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Category — Cervejas

Da Argentina, três cervejas da Antares

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No final dos anos 90, três amigos de faculdade (dois caras e uma garota) decidiram abrir um pub num velho galpão em Mar Del Plata, na Argentina, oferecendo cerveja artesanal. O nome homenageava uma estrela gigante e vermelha, a 16ª mais brilhante do céu, e, 13 anos depois, a Antares se tornou a maior micro-cervejaria portenha, com sete rótulos no cardápio (e uma produção mensal de 45 mil litros).

Segundo o site oficial, a cervejaria argentina buscou na Antares Porter seguir o “clássico estilo inglês”. O aroma, marcado pelo malte tostado, remete a chocolate e café. O paladar segue o aroma: começa adocicado (caramelo e chocolate) e no final sugere um leve amargor, que permanece durante um bom tempo (o malte tostado faz o serviço). É uma cerveja simples, sem muitas nuances, que parece rala e aguada demais. Apenas ok.

A versão Imperial Stout leva à frente aquilo que a Antares Porter promete, mas não cumpre: o aroma é muito mais carregado de notas de chocolate, café e mel (o último, bastante presente). O paladar, ainda que amargo, também é comandado pelo mel, com chocolate e café presentes (e uma alfinetada de álcool – são 8,5% de graduação alcoólica levemente perceptíveis) do inicio ao fim. Melhor que a Porter, mas ainda assim, apenas ok.

Fechando esse primeiro lote da micro-cervejaria argentina, a poderosa Antares Barley Wine (10% de graduação alcoólica) mostra bastante personalidade. O melaço já se faz presente no aroma extremamente maltado (como uma boa Barley Wine) e um tiquinho frutado – e, claro, alcoólico. No paladar, o malte dá as cartas enquanto mel e o amargor do lúpulo fazem um fundo interessante. O final é amargo e seco de uma ótima cerveja.

A Antares está sendo distribuída no Brasil pelo Clube do Malte, de Curitiba, que ainda comercializa molho e geleias feitos à base de cerveja pelos argentinos. Visitando o país, vale conferir no site da cervejaria os endereços dos Pubs Antares (Buenos Aires, Bariloche, La Plata, Mendoza e, claro, Mar Del Plata), afinal, tirada de torneira, ela será uma experiência ainda melhor.

http://www.cervezaantares.com

Teste de Qualidade: Antares Porter
– Produto: Porter
– Nacionalidade: Argentina
– Graduação alcoólica: 5,5%
– Nota: 2,20/5

Teste de Qualidade: Antares Imperial Stout
– Produto: Russian Imperial Stout
– Nacionalidade: Argentina
– Graduação alcoólica: 8,5%
– Nota: 2,77/5

Teste de Qualidade: Antares Barley Wine
– Produto: Barley Wine
– Nacionalidade: Argentina
– Graduação alcoólica: 10%
– Nota: 2,91/5

Leia também:
– Schmitt, uma ótima Barley Wine gaúcha, por Marcelo Costa (aqui)
– Monster Ale, a Barley Wine da Brooklyn, por Marcelo Costa (aqui)

dezembro 15, 2011   No Comments

Da Bélgica, quatro cervejas Leffe

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 A Abadia de Notre-Dame foi fundada em 1152 à beira do rio Meuse, na província de Namur, no sul da Bélgica. Nessa época, os monges fabricavam cerveja porque ela ajudava a impedir que epidemias tifóides e outras se espalhassem através da água contaminada, já que a esterilização durante sua fabricação impedia a contaminação. Em 1200, os monges decidiram mudar o nome do mosteiro para Abadia de Leffe.

Cerveja, cerveja mesmo, só foi aparecer na Abadia em 1240 (segundo os registros históricos), mas a Abadia sofreu várias intempéries através dos anos: uma enchente em 1460, um incêndio em 1466, tropas a danificaram em 1735 e durante a Revolução Francesa, em 1794, os monges tiveram que abandoná-la. A fabricação de cerveja continuou em uma escala menor até 1809, quando foi interrompida completamente.

Os monges só retornaram para a Abadia em 1902, e em 1937 a Abadia de Leffe foi declarada patrimônio histórico (é possível visita-la. Veja aqui). Em 1952, os monges firmaram aquele que é conhecido como um dos primeiros contratos de royalties entre um mosteiro e uma cervejaria comercial, aumentando o alcance das cervejas Leffe, que passaram a integrar posteriormente o cast da toda poderosa InBev.

A receita tradicional é a mesma desde 1240, dizem, e é difícil discordar, já que estamos diante de uma cerveja bastante particular e especial. Atualmente são nove os rótulos produzidos/distribuídos pela Abadia (contando as sazonais) e três deles estão sendo trazidos ao Brasil pela AmBev: dois, Blond e Brune, desde 2009, e o terceira, a paulada Radieuse, a partir de 2011.

A Leffe Blond é o carro-chefe da Abadia, avisa o site oficial. O aroma já prenuncia o que vem pela frente: malte, cravo, especiarias, frutado, floral e adocicado conquistam o olfato. O paladar segue o aroma: o cítrico lembra casca de laranja, as especiarias tocam o céu da boca levemente, o malte arranja um espaçinho pra chamar de seu, o lúpulo está ali, levemente amargo, mas o final é impressionantemente doce e suave. Uma pequena obra-prima, personal e delicada. Mas cuidado: são 6,6% de álcool imperceptíveis.

A Leffe Brown segue o padrão de qualidade da versão loira. A diferença, óbvia, é que o malte torrado valoriza as notas de café e chocolate eliminando as especiarias. O aroma parece o da Blond sem o cravo, o floral e o frutado. No paladar ela sugere mais doçura que sua irmã loira, embora o amargor, ainda que leve, marque mais presença. O malte surge em primeiro plano, caramelado, dançando com o álcool, imperceptível, que evita um dulçor excessivo. O final adocicado abre apenas uma breve fresta para o lúpulo.

Com 8,2% de graduação alcoólica e recomendação de bebê-la na compania de carnes de sabor forte (como vitela e pato) e pratos condimentados e/ou apimentados, a Leffe Radiuse traz em sua composição cravo e semente de coriandro (especiaria da Ásia e norte da África). O aroma irresistível até lembra um pouco a versão Blond (uma mistura arrebatadora de cítrico com especiarias), mas a coisa pega no paladar, mais alcoólico, melado e… saboroso. Malte e lúpulo aparecem mais junto ao cravo, marcante, que sugere uma picancia que fica até o final, levemente amargo. Para ocasiões especiais.

Ainda mais forte que a Radiuse, a Leffe Tripel é apresentada no site oficial como “robusta”, o que sem dúvida a resume bem. Sua fermentação alcança a graduação alcoólica de 7%, que sobe para 8,5% quando refermentada na garrafa. O aroma é forte e lembra algo de biscoito (há fermento e milho entre os ingredientes) assim como um frutado intenso e algo de picante e maltado. O paladar é espesso, cítrico e maltado com um amargor leve, que toca o céu da boca – e fica até o final. Ainda há algo de coentro, álcool, abacaxi e defumado nesta boa cerveja, que, no conjunto, fica devendo para as outras da casa.

Além destas quatro representantes acima, a Abadia de Leffe tem em seu catálogo a Leffe Ruby (de framboesa) e a Leffe 9º (um strong ale poderosa) além das sazoanais Leffe Vieille Cuvée (8,2% caprichados e mais bem inseridos que na Tripel), Leffe de Printemps (6,6% para o verão) e a natalina Leffe Bière de Noël (6,6% carregado de especiarias).

Das nove cervejas deste post, as três primeiras (Blond, Brown e Radiuse) são facilmente encontradas a preços excelentes (entre R$ 4,50 e R$ 7) em supermercados, empórios e cervejarias por importação da InBev (vale dar uma olhada no Empório da Cerveja Submarino). As demais vale agendar uma visita a Bruxelas e beber por lá.

Leffe Blond
– Produto: Blond Ale
– Nacionalidade: Bélgica
– Graduação alcoólica: 6,6%
– Nota: 3,75/5

Leffe Brown
– Produto: Dubbel
– Nacionalidade: Bélgica
– Graduação alcoólica: 6,5%
– Nota: 3,75/5

Leffe Radiuse
– Produto: Dark Strong Ale
– Nacionalidade: Bélgica
– Graduação alcoólica: 8,2%
– Nota: 3,81/5

Leffe Tripel
– Produto: Tripel
– Nacionalidade: Bélgica
– Graduação alcoólica: 8,5%
– Nota: 3,60/5

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Leia também
– Cinco pubs de cervejarias nos EUA, por Mac (aqui)
– Top 100 Cervejas, por Marcelo Costa (aqui)

dezembro 11, 2011   No Comments

EUA: duas cervejas da Brooklyn (parte 3)

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Para comemorar datas especiais, muitas cervejarias criaram rótulos únicos para atender ao consumo do público em determinado período do ano. Como exemplo, duas “october’s seasonals” (como avisa o marketing aqui) da Brooklyn chegam ao Brasil para ampliar a paixão por esta cervejaria altamente personal de Nova York: a Brooklyn Oktoberfest (com rótulo diferente do ano passado) e a Post Road Pumpkin Ale (outras duas sazonais – Black Chocolate Stout e Monster Ale – já foram lançadas aqui restando apenas as versões Summer e Winter Ale, ainda inéditas no Brasil).

A bela versão Oktoberfest da cervejaria novaiorquina paga tributo à Bavária usando dois tipos de lúpulos (um floral, outro amargo) e maltes alemães – de Munique e Bamberg. O resultado é uma Marzen Beer de cor alaranjada escura e forte presença de malte – mas nem tanto. No aroma, o malte ganha fácil deixando algo de caramelo e um leve cheiro de tempero. No paladar, o caramelo volta a entregar a boa presença de malte, mas o lúpulo marca o final com um leve e gostoso amargor. No entanto, falta ao conjunto algo – talvez adocicado ou de tempero – que marca as cervejas Brooklyn.

Já a Post Road Pumpkin Ale é, como o nome e o rótulo entregam, uma cerveja com abóbora. E não é pouca: centenas de quilos de abóbora são triturados e misturados durante o cozimento do malte – que busca extrair os açúcares necessários à fermentação da cerveja. Ou seja, doce a Pumpkin Ale não é. Os maltes são norte-americanos, belgas (aromáticos) e ingleses. O lúpulo, também nacional (ou seja, Garrincha, norte-americano). Há, ainda, o acréscimo de especiarias tornando a Pumpkin Ale uma cerveja bastante particular.

O aroma, assim que a garrafa é aberta, é puro abóbora. Sabe o doce que a vovó fazia? Aquilo. Há, ainda, a presença de malte e algo que remete a nóz moscada. O paladar, numa confusão de sabores, é um duelo entre o malte e a abóbora, e quem sai vencedor é o conjunto, que honra a marca Brooklyn. A nóz moscada retorna acompanhada de cravo (bem distinguível) e canela (será a lembrança da infância?) e mesmo o amargor do lúpulo é bastante suave frente a um leve sabor picante que toca o céu da boca deixando no final um rastro de cravo e abóbora. Sensacional.

A versão Oktoberfest surgiu da tradição alemã. Quando Ludwig, herdeiro da coroa da Bavária, quis celebrar seu noivado em 1810, fez um festival de cervejas, e tanto o festival quanto as cervejas ficaram conhecidos como Oktoberfest. Já a Post Road Pumpkin Ale remete aos primeiros colonizadores que chegaram ao Novo Mundo, e frente a fartura de abóbora, decidiram introduzir o novo ingrediente na fórmula da cerveja que traziam da Europa. Nascia assim uma cerveja extremamente particular, que a Brooklyn homenageia.

A Post Road Pumpkin Ale é produzida de agosto a novembro enquanto a Oktoberfest, honrando o nome, é fabricada apenas durante o mês de outubro. Os dois rótulos, lançados no Brasil no festival Wikibier, em Curitiba (22/10), e ainda podem ser encontradas em bons empórios e distribuidores ao preço de R$ 14,50 a garrafa de 330 ml (mais cara que as Brooklyn tradicionais, entre R$ 7 e R$ 10, e mais em conta que as versões Black Chocolate Stout e Monster Ale, em torno de R$ 21). São cervejas curiosas para momentos especiais. Agora só falta chegar ao Brasil a excelente Brooklyn Pennant Ale, uma delícia.

Brooklyn Oktoberfest
– Produto: Marzen
– Nacionalidade: Estados Unidos
– Graduação alcoólica: 5,5%
– Nota: 3,07/5

Brooklyn Post Road Pumpkin Ale
– Produto: Pumpkin Ale
– Nacionalidade: Estados Unidos
– Graduação alcoólica: 5,5%
– Nota: 3,29/5

Leia também
– Cinco pubs de cervejarias nos EUA, por Mac (aqui)
– Brooklyn Monster Ale e Black Chocolat Stout (aqui)
– Brooklyn Lager, Brown Ale e India Pale Ale (aqui)
– Top 100 Cervejas, por Marcelo Costa (aqui)

outubro 30, 2011   No Comments

Uma pequena grande cerveja: Duvel

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A Duvel Moortgat Brewery é uma cervejaria que foi fundada na região flamenga da Bélgica em 1871, mais propriamente em Breendonk, meio do caminho entre a central Bruxelas e a portuária Antuérpia. O carro chefe da casa é a loira Duvel, uma cerveja absolutamente encantadora cujo nome tem origem no dialeto Brabant (pronuncia Dyvel), uma mistura de holandês, francês e alemão, cujo significado é… Diabo. Não pense em brincar com ela.

Lançada na década de 20 para comemorar o fim da Primeira Guerra Mundial, a Duvel no início se chamava Victory Ale, mas a família Moortgat decidiu mudar o nome quando um bebedor a descreveu como um diabo real. A garrafa, baixinha e gordinha, lhe dá um aspecto fofo, mas é bom levar muito à sério essa que é considerada por muitos a versão definitiva do estilo Belgian Strong Golden Ale, versão turbinada e altamente saborosa das ales tradicionais.

O aroma complexo e viciante destaca uvas verdes, maçã e frutas cítricas, e também algo picante que se aproxima de cravo e pimenta do reino (mas mantendo o adocicado). Há, ainda, mel (provavelmente derivado da mistura do malte belga com açúcar branco) e, claro, álcool, afinal são 8,5% de graduação alcoólica distribuídos de forma exemplar no conjunto (que ainda recebe lúpulo da Bohemia com leveduras de origem escocesa).

Já o paladar não fica atrás em complexidade. Lúpulo e malte travam um duelo interessante que consegue aconchegar o paladar distanciando a presença do álcool – que não aparece, mas está ali, inserido de forma tão caprichada que você só sentirá o efeito após duas ou três garrafinhas. Ainda assim, o malte consegue se sobressair marcando o céu da boca e deixando apenas o trecho final – e seco – para o lúpulo, que não chega a marcar de amargor o conjunto. Simplesmente fantástica.

Exportada para mais de 40 países, a Duvel é facilmente encontrada no Brasil em qualquer bom empório, embora o preço não seja nada convidativo: entre R$ 18 e R$ 24 a garrafa de 330 ml (na Europa custa até 4 euros, cerca de R$ 10). Vale cada centavo. Além da Duvel, a Moortgat Brewery é dona da Maredsous (fabricada sob licença dos monges da abadia de mesmo nome desde 1963) e, desde de 2006, da excelente Brasserie d’Achouffe.

Duvel
– Produto: Belgian Strong Golden Ale
– Nacionalidade: Bélgica
– Graduação alcoólica: 8,5%
– Nota: 4,35/5

Leia também:
– Top 500 Cervejas, por Marcelo Costa (leia aqui)
– Do capítulo “cerveja também é cultura”: La Achouffe (aqui)

Ps. O copo tradicional é presente do amigo Carlos Soares, ganho em uma feira de cervejas, a Gentse Feesten 2009, em Gent. Valeu, amigo!

outubro 19, 2011   No Comments

Opinião do Consumidor: Warsteiner

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A pequena cidade de Warstein, localizada no Estado da Renânia do Norte-Vestfália (a menos de 1h30 de Düsseldorf e Dortmund), entrou no mapa cervejeiro em 1753, quando a cervejaria Arnsberg Forest Nature Park foi fundada. Com menos de 30 mil habitantes, Warstein (ao contrário de muitas outras cervejarias) não deixou de fabricar cerveja nem durante a guerra, e a Arnsberg Forest Nature Park segue ainda hoje nas mãos da propriedade privada.

Atualmente, a Arnsberg produz quatro rótulos: Warsteiner Premium Verum, Warsteiner Premium Dunkel, Warsteiner Premium Fresh e König Ludwig Weiss, sendo que apenas as três primeiras estão disponíveis no mercado brasileiro. A Verum é uma tradicional pilsen alemã, bastante leve e refrescante (que poderá agradar o paladar médio nacional). O aroma maltado se destaca, e o lúpulo – ainda que em quantidade moderada – marca o paladar com um leve amargor. Lembra Heineken – tão tradicional quanto normal.

A Warsteiner Premium Dunkel, no entanto, se sai melhor. A Arnsberg tenta unir a leveza da pilsen clássica com o sabor de uma dunkel, e o resultado é interessante. No aroma, o malte tostado é suave e sugere chocolate e café (mas com bastante leveza). Já no paladar, o malte tostado chega com mais intensidade (embora ainda distante de um dunkel tradicional) encobrindo o lúpulo. A sensação de café sobrepõe a do chocolate e a nota final é bastante agradável em uma cerveja que consegue ser saborosa e leve.

A Warsteiner vem sendo exportada internacionalmente desde a década de 1980, e a empresa também adquiriu ações de outras cervejarias internacionais, como a Isenbeck na Argentina e cervejarias na África. Para o Brasil, ela vem sendo trazida da Alemanha pelo pessoal da Bier & Wien, o que não impede você de encontrá-la com fabricação argentina. Segundo consta, a versão alemã é superior (e sai entre R$ 6 e R$ 9 a garrafa de 330 ml em vários empórios e lojas online – há ainda versões de 1 litro).

Teste de Qualidade: Warsteiner Premium Verum
– Produto: Pilsen
– Nacionalidade: Alemanha
– Graduação alcoólica: 4,8%
– Nota: 2,38/5

Teste de Qualidade: Warsteiner Premium Dunkel
– Produto: Dunkel
– Nacionalidade: Alemanha
– Graduação alcoólica: 4,8%
– Nota: 2,93/5

Leia também:
– Top 100 Cervejas, por Marcelo Costa (leia aqui)
– Primeiro Beer Experience, em São Paulo, por Marcelo Costa (aqui)

outubro 3, 2011   No Comments

Opinião do Consumidor: Einbecker

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A Einbecker Brauhaus foi aberta na baixa Saxônia, Alemanha, em 1378 e segue desde então fabricando cervejas – sendo uma das responsáveis pela popularização do estilo Bock, uma lager muito mais encorpada, ruiva, maltada e até um pouco doce. Bock é uma corruptela de “Ein Beck”, a cidadezinha natal da Einbecker (com pouco mais de 25 mil habitantes e uma paisagem que, ainda em 2011, não parece ter saído do século 15), e nasceu da necessidade de ser transportada para a Itália (numa história bem próxima a das Indian Pale Ales). A Einbecker produz atualmente onze rótulos de cerveja.

A versão Ur-Bock Dunkel da Einbecker Brauhaus é marcada pela forte presença de malte de caramelo tostado no aroma – e um bocadinho de álcool, bem suave, e também mel. O paladar começa bastante agradável com o malte de caramelo se apresentando em um conjunto denso que valoriza o lúpulo enquanto se desmancha levemente deixando um amargor suave no céu da boca e no começo da garganta. Porém, o final, longo e amargo, deixa a impressão de um conjunto pouco harmonioso (doce demais no começo, amargo demais no final).

Já a Ur-Bocok Hell é uma versão loura da Bock Dunkel da casa. O aroma maltado e levemente adocicado surpreende abrindo espaço também para o lúpulo. O paladar é refrescante e o conjunto disfarça de forma exemplar os 6,5% de graduação alcoólica – que em nenhum momento chega a agredir. O malte novamente chama pra si a atenção deixando uma marca suave no céu da boca enquanto o lúpulo se encarrega de caprichar no final levemente amargo – mas de um leve surpreendente. Uma excelente representante do estilo.

Teste de Qualidade: Ur-Bock Dunkel
– Produto: Bock
– Nacionalidade: Alemanha
– Graduação alcoólica: 6,5%
– Nota: 2,1/5

Teste de Qualidade: Ur-Bock Hell
– Produto: Bock
– Nacionalidade: Alemanha
– Graduação alcoólica: 6,5%
– Nota: 3,75/5

Leia também:
– Top 100 Cervejas, por Marcelo Costa (leia aqui)
– Primeiro Beer Experience, em São Paulo, por Marcelo Costa (aqui)

setembro 21, 2011   No Comments

Opinião do Consumidor: Bourganel Brewery

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Inaugurada no sul da França em 1997, a Bourganel Brewery especializou em cervejas exóticas e aromáticas mantendo um nível de graduação alcoólica padrão de 5% em suas lagers, que, porém, desaparece no conjunto variado que inclui adição de castanhas portuguesas, mirtilo, mel e verbena. O foco é o paladar feminino, e tem dado resultados. A cervejaria – que começou artesanal – aumentou o maquinário em 2004 e lançou novas experiências nos últimos anos. São cervejas para poucos, mas vale a curiosidade.

Como o nome e o rótulo entregam, a Bourganel Au Miel de Châtaignier leva em sua formulação mel de abelha. O aroma dulcíssimo impressiona logo de cara. O mel vem à frente com o malte floral em segundo plano, distante, sem conseguir competir em balanço. O paladar segue o que aroma adianta com mel e caramelo se destacando bastante, mas com um bocadinho de amargo marcando presença – principalmente no final. No fim das contas até que a Au Miel de Châtaignier se prova interessante.

Já a versão Nougat da Bourganel é absolutamente estranha. Você consegue imaginar uma cerveja com aroma e sabor de… torrone? Parece que esqueceram uma barrinha do doce dentro de um copo da cerveja. O aroma tradicional de cerveja desaparece com amêndoas, chocolate e torrone encobrindo o malte, que desaparece na fórmula (apesar dos 5% de graduação). O sabor é enjoativo e lembra um suco aguado de amêndoas (talvez misturando horchata com uma pilsen tradicional você chegue ao mesmo resultado). Decepcionante.

Partimos então para a terceira representante da casa, a boa Bourganel aux marrons de l’Ardèche, uma cerveja com castanha portuguesa em sua formulação. O aroma interessante remete não só a castanha, mas também a chocolate, caramelo e nozes. O paladar, entre o aguado e o pastoso, é despido quase que totalmente de amargor, sem que apele excessivamente para a doçura – o final, inclusive, fica no meio termo. Eis uma cerveja extremamente leve com a característica Bourganel de não parecer uma cerveja.

Está achando tudo meio exótico? Imagine então uma cerveja verde. É a Bourganel Bière à la Verveine Velay, que ganha essa cor devido à inserção de extrato alcoólico de verbena, uma flor da região da cervejaria com poder de calmante contra nervosismo e distúrbios gastrointestinais relacionados ao estresse. É sério! O aroma não traz nada de álcool, mas sim uma disputa entre menta e erva cidreira. No paladar, esqueça o amargor. Ele até chega a tocar o céu da boca, só que desaparece em fração de segundos. O malte, no entanto, faz um charme maior, mas no fim a Verveine parece mais chá que cerveja.

Fechando o lote francês, a Bourganel Aux Myrtilles, uma especial de blueberry, uma pouquinho menor do que uma uva cuja característica principal é seu suco… azul. A versão Boruganel que traz o suco da fruta fica entre o azul e o vinho. O aroma é adocicado e muito frutado (que lembra o que, para nós, seria amora). Nada de malte nem de álcool. O paladar é levíssimo, com o amargor suave (remetendo a limão) manchando o adocicado do mirtilo. Parece um suco de uva que passou da validade.

Os cinco rótulos acima foram apresentados no 1º Beer Experience e estão sendo trazidos ao Brasil pelo bar Melograno, de São Paulo, custando entre R$ 20 e R$ 24 (a garrafa de 750 ml). Localizada no Vals-les-Bains, na região das Ardenhas, nos Alpes Franceses, a cervejaria fica a quase três horas de Marselha (sete horas de Paris) e recebe, anualmente, cerca de 4 mil visitantes. Não é uma cerveja para todos os momentos nem paladares, mas vale dar uma chance (principalmente se você não gosta do amargor tradicional).

Ps. as garrafas são lindas…

Teste de Qualidade: Bourganel Au Miel de Châtaignier
– Produto: Fruit Beer
– Nacionalidade: França
– Graduação alcoólica: 5%
– Nota: 2,60/5

Teste de Qualidade: Bourganel Nougat
– Produto: Fruit Beer
– Nacionalidade: França
– Graduação alcoólica: 5%
– Nota: 1/5

Teste de Qualidade: Bourganel aux marrons de l’Ardèche
– Produto: Fruit Beer
– Nacionalidade: França
– Graduação alcoólica: 5%
– Nota: 2,67/5

Teste de Qualidade: Bourganel Bière à la Verveine Velay
– Produto: Fruit Beer
– Nacionalidade: França
– Graduação alcoólica: 5%
– Nota: 1,75/5

Teste de Qualidade: Bourganel Aux Myrtilles
– Produto: Fruit Beer
– Nacionalidade: França
– Graduação alcoólica: 5%
– Nota: 1,55/5

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Leia também:
– Que tal uma cerveja de banana? E de manga? (leia aqui)
– Wells Banana Bread: uma cerveja que merece ser provada (aqui)
– Bacuri Beer, uma cerveja com fruto amazônico (aqui)
– Primeiro Beer Experience, em São Paulo, por Marcelo Costa (aqui)

setembro 12, 2011   No Comments

De Belém, Amazon River e Bacuri Beer

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Criada em 2000, na Estação das Docas, em Belém, a Amazon Beer é a única cervejaria 100% artesanal do Pará e aproveitou sua localização para investir em um rótulo bastante exótico, a Forest Bacuri, cerveja levíssima que leva na formulação um dos frutos mais populares da região amazônica. Além da Forest Bacuri, a Amazon Beer produz outros cinco rótulos mais tradicionais (mantendo a leveza como padrão).

A Forest Bacuri (3,8% de graduação – a versão em chopp, vendida na Estação das Docas, tem apenas 1,8%) já mostra sua personalidade no aroma, com o fruto amazônico se destacando entre o ácido e o adocicado – e remetendo a algo próximo a lichia. O paladar é bastante especial mantendo certa acidez que duela com o forte dulçor, que conquista num primeiro momento, mas pode enjoar numa segunda ingestão seguida. Ainda assim, uma cerveja muito boa, belo representante nacional das Fruit Beers.

Entre as outras produções da casa (em chopp) estão a Amazon Red (Vienna Lager de 5,8%), a Amazon Weiss (4,5%), a Amazon Black (uma Munich Dunkel de 5,5%), a Amazon Forest (uma american lager de 3,5%) e a River Lager (4,8%), que também começa a circular em garrafa (assim como a Bacuri e a Forest), e é uma Premium tipo exportação, encorpada e bem característica com forte presença de malte no aroma e no paladar, marcado ainda pelo amargor do lúpulo. Uma boa surpresa.

Os chopps, vendidos na Estação das Docas, em Belém (na beira do rio Guajará), que podem ser acompanhados de um vasto cardápio de tapas (confira o site oficial aqui), saem entre R$ 4 e R$ 6. Já as versões em garrafa (Bacuri, Forest e River) saem entre R$ 9 e R$ 15.

Teste de Qualidade: Bacuri Beer
– Produto: Fruit Beer
– Nacionalidade: Brasil
– Graduação alcoólica: 3,8%
– Nota: 3,11/5

Teste de Qualidade: River Lager
– Produto: Premium Lager
– Nacionalidade: Brasil
– Graduação alcoólica: 4,8%
– Nota: 2,95/5

Leia também:
– Que tal uma cerveja de banana? E de manga? (leia aqui)
– Wells Banana Bread: uma cerveja que merece ser provada (aqui)
– Kriek Boon: Pode rolar romance, por Marcelo Costa (aqui)

agosto 31, 2011   No Comments

Primeiro Beer Experience, em São Paulo

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Texto por Marcelo Costa (http://twitter.com/screamyell)
Fotos por Liliane Callegari (http://lilianecallegari.com.br)

Com aproximadamente 25 estandes montados em uma grande área do Shopping Frei Caneca, em São Paulo, mais de 130 cervejas na carta, um total de 20 pratos combinados com a estrela do dia e, ainda, shows e áreas para alimentação e diversão (incluindo mesas de bilhar e pebolim), a 1ª Edição do Beer Experience, em São Paulo, confirmou o status de vedete do momento das cervejas especiais no Brasil.

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Estrela de um mercado antes restrito aos admiradores, as cervejas especiais vem conquistando um espaço cada vez maior no paladar cervejeiro brasileiro ampliando seu alcance com cervejarias artesanais localizadas em dezenas de estados brasileiros e a importação de rótulos transformando-se em negócio lucrativo – embora o preço final para o consumidor ainda esteja em um patamar elevado.

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No Beer Experience, no entanto, havia cerveja – literalmente – para todos os gostos e bolsos. De R$ 5 (da Colorado Cauim, a Klein Tchec e Pilsen, Estrella e Weiss Damn, a Backer Pilsen) até R$ 200 (uma Falke Monasterium de 750 ml) e R$ 400 (uma Brewdog Sink the Bismarck com 41% de álcool) além de exemplares especiais apenas para sorteio como o da Brooklyn Black Ops (de produção de apenas mil garrafas/ano).

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O preço da entrada intimidou vários consumidores (R$ 60 na hora ou R$ 40 com 1kg de alimento não perecível), que ainda teriam que pagar à parte para comer e beber no evento. Mesmo assim, um ótimo público (que aumentou consideravelmente na parte da tarde) marcou presença. Entre os destaques, velhas conhecidas do público, vários lançamentos e pequenas aulas de cultura cervejeira.

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Ok. Então você está ali em um paraíso de cervejas buscando experimentar algumas das melhores cervejas do mundo (sim, as cervejas de abadia belgas também marcaram presença), por onde começar? Decidi ir atrás de cervejas que não conhecia abrindo os trabalhos com a exótica Bacuri, cerveja docinha e leve (apenas 3,8% de álcool) de Belém do Pará feita com o fruto amazônico de mesmo nome. Aprovada.

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Antes de encarar o segundo rótulo, uma parada no estande do Empório Alto dos Pinheiros para forrar o estômago. A pedida: um Guiness Pie simplesmente delicioso (que a fotógrafa achou muito melhor do que o provado em Londres). Após arriscar um rótulo novo, hora de jogar em território conhecido com a mineiríssima Wals Quadruppel, a melhor cerveja nacional (ao menos para este que bebe).

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A terceira do dia foi uma inenarrável Sauber Beer de… abóbora. Produzida em Mogi Mirim, interior de São Paulo, a Sauber Pumpkin Ale (4,7%) impressionou com um paladar que alternou com categoria malte, lúpulo e doce de abóbora. O cara do estande garantiu que a Sauber Honey Beer era ainda melhor (eles ainda tem uma de gengibre além dos rótulos tradicionais), mas achei prudente deixar para a próxima.

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A coisa começa a ficar meio turva, mas o bonde não para. O quarto título da noite, uma francesa Bourganel Myrtilles (5%) de cor azul (leva suco de Mirtilo na receita) decepcionou. Apesar de o teor alcoólico ser o de uma pilsen tradicional nacional, o paladar – bastante aguado – lembrava suco. Não bastasse ter experimentado ela, ainda levei outros quatro rótulos da Bourganel pra casa (todos frutados). Ahhh, bêbados…

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A quinta cerveja da noite foi dividida em partes iguais com os companheiros Leonardo Dias e Bruno Dias, do Urbanaque: uma linda Local 1, Belgian Strong Golden Ale altamente personal da sensacional Brooklyn Brewery. Do mesmo modo dividimos outra excelente Belgian Strong Golden Ale, uma italiana Baladin Elixir (10%). Para terminar, uma Strong Scotch Ale escocesa Traquair House Ale (7,2%).

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Além das cinco Bourganel, consegui levar para casa as quatro cervejas dos Mestres das Poções (cada uma delas produzida em uma fase da lua), dois rótulos da paraense Amazon Beer e três da Antares, a maior menor cervejaria argentina. E nem falei da ótima Backer 3 Lobos Bravo – uma American Imperial Porter mineira envelhecida em barril de umburana (que o Leonardo dividiu conosco) – e da coxa de pernil que salvou o fim da noite.

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O saldo foi extremamente positivo e demonstra que o mercado de cervejas artesanais e especiais no Brasil está em amplo crescimento. A organização do evento já planeja uma 2ª Edição do Beer Experience em São Paulo para 2012, mas provoca no twitter @beer_experience: “Nesse meio tempo para onde vamos? Belo Horizonte, Ribeirão Preto, Porto Alegre?” Fique atento ao próximo brinde.

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Informações

As argentinas Antares são distribuídas no Brasil pelo Clube do Malte, de Curitiba, que ainda comercializa molho e geleia feitos à base de cerveja (41) 8818-4038

A Bacuri, da Amazon Beer – (11) 3092-2337 – de Belém do Pará, e as Baladin italianas chegam ao resto do país com distribuição da Tarantino. (11) 3092-2337

A Bourganel, a Traquair e a St. Peters (que não provei, mas queria muito) foram destaques da cervejaria Melograno, de São Paulo. O cardápio deles é extenso e vale muito a visita, (11) 3031-2921

A Wals já pode ser encontrada facilmente em vários locais do país, mas quem ainda tiver dificuldade, vale entrar em contato com os mineiros: (31) 3443-2811

Tanto as cervejas esotéricas dos Mestres das Poções quanto a Sauber de abóbora (de mel e de gengibre) foram compradas no estande da Cervejoteca, de São Paulo (11) 5084-6047

A Brooklyn é importada pelo pessoal do Beer Maniacs (41) 3022-0740.

A Backer é uma estilosa micro-cervejaria mineira que começa a ganhar cada vez mais espaço no país (11) 2268-4203 ou 2268-3154

Vale ainda conhecer o trabalho do pessoal da Bierboxx (que entrega cervejas especiais em casa) e também da confraria Have a Nice Beer, esta última um clube que mediante uma taxa mensal envia cervejas especiais aos associados todo o mês.

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 Leia também:
– Top 100 Cervejas, por Marcelo Costa (aqui)
– Cinco pubs de cervejarias nos EUA, por Marcelo Costa (aqui)
– Sábado em Nova York: Brooklyn Brewery e Sebadoh (aqui)
– Um ogro bebendo o champagne mais caro do mundo (aqui)
– As cervejas da Wals (aqui), da Backer (aqui) e da Brooklyn (aqui)

agosto 23, 2011   1 Comment

Opinião do Consumidor: Liefmans Fruitesse

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As Fruit Beers são uma verdadeira febre na Europa (que de dois anos para cá também se rendeu a Sidra). Um resumo rápido diria que uma cerveja frutada é aquela de conjunto harmonioso em que o sabor da fruta é balanceado com o da cerveja. Mas nem sempre é assim: na sul-africana Pineapple Fruit Beer, por exemplo, o sabor de abacaxi se perde em meio ao álcool. Na brasileira Göttlich Divina!, o guaraná está presente, mas fica em segundo plano. Estes elementos estão ali para causar um charme no conjunto.

O oposto, em que o sabor da fruta compete em igualdade com o malte, é muito mais comum. Da excelente Wells Banana Bread até a seleção caprichada da holandesa Mongozo (coco, banana, manga, quinua e palmnut – esta última, segundo o fornecedor, “uma experiência espiritual”) chegando até o extenso cardápio de Fruit Beers de cereja e framboesa, que destacam as belgas Kriek Boon (em que cada litro de cerveja recebe ao menos 250 gramas de cereja) e Mort Subite (não se assuste com o nome).

A cervejaria Lifemans, da cidade de Oudenaarde, nos Flandres Orientais da Bélgica, foi fundada em 1679 especializando-se em produzir Oud Bruin (estilo de cerveja originário da região flamenca da Bélgica) e lambics, a maioria frutada (limão, pêssego e cereja). A empresa faliu em 2008, sendo adquirida pela Duvel Moortgat Brewery, que manteve a produção de algumas estrelas da casa como a própria Oud Bruin e a Liefmans Fruitesse (embora tenha perdido a Lucifer para a Het Anker Brewery).

Importada pela Beer Paradise, a Liefmans Fruitesse (com maturação de 18 meses em caves recebendo posteriormente sumos naturais de frutas vermelhas) é um ótimo exemplar do estilo fruit beer já a partir do aroma intenso de cereja, de morango e framboesa – e nada, absolutamente nada que lembre álcool. O primeiro toque na língua reforça o aroma, mas conforme a cerveja se ambienta no paladar, características de amargor a azedo marcam presença não influenciando no final, que permanece adocicado.

Apesar de não estar aparentemente presente no conjunto, a graduação alcoólica de 4,2% da Liefmans Fruitesse é próximo ao de algumas american lagers nacionais (a Skol e a Nova Schin, por exemplo, têm 4,7%; a Bavária traz 4,6%). Refrescante, cítrica, adocicada e fácil de beber (sem muita complexidade em sua fórmula), a Liefmans Fruitesse é uma boa fruit beer que se aproxima (grosseiramente) de um espumante. Para dias quentes e/ou para acompanhar sobremesas. A garrafa de 250 ml está entre R$ 8 e R$ 12.

Teste de Qualidade: Liefmans Fruitesse
– Produto: Fruit Beer
– Nacionalidade: Bélgica
– Graduação alcoólica: 4,2%
– Nota: 2,35/5

Leia também:
– Que tal uma cerveja de banana? E de manga? (leia aqui)
– Wells Banana Bread: uma cerveja que merece ser provada (aqui)
– Kriek Boon: Pode rolar romance, por Marcelo Costa (aqui)

agosto 17, 2011   No Comments