefe-WeissBier, Lager Naturtrübe, Pale e Pilsen (as duas primeiras, não filtradas).
A Gauden Bier Hefe-WeissBier causa uma boa surpresa em um estilo bastante difundido. Ela é uma cerveja de trigo não filtrada que honra as características do rótulo. No aroma, notas bastante distinguíveis de banana, cravo, tutti-frutti e limão. O paladar traz as mesmas notas do aroma privilegiando o cítrico sobre a doçura (quase inexistente) do malte, o que destaca a acidez e torna o final extremamente seco. É uma cerveja bastante leve e interessante – acompanhou muito bem um prato de brie com azeite e temperos.
A Lager Naturtrübe da casa curitibana é uma ótima versão não filtrada das Premium American Lager. O aroma traz notas de azedo, aveia, trigo e cereais. Bastante peculiar. O paladar é marcado pela forte presença de malte, que transforma a Gauden Bier Lager Naturtrübe em um autêntico pão (doce) liquido – principalmente no final. O amargor é praticamente inexistente em outra bela surpresa da cervejaria, uma ótima experiência para aqueles que quiserem descobrir a diferença entre uma lager filtrada e uma não filtrada.
A Gauden Bier Pale Ale é uma tentativa de pagar tributo ao estilo Belgian Pale Ale, mas lembra muito mais a releitura norte-americana do estilo (sem tanto lúpulo, uma paixão dos cervejeiros de lá). Ainda assim, o aroma traz notas de malte levemente tostado e lúpulo – além de algo de frutado. O paladar, suave e de início adocicado, pende mais para o malte de caramelo, embora o lúpulo esteja presente num conjunto bastante equilibrado. Há alguma coisa de frutas cítricas em uma cerveja bem particular e interessante.
Para fechar, a Gauden Bier Pilsen também surpreende em outro acerto da cervejaria. A leitura dos curitibanos para este estilo idolatrado pelos brasileiros inclui dry hopping de lúpulo Cascade (que dá ao aroma um charme especial) em um conjunto que destaca o tradicional malte tcheco pilsen e deixa o amargor em segundo plano – fãs das cervejas massificadas podem estranhar, mas o resultado é bastante elogiável. O paladar é extremamente suave em uma cerveja muito boa, personal e refrescante.
Os quatro bons rótulos trabalhados pela Gauden Bier mantém uma interessante unidade (que faz falta em várias cervejarias nacionais) que identifica a cervejaria – independente do estilo. As quatro acima foram compradas em um kit no Clube do Malte que saiu por R$ 36,90 (garrafas de 355 ml). É possível encontra-la também em garrafa de 600 ml (os preços variam entre R$ 13 e R$ 15 cada) assim como visitar a fábrica em Curitiba (no site oficial você pode realizar um tour virtual). Recomendo.
Gauden Bier Hefe-WeissBier
– Produto: German Weizen
– Nacionalidade: Brasil
– Graduação alcoólica: 4,2%
– Nota: 3,37/5
Gauden BierLager Naturtrübe
– Produto: American Lager
– Nacionalidade: Brasil
– Graduação alcoólica: 4,7%
– Nota: 3,39/5
Gauden Bier Pale Ale
– Produto: Belgian Pale Ale
– Nacionalidade: Brasil
– Graduação alcoólica: 4,7%
– Nota: 3,16/5
Gauden Bier Pilsen
– Produto: American Lager
– Nacionalidade: Brasil
– Graduação alcoólica: 4,7%
– Nota: 3,05/5
Leia mais:
– Top Cervejas: Cold 200, por Marcelo Costa (aqui)
outubro 30, 2012 No Comments