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Category — Cervejas

Rock das Cervejas no Correio Braziliense

A Juliana Figueiredo, junto a Marina Vieira, fez uma reportagem bem bacana para o Correio Braziliense sobre a proximidade das cervejas e das bandas de rock no Brasil – publicada na terça-feira, 18/03. Contribuo com a minha opinião “polêmica” sobre o tema…

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março 20, 2014   No Comments

Visitando o Brewdog Bar São Paulo

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Todas as fotos: Instagram ScreamYell

Na terça-feira, 21/01, a Brewdog Bar São Paulo abriu as portas em uma festa para convidados, e contrariando o conselho de amigos, que diziam existir filas para entrar no bar nos dias seguintes, decidi ir conhecer a nova casa cervejeira paulistana no começo da tarde de sábado, 25/01, por volta das 17h. Primeiro ponto positivo: nada de filas. Rapidamente peguei meu cartão e fui para o balcão conferir a oferta de cervejas da casa. E gostei do que vi.

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A rigor, a casa tem 15 torneiras disponíveis e no quadro negro eram ofertadas 8 cervejas da Brewdog e 3 convidadas. Entre as oito da Brewdog estão Dead Pony Club (American Pale Ale, 3,8%), Fake Lager (Pilsner, 4,7%) 5 a.m. Saint (American Amber Ale, 5%), Punk IPA (India Pale Ale, 5,6%), Electric India (Saison, 7,2%), Hoppy Christmas (India Pale Ale, 7,2%), Jack Hammer (India Pale Ale, 7,4%) e Hardcore IPA (Double India Pale, 9,2%).

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Entre as convidadas estavam (neste sábado) a WayDog, uma Session Pale Ale de 3,8% feita exclusivamente pela cervejaria curitibana Way para o Brewdog Bar São Paulo (e fixa no cardápio da casa), a Double Viena da Morada e a nova Wäls, Niobium, uma Double IPA com 9% de teor alcoólico, que esgotou antes mesmo das 19h, sendo substituída por outra brasileira. Isso sem contar a oferta de garrafas, que além de rótulos da casa ainda destaca uma boa variedade de Mikellers.

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Quanto aos preços, eles vão de R$ 16 (Dead Pony Club e Fake Lager) até R$ 22 (Hardcore IPA) o meio pint (268 ml), o que mantém as cervejas da casa no padrão das ofertadas em garrafa no país. Complicado comparar os preços praticados na Europa (veja a tabela de preços da Brewdog Pub Camden, em Londres), onde um bar da Brewdog vende um pint de Dead Pony Club por R$ 17 e o meio pint de Hardcore IPA por R$ 15, mas, como saída, há a boa oferta do pint da WayDog, que sai por R$ 17.

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Ou seja, houve a preocupação da casa paulistana em ter uma cerveja com preço igual ao rótulo mais em conta das filiais europeias. Já em garrafa existem preços para todos os gostos e bolsos (veja algumas aqui). Antes de entrar no bar eu já havia bebido 22 Brewdogs diferentes, mas das oito em torneira ali, três ainda eram inéditas para mim! Hora de resolver a contenda.

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Quando sai do bar, às 21h, tinha bebido seis cervejas (e dividido mais uma com uma amiga): comecei pelo pint da WayDog, e fiquei felizmente surpreso pela bela Session Pale Ale dos curitibanos. Passei então por outra nacional, a excelente Double Viena da Morada (apostando na economia: R$ 12 o meio pint) e encarei na sequencia a primeira das Brewdog no dia: Electric India, uma belíssima Saison que recebe casca de laranja fresca, mel de urze, grãos de pimenta preta esmagados e lúpulos Amarillo e Nelson Sauvin. A melhor da noite.

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Ainda encarei a novíssima Wäls Niobium, levemente amanteigada, mas sem contudo prejudicar o bom conjunto, e a boa Brewdog Fake Lager além de duas garrafas de Mikeller: uma sensacional Monks Brew (Quadrupel de 10%) e uma Milk Stout (uma Sweet Stout de 6%) – cada uma delas, R$ 24. Saldo final da noite, incluindo os 10% (e sem comida): R$ 107, 50. Ou seja, não é para ir todo dia – no meu caso, nem toda semana: uma vez por quinzena, e olhe lá. A experiência, no entanto, foi bastante válida.

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janeiro 29, 2014   No Comments

A volta do podcast Qualquer Coisa

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Gravado no último domingo, 11/01, a edição 145 do grande podcast Qualquer Coisa, de Paulo Terron e José Flávio Júnior, foi ao ar nesta semana quebrando um silêncio de quase dois anos. Os convidados desta edição do Qualquer Coisa foram eu e Nevilton, que tocou “Porcelana”, uma das grandes músicas de 2013, no violão, além de trechos de outras faixas do álbum “Sacode”. A metódica desta edição foi repassar destaques do ano e cada um escolheu músicas e debateu, ainda, cinema além de degustar a sidra neozelandesa 8 Wired, cortesia do Zé Flávio. Ouça abaixo (e baixe em MP3 aqui).

janeiro 16, 2014   No Comments

Na revista BeerArt #2

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Criada especialmente para tablet, a BeerArt é uma revista que retrata a evolução da cerveja artesanal, em um mundo onde importante é saborear, e não exagerar. Neste segundo número, falo sobre minha cerveja preferida (veja aqui). A revista está disponível apenas para tablet, mas o pessoal colocou algumas páginas para degustação no site da publicação. Confere lá: http://revistabeerart.com/

outubro 18, 2013   No Comments

Beer Experience 2013: Uma decepção

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Aparentemente, tinha tudo para ser um fim de semana especial. O Beer Experience, que havia começado sua trajetória em uma área de estandes no Shopping Frei Caneca em 2011, tinha chegado ao Pavilhão de Exposições do Ibirapuera esperando um grande público e provando o excelente momento que a cerveja artesanal vive no Brasil. Mas uma série de escolhas erradas da produção colocou a perder o único grande festival de cervejas da cidade de São Paulo, e a terceira edição 2013 do Beer Experience foi decepcionante.

Como um bom festival de cervejas artesanais, as duas primeiras edições do Beer Experience trouxeram novidades, lançamentos e introduzira novos rótulos no mercado, algo que foi feito que timidez assustadora neste ano. Mais triste foi perceber a ausência de micro cervejarias importantes (alto preço dos aluguel dos estandes, justificaram alguns) e encontrar várias cervejas custando mais dentro do evento (a Rogue Voodoo Bacon Maple Ale estava sendo vendida a R$ 120 e pode ser encontrada por R$ 80 em bons empórios da cidade), além do serviço insatisfatório de comida.

A sensação é de que a cultura cervejeira foi deixada de lado em prol do lucro, e que o Beer Experience virou uma grande balada em que conversar sobre cerveja com fabricantes e descobrir novos rótulos ficou em segundo plano dando lugar a shows e áreas vips num espaço desleixado e sem decoração, o que sugere pressa e descuido. A percepção clara é de que o Beer Experience quis dar um passo maior do que a perna, e pode até ter alcançado um público maior, mas perdeu qualidade e credibilidade.

O Beer Experience perde ainda mais se comparado ao sensacional Festival Brasileiro da Cerveja, de Blumenau, que consegue atender de forma cuidadosa a um imenso público, reunir algumas das melhores micro-cervejarias do país, boa parte delas lançando novidades, e ofertar comida a bons preços e sem filas imensas. Por mais que a estratégia do Beer Experience denote uma escolha errada, fica a torcida para que o festival volte aos eixos nas próximas edições. O que se viu na edição 2013 do Beer Experience foi lamentável.

É importante crescer. É importante ter um lucro que permita continuar fazendo o que se faz, da melhor maneira possível, mas respeito ao público e à própria cultura cervejeira deveriam ser  emblemas do Beer Experience, e a edição 2013 pecou nisso. Que esse cuidado seja retomado nas próximas edições e que os erros permitam ao Beer Experience melhorar para os próximos anos. Caso contrário, ao optar por se tornar balada, o festival deixa uma brecha interessante no mercado cervejeiro paulistano. Vale ficar de olho.

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Leia também:
– Os destaques do primeiro Beer Experience, em São Paulo (aqui)
– Os destaques do segundo Beer Experience, em São Paulo (aqui)

setembro 30, 2013   No Comments

Dois (ou três) bares cervejeiros no Rio

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Foto: Marco Bart Barbosa

Na semana passada, prê-segundo fim de semana maratona do Rock in Rio, sai pela cidade carioca com alguns bons amigos conhecendo bares que vendem boa cerveja. Na quinta, começamos com o pé esquerdo ao pagar R$ 27,50 em um pint de Guiness num boteco ao lado dos Arcos da Lapa, mas as coisas melhoraram na sexta, quando visitamos o Aconchego Carioca e o Botto Bar, os dois próximos da Praça da Bandeira, os dois na Rua Barão de Iguatemi (um no número 379, outro no 205 – respectivamente).

O Aconchego Carioca fica num velho casarão e se destaca pelo ótimo cardápio de petiscos. Comemos o tradicional Bolinho de Feijoada acompanhado de uma Erdinger Pikantus, um dos rótulos de melhor custo benefício no local, que tem como ponto negativo a falta de torneiras – a cerveja na pressão está sendo cada vez mais difundida no país. Numa primeira olhada achei os preços de cervejas importadas (principalmente belgas e norte-americanas) bastante elevado, e a carta da filial paulistana muito melhor (incluindo nacionais).

Já o Botto Bar me conquistou com 20 torneiras selecionadas pelo mestre cervejeiro Leonardo Botto. Curti o clima do local, a porção de salgadinho também foi aprovada e a carta de cervejas na pressão é para todos os bolsos e gostos colocando as incomparáveis Tripel Karmeliet, Chimay Triple, La Trappe Quadrupel, Pilsner Urquell, Ola Dubh 16 e Weihenstephaner ao lado de boas nacionais como da Cervejaria Noi, de Niterói. Quero voltar quando estiver no Rio – e ainda conhecer o Delirium Café carioca.

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Leia também:
– Europa 2013: Rodando bares em Bruxelas (aqui)
– Oito pubs de cervejarias nos Estados Unidos (aqui)

setembro 28, 2013   No Comments

Europa 2013: Um passeio cervejeiro

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Geralmente, quando termino uma viagem, tento colocar as ideias em ordem escrevendo um resumo que busca unir os pontos perdidos entre uma cidade e outra, e encerrar a aventura no formato balanço. Desta vez, porém, o balanço será um pouco diferente. Esta viagem de junho para a Europa foi a minha primeira viagem após ter me formado Sommelier de Cerveja, e isso me fez olhar as coisas de um modo ligeiramente diferente, buscando as raízes (e curiosidades) de algumas escolas cervejeiras.

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Afinal, toda essa minha paixão por cervejas começou seis anos atrás numa cidadezinha da Bélgica, a Disneylândia dos cervejeiros. Por isso eu precisava resolver algumas questões: como pisei tantas vezes em Londres e nunca bebi uma Real Ale? Como em diversas passagens por Bruxelas, não enchi a minha taça de Lambic? E como tive a cara de pau de passar por Berlim e não beber Berliner Weisse? Chegou a hora de resolver tudo isso.

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Real Ale, Lambic e Berliner Weisse são estilos de cervejas característicos e totalmente ligados à cidade/país em que são produzidos. Impossível beber Lambic fora de Bruxelas, por exemplo. Porque a Lambic é uma cerveja feita através de fermentação espontânea, e depende do trabalho do fungo Brettanomyces, conhecido no meio pelo apelido carinhoso de Brett, que só é encontrado nos arredores da cidade belga, e não existe Lambic sem ela – pode até ser uma cerveja parecida, mas não é Lambic, é outra coisa.

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Já a Real Ale britânica (também conhecida como Cask Ale) é uma cerveja que passa por uma primeira fermentação rápida e morna, e depois, com provável adição de açúcar para que a levedura siga trabalhando, uma segunda fermentação (com o barril já lacrado) que gera gás carbônico. O processo continua no porão do pub, com o adegueiro (do pub) trabalhando no nível de carbonatação. A cerveja que chega ao copo do cliente, no bar, está vivíssima (e morna!).

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A Berliner Weisse, por sua vez, é uma cerveja de trigo que remete a champanhe (as tropas de Napoleão, quando invadiram a cidade e descobriram a Berliner, a apelidaram de “champanhe do norte”), por sua acidez pronunciada e seu leve aroma frutado. A acidez é tanta que em Berlim costuma-se adoça-la com essências e xaropes. Muita gente, inclusive, adoça lambics belgas com açúcar, e é preciso lembrar-se das versões Gueuze e Kriek. Está tudo em casa. Abaixo, o passeio, cidade por cidade.

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LONDRES
A ideia de passar por Londres desta vez era bater ponto nas duas principais defensoras da escola Cask Ale em atividade na cidade: o Cask Pub & Kitchen e o Craft Beer & Co. A primeira coisa que você precisa saber sobre Real Ale: elas são servidas em temperatura ambiente, mornas. O termo estúpido “estupidamente gelada” não existe aqui, porque eles não precisam esconder o sabor da cerveja sobre uma camada de gelo (e, é bom lembrar, eles passam cerca de 9 meses por ano enfrentando o frio).

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O Craft Beer & Co (82 Leather Ln, pertinho da St. Pauls – eles têm outros três endereços) é o típico pub britânico. No final de tarde destes raros dias ensolarados, sua calçada está tomada por clientes, o que torna fácil encontrar uma mesa vazia lá dentro (embora o barato seja mesmo ficar na rua com amigos). Eles mantêm no cardápio mais de 400 rótulos diferentes de cervejas em garrafa, mas viemos aqui para provar as Cask Ale (e também as Keg Ale, lote de cervejarias artesanais em barril de alumínio).

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Quem está acostumado ao modo brasileiro de servir cerveja (beeem gelada) vai estranhar, mas tente se concentrar no sabor. Minha primeira opção foi seguir a tradição e abrir os trabalhos com uma Tyne Bank Monument Bitter, que segue o estilo tradicional britânico. É uma cerveja levíssima, com bastante percepção de malte. Na sequencia, uma sensacional Partizan Black Coffee IPA, e, pra fechar, uma garrafa de Kernel Amarillo IPA. Pura felicidade líquida.

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Neste primeiro momento já fica claro que os novos cervejeiros britânicos querem seguir o modelo de servir cerveja como os antigos britânicos, mas não aquela mesma cerveja bitter. O que temos aqui é uma bonita encenação de influências. Os Estados Unidos, última grande escola cervejeira, foram imensamente influenciados pelos ingleses. Agora a coisa muda de figura: os ingleses deixam de ser influenciadores para serem influenciados pelos norte-americanos. O cenário só melhora.

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Já o Cask Pub & Kitchen (um dos primeiros pubs a levantarem a bandeira das cervejarias artesanais no Reino Unido) fica um pouco fora de mão, em Pimlico, mas é de fácil acesso (pertinho da estação de metrô Victoria) e basta olhar a placa com os prêmios e elogios na entrada para saber que a viagem valeu a pena. Uma pena que a cozinha não estivesse funcionando no dia (ok, havia tortas), mas o cardápio de cervejas da casa valeu a visita.

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Enquanto esperava amigos, decidi escolher uma cerveja leve, pra abrir a tarde com calma. Escolhi a Dark Star Golden Gate, uma boa American Pale Ale, cujo pint equivale a um almoço. Na sequencia, duas das melhores cervejas da viagem: a excelente Titanic Cappuccino Stout, de Leicestershire, seguida da ótima Espresso Coffee Stout, da Bexar County Brewery, de Cambridgeshire. Todas com menos de 6% de álcool (os ingleses ainda estão pegando leve).

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Como descobrir se o pub em que você está bebendo (ou querendo beber) tem Cask Ale? Simples: o braço da torneira é, normalmente, de madeira, e o barman precisa puxar (no braço) a cerveja do barril que está no porão para o copo (diferente dos chopps que estamos acostumados, em que essa função é mecânica). Duas puxadas enchem um copo de half pint; quatro equivalem a um pint (por isso o número maluco de 568 ml). É bem visual.

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A passagem por Londres ainda contou com uma visita ao Belgo Centraal (o bar belga da cidade), e outra ao The Rake, excelente pub ao lado da Borough Market em que bebi, anos atrás, uma das melhores cervejas em viagem, uma De Molen Amarillo sensacional, e que desta vez tinha, na pressão, a Brooklyn Sorachi Ace. Excelente. Ainda rolou uma passagem no ótimo empório de cervejas dentro da Borough Market – o que rendeu uma Snake Dog IPA, da Flying Dog, em latinha.

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BERLIM
Entre os séculos 16 e 19, a Berliner Weiße era a bebida alcoólica mais popular da Alemanha com cerca de 700 fábricas a produzindo para abastecer o mercado. Após duas grandes guerras, que devastaram a cidade, e a chegada de cervejas concorrentes da Baviera apresentando outros estilos ao público, a produção da Berliner Weiße caiu vertiginosamente a ponto de, hoje em dia, apenas duas fábricas em Berlim (da mesma empresa) a produzirem seguindo as receitas tradicionais.

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Porém, basta chegar o verão para que a Berliner Weiße retorne aos supermercados e a mesa dos bares berlinenses. Seu processo de produção inclui a adição de bactérias (Lactobacillus) na segunda fermentação com o intuito de deixa-la ácida e efervescente (como um champanhe). O resultado é uma cerveja de trigo de ataque violentamente seco e amargo, mas com um final levemente frutado. Que não conhece pode até achar que é uma cerveja estragada – ela é assim mesmo!

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Mas então qual a graça da Berliner Weiße? Seu baixíssimo nível alcoólico (3%) e sua acidez. Isso mesmo. O baixo nível alcoólico privilegia seu consumo no verão e sua enorme acidez fez com que os berlinenses misturassem xaropes de frutas e/ou ervas para abrandar seu ataque, criando um espécie de drink. Os mais tradicionais são os xaropes de framboesa (Himbeersirup) e de ervas (Waldmeistersirup), mas é possível encontrar desde aromatizantes de maçã, pêssego e abacaxi, entre outros.

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Em supermercado é possível comprar a mistura já pronta (em dezenas de versões), mas em bares e restaurantes a mistura pode ser feita na hora. Porém, na busca pelos sabores verdadeiros, decidi começar pela versão tradicional, pura, sem adição de aromatizante. Hora de encarar a história. Estava com o casal de amigos Rodrigo e Carol quando fiz o pedido, e o divertidíssimo garçom da Casa das 100 Cervejas, em Potsdamer Platz, Nemanja, um sérvio fã de cervejas belgas, recusou:

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– “Não, você não quer beber isso”;
– “Quero sim”;
– “É horrível”.
– “Eu preciso experimentar!”
– “Ok, mas não diga que não avisei” (após fazer uma cara de desagrado).

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Cerveja na taça, cerveja bebida. Em um mapa cervejeiro, a Berliner Weiße fica no meio do caminho entre uma lambic e uma saison belgas. No aroma já é possível perceber a força da acidez, mas também alguma sensação de trigo e cítrico (limão). O paladar é aquela paulada que remete desde sal de frutas até água tônica e, claro, champanhe. É terrível? De forma alguma. Diria que é provocante. Mas beber uma garrafa de 600 ml deve ser um belo desafio.

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Na sequencia – ainda sob protestos do Nemanja – vieram as versões com aromatizantes. A de framboesa é ótima e refrescante. A de pêssego também não decepciona, mas a de maçã verde é absolutamente intragável. “Lembra coco de neném”, definiu depois o garçom, com todos na mesa concordando. No saldo final, curti a Berliner Weiße (principalmente a de framboesa). No dia seguinte eu já tinha partido para Oslo, e Rodrigo e Carol voltaram a Casa das 100 Cervejas:

– “Onde está o seu amigo?”
– “Ele já viajou…”
– “Que nada, ele deve estar no hotel passando mal depois daquelas cervejas de ontem”…

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Ps. Se você for para Berlim, de uma passada na Das Haus der 100 Biere e peça Berliner Weiße ao Nemanja. Vale a experiência (e a amizade do garçom).

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OSLO
A Noruega é frequentemente descrita como um país com as bebidas com preços mais altos do mundo, mas eu não sabia disso quando cheguei a Oslo, e fui a um empório procurar cervejas locais. Dentro os pouco mais de 90 rótulos em exposição, absolutamente nenhuma ultrapassava 4,7% de álcool. No bar do mesmo empório, no mesmo mercado, havia belgas tradicionais (Duvel, La Trappe e outras) e várias locais, entre elas a Nøgne 500, de 10% de graduação alcoólica. Bora compra-la e leva-la para o hotel, certo. Errado.

– “Então, não posso vendê-la para você levar. A lei só permite que você consuma aqui no bar”, explicou o garçom.
– “Como assim?”
– “Há uma lei aqui na Noruega que limita a bebida vendida diretamente ao público em supermercados e empórios a até 4,75% de álcool. Acima disso só é possível comprar bebidas alcoólicas em restaurantes e bares autorizados para consumo no local, ou em liquid stores (Vinmonopolet) controladas pelo governo”.
– …
– “Vocês podem bebê-la aqui, mas há um liquid store logo na outra esquina”, informou, já avisando. “Aqui é até sossegado. Na Suécia, o limite de álcool é de 3,5%”…

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Bebemos ali, e depois partimos para a tal liquid store, que, em um belíssimo sábado de sol, mais parecia uma loja de atacado vendendo bebida pela metade do preço, tal a quantidade de noruegueses ensandecidos com garrafas e garrafas debaixo do braço para o fim de semana, afinal, a lei é rígida: as lojas fecham às 20h durante a semana e às 18h todos os dias antes dos feriados (incluindo domingos, em que não é possível comprar nada alcoólico acima de 4,75%).

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Eu já havia comprado algumas cervejas da nova escola norueguesa (vale ler essa coluna de Diego Cartier e Marcelo Cury) no primeiro empório pelo qual passei (escrevi sobre elas aqui), e aproveitei a liquid store para pegar rótulos mais alcoólicos da Nøgne, que começou a ser importada para o Brasil em abril deste ano, embora ainda assim saíssem mais em conta compradas em Oslo (cinco cervejas = 243,50 coroas norueguesas = R$ 98) do que em um empório brasileiro.

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ESTOCOLMO
No quesito “cerveja”, melhor esquecer a cidade mais linda da viagem (e uma das mais lindas do mundo). A passagem por Estocolmo foi rápida (apenas dois dias), as cervejas eram caras (havia um bar belga na rua paralela ao hostel, mas minha economia em frangalhos não permitiu que eu ousasse entrar no lugar), e, nos Seven Eleven, tanto a Carlsberg quanto a Heineken traziam em destaque em seus rótulos a graduação alcoólica: 3,5%. Melhor beber água, certo. Ok, não. Na dúvida, peguei uma de cada.

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EINDHOVEN / DELFT
Meu QG para cobertura do festival Best Kept Secret, a cidade da marca de eletrônicos Phillips e do time PSV é tomada pela cerveja local Bavaria (se eles soubessem o asco que um brasileiro sente ao ver este nome em uma cerveja, provavelmente processariam a nossa embaixada por manchar séculos de história), mas há também bares com cartas de cervejas interessantes (de norte-americanas a belgas) e churrascarias com carne argentina. Bela combinação, hein.

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Ainda assim preferi ir para a única vendinha indiana do centro, todos os dias, e abastecer o quarto toda noite com Hoegaarden Rosee, La Trappe e Duvel (preço máximo: 2,40 euros cada). Na ida para Delft, a caminho de Haia, encontrei duas cervejas em homenagem ao pintor Johannes Vermeer. Comprei um par para trazer pra casa e outro para beber na praça, e gostei muito da versão Gruyt, que segue uma receita do século 13, sem lúpulo.

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Porém, o ponto alto cervejeiro da passagem pela Holanda foi à visita ao mosteiro onde é produzida a La Trappe, uma das oito abadias que tem autorização para ostentar o título “trapista” em suas cervejas (a única abadia holandesa). Eu havia reservado o tour (10 euros com direito a uma cerveja no final) no dia anterior, e me juntei a mais 30 pessoas, dentre estes apenas eu de brasileiro, um casal de belgas, um de norte-americanos, e três russos (e todo o restante, holandês)

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O tour é em dutch (neerlandês, língua indo-europeia do ramo ocidental da família germânica), mas como éramos sete que não entendiam patavina do que o divertido guia estava falando, ele fazia um pequeno resumo em inglês (“Highlights, highlights”, ele dizia), contando anedotas da criação da cervejaria, explicando a produção das cervejas e tudo mais. Quem já fez dois tours em cervejaria sabe que todos os demais serão iguais. O interessante, na verdade, é ouvir uma ou outra curiosidade e conhecer o local. E, no caso da La Trappe, estar em um templo trapista arrepia.

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Como já fiz alguns tours por cervejarias, e conheço o processo clássico de produção de trás pra frente, em boa parte do passeio eu estava à frente do grupo, e o guia pedia: “Brasil, chame os outros para eu contar mais uma história”. No final, escolhi uma La Trappe Bock, e bebi mais três pints no restaurante da casa. Feliz, passei na lojinha e fiz um pequeno estrago. Comprei um pack com as oito cervejas da casa, chocolates para a esposa, duas versões de taças e uma blusa. Consegui resistir aos queijos. Ainda bem.

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Você deve estar se perguntando: por que comprar um pack da La Trappe se quase todas as cervejas do mosteiro são vendidas e encontradas com facilidade no Brasil? Porque, primeiramente, aqui as oito cervejas não custariam os 11 euros que custaram; segundo porque eu queria experimentar La Trappes que não ficaram meses no porto esperando liberação do governo brasileiro para ir para a prateleira de empórios e supermercados. Essas que eu trouxe demoraram seis dias entre o mosteiro e a minha casa.

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BRUXELAS
Ponto final do passeio cervejeiro, e não à toa. Já contei aqui sobre os bares que passei (e bebi), mas o grande motivo de voltar para Bruxelas (na minha quarta passagem pela cidade) era beber lambic direto da torneira. Questão de honra. E o passeio não foi desperdiçado. Com a compania do casal Leonardo e Aline (mais a amiga Suzane), passei uma tarde inteira na Brasserie Cantillon, cervejaria que defende em alguns de seus rótulos o posto de “Lambic mais autêntica da Bélgica”.

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Logo que entrei, já fui tratando de me embrenhar no tour (7 euros). Porém, me confundi. Ao invés de esperar o tour em inglês, acabei acompanhando o tour em francês. Se dutch é quase impossível de ser entendido para novatos, o francês do senhor grisalho que comandou o tour soou absolutamente tranquilo, e o passeio pela velha casa foi bastante especial, com a intervenção divertida de algumas pessoas que não entendiam de cara o processo para se fazer lambic:

– “Onde está a Brettanomyces?”, perguntou um rapaz.
– “Aqui. Ali. Em todo o lugar dentro desta casa. Você está respirando-a”, observou o guia.

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Ao final do tour, duas taças são cortesias para o freguês (encarei a Gueuze tradicional e a Rose Gambrinus e, na sequencia, ainda bebemos uma Cognac Gueuze, a Cantillon 50ºN-4ºE, que ainda nem rótulo tinha), e não espere facilidade: Jean-Pierre Van Roy, o dono da Cantillon, se recusa terminantemente a adoçar suas cervejas (para alegria dos puristas), o que justifica a definição matadora do mestre cervejeiro Garrett Oliver, “o cérebro diz ‘doce’, a língua diz ‘ácida’. Eis uma cerveja brilhante e inflexível”.

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Na hora de deixar Bruxelas, dor no coração… e nos braços, afinal 38 garrafas se acotovelavam em duas malas bastante pesadas (combinando 48 quilos no total), e por mais que o processo de “empacotamento” tenha sido cuidadoso, sempre fica a dúvida: será que elas vão chegar inteiras no Brasil? Sim, chegaram. E junto com elas mais 10 compradas no Duty Free de Bruxelas, uma perdição (10 euros o pack com quatro garrafas de La Chouffe mais taça é muita tentação – e nem falei dos queijos Chimay)…

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O balanço da passagem pelo território das três escolas cervejeiras clássicas foi altamente positivo. E viciante. Não sei se provarei novamente Berliner Weiße quando voltar para Berlim (embora ainda precise beber Kölsch em Colônia, Altbier em Düsseldorf, e Dunkles, Marzens e Helles em Munique), mas com certeza explorarei com mais cuidado o desenvolvimento da nova escola inglesa tanto quanto quero visitar outros mosteiros trapistas, e retornar para passar outras tardes na Brasserie Cantillon. Afinal, a sede é interminável…

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Leia mais: Diário de Viagem Europa 2013 (aqui)

julho 9, 2013   No Comments

Europa 2013: Rodando bares em Bruxelas

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Beber em Bruxelas não é um desafio, mas um prazer que se pode fazer em qualquer esquina – desde que você saiba o caminho de casa após a terceira garrafa. Afinal, qualquer lojinha destaca um cem números de cervejas belgas que vão fazer você feliz a preços módicos, mas, ainda assim, entrar em um autentico “boteco” belga (que poderá ser um bar, um café, um bistrô ou uma brasserie – ou tudo isso junto) é praticamente voltar no tempo. Abaixo, alguns lugares que visitei nos meus dois dias e meio desta viagem separados para Bruxelas, e que você encontrará cerveja de excelente qualidade – e eventualmente comerá alguma coisa. Mas vá devagar e tenha em mente o mantra “beba menos, beba melhor”, porque a coisa aqui é séria

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A La Morte Subite
Rue Montagne-aux-Herbes Potagères 7
http://www.alamortsubite.com/

Conheço Márcio LC desde o século passado, quando o Scream & Yell ainda era um fanzine em papel, e éramos apenas sonhadores fãs de boa música. Márcio mora em Bruxelas desde aquela época, o que não o impediu certa vez de me mandar uma coletânea “Best of 2001”, que foi trilha sonora pessoal durante aqueles meses incertos de recém-morador de São Paulo, sem muitas perspectivas, mas com muitos sonhos (Air, Royksopp, Spiritualized, Tindersticks, Mogwai, Bonnie Prince Billy, Nick Cave e outros caíram a perfeição na escuridão de noitadas em claro). Apesar de conversamos bastante naquela época, nunca tinha encontrado Márcio pessoalmente (eis uma das características marcantes do mundo moderno – para o bem e para o mal), e essa passagem em Bruxelas serviu para brindarmos aos velhos tempos.

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Márcio recomendou irmos ao A La Morte Subite, um café brasserie fincado no mesmo local desde 1928, e que serve algumas das especialidades da marca. Abrimos a noitada com uma Mort Subite Gueuze sur Lie, uma típica cerveja azeda e saborosa, caracterizada por uma fermentação espontânea, e que você irá encontrar em apenas uma cidade do mundo: Bruxelas. Excelente. O Café, mensalmente, aposta em um rótulo de alguma micro cervejaria belga, e a deste mês era a La Corne du bois des pendus Tripel 10. Uma das melhores da noite, que ainda contou com uma espetacular Westmalle Double Brune tirada da torneira, sem muita carbonatação, e altamente frutada, uma Grimbergen Optimo Bruno e, pra fechar, uma deliciosa A La Morte Subite Blanche. Noitada perfeita (e nem comentei do excelente omelete).

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Moeder Lambic
Place Fontainas 8
http://www.moederlambic.com/

Um amigo já havia avisado: se quiser beber Cantillon de torneira, vá ao Moeder Lambic. Mas o parceiro também sommelier de cervejas Leonardo Dias já havia passado pelo local em janeiro com sua esposa, Aline, e conhecia bem o pedaço. Camelamos muito durante o dia inteiro (o que inclui uma tarde de degustação de lambics na fábrica da Cantillon e um jantar no restaurante de “cuisine à la bière” In’t Spinnekopke – Albergue da Aranhazinha –, dica retirada de um livro do grande Garrett Oliver, mestre cervejeiro da Brooklyn Brewery, cujo final da noitada de dia claro, inesquecível, foi um sorbet de cerveja kriek, absolutamente sensacional – não que a carne cozida em cerveja lambic abaixo tenha deixado a desejar, pelo contrário).

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Do Albergue da Aranhazinha partimos para a Moeder Lambic, e o bar estava absolutamente lotado, ao contrário do começo do ano, em que Leo e Aline estavam em uma das raras mesas ocupadas do local, o que facilitou o atendimento especial. Desta vez, a concorrência era feroz, e nós, estrangeiros, ficamos meio perdidos. Mas vale muito ir ao lugar, um dos raros templos cervejeiros em Bruxelas que abre a sua carta para cervejarias de outros países (há no cardápio online e mesmo em uma lousa no bar a lista de cervejarias convidadas). A especialidade da casa é lambic, mas as mais de 60 torneiras são uma oferta paradisíaca para aqueles que querem se aprofundar no território das boas cervejas.

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O cansaço, no entanto, nos vitimou. E a demora no atendimento abaixou o pique que o sorbet de cerveja kriek nos trouxe após o jantar especial. A ideia inicial era encarar uma Papa IPA, de uma cervejaria da cidade, a Brasserie de la Senne, e ver como os novos cervejeiros belgas estão se movimentando nesse mercado mutante de cerveja artesanal (o fato de belgas apostarem em India Pale Ale mostra que, definitivamente, os Estados Unidos se inscreveram como uma escola altamente influente), mas acabamos por dividir uma ótima saison da Brasserie de Blaugies, a La Moneuse, mais caramelada e menos frutada que as saisons mais famosas, e por isso bem interessante. Foi só essa, mas quero voltar ao Moeder Lambic.

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Delirium Café / Delirium Monasterium
Impasse de la Fidélité 4
http://deliriumcafe.be/

Boa parte das pessoas que já foram alguma vez para Bruxelas, já passou pelo Delirium Café, boteco que está no Guiness, Livro dos Recordes, como o local com mais cervejas disponíveis para o cliente em todo o mundo, o que praticamente o transforma em um shopping center alcoólico para os fãs de boa cerveja. O catálogo cardápio é um sonho, com centenas e centenas de rótulos, e não só belgas (apesar deles serem a maioria), mas italianos, norte-americanos, alemães e até brasileiros (Skol, Xingu e uma chamada Samba do Brasil não nos representam em terras belgas – vou escrever um e-mail pra lá sugerindo algumas artesanais nacionais como a Wäls, Way, Bodebrown e Colorado).

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Diante de tanta oferta e algumas promoções (como boa parte da linha Baladin 750 ml por 10 euros), acabei escolhendo um rótulo da francesa La Brasserie de Fleurac: Fleurac Triple Brune IPA, uma cacetada de 8% de álcool envelhecida em barris de carvalho. Fiquei seduzido pelo Triple IPA, mas achei o álcool exageradamente presente, o que a torna um pouco desbalanceada. Para manter o nível alcoólico, a próxima, já no Delirium Monasterium, parte do Delirium Village especializado em cervejas trapistas (com ou sem título oficial), foi uma Engelszell Gregorius Trappistenbier, a tal nova trapista austríaca, uma surpresa de 9,7% de álcool, notas intensas de baunilha, caramelo e nozes (tanto no aroma quanto no paladar) e alto teor de causar rubor nas faces.

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Na mesa ao lado, um grupo de espanhóis dividia uma belíssima taça de dois litros de La Trappe Quadrupel (21 euros, segundo o cardápio). Alguns amigos, assim que postei a foto no Facebook (as duas imagens que ilustram este texto são da Aline), lembraram das torres de chopp tão famosas em praças de alimentação de shopping centers brasileiros, mas no caso da taça de dois litros de La Trappe Quadrupel, a coisa faz todo sentido porque estamos diante de uma cerveja que muda o sabor conforme sua temperatura sobe, e fica ainda melhor (ao contrário das torres brasileiras, que precisam manter o líquido estupidamente gelado, para que ele não perca a talvez única qualidade que tem, que é a refrescância). Ainda voltarei ao Delirium Monasterium com uma turma de amigos para encarar uma taça de dois litros…

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Au Bon Vieux Temps
Impasse Saint-Nicolas 4

Há certa magia em torno da cerveja trapista Westvleteren, feita na abadia de Saint Sixtus. Falei um pouco sobre o assunto quando escrevi da Westvleteren 8, e, naquela época, era um pouco mais difícil e mais caro encontrar um exemplar da cerveja mítica por ai dando sopa (mesmo em Bruxelas). Hoje, após um projeto de modernização do mosteiro que colocou centenas de milhares de caixas no mercado (uma manchete dizia que havia mais fila para comprar Westvleteren do que o então recém-lançado iPad 2), é até mais fácil encontrar as três Westvleteren (6, 8 e 12) em bons empórios, seja em Amsterdam, Paris ou Bruxelas. O preço irá variar entre 10 e 20 euros a garrafinha de 330 ml, a não ser que você decida ir até o mosteiro.

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Ainda assim é possível beber a Westvleteren 12, eleita a melhor cerveja do mundo, em um café de Bruxelas pagando 10 euros (mais barato, por exemplo, do que no Bier Tempel, tradicional reduto cervejeiro bruxelense). O local se chama Au Bon Vieux Temps, e fica numa vielinha perto da Grande Praça. A senhora espanhola é atenciosa, e o cardápio da casa traz várias trapistas, mas eu não podia perder a chance de beber uma 12 sem que ela tenha sofrido tanto para chegar ao Brasil (há sobre minha geladeira, neste momento, uma 6, duas 8 e duas 12 – a primeira trazida na viagem deste ano e as outras quatro da viagem do ano passado, cortesia da Luana, que as comprou em Amsterdam). Valeu a expectativa, o ambiente aconchegante e a belíssima cerveja. Se tiver por perto da Grande Praça, vale muito ir ao Au Bon Vieux Temps.

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Leia mais: Diário de Viagem Europa 2013 (aqui)

junho 29, 2013   No Comments

EUA 2013: Quatro cervejas em Nashville

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1) Turtle Anarcky Rye IPA, de Franklin, Tennessee

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2) Rock Bottom Speacility Dark, de Nashville, Tennessee *

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3) Shock Top Belgian White, de St Louis, Missouri

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4) May Day ‘Boro Blond, de Murfreesboro, Tennessee

Ps. A Rock Bottom tem mais de 30 pubs espalhados pelo país, e cada um produz a cerveja que é consumida na casa.

abril 27, 2013   No Comments

Infográfico: O mundo da cerveja

março 30, 2013   No Comments