Category — Cervejas
Opinião do Consumidor: Carlow Brewing
Em meio a dezenas de cervejarias seculares européias temos a Carlow Brewing Company, uma das aproximadamente 16 micro-cervejarias irlandesas nascidas nos anos 90 – ela é de 1996. A Carlow leva o nome da segunda menor cidade da Irlanda (com pouco mais de 20 mil habitantes), a menos de duas horas de Dublin, e é um esforço do patriarca da família O’Hara, que sonhava em fabricar uma cerveja nos moldes indígenas antigos: “com ingredientes naturais e nenhum aditivo artificial”.
A primeira fermentação aconteceu em 1998 e, já em 2000, a cervejaria conquistaria duas medalhas de ouro no International Brewing Awards (por sua O’Hara’s Irish Stout). A produção, que foi de 1.500 litros em um tanque em 1998, passou para 6.500 litros em 2009 marcando assim o nascimento de outras cervejas da compania, que agora soma sete rótulos: O’ Hara’s Leann Follain, Curim, O’ Hara’s Irish Stout, O’ Hara’s Irish Red, Seasonal Brews/Limited Editions, O’ Hara’s Irish Wheat e O’ Hara’s Irish Pale Ale.
O tour pessoal começa pela O’ Hara’s Irish Red, uma “traditional red ale” de um vermelho tão intenso que chega a parecer negro em alguns momentos. O aroma é levemente frutado com destaque para o caramelo enquanto o paladar é marcado pela lembrança reconhecível de cervejas britânicas, sem ser tão picante. Aqui o malte levemente tostado impressiona ora lembrando caramelo, ora lembrando café – e o bom conjunto vai se tornando amargo (e ainda mais britânico) no final do copo. Intrigante.
“Quando se pensa em cerveja irlandesa, se pensa em Stout”, diz o site da cervejaria, e é quase impossível não ligar Stout ao nome Guiness (a representante mais famosa do estilo). A Carlow tenta fugir da comparação/competição produzindo uma O’ Hara’s Irish Stout muito mais leve, mas não sem personalidade. As características estão todas presentes – a cor negra profunda e o aroma forte de café e chocolate amargo, que se estende ao paladar – criando uma ótima cerveja (plenamente irlandesa).
Lançada em 2009 e feita no sistema dry hopping, a O’ Hara’s Irish Pale Ale já em 2010 foi eleita a cerveja do ano pelo IrishCraftBrewers.com, e o título não foi à toa. O aroma lupulado é extremamente marcante e encantador – com algo de floral. O paladar destaca o malte de caramelo, um pouco de cítrico e muito de lúpulo revelando um leve amargor picante que se pronuncia no final e vai ficando, ficando e ficando – excepcional. Provável melhor rótulo da cervejaria, uma daquelas cervejas para se ter sempre em casa.
Com seu nome que homenageia antigas rotas celtas, a Curim Gold é uma surpresa (boa ou negativa, depende do bebedor): uma cerveja de trigo que troca a Bavária (aquele paladar forte de banana) pela República Tcheca (terra das pilsens clássicas). Quem for esperando beber algo próximo a uma Weiss irá se decepcionar, mas quem gosta das pilsens tem um bom representante, melhor do que muita coisa do estilo, com aroma leve (ameixa, pão fresco, mel) e paladar refrescante. Interessante.
Fechando o pacote da cervejaria Carlow, a Leann O’Hara Folláin, uma Extra Stout irlandesa que deve ser proibida para fãs brasileiros do estilo: vocês vão querer mais e mais. Aroma carregadissimo de chocolate (doce, não amargo) e café – talvez ameixa. O paladar segue nitidamente o aroma com forte presença de chocolate (aqui um bocadinho mais amargo, mas ainda assim suave) e café, que se prolonga no final. Praticamente coloca no banco de reservas a stout tradicional da casa.
As cinco cervejas acima podem ser compradas em packs de três rótulos no… aeroporto de Dublin ao preço de 6 euros. Se você for à Irlanda, vale pensar no tour pela casa (infos aqui).
Teste de Qualidade: O’ Hara’s Irish Red
– Produto: Red Ale
– Nacionalidade: Irlanda
– Graduação alcoólica: 4,3%
– Nota: 3,14/5
Teste de Qualidade: O’ Hara’s Irish Stout
– Produto: Stout
– Nacionalidade: Irlanda
– Graduação alcoólica: 4,3%
– Nota: 3,23/5
Teste de Qualidade: O’ Hara’s Irish Pale Ale
– Produto: Pale Ale
– Nacionalidade: Irlanda
– Graduação alcoólica: 5,2%
– Nota: 3,88/5
Teste de Qualidade: Curim Gold
– Produto: Ale
– Nacionalidade: Irlanda
– Graduação alcoólica: 4,3%
– Nota: 2,96/5
Teste de Qualidade: Leann O’Hara Folláin
– Produto: Extra Stout
– Nacionalidade: Irlanda
– Graduação alcoólica: 6%
– Nota: 3,34/5
Veja também:
– Top 100 Cervejas, por Marcelo Costa (aqui)
– Top 10 Cervejas Européias, Viagem 2008, por Marcelo Costa (aqui)
agosto 5, 2011 No Comments
Opinião do Consumidor: Pauwel Kwak
Uma das melhores cervejarias belgas (olha o nível), a Bosteels foi fundada em 1791 na cidade de Buggenhout, nos Flandres Orientais (40 minutos de Bruxelas), e continua nas mãos da família Everarist sete gerações depois (um feito em um mercado devorado pelos grandes conglomerados). Entre os destaques da Brewery Bosteels estão as indiscutíveis Tripel Karmeliet, a Pauwel Kwak e, claro, a épica DeuS.
Uma das primeiras curiosidades acerca da Pauwel Kwak é seu copo, que traz uma base de madeira que evita que você toque no vidro enquanto bebe (e, em um teatro de bonecos em Bruxelas, vi um norte-americano tentando tirar o copo de vidro da base: falhou miseravelmente e deixou o copo em pedacinhos), mas que foi criado originalmente para que os cocheiros pudessem beber enquanto “pilotavam” carruagens.
Politicamente incorreto? Isso foi na época de Napoleão. A Bosteels quis homenagear uma cervejaria famosa no período, a Hoorn’inn’, com a Pauwel Kwak, lançando essa delícia em 1980 (Hoorn’inn’ era a cerveja predileta dos cocheiros). A história da Bosteels ainda se envolve com arquitetura: a mansão sede da cervejaria foi desenhada pelo arquiteto Louis Minard em 1859 (ele também fez o teatro de Gent).
Quanto à cerveja, já no aroma a Pauwel Kwak se mostra personal: o álcool aparece timidamente sendo vencido por… caldo de cana (e também mel). No paladar, complexo, o álcool se faz mais presente (são 8,4% de graduação alcoólica), mas ainda assim surge ambientado no conjunto, não chegando a soar agressivo. O primeiro toque na língua é adocicado (mel e cana – e o dulçor retorna delicado após o fim da ingestão) e mesmo em grande quantidade, o álcool reitera um leve amargor que conquista o paladar.
A falta do copo original (foto abaixo) descaracteriza um pouco o conjunto, mas não diminui o prazer de se provar uma cerveja especialíssima, uma das melhores da Bélgica, a terra mãe das melhores cervejas do mundo. O preço (em terras brasileiras), no entanto, não é lá muito convidativo: entre R$ 16 e R$ 19 a garrafa de 330 ml. Porém vale muito a experiência. E você não irá precisar (ou conseguir) beber mais do que duas mesmo (ok, conseguir até consegue: o problema é levantar da mesa).
Teste de Qualidade: Pauwel Kwa
– Produto: Strong Belgian Ale
– Nacionalidade: Bélgica
– Graduação alcoólica: 8,4%
– Nota: 4,86/5
Veja também:
– Top 100 Cervejas, por Marcelo Costa (aqui)
– Top 10 Cervejas Européias, Viagem 2008, por Marcelo Costa (aqui)
julho 29, 2011 No Comments
Opinião do Consumidor: Bock Damm
A cervejaria catalã DAMM é uma das três maiores fabricantes de cerveja espanholas (as outras duas, a saber, são a Heineken e a San Miguel/Mahou) e desde 1876 distribui para os botecos espanhóis nomes como a famosa Estrella Damm (naquela época, Estrella de Ouro), a Xibeca, a poderosa Voll-Damm Doble Malta e esta boa Bock Damm, cujo rótulo atual homenageia o rótulo de sua primeira versão – datada de 1888.
Apesar do nome, a Bock Damm está muito mais para uma Dunkel de Munique (seu sobrenome, inclusive) do que para uma Bock tradicional. A diferença começa pela cor negra (contra o avermelhado da bock). No aroma, presença suave de malte tostado, café e caramelo, que se replicam no paladar, que começa amargo no primeiro toque na língua (café é a primeira lembrança) até tornar-se adocicado e finalizar levemente amargo.
Bem gostosa e leve, a Bock Damm não prima pela complexidade, mas se porta muito bem no copo. É o tipo de cerveja que, caso fosse brasileira, teria um bom mercado a se explorar. Porém, sendo espanhola e chegando ao Brasil entre R$ 8 e R$ 12 a garrafinha (bonita) de 250 ml fica difícil. Mesmo assim, apesar da falta de personalidade, eis uma boa pedida para se procurar em terras catalãs.
Teste de Qualidade: Bock Damm
– Produto: Dunkel Munick
– Nacionalidade: Espanha
– Graduação alcoólica: 5,4%
– Nota: 2,98/5
Veja também:
– Top 100 Cervejas, por Marcelo Costa (aqui)
– Top 10 Cervejas Européias, Viagem 2008, por Marcelo Costa (aqui)
– Voll-Damm, Reina Sofia e Thyssen-Bornemisza em Madri (aqui)
junho 28, 2011 No Comments
O drink preferido de Toulouse-Lautrec
Henri Toulouse-Lautrec foi um sensacional pintor pós-impressionista conhecido por pintar (e curtir) a vida boêmia de Paris do final do século XIX (não devia sair do Moulin Rouge).
Toulouse-Lautrec “faz” uma ponta no novo filme de Woody Allen, “Meia Noite em Paris”, e é responsável pela criação de um coquetel explosivo chamado carinhosamente de… Terremoto (“Tremblement de Terre” em francês, “Earthquake” se você quiser bebe-lo nos Estados Unidos).
O Tremblement de Terre é bem simples de fazer: ao contrário da foto, pegue uma taça de vinho (mas se não tiver, ok) e junte três doses de Absinto com três doses de conhaque. Acrescente gelo a gosto (ou então bata a mistura mais o gelo em uma coqueteleira). E prepare-se: o mundo vai tremer.
Leia também:
– O dry martini, por Luis Bunuel (aqui)
– “O bar é um exercício de solidão”, por Luis Buñuel (aqui)
– “Meia Noite em Paris”, de Woody Allen, por Mac (aqui)
junho 18, 2011 No Comments
Opinião do Consumidor: Göttlich Divina!
Elaborada pelo mestre cervejeiro Leonardo Botto (associado fundador e atual Presidente da ACervA Carioca – Associação de Cervejeiros Artesanais Cariocas), as Göttlich Divina! Pilsen e Weiss nasceram após uma visita ao Monastério de Weihenstephan, em 2007 (casa de uma das melhores Weiss do mundo, a Weihenstephaner). A visita rendeu a exportação dos lúpulos e leveduras Weihenstephan e Hallertäu, da Alemanha e Saaz, da República Tcheca, que aqui encontram o Tropical Guaraná da Amazônia em uma receita bastante particular.
Na versão pilsen da Göttlich Divina!, o aroma é marcado pela presença de lúpulo floral e malte encobrindo o tão esperado guaraná, que fica na retaguarda meio que causando um charme. Na boca, no entanto, o guaraná se faz muito mais presente (ainda que discreto – a intenção pelo jeito não era fazer uma cerveja doce, mas sim uma pilsen aromática e um tiquinho adocicada), principalmente no primeiro toque na língua, adocicado (com lembrança de mel). O amargor aparece no final marcando o céu da boca e a garganta. Muito boa.
Já na versão Weiss, o aroma é totalmente ocupado pelo tom de banana (escondendo o guaraná), característica básica de uma boa Weiss (aqui reforçada pela valorização do fermento Weihenstephan). No paladar, altamente refrescante, a banana se acentua ainda mais e o conjunto se torna mais adocicado do que o de uma Weiss comum. O guaraná desaparece no conjunto e surge discretamente no final – mas é o responsável pelo delicioso dulçor da cerveja e também por deixa-la bem mais encorpada que uma Weiss tradicional.
As duas Göttlich Divina! estão sendo fabricadas pelo Opa Bier e distribuídas pela On Trade. Os preços variam entre R$ 13 e R$ 15 (a garrafa de 600 ml) e ambas são ótimas cervejas que podem surpreender na mesa. A presença do guaraná é delicada e acentua qualidades nas duas versões. Vale muito experimentar.
Teste de Qualidade: Göttlich Divina! Pilsen
– Produto: Pilsen
– Nacionalidade: Brasil
– Graduação alcoólica: 5,5%
– Nota: 3,19/5
Teste de Qualidade: Göttlich Divina! Weiss
– Produto: Weiss
– Nacionalidade: Brasil
– Graduação alcoólica: 5,8%
– Nota: 3,20/5
Veja também:
– Top 100 Cervejas, por Marcelo Costa (aqui)
– Weihenstephan, a cervejaria mais antiga do mundo (aqui)
junho 17, 2011 No Comments
Opinião do Consumidor: Red Stripe
A Desnoes and Geddes Limited (D&G) é uma empresa jamaicana fundada em 1918 em Kingston que produz cervejas e refrigerantes. O carro chefe da casa é esta Red Stripe, uma lager sem graça que patrocina a equipe de bobsleigh da Jamaica (bobsleigh? algo como uma corrida de trenó!) e que faz um sucesso danado no Inglaterra, um país cuja cerveja clara mais famosa é belga (Stella Artois) e a escura é irlandesa (Guiness).
Os Estados Unidos até tentaram resistir quando a Diageo (toda poderosa distribuidora da Smirnoff, do Johnnie Walker, do Baileys, da Guiness e da Jose Cuervo) comprou 51% da D&G e tentou enfiar goela abaixo dos norte-americanos a faixa vermelha. A Red Stripe não repetiu o êxito europeu, mas ainda assim é facilmente encontrada em território ianque.
Leve e refrescante como uma tradicional american lager (que aqui do lado debaixo do Equador são conhecidas como pilsens), a Red Stripe é indicada apenas para matar a sede em dias quentes. E olhe lá. Esqueça o quesito complexidade. O sabor do malte está por ali, escondido, mas o amargor acentuado no final chega a incomodar. Comparada aos títulos nacionais, Bohemia ou Original são muito melhores. E mais baratas…
Teste de Qualidade: Red Stripe
– Produto: Pale Lager
– Nacionalidade: Jamaica
– Graduação alcoólica: 4,7%
– Nota: 2,26/5
Veja também:
– Top 100 Cervejas, por Marcelo Costa (aqui)
junho 14, 2011 No Comments
A bière de garde St Landelin Mythique
Da mesma cervejaria francesa que distribui a La Divine, a Amadeus (“uma cerveja branca excepcional”, dizem os donos), a La Bière du Démon (“a cerveja loura mais forte do mundo”) e a Bière du Désert, apresentada como o “champagne das cervejas”, surge a St Landelin Mythique que, consta a lenda, era produzida pelos monges da Abadia Crespin exatamente onde o fundador da abadia, St Landelin, descobriu uma fonte de água mineral natural.
O belga São Landelin, que viveu entre 625 e 686, era um ex-bandido que se converteu ao cristianismo tendo fundado três mosteiros (Lobbes, Crespin e, segundo créditos, Aulne). O segundo deles, fundado em 651 na vila francesa de Crespin, duas horas e meia distante de Paris (40 minutos de Lille), foi onde nasceu a Mythique, uma das mais antigas cervejas de abadia da França (hoje produzida pela Brasseurs de Gayant à Douai), loura, leve e forte como uma boa belga.
Apesar dos 7.5% de graduação alcoólica, a St Landelin Mythique é extremamente leve. Um dos motivos é a utilização do sistema dry hopping, em que o lúpulo entra na mistura apenas na fase de fermentação com a função de incrementar ainda mais o aroma sem aumentar seu amargor. No caso da Mythique funciona muito bem. O aroma floral é suave (com uma queda para o cítrico – mais laranja) e o sabor levemente adocicado (de poucas nuances) com final amargo de curta duração batendo na garganta.
A St Landelin Mythique está chegando ao Brasil em sua versão 750 ml com o preço (salgado) entre R$ 40 e R$ 50. É uma bière de garde interessante e bem boa (sinceramente, gostei), mas talvez com esse dinheiro valha investir em outras definitivamente melhores. Uma Chimay, por exemplo.
St Landelin Mythique
– Produto: Bière de garde
– Nacionalidade: França
– Graduação alcoólica: 7,5%
– Nota: 3,20/5
Veja também:
– Top 1000 Cervejas, por Marcelo Costa (aqui)
junho 10, 2011 No Comments
Da França, Bière du Désert
“Na Les Brasseurs De Gayantt, a cerveja ainda é preparada com o mesmo cuidado que um bom vinho”, avisa o site oficial da cervejaria francesa que produz, desde 1919, um catálogo de bons títulos cujos destaques são a La Divine, a Amadeus (“uma cerveja branca excepcional”, dizem os donos), a La Bière du Démon (“a cerveja loura mais forte do mundo”) e a Bière du Désert, apresentada como o “champagne das cervejas”.
Localizada em Douai, cidadezinha com pouco mais de 40 mil habitantes pertinho de Lille e da fronteira com a Bélgica, a Les Brasseurs De Gayantt é a segunda maior cervejaria independente da França (país cujas cervejas especiais representam 27% do mercado), e tem bastante influência do vizinho: Alain Dessy, mestre cervejeiro da casa, formou-se em engenheira cervejeira na Universidade de Louvain, Bélgica.
Primeira influência clara: os franceses seguiram a risca a tradição belga e conseguiram colocar 7,2% de teor alcoólico em uma cerveja levíssima, a Bière du Désert. Mesmo possuindo quase o dobro alcoólico de uma lager tradicional, a Bière du Désert impressiona pela leveza: em nenhum momento o álcool se faz presente. Eles conseguiram esconder o álcool, mas esqueceram de dar personalidade ao conjunto.
Refrescante como uma lager tradicional, a Bière du Désert tem um leve amargor e uma presença tão suave de lúpulo e malte que quase são imperceptíveis. A única qualidade da Bière du Désert, no final das contas, acaba sendo o modo como ela disfarça a forte presença de álcool, o que é muito pouco, vamos combinar. Na França, se tiver que escolher uma cerveja, vá de qualquer uma das Jenlain.
Bière du Désert só se tiver calor. E olhe lá.
Bière du Désert
– Produto: Strong Pale Lager
– Nacionalidade: França
– Graduação alcoólica: 7,2%
– Nota: 2,94/5
Veja também:
– Top 100 Cervejas, por Marcelo Costa (aqui)
– “Se Brigitte Bardot fosse engarrafada, seria a Jenlain Six” (aqui)
maio 16, 2011 No Comments
Opinião do Consumidor: Licher Weizen
A Licher Privatbrauerei é uma cervejaria fundada na cidade de Lich, na Alemanha (pertinho de Frankfurt). O pai do fundador costumava fazer cerveja para os moradores e viajantes que passavam por sua pousada. Johann, o filho, decidiu investir no negócio, e abriu a cervejaria em 1854. Apesar dos mais de 160 anos de cervejaria, a versão weiss só começou a ser fermentada em 2006.
A característica básica do estilo já marca a Licher Weizen no aroma carregado de banana e cravo – ainda assim menos intenso do que os cânones do gênero. O sabor segue a risca a toada deixada pelo aroma: todos os detalhes de uma weiss estão presentes (banana, cravo, mel), mas a leveza a torna diferente, pois a Licher mantém um tom equilibrado e seco no conjunto, agradando bastante.
Os fãs da weiss tradicional (da alemã Weihenstephaner a nacional Bohemia Weiss) talvez estranhem as referências comportadas nos primeiros goles, mas a Licher Weizen tem poder de conquista a longo prazo (ou a meio copo). Já aqueles que desprezam as cervejas de trigo podem até se impressionar com esta alemã que aposta no equilíbrio e na simplicidade, e consegue um ótimo resultado (por um bom preço).
Teste de Qualidade: Licher Hefe-Weizen
– Produto: weiss
– Nacionalidade: Alemanha
– Graduação alcoólica: 5,4%
– Nota: 3,25/5
A Licher Weizen (versão de 500 ml) está chegando ao Brasil via Beermaniacs entre R$ 9 e R$ 12
Veja também:
– Top 100 Cervejas, por Marcelo Costa (aqui)
abril 4, 2011 No Comments
Opinião do Consumidor: Bernard Dark
Em 1991, três tchecos venceram o leilão de privatização de uma pequena cervejaria fundada no século 16, em Humpolec, uma cidadezinha de 10 mil habitantes na fronteira da Bélgica com a França. A Bernard estava falida, mas os novos donos apostaram e conseguiram conquistar os belgas a ponto de, dez anos depois, ganhar um aporte financeiro da Duvel Moortgat, que colocou a Bernard na prateleira de 26 países.
Como diferencial, a Bernard optou por trabalhar a cerveja microfiltrada ao contrário da pausterizada, bastante comum no grande mercado. Deste modo, as Bernard passam por processos de fermentação, que duram de 7 a 10 dias, e maturação em caves, que pode chegar a 40 dias. O catálogo da casa traz mais de dez rótulos, entre eles a Bernard Dark, uma cerveja escura elaborada com quatro tipos de malte.
A tampa de pressão é um luxo, e assim que aberta derrama no ar o aroma reconhecível de malte tostado das cervejas escuras. Há algo de doce no conjunto que a suaviza e a diferencia em relação a outras lagers escuras – principalmente as britânicas, mais amargas e encorpadas. O padrão adotado é o tcheco. Há bastante similaridade da Bernard Dark com outras tchecas escuras, como a 1795 Dark, por exemplo.
Além do malte tostado, o aroma traz algo de ameixa e de frutas cítricas sem sugerir complexidade. O paladar, desde o primeiro toque na língua, é levemente adocicado com amargor quase zero. O toque na garganta lembra algo de açúcar caramelado que consegue esconder o malte torrado (que está ali sugerindo café e chocolate amargo, sem tanta convicção). No final, há um rastro de café que persiste por um bom tempo.
Há uma leveza excessiva e uma falta de complexidade na Bernard Dark que acabam comprometendo o resultado final. Os referenciais estão todos no lugar, mas ela é tão leve que você pode achar que está bebendo um copo d’água borrado de café. Na falta da ótima 1795 Dark, os fãs podem até despistar com a Bernard, mas a diferença saltará da boca nos primeiros goles. Eis uma cerveja que, mesmo premiada, é apenas ok.
Teste de Qualidade: Bernard Dark
– Produto: cerveja lager
– Nacionalidade: República Tcheca
– Graduação alcoólica: 5,1%
– Nota: 3,09/5
Leia também:
– 1795 Dark, leve amargor que mantém o gosto no paladar (aqui)
março 31, 2011 No Comments