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Category — Cervejas

Brasil: as três cervejas da St Gallen

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A história da St. Gallen remonta ao começo do século passado, quando em 1912, a cervejaria Claussen & Irmãos produzia em Teresópolis uma cerveja que seguia uma receita de antepassados dinamarqueses. A cervejaria fechou as portas pouco depois da Primeira Guerra Mundial, devido a dificuldade de importar matéria-prima, mas a cerveja voltou a ser fabricada em 2006, seguindo três estilos: Stout Porter, Weissbier e Red Ale (além da linha Therezópolis).

A versão Weissbier da casa fluminense surpreende (apesar da imensa dificuldade no descarte da rolha) com sua fidelidade ao estilo. As notas características de banana e cravo recebem um pequeno acento frutado no aroma, bastante interessante. O paladar segue o traço do aroma, quedando um pouco em demasia para o adocicado, o que não prejudica o conjunto, mas pode ser melhorado.

Já a Stout Porter da casa fluminense é uma bela surpresa. O aroma traz bastante fermento (que remete a pão e biscoito) além, claro, do malte tostado pagar tributo ao chocolate e ao café. O paladar, por sua vez, é adocicado no primeiro toque na língua, mas assim que a cerveja se aconchega, notas de café e chocolate amargo surgem escondendo bem os 8% de graduação alcoólica. O final é longo e saboroso. Muito boa.

Esqueça a citação irlandesa da St. Gallen Irish Red Ale, pois o amargor, é baixo e de pouco destaque. O aroma é levemente adocicado, tendendo a frutado (morango) e caramelado, com o álcool elevado (9.2%) se apresentando de forma tímida. No paladar, as notas adocicadas de malte assumem a frente e vencem com facilidade o lúpulo, com o álcool pedindo atenção, sem incomodar. O final deixa um leve rastro de álcool. Melhor que a Weiss, inferior a Stout.

A bela apresentação da St. Gallen (uma linda garrafa rolhada de 750 ml com rótulo exuberante, que, no entanto, mostrou problemas em duas das três rolhas, que partiram e dificultaram a abertura) aumenta a expectativa e a cobrança do freguês, e a cervejaria consegue entregar um bom produto, que varia de rótulo para rótulo, mas mostra que a cervejaria fluminense está no caminho certo. Vale conhecer.

St. Gallen Weissbier
– Estilo: Weiss
– Nacionalidade: Brasil
– Graduação alcoólica: 5,5%
– Nota: 3,22/5

St. Gallen Irish Stout Porter
– Estilo: Stout
– Nacionalidade: Brasil
– Graduação alcoólica: 8%
– Nota: 3,32/5

St. Gallen Red Ale
– Produto: Irish Red Ale
– Nacionalidade: Itália
– Graduação alcoólica: 9,2%
– Nota: 3,25/5

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Leia também
– Top 1000 Cervejas, por Marcelo Costa (aqui)

julho 15, 2012   No Comments

Três Filmes: Cinema, Cerveja e Política

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“Um Retrato de Woody Allen” (Wild Man Blues, 1998)
Woody Allen costuma rejeitar comparações com seus personagens, mas basta colocar Jerry, personagem que ele encena em “Para Roma com Amor” (que rememora muitos outros), ao lado do Woody Allen deste documentário para percebermos que a linha que os separa é praticamente invisível. E isso é um dos vários pontos interessantes de “Wild Man Blues”, filme de Barbara Kopple (lançado agora no Brasil pela Flashstar – com uma leva de outros filmes do diretor) que flagra a turnê europeia da banda de jazz de Woody Allen em 1997, passando por 18 cidades em 23 dias: “É típico de mim”, comenta ele em certo momento. “Eu sonhava com essa turnê, e agora que estou nela não vejo a hora de acabar”. O humor afiado do diretor avança sobre prefeitos, fãs e paparazzos, mas o retrato que Kopple faz do cineasta é tão honesto que comove. Filmado logo após o longo processo que Mia Farrow e Woody Allen enfrentaram pela guarda dos filhos, e da união do diretor com a filha adotiva de Mia, Soo-Yi, “Wild Man Blues” expande seu território avançando além da banda (sem perder a boa música de foco) para o novo casamento e até para a relação do cineasta com sua família. Nettie, a mãe, responde na frente da nora que preferia uma filha judia a uma oriental enquanto o pai, já bastante idoso, parece ainda não aceitar a carreira escolhida pelo filho, passagens que mitificam (e explicam) um dos maiores cineastas vivos.

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 “Cerveja Falada” (2010)
Em um momento em que a produção de cerveja artesanal começa a despontar em vários cantos do País, este documentário de 15 minutos dirigido por Guto Lima, Luiz Henrique Cudo e Demétrio Panarotto, da produtora Exato Segundo, resgata com méritos um personagem mítico que ficou a frente de uma das mais antigas cervejarias artesanais do país. Rupprecht Loeffler viveu boa parte de seus 93 anos dedicando-se a produção de cerveja, e é apontado por muitos como um dos mais antigos mestres cervejeiros do país, tocando a cervejaria Canoinhense, de Canoinhas, em Santa Catarina, por mais de cinco gerações (até seu falecimento, em fevereiro de 2011). Fundada em 1908 pelo pai de Rupprecht, a Canoinhense produz cerveja e chope artesanais com receita que segue a Lei da Pureza Alemã. Os tonéis de carvalho foram trazidos da Alemanha há mais de um século. “Meu pai trouxe a fórmula de Munique”, conta Rupprecht, que diz que, na falta de leite, a “piazada” tomava cerveja quando era criança. O mestre-cervejeiro lembra como estocou lúpulo na Segunda Guerra Mundial e conta outras histórias divertidas em um registro carinhoso que já recebeu vários prêmios, e está disponível para download no site Filmes Que Voam (aqui). Ainda assim vale ir atrás do DVD, que traz o ótimo média metragem “Histórias da Cerveja em Santa Catarina”. Bate na porta da Exato Segundo.

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“Ao Sul da Fronteira” (South of The Border, 2009)
Disposto a mostrar ao mundo – e especialmente aos norte-americanos – a verdadeira América Latina (já que nós aqui debaixo conhecemos bem quase todas as histórias presentes no filme), Oliver Stone entrevistou Evo Morales (Bolívia), Fernando Lugo (Paraguai), Néstor e Cristina Kirchner (Argentina), Rafael Correa (Equador), Raúl Castro (Cuba) e Lula buscando mostrar a força de um continente que quer olhar os EUA de igual para igual. Em “Ao Sul da Fronteira”, o diretor busca suavizar a imagem difícil de Hugo Chávez, temido presidente da Venezuela, e tropeça em lacunas e na falta do traquejo dramatúrgico e cômico que transformam filmes de Michael Moore em epopeias mundiais, mas, ainda assim, soa educativo ao mostrar como a mídia norte-americana transforma países que dificultam as relações com os EUA em grandes vilões. “Obama trouxe da reunião com os países latinos um aperto de mão e uma camiseta do Che”, reclama um ancora, que pinta o presidente venezuelano como um monstro. “É tudo por petróleo”, retruca Chávez, que surge abraçando criancinhas, andando de bicicleta (Stone faltou às aulas de populismo barato) e, comicamente, perguntando aos membros da ONU se eles sentiam o cheiro de enxofre no palanque após um discurso de Bush, o demônio. O grande mérito do filme (que está inteiro no Youtube) é explorar com destreza o tema “manipulação da mídia”. A verdade é simples (para TODOS os lados): duvide de tudo que você vê na TV e lê em jornais. Tudo. Se não existe mais bobo no futebol (e existe), a política ainda está com as salas cheias. Uma boa dose de ceticismo faz bem para a razão, mas, se preciso for, viva a América… do Sul.

julho 11, 2012   No Comments

Itália: Um conto cervejeiro em Veneza

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Texto e fotos: Marcelo Costa

É quase um conto cervejeiro. Semanas atrás estive em Veneza. Era minha segunda visita ao arquipélago, sendo que na primeira caminhei e me perdi bastante entre Santa Croce e Dorsoduro. Desta vez, tracei com meta me perder no bairro atrás da Piazza San Marco caminhando ainda nos bairros Castelo e Cannaregio. Neste segundo, após passar pelas igrejas San Barnaba e Santa Maria Dei Miracoli, segui em frente totalmente sem destino, quando, na Fondamenta Ormesini, vejo um quadro: “Birre da Tutto il Mundo (O Quasi)”. Tive que parar.

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O Bacaro Pub é de Aldo Campalto, um italiano corpulento que, assim que você pede a carta de birre, avisa: “As (quatro) geladeiras estão a sua disposição. É só pegar”. Há mesas ao lado do canal e variedades de crostinis viciantes no balcão. Era quase 13h, sol a pino. Ficar bêbado não estava nos planos, por isso abri os serviços com uma alemã leve e refrescante, a Augustiner Weissbier, mas quando vi já estava com uma Amacord de 8% na mesa, cerveja artesanal italiana cuja linha extensa homenageia o cineasta Federico Fellini.

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De brasileiras no cardápio, o Aldo só tinha Brahma e Skol, mas a linha de italianas artesanais era surpreendente. Fui ao balcão papear com o cara, e separar algumas para trazer para o Brasil. “Você não acha melhor, ao invés de levar a linha inteira de uma cerveja, levar metade dela e metade de outra? Acho que deveria experimentar as Del Ducato”, orientou. Segui o conselho, separei três Amarcord e três Del Ducato, e Aldo ainda me presenteou com uma Oatmeal Stout, Del Ducato da linha moderna.

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Fundada em 2007, a Del Ducato é uma microcervejaria da cidade de Fiorenzuola d’Arda, na Emília Romana (uma hora de Milão, duas horas de Veneza), com pouco mais de 13 mil habitantes. Com apenas cinco anos de existência, a Del Ducato já é apontada por muitos como a melhor cervejaria italiana, tendo ganhado prêmios em diversos festivais, com uma produção dividida em 22 rótulos separados em três linhas: a clássica (das quais eu trouxe a Winterlude, a A.F.O. e a Chimera), a moderna e a especial.

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A Oatmeal Stout da Del Ducato, cerveja da linha moderna (que ainda tem outros cinco rótulos) já se define no aroma intenso de malte torrado, o que também remete a chocolate amargo e também café moído na hora. O paladar segue as notas do aroma, mas perde no corpo. Estão ali o café moído (ainda mais intenso no paladar), o malte torrado e o mesmo chocolate amargo, mas a Oatmeal Stout é aguada demais, o que prejudica o conjunto. Ainda assim, a definição do site oficial merece citação: “ela evoca finais felizes”.

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A Winterlude integra a linha de cervejas clássicas da Del Ducatto (que traz mais sete rótulos), e é absolutamente perfeita. Isso mesmo: perfeita. Os italianos seguiram a risca a tradição das maravilhosas Tripel belgas, da refermentação na garrafa ao uso de lúpulo especial, no caso importado de uma fazenda da cidade de Poperinge, na região dos Flanders Orientais – área famosa pela cultura do lúpulo, que fornece 80% do material usado na produção belga (e também nesta surpreendente Winterlude).

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O encantamento começa no aroma, frutadíssimo, que remete a laranja, abacaxi e melaço (e, honrando a escola belga, álcool). O paladar é riquíssimo. Primeiro uva, depois laranja, abacaxi, talvez pêssego e mel. A tonelada de álcool (com 8,8%, essa é a cerveja mais forte da Del Ducatto) não intimida: o frutado acaricia o céu da boca enquanto o álcool passeia pela língua. O final fica entre o adocicado e o alcoólico. Apaixonante. Pra fechar: o nome é de uma canção de Bob Dylan…

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Indo por uma linha completamente diferente, a das ales norte-americanas, a A.F.O. (Ale for Obsessed), segundo rótulo lançado pela Del Ducato (em 2006), leva bastante a sério o que o nome propõe: eis uma ale para obcecados em lúpulo. Aqui são 10 tipos diferentes, três deles norte-americanos (Chinook, Cascade e Simcoe). O aroma é levemente frutado, com algo que remete a pimenta e a madeira. O paladar é amargo e incrivelmente saboroso, com o lúpulo distribuindo notas cítricas, que terminam com um leve toque de mel. Ótima.

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Por fim, chegamos à última Del Ducato que veio na mala direto de Veneza, a Chimera, uma Belgian Dark Strong Ale de responsa. O aroma fica entre o alcoólico (são 8% de graduação, que intimidam no início) e o adocicado, com o melaço de caramelo e açúcar queimado marcando presença de forma intensa. O primeiro toque na língua remete à ameixa e uva passa, e a sugestão se estende até a garganta, com o álcool aparecendo de forma suave no final em um conjunto que surpreende. “É um pouco como perseguir uma ilusão”, diz o site oficial.

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No pub do Aldo, em Veneza, cada uma das Del Ducato clássicas saiu por 4 euros (cerca de R$ 10) enquanto a Oatmeal Stout custava 3 euros. No Brasil, com importação da Tarantino, as cervejas da linha moderna saem a partir de R$ 19, da linha clássica a partir de R$ 39 e da linha especial a partir de R$ 90 (a garrafa de 330 ml). Então, recomendável que, em uma viagem à Itália, você procure pelas Del Ducato. O endereço do Bacaro Pub, do Aldo, em Veneza, é Fondamenta Ormesini Cannaregio, 2710. E o cartão avisa: “Aperto tutti i giorni fino alle 2:00”. Vale a pena.

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Del Ducato Oatmeal Stout
– Produto: Oatmeal Stout
– Nacionalidade: Itália
– Graduação alcoólica: 4,5%
– Nota: 3/5

Del Ducato Winterlude
– Produto: Belgian Tripel
– Nacionalidade: Itália
– Graduação alcoólica: 8,8%
– Nota: 4,25/5

Del Ducato A.F.O. (Ale for Obsessed)
– Produto: American Pale Ale
– Nacionalidade: Itália
– Graduação alcoólica: 5,2%
– Nota: 3,30/5

Del Ducato Chimera
– Produto: Belgian Dark Strong Ale
– Nacionalidade: Itália
– Graduação alcoólica: 8%
– Nota: 3,62/5

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Leia também
– Diário de Viagem: Europa 2012 (aqui)
– Top 100 Cervejas, por Marcelo Costa (aqui)
– Cinco fotos: Veneza (aqui)
– Diário 2009: Veneza, Veneza, Veneza, Veneza e Ryanair (aqui)
– Diário 2009: A beleza de Veneza e a siesta de Treviso (aqui)

julho 7, 2012   1 Comment

Da Inglaterra, Whitstable Bay Organic Ale

Duas belas representantes da Shepherd Neame, cervejaria de Kent, no sudoeste da Inglaterra, já haviam passado por este espaço: a Dedo do Bispo (Bishops Finger), uma bitter ale caprichada, com o aroma lupulado, que ainda traz notas de madeira, malte e frutas; e a Spitfire Premium Kentish Ale, uma standart bitter ale com três tipos de lúpulo que grudam caramelo e melaço de malte no céu da boca. A da foto acima é uma Whitstable Bay Organic Ale, que chega ao Brasil via Uniland.

Essa inglesinha carrega no aroma a marca da Shepherd Neame: assim que a garrafa é aberta, o lúpulo contagia o ambiente deixando alguns rastros de notas cítricas, florais e até um pouco de mel. O paladar, por sua vez, é tipicamente inglês: amargor pronunciado com o lúpulo marcando o céu da boca e o início da garganta, com o malte servindo de coadjuvante de luxo (melaço e caramelo) em uma cerveja bastante leve e refrescante, mas que perde em comparação para suas irmãs.

A Shepherd Neame é a cervejaria mais antiga da Inglaterra com uma produção dividida em oito rótulos distribuídos por mais de 360 pubs no Reino Unido (em Kent, Londres e Essex). Além das três cervejas citadas acima, a Uniland está importando outros dois rótulos (a maioria deles encontrado com facilidade em supermercados da rede Pão de Açucar entre R$ 13 e R$ 18 a garrafa de 500 ml): a Master Brew Kentish Ale e a 1698 Special Strong Ale. Estou atrás.

Whitstable Bay Organic Ale
– Produto: English Pale Ale
– Nacionalidade: Inglaterra
– Graduação alcoólica: 4,5%
– Nota: 2,81/5

Leia também
– Outras duas cervejas da Shepherd Neame (aqui)
– Top 500 Cervejas, por Marcelo Costa (aqui)

junho 29, 2012   No Comments

Bélgica: três cervejas da Rochefort

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No século 19, a cidadezinha de Rochefort, na província belga de Namur, era um resort. Hoje, com aproximadamente 12 mil habitantes, Rochefort é a casa da Abadia de Notre-Dame de Saint-Rémy, fundada no século 13 por monges Cistercienses da Estrita Observância, famosos por sua vida espiritual e também por seus doces e por sua cerveja, que começou a ser produzida em 1595. Há cerca de 20 monges residentes no mosteiro, que guardam o processo de fabricação de cerveja a sete chaves. Com razão…

A Rochefort 6 é a de tampa vermelha e “apenas” 7,5% de graduação alcoólica. A cacetada de álcool marca presença no conjunto, mas não inibe os sentidos. O aroma é levemente picante e caramelado (com algo ainda de castanha). No paladar, o álcool se apresenta incrivelmente de forma tímida (o que pode derrubar muito bebedor metido a corajoso) com lúpulo e malte caramelado formando um conjunto interessante, mas não tão complexo. A 6, na verdade, serve mais como degrau para as versões 8 e 10. Ainda assim, uma bela cerveja.

A da tampinha verde é a Rochefort 8, uma versão turbinada da 6: no aroma, o mesmo picante e o mesmo caramelado, mas mais intenso: o álcool (que aqui chegam a 9,2%) marca presença envolto numa nuvem de melaço, chocolate, nozes, maça e frutas cítricas. O paladar segue a risca a complexidade de notas que o aroma explora com o álcool tocando delicadamente o céu da boca e marcando o gole até o fim. Daquelas cervejas que vão além… uma verdadeira experiência alcoólica. Simplesmente perfeita (e mais balanceada que a outras duas irmãs).

A terceira Rochefort é a 10 (tampa azul), com 11,3% de graduação alcoólica. Isso mesmo: 11,3%, mas não se preocupe: o álcool não atrapalha o conjunto. Ele está ali, intenso no aroma, mas são facilmente perceptíveis notas de caramelo, chocolate, ameixa, madeira e um picante que remete a pimenta do reino. No paladar, o primeiro toque deixa uma marca licorosa e um rastro de álcool que gruda no céu da boca e marca até o fim da garganta. Depois a gente acostuma, e tudo desce de forma suave, adocicada. Uma belíssima cerveja que, infelizmente, não se recomenda beber três seguidas (risos), mas deleitar-se com uma por vez.

Trazidas ao Brasil pela Casa da Cerveja, as Rochefort são… caríssimas. No entanto, ela anda aparecendo, ao menos em São Paulo, em vários empórios por preços entre R$ 8 e R$ 11. Seus preços normais, no entanto, transitam entre R$ 17 e R$ 25 a garrafa de 330 ml, e uma das vantagens dessa belga é que ela pode ser armazenada por até cinco anos (a validade desse trio acima era 27/07/2016!), mantendo a qualidade. A água para as cervejas é extraída de um poço situado no interior dos muros do mosteiro e os monges capricham na receita. É outro nível de cerveja, ou como diz um hastag que circula por ai, #cervejadeverdade.

Trappistes Rochefort 6
– Produto: Belgian Dubbel
– Nacionalidade: Bélgica
– Graduação alcoólica: 7,5%
– Nota: 3,94/5

Trappistes Rochefort 8
– Produto: Belgian Dark Strong Ale
– Nacionalidade: Bélgica
– Graduação alcoólica: 9,2%
– Nota: 4.77/5

Trappistes Rochefort 10
– Produto: Belgian Dark Strong Ale
– Nacionalidade: Bélgica
– Graduação alcoólica: 11,3%
– Nota: 4,67/5

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Leia também:
– Top 1000 Cervejas, por Marcelo Costa (aqui)
– Leia sobre várias outras cervejas aqui

maio 20, 2012   No Comments

Quatro cervejas da Way e uma Diabólica

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A Way Beer é uma micro cervejaria artesanal localizada em Pinhais, na região metropolitana de Curitiba, que surgiu em 2010 e já arrebatou alguns prêmios. Em abril de 2011, por exemplo, a Way American Pale Ale foi eleita a melhor Pale Ale no 1º Prêmio Maxim de Cervejas Brasileiras. Além dela, a Way fabrica outros quatro títulos: Amburana Lager, Cream Porter, American Lager, Irish Red Ale. Nascida em 2009, a famosa (em Curitiba) Diabólica 6,66% completa a escalação paranaense honrando o lema “rock your taste”. Vale muito encarar.

Começando pela campeã, Way American Pale Ale tem aroma floral e frutado com notas marcantes de lúpulo (que remetem a caramelo e também guaraná). Cheirosíssima. O paladar não é tão complexo quanto o aroma, mas ainda assim é bastante agradável com o lúpulo pressionando os adversários no campo de ataque. O malte até tenta algo no começo, mas logo é vencido pelas doses carregadas de lúpulo, que marcam com força essa cerveja. O final é de um amargor suave, mas constante que vai do céu da boca até a garganta. Excelente.

Assim como a Pale Ale, a versão Premium Lager da casa paranaense chama a atenção já no aroma, uma união de notas malte de caramelo e mel que surpreende e encanta ao abrir a garrafa. No paladar, o lúpulo parece ter saído para dar uma volta (de mãos dadas com a Pale Ale) deixando todo o território para o malte, que capricha no dulçor e na leveza, que seguem até o final. Uma bela Premium Lager nacional (que pode conquistar bebedores de boteco), suave e refrescante.

A Red Ale da Way acaba ficando em segundo plano no catálogo da casa, escondida sob a sombra do brilho da versão American Pale Ale. O caramelo dá as caras com vontade no aroma, e marca presença forte também no paladar, chegando até a sugerir melaço (com álcool marcando presença de forma discreta). É uma versão personal e mais domesticada das Red Ale tradicionais, que pode desapontar quem esperava uma cerveja mais robusta, e encontra uma cerveja mais terna no copo.

Assim que a tampa deixa a boca da garrafa da Way Cream Porter, o aroma característico da casa paranaense se faz presente, mostrando a personalidade da cervejaria (que tem muita relação com o uso caprichado do malte). E são eles, os maltes de caramelo tostados que remetem a café e chocolate amargo no aroma. O sabor segue a risca as notas flagradas pelo nariz mostrando que a Way fez uma bela homenagem às Porters tradicionais nessa versão bastante fiel ao estilo.

Para fechar, uma cerveja infernal famosíssima em Curitiba, a Diabólica 6.66 (de gradução alcoólica simbólica), uma IPA de responsa como manda o figurino. No aroma, os sete tipos de maltes que a receita promete fazem o serviço e brigam tapa a tapa com o lúpulo (principal estrela das indian pale ales), terminando no empate. No paladar, o lúpulo sai vencedor, mas ainda assim o amargor acentuado é comportado e bem temperado com o adocicado do caramelo do malte resultando em uma das melhores IPAs nacionais. Como o diabo gosta.

As cinco cervejas acima (faltou a Amburana Lager) podem ser encontradas com facilidade em bares especializados de Curitiba. Para outros Estados recomendo o Clube do Malte, onde essas belezinhas foram adquiridas entre R$ 8 e R$ 11. Vale citar ainda o tour que a Way oferece aos curiosos e fãs de cerveja: em abril, a cervejaria passou a abrir a fábrica (Rua Pérola, 331, Pinhais – Paraná) para visitas aos sábados e inaugurou uma sala de degustação para promover a cultura cervejeira (mais infos aqui). Se estiver de bobeira em Curitiba, recomendo: http://www.waybeer.com.br/

Way American Pale Ale
– Produto: American Pale Ale
– Nacionalidade: Brasil
– Graduação alcoólica: 5,2%
– Nota: 3,84/5

Way Premium Lager
– Produto: Premium American Lager
– Nacionalidade: Brasil
– Graduação alcoólica: 5,3%
– Nota: 3,33/5

Way Irish Red Ale
– Produto: Irish Red Ale
– Nacionalidade: Brasil
– Graduação alcoólica: 5%
– Nota: 2,81/5

Way Cream Porter
– Produto: Porter
– Nacionalidade: Brasil
– Graduação alcoólica: 5,6%
– Nota: 3,12/5

Diabólica 6,66%
– Produto: IPA
– Nacionalidade: Brasil
– Graduação alcoólica: 6,66%
– Nota: 3,66/5

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– Top 100 Cervejas, por Marcelo Costa (aqui)
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maio 17, 2012   No Comments

Opinião do Consumidor: Affligem

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A Abadia de Affligem é um mosteiro beneditino fundado em 1061 (por seis cavaleiros arrependidos de sua vida bárbara, veja só) na pequena cidade de Affligem, cerca de 20 quilômetros da capital Bruxelas e com atualmente pouco mais de 12 mil habitantes. Os monges começaram a fabricar cerveja em 1574, e hoje em dia a Affligem integra o grupo de 18 produtoras belgas que têm direito de usar o selo que define as cervejas de abadia, cujas receitas devem ser aprovadas e/ou elaboradas por uma ordem religiosa, e parte da renda revertida em ações de caridade. A cerveja, no entanto, é fabricada atualmente em Opwijk, noroeste de Bruxelas, e não na Abadia.

De cor marrom avermelhada, a Affligem Dubbel namora a escola inglesa, com maltes levemente tostados e uma certa picância, mas é belga até o último gole. O aroma apaixonante é deliciosamente frutado e caramelado, remetendo a frutas vermelhas e também a especiarias (notadamente cravo e pimenta do reino). O paladar segue a risca o caminho proposto pelo aroma, com as notas de fruta vermelha se tornando ainda mais presentes (puxando para cerveja, framboesa, uva e ameixa). Há um pouco de álcool, que surge contrabalanceado a perfeição com o malte caramelado. O final é impressionantemente seco e doce. Uma delicia.

A Affligem Blond, no entante, sofre logo de cara com a comparação com outras blond ale belgas (como a Leffe, por exemplo,). Ela mantém as principais características do estilo, como o aroma herbal, que é leve remetendo a mel, banana e flores, e também picante devido ao cravo. O paladar perde um pouco das nuances propostas pelo aroma valorizando em excesso as notas de banana. O álcool, quase imperceptível (mesmo com seus 6,8% – o que é interessante), fisga de leve o céu da boca e o final é seco, suave e adocicado. Uma bela cerveja belga, refrescante, embora não tão complexa quanto suas concorrentes.

Já a versão Tripel , que se intitula “rainha das cervejas de abadia”, traz um aroma bastante picante, com presença forte de notas de cravo e pimenta do reino, aliadas ao frutado que remete a banana, laranja e muito levemente a mel. E, claro, álcool, afinal, são 9,5% que tomam a frente assim que tocam a língua deixando em segundo plano o cravo e a pimenta (mas ainda assim bem presentes) e, por último, lá no fundo quase esquecido, o frutado. A valorização do álcool em detrimento do frutado torna essa Tripel mais forte e intensa, e menos equilibrada. Bem boa, mas assim como as anteriores, inferior a outras belgas.

Para quem admira a escola belga, a Affligem é altamente recomendável. Ela mantém as boas características do estilo, e até pode conquistar, principalmente a Dubbel e Blond, mais doces e menos alcóolicas. Mesmo sendo inferior a alguns outros rótulos do país (mais baratos, como a Leffe, ou mais caros, como a Duvel e a Chimay), vale a pena provar e investir nessa boa cerveja, que hoje em dia é controlada pela Heinken Internacional – mas segue sendo feita segundo os preceitos do selo de abadia – e chega ao Brasil numa faixa de preços entre R$ 7 e R$ 11.

Affligem Dubbel
– Produto: Belgian Dubbel
– Nacionalidade: Bélgica
– Graduação alcoólica: 6,8%
– Nota: 3,89/5

Affligem Tripel
– Produto: Belgian Tripel
– Nacionalidade: Bélgica
– Graduação alcoólica: 9,5%
– Nota: 3,24/5

Affligem Blond
– Produto: Belgian Blond Ale
– Nacionalidade: Bélgica
– Graduação alcoólica: 6,8%
– Nota: 3,33/5

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maio 9, 2012   No Comments

Alemanha: Três cervejas da Kaiserdom

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Inaugurada em Bamberg, na Bavária, em 1718, a Kaiserdom Brauerei orgulha-se de produzir suas cervejas apenas com ingredientes naturais, sem qualquer aditivo, seguindo a Lei de Bamberg de 1849, que surgiu 27 anos antes da Lei da Pureza da Bavaria (datada de 1516). Maior cervejaria de Bamberg, a Kaiserdom é comandada desde 1910 pela família Wörner, e começa a chegar ao Brasil com três rótulos interessantes, que senão destacam um conjunto de alta personalidade, conquistam pela leveza e sabor alemão inconfundível.

A Kaiserdom German Dark Lager é um belíssimo exemplo da escola bávara de cervejas escuras: o aroma é bastante suave com o malte torrado sugerindo café e, muito levemente, caramelo. O paladar, águado, segue a risca o caminho aberto pelo aroma com o caramelo inicialmente tomando a frente, mas cedendo para a presença marcante do malte torrado (e sua ligação direta ao café) em uma cerveja extremamente suave e saborosa. Praticamente não se sente os 4,7% de álcool, que desaparecem no conjunto harmonioso e característico. Ótima.

Já a versão Hefe-Weissbier Naturtrüb, da Kaiserdom, é bem particular, mas ainda assim segue a tradição alemã de boas cervejas de trigo. O aroma característico traz notas frutadas que remetem a banana e cravo. O paladar sugere leveza (uma marca da cervejaria) e a Hefe-Weissbier Naturtrüb não foge a regra sendo bem menos densa que suas “concorrentes” (como a Weihenstephaner), mas ainda assim muito interessante, com as notas de banana e cravo bem balanceadas com o lúpulo num conjunto que ainda traz algo de lager.

E falando em lager, a Kaiserdom Premium é a que, comparativamente com outras do mesmo estilo, é a que mais se destaca da cervejaria. A Dark Lager tem em seus calcanhares a Köstritzer. Dificil pensar em Weissbier alemão e não pensar em Weihenstephaner (ainda que, para fugir da comparação, a Kaiserdom proponha o meio do caminho entre uma weiss e uma lager). Já a Premium é uma lager autêntica, bastante saborosa e acima das cervejas comerciais brasileiras, com o malte e o lúpulo totalmente perceptíveis e bem inseridos no ótimo conjunto. Uma bela surpresa.

As três Kaiserdom estão chegando ao Brasil em garrafas de 500 ml (entre R$ 8 e R$ 11) e belas latas de 1 litro (entre R$ 20 e R$ 25), como as da foto acima. Há um kit que, além das três latas (Premium, Weissbier e Dark Lager), também traz uma taça de 1 litro da casa – que é praticamente um exercício de levantamento de (copo) peso para se levar a boca. Em alguns empórios online, o kit é encontrado por R$ 120, mas no Duty Free costuma sair por 32 dólares. Vale o investimento.

Kaiserdom German Dark Lager
– Produto: Schwarzbier
– Nacionalidade: Alemanha
– Graduação alcoólica: 4,7%
– Nota: 3,01/5

Kaiserdom Hefe-Weissbier Naturtrüb
– Produto: German Weizen
– Nacionalidade: Alemanha
– Graduação alcoólica: 5%
– Nota: 2,96/5

Kaiserdom Premium German Lager
– Produto: Munich Helles
– Nacionalidade: Alemanha
– Graduação alcoólica: 4,5%
– Nota: 3,03/5


Leia também
– Top 1001 Cervejas, por Marcelo Costa (aqui)
– Leia sobre outras cervejas (aqui)

abril 19, 2012   No Comments

Da Backer, as excelentes Três Lobos

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Estilosa micro-cervejaria de Belo Horizonte, a Backer começou certeira com quatro rótulos básicos e interessantes: Pilsen, Brown, Trigo e, a melhor das quatro, Pale Ale. Em julho de 2011, os mineiros decidiram arriscar alto lançando uma “Série American Extreme” chamada Três Lobos, com quatro rótulos inspirados em cervejas norte-americanas (desde a arte ao paladar provocante). Nasceram a Exterminator (com capim limão), a American Pilsen (com açúcar mascavo), a Pele Vermelha (uma IPA com raspas de laranja) e a Bravo, uma Imperial Porter maturada em barris de umburana.

No rótulo detalhado da Três Lobos Exterminator, um homem tenta domar um jacaré. A cervejaria mineira paga tributo à escola norte-americana com uma interessante american wheat, que contém capim limão em sua fórmula. O aroma delicioso é herbal, e remete diretamente não só a chá de ervas, mas também a limão siciliano. O paladar é leve e adocicado como o de uma boa cerveja de trigo, mas o lúpulo e o capim limão marcam presença criando um conjunto refrescante e de bastante personalidade com um forte final cítrico. Muito boa.

Já a Três Lobos American Pilsen – com açúcar mascavo – parece destinada ao “ame ou odeie”. O aroma é contagiante: lúpulo, cítrico (remete à tangerina) e malte em presença delicada. Já no paladar a coisa pega: a intensidade do lúpulo faz com que a cerveja pareça uma tangerina amarga, com o gosto tocando o céu da boca e clamando por atenção. As notas finais são maltadas, mas um rastro de lúpulo é deixado (como uma boa IPA). Eis uma cerveja personal que pede (implora) o acompanhamento de algum prato (pescado, salame ou calabresa).

Falando em IPA, a Três Lobos Pele Vermelha é a representante da casa mineira, que junto à água, ao malte e ao lúpulo, misturou raspas de laranja. O resultado pode ser conferido já no aroma, em que o cítrico (laranja e abacaxi) se destaca ao lado do lúpulo herbal e do malte de caramelo. O paladar segue as notas do aroma com o malte se apresentando primeiro, mas logo perdendo espaço para o lúpulo e os tons cítricos (com o álcool marcando presença, ainda que de forma leve), que dominam a cerveja até o seu final, levemente amargo. Ótima.

Fechando o quarteto, a Três Lobos Bravo, uma robusta American Imperial Porter, de teor alcoólico elevado (9%), com presença de açúcar mascavo e maturação em barril de umburana. No aroma, bastante rico, notas de café, chocolate amargo, malte torrado, madeira, nozes e… cachaça. O paladar, também complexo, é uma deliciosa experiência: o álcool um bocadinho excessivo remete a cachaça, mas notas de madeira, chocolate amargo, café e principalmente nozes dançam na boca. O final é… marcante: meio amargo, meio doce, meio alcoolizado. O pessoal não brincou em serviço. Um capricho só.

Os quatro rótulos especiais podem ser encontrados tanto na loja da Backer (aqui) quanto em bons empórios e distribuidores, como o Clube do Malte (aqui). Cada garrafa de 330 ml sai entre R$ 9 e R$ 12, mas também pode se encontrado pela metade do preço em lojas de Belo Horizonte (com na ótima Mamãe Bebidas). São cervejas caprichadas e muito interessantes, especiais para acompanhar pratos, e que mostram que o cenário das micro-cervejarias brasileiras (principalmente as mineiras) começa a buscar sua própria cara, investindo em rótulos personais e brasileiros. Valem o investimento.

Três Lobos Exterminator
– Produto: American Wheat
– Nacionalidade: Brasil
– Graduação alcoólica: 4,8%
– Nota: 3,57/5

Três Lobos American Pilsen
– Produto: American Pilsner
– Nacionalidade: Brasil
– Graduação alcoólica: 5%
– Nota: 3,50/5

Três Lobos American IPA
– Produto: American IPA
– Nacionalidade: Brasil
– Graduação alcoólica: 7%
– Nota: 3,53/5

Três Lobos Bravo
– Produto: American Porter
– Nacionalidade: Brasil
– Graduação alcoólica: 9%
– Nota: 3,74/5

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Leia também:
– Linha Backer Tradicional: Pilsen, Pale Ale, Brown e Trigo (aqui)
– Backer Medieval: uma Blond Ale inspirada em monges (aqui)
– Vídeos: conheça a fábrica da Wäls, em Belo Horizonte, por Mac (aqui)

abril 9, 2012   No Comments

Opinião do Consumidor: Bernard Brewery

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 O carro chefe da Úvodní Stránka, ou melhor, cervejaria Bernard, da República Tcheca, é a Bernard Dark, que já ganhou medalha de ouro em premiação internacional, e segue levando o nome desta pequena cervejaria do século 16 que, falida, foi recuperada em 1991 por três irmãos, que colocaram a fábrica de pé com receitas originais até que a Duvel Moortgat entrasse com um aporte financeiro. Hoje a Bernard é exportada para 26 países, e além da Dark (link sobre ela no fim do post), outras duas chegam ao Brasil: Amber e Celebration.

A Bernard Amber (conhecida na República Tcheca como Bernard Polotmavý Ležák 11°) é uma lager escura cujo aroma adocicado remete com leveza a malte de caramelo e chocolate. Não espere intensidade, mas sim suavidade. O paladar transforma em realidade o que o aroma pronuncia, com o malte de caramelo dominando o conjunto e o lúpulo marcando de amargor uma proximidade com café torrado em uma cerveja leve e saborosa, que até parece um pouco mais aguada do que deveria, mas ainda assim tem um saldo bastante positivo.

Já a Bernard Celebration, que começou a ser fabricada em 1995, é uma autêntica pilsen tcheca (Humpolec, a cidade da Bernard, fica a duas horas da cidade de Pilsen) com o lúpulo e o malte marcando presença de forma intensa no aroma e no paladar (de final amargo e seco). Refermentada na garrafa, a Bernard Celebration sugere equilíbrio e tradição, mas fica no fim da fila das cervejas da Úvodní Stránka, distante da versão Amber e, principalmente, da Bernard Dark (que é premiada e tal, mas também não é tudo isso).

As três Bernard estão chegando ao Brasil com preço que varia de R$ 11 a R$ 14 (a garrafa de 500 ml com flip-top, uma tampa de pressão bonita e bastante funcional). Vale experimentar.

Bernard Amber
– Produto: Amber Lager
– Nacionalidade: República Tcheca
– Graduação alcoólica: 4,7%
– Nota: 3,05/5

Bernard Celebration
– Produto: Premium Lager
– Nacionalidade: República Tcheca
– Graduação alcoólica: 5%
– Nota: 3,01/5

Leia também
– Bernard Dark, por Marcelo Costa (aqui)
– Top 100 Cervejas, por Marcelo Costa (aqui)

abril 2, 2012   No Comments