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Search Results for "Bossa Nova"

The Man Who Invented Bossa Nova

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No Mercado Livre, o CD “O Mito”, de João Gilberto, motivo da pendenga entre o músico e a gravadora EMI no começo dos anos 90, pode ser encontrado por cerca de R$ 179 (aqui). Disponível em dezenas de compartilhadores de arquivos, o álbum que reúne em um único disco os três primeiros lançamentos da carreira de João Gilberto (“Chega de Saudade”, de 1959, “O Amor, O Sorriso e A Flor”, de 1960, e “João Gilberto”, de 1961) permanece inédito no Brasil (assim como os próprios álbuns).

Teoricamente, os três primeiros discos de João Gilberto deveriam estar embargados em todo o mundo, já que João processou a gravadora (a qual havia deixado em 1963 e rompido definitivamente em 1988) em 1993 revoltado com o descaso com que o selo lançou a compilação com os três discos em um CD (acrescidos do EP “Orfeu da Conceição”). Segundo o músico, para encaixar as 38 músicas no CD, a EMI cortou o final de algumas canções e alterou a sequencia original dos álbuns.

Nem “O Mito”, nem “Chega de Saudade”, “O Amor, O Sorriso e A Flor” e “João Gilberto” podem ser encontrados para comprar em lojas brasileiras (com exceção de algumas lojas virtuais como o Mercado Livre), mas os três primeiros álbuns de João Gilberto vêm sendo comercializados com normalidade nos Estados Unidos e na Europa, em diversos formatos (até em vinil recém prensado é possível encontrar a trilogia inicial do mestre da bossa nova).

Em 2010, a gravadora britânica Cherry Red Records (que vem se especializando em material raro brasileiro) relançou os dois primeiros álbuns sem consultar o músico. Além das canções originais, as reedições de “Chega de Saudade” (1959) e “O Amor, O Sorriso e A Flor” (1960) pela Cherry Red Records são preenchidas com dezenas de faixas bônus (14 músicas extras no primeiro disco, 23 faixas a mais no segundo). Os dois discos são facilmente encontrados na Amazon.

Em 2012 é a vez do selo Ubatuqui Records, de propriedade da empresa espanhola Blue Moon Producciones Discograficas, com sede em Barcelona, se apropriar das canções de João Gilberto lançando “The Man Who Invented Bossa Nova”, praticamente uma reedição de “O Mito”, com os três álbuns reunidos em um único CD (mais o EP “Orfeu da Conceição” e ainda uma versão diferente de “Este Seu Olhar”) totalizando 39 canções em 78 minutos (com o set list novamente bagunçado, porém completo).

Vendido na FNAC espanhola por 7 euros (aproxidamente R$ 19), “The Man Who Invented Bossa Nova” traz um trabalho informativo exemplar, com ficha técnica, datas de gravação de cada take, capas de álbuns/compactos e letras de todas as canções além de textos de Tom Jobim (retirado da contracapa de “Chega de Saudade”), Gene Lees (da contracapa de “The Warm World of João Gilberto”, lançado nos Estados Unidos em 1963), Jordi Pujol, Dave Dexter Jr. e Jack Maher, da Billboard norte-americana.

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Leia também:
– Os dois primeiros discos de João Gilberto são reeditados com faixas bônus na Inglaterra (aqui)

junho 24, 2012   No Comments

News: Frank Turner, QOTSA, Gruff Rhys

Frank Turner, uma das cabeças mais fodas da “nova geração” de músicos idealistas, parou pessoas aleatórias em ruas dos Texas para que elas mandassem seu recado no clipe de “Make America Great Again”, seu novo single. “Esta é, obviamente, uma das músicas com título mais provocativo que lancei nos últimos anos, mas, de certa forma, não estou brincando. A América é muito boa, um dos meus países favoritos no mundo. Assim como está acontecendo lá em casa (na Inglaterra), eles estão passando por um momento politicamente difícil, e eu queria dizer algo sobre isso. E para o vídeo, pensei em fazer novos amigos (no Texas!)”. Assista abaixo (e leia a entrevista que a Ana Clara fez com ele em 2015 para o Scream & Yell):

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“Babelsberg” é o nome do quinto álbum de Gruff Rhys (eterno Super Furry Animals), seu primeiro disco para a Rough Trade desde “Candylion” (2007). A banda que ele reuniu para gravar incluiu seu baterista regular Kliph Scurlock (ex-Flaming Lips) e os multi-instrumentistas Stephen Black (Sweet Baboo) e Osian Gwynedd. As 10 faixas então hibernaram por 18 meses aguardando partituras orquestrais do compositor Stephen McNeff, de Swansea, e o trabalho da 72ª BBC National Orchestra of Wales. Abaixo você confere o clipe de “Frontier Man”.

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De Austin, no Texas, o duo The Division Men surge com seu terceiro álbum, “Niños Del Sol”, com convidados que adiantam um pouco do que você encontrará no disco: Rafael Gayol (Leonard Cohen Band), Jake Garcia (The Black Angels), Steven Hufsteter (Tito and Tarantula, Del Shannon), Jay Reynolds (Asleep at the Wheel) e Javier Escovedo (The Zeros). Abaixo, o primeiro clipe do disco!

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De Londres surge a singer songwriter Bella Barton, jovem cantora que acaba de debutar com “Ten Songs” (2018), seu disco de estreia produzido pelo seu pai, Tim Barton. Fique de olho na garota. O single promete (ainda que o release exagere: “Bella’s lazy Bossa Nova inflected songs are romantic visions of Townshend’s dystopian ‘teenage wasteland’ and invoke a deceiving mix of Corrine Bailey Rae, Lily Allen and early eighties Tracey Thorn”). Ok, ok.

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Perdi um pouco a paciência com o QOTSA depois do episódio da fotógrafa e do show meia bomba abrindo pro Foo Fighters em São Paulo além, claro, do disco meia boca recente. Mas curti essa música mesmo sabendo que eles podem mais, muito mais.

Confira outros novidades

abril 11, 2018   No Comments

10 shows na Mostra Prata da Casa

Tudo o que bom, dura pouco, diz o ditado popular. A minha gestão como curador auxiliar do Sesc no projeto Prata da Casa se encerra com uma mostra de 10 (dos 27) shows, que passa a régua na edição 2014 do projeto. De 3 a 7 de março, às 21h, o Sesc Pompeia relembra alguns dos projetos mais emblemáticos apresentados no ano anterior. Em março, o evento une dez bandas em cinco dias seguidos de apresentações na unidade, com ingressos que custam entre R$6 e R$20.

Se não houve facilidade para fechar a lista dos 27 escolhidos durante o ano (cheguei a ter 80 possíveis nomes), escolher apenas 10 shows foi torturante. Gostei de todos os shows, uns mais, outros menos, mas cheguei a ter 14 nomes, que fui organizando seguindo critérios que buscavam usar esse balanço como um retrato real do que foi o ano dentro do Prata da Casa. Apesar da dor no coração dos shows que ficaram de fora, a lista representa bem a proposta do projeto, e me orgulho. Abaixo, o release oficial.

“27 artistas, 27 grandes shows, 27 provas de que a música brasileira vive um momento criativo que merece ser acompanhado bem de pertinho, de preferência na beira do palco, admirando jovens artistas que merecem a sua atenção”, afirma o editor do site de música Scream & Yell e curador do projeto em 2014. Marcelo passou por redações do Notícias Populares, Zip.Net, UOL, Terra e IG, além de colaborar com revistas específicas da área, como Billboard Brasil e Rolling Stone. Já como crítico musical, integra a APCA (Associação Paulista dos Críticos de Arte) na categoria Música Popular e participou da Academia do VMB (MTV), do júri do Prêmio Multishow e do Prêmio Bravo.

Criado em junho 1999, o projeto tem como objetivo introduzir novos artistas para a cena musical brasileira e também abrir espaço para apresentar seus trabalhos. Os espetáculos do Prata da Casa acontecem sempre às terças-feiras, às 21h. No palco da Choperia, o projeto revelou artistas como Vanessa da Mata, Céu e Vanguart. “Uma pequena amostra do alto nível de qualidade da música que vem ecoando pelos mais diversos cantos do país”, afirma o curador do Prata 2014.

03/03. Terça-feira, às 21h
Bruno Souto e Jonnata Doll e Os Garotos Solventes

Um compositor pernambucano e um grupo cearense prometem abalar as estruturas do Sesc Pompeia no primeiro dia da Mostra. Originário do grupo Volver, em 2013 Bruno Souto lançou seu álbum solo “Estado de Nuvem”, considerado um dos melhores do ano e que embalou o espetáculo na Choperia. Do Ceará, outra banda encantou o público em 2014: Jonnata Doll e Os Garotos Solventes. Com o rock’n’roll contagiante e um vocalista inspirado no lendário Iggy Pop, o conjunto volta aos palcos para trazer mais “protopunk” de Fortaleza.

04/03. Quarta-feira, às 21h
Jennifer Souza e Ian Ramil

Com uma mistura delicada de referências que deslizam entre Bossa Nova e Radiohead, Jennifer Souza e Ian Ramil apresentam o novo momento da música brasileira. Sensibilidade e lirismo traduzem ambos, e a noite abriga tanto o sotaque mineiro de Jennifer quanto o gaúcho de Ian. O público que já se emocionou durante o Prata da Casa 2014, pode acompanhar novamente o trabalho tocante dessas duas revelações da música na Mostra.

05/03. Quinta-feira, às 21h
Herod e Giallos

A terceira noite reúne o que teve de mais intenso em 2014: Herod e Giallos. Rock com direito a muita guitarra e berros estridentes é garantia com os dois grupos paulistanos.“¡CONTRA!”, álbum de estreia do Giallos, trouxe uma homenagem aos Replicantes e ao MC5 com canções recheadas de blues punk. A Herod, para o seu show no Sesc Pompeia, apostou em um terceiro guitarrista que incrementou na interpretação de “Limbo”, música que fez o público tremer no ano passado.

06/03. Quinta-feira, às 21h
The Baggios e Coutto Orchestra

Duas bandas de Sergipe com dois momentos simbólicos no Prata 2014. O The Baggios promoveu uma integração ímpar com a plateia quando o guitarrista Júlio Andrade improvisou umriff e o conjunto se deparou com o público cantando na sequência. Essa batalha aconteceu em meio ao duo de guitarra e bateria embalando um blues rock do sertão. Já durante a apresentação da Coutto Orchestra, o músico Aragão, da banda NaurÊa, foi chamado ao palco pelo grupo para uma versão de “Dorival Caymmi”, do repertório do músico convidado. Arrepiante é a palavra que melhor representa a noite de sexta-feira da Mostra.

07/03. Sábado, às 21h
RAPadura e Mexidinho

A agitação no sábado conta com o samba-blues de Mexidinho e a fusão de estilos de RAPadura. De Recife, Mexidinho trouxe no Prata 2014 um momento de descontração com o público, ao criar três rodas de ciranda para balançar os espectadores com as canções do compositor. O cearense RAPadura também conquistou a plateia com junção de Luiz Gonzaga e rap, com um dos shows mais celebrados do projeto.

Mais sobre o Prata da Casa

fevereiro 27, 2015   No Comments

New Orleans: Jazz Fest e Black Francis

O domingo na cidade mais populosa da Louisiana (que, por jogos políticos, não é a capital, cedendo a posição para a vizinha Baton Rouge) amanheceu ensolarado, mas com um vento cortante sabe se lá de onde veio. E o vento fez questão de acompanhar todo o último de dia de shows do New Orleans Jazz & Heritage Festival, sétimo na contagem da edição 2013. Um bom público voltou a se dirigir para o Fair Grounds Race Course, mas o jóquei não chegou ao nível de lotação extrema da véspera. Ainda bem. Mesmo assim, muita, mas muita gente.

Para baixar as cortinas da edição 2013, a organização escalou a banda mais quente dos últimos dois ou três anos, Black Keys, para o palco principal, e novamente (pela terceira vez na minha contagem pessoal), o duo de Ohio não correspondeu. O número de canções para deixar o público sem ar de tanto pular e gritar é imenso, mas o som baixo, e prejudicado pelo forte vento, colocou a apresentação da dupla no limbo. Já passou da hora da dupla contratar um técnico de som de verdade. Alguém, por favor, passa o telefone do cara do QOTSA?

Dois dias de festival me fizeram acreditar que este não é um lugar para você ir atrás dos grandes shows. Primeiro porque as áreas ficam superlotadas; segundo porque o barro é intenso, e é preciso sujar a camisa para ficar próximo do seu ídolo; e terceiro, e mais importante, porque os palcos Blues, Jazz e Gospel promovem apresentações catárticas e inesquecíveis, e vale muito valoriza-los. Não é que você não deva ir no festival, muito pelo contrário: você TEM que ir para New Orleans, e, se possível, aproveitar o festival, mas fuja dos grandes nomes.

Desta forma, esqueça o Black Keys, porque 50% do que passou pela tenda gospel foi muito, mas muito melhor do que a show de Dan Auerbach e Patrick Carney (estou falando pelos shows que eu vi, mas coloco meu terço no fogo e acredito que 100% das pessoas que passaram pela tenda honraram mais a camisa). E se eu morasse em New Orleans (ou se eu vier a morar), anotem: frequentarei mais a igreja. Um show atrás do outro de fazer Jesus abrir o sorriso e o corpo sacolejar com batidas fortes de funk, soul e blues em alta voltagem.

No palco Jazz, o patriarca Ellis Marsalis (pai de Branford e Wynton), do alto de seus 78 anos, mostrou elegância e competência ao comandar, no piano, um trio refinadíssimo. O som beliscava a bunda da garota de Ipanema da Bossa Nova, e partia num crescendo instigante. A banda formada por Jason Marsalis, na bateria, pelo baixista Jason Stewart e pelo saxofonista Derek Douget, atendeu as provocações do mestre construindo com leveza e descontruindo canções como “Love For Sale” e “Invitation”, dois números de Thelonius Monk.

Quem também colocou o jazz no pedestal mais alto dos shows do domingo foi o estiloso quarteto de Wayne Shorter, com uma apresentação que valorizou a improvisação numa pegada meditativa, daquelas que o silêncio reverente dos presentes só fez aumentar a emoção do show. Do lados dos pastores, destaque para Cyntia Girtley e a impressionante apresentação de Val & Love Alive Mass Choir, com vocalistas deixando o coral para colocar todos na tenda (que começou a encher conforme a pregação aumentava) de pé e batendo palmas. Bonito.

Momentos bonitos também foram vistos no show da New Orleans Classic R&B, que levou veteranos da cena local para o palco, e também para o som irlandês da Savoy Family Cajun Band, que fez uma porção de velhinhos arrastarem os sapatos na frente do palco. No quesito comida, não consegui encarar o sanduíche de carne de jacaré, mas me alimentei pelo dia todo com um prato de arroz, feijão e calabresa à Louisiana (só depois de muito tempo encontrei a tenda de tomates verdes fritos, e quem gosta de ostras tem que vir ao festival!).

Aproveitei o último dia do New Orleans Jazz & Heritage Festival para conhecer a estrutura do festival, e caminhar por tendas que vendiam livros (sobre música, culinária, fotografia e mais, alguns com tarde de autógrafos), CDs (de todas as bandas que se apresentam no festival) e até pela agência do correio montada no Jóquei, caso alguém queira despachar ali mesmo alguém presente adquirido nas dezenas de barracas do festival. A sensação é de que, em termos de eventos de música, o Brasil está a 10 mil anos luz de distância. Uma pena.

O saldo final foi bastate positivo, mas mais interessante que o Jazz Fest é a própria New Orleans, uma daquelas cidades que dá vontade de cutucar os amigos e encher o saco dizendo “conheça, conheça, conheça”. Tanto que o melhor show do fim de semana não aconteceu no Jóquei da cidade, mas sim em uma salinha com ingressos sold out totalizando 100 felizardos que tiveram a oportunidade de conferir Reid Paley contar piadas e ótimas canções enquanto Frank Black, apenas de voz, guitarra e camiseta sem mangas, mostrava canções do Pixies.

Black Francis começou só com “Wave of Mutilation”. Só. Do Pixies vieram ainda “Mr. Grieves”, “Gouge Away”, “Velouria”, “Monkey Gone To Heaven” e “Where Is My Mind?” enquanto a carreira solo trouxe pérolas de várias épocas como “I Heard Ramona Sing” (1993), “Abstract Plain” (1994), “Six-Sixty-Six” (1998), “Bullet” (2001), “California Bound” e “The Black Rider” (2002), “Another Velvet Nightmare” e “Sing for Joy” (2005), “Tight Black Rubber” (2007) além de três em dueto voz e guitarras com Ride Paley, como a ótima “Ugly Life” (2010). Finito o show, hora de partir sorrindo para o hotel e já com saudade de New Orleans…

Leia mais: Diário de Viagem Estados Unidos 2013 (aqui)

maio 7, 2013   No Comments

Download: o livro de André Midani

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Menos de três meses após seu lançamento, o livro “Música, Ídolos e Poder: do vinil ao download”, de André Midani, foi retirado das livrarias por ordem judicial. A família de Enrique Lebendiger, ex-dono da RGE, exigiu que o livro fosse recolhido, pois Midani descreveu Lebendiger como uma “figura exótica que não tinha capacidade nem seriedade profissional para acompanhar a carreira de um profissional do calibre de Chico Buarque”.

A editora Nova Fronteira tentou um acordo com a família de Lebendiger, mas o processo culminou na censura do livro. André Midani, por sua vez, criou um site e disponibilizou gratuitamente “Música, Ídolos e Poder” para download. “Podem ler… Podem baixar… Podem fazer o que quiserem, se quiserem, quando quiserem”, escreveu. O livro foi primeiro disponibilizado por capítulos, mas agora já se encontra em um arquivo único para download.

André Midani é um dos nomes mais importantes da indústria fonográfica brasileira dos anos 60 aos 90. Quando criança, esteve na Normandia em 1945 durante o desembarque das tropas aliadas no famoso “Dia D”. Depois veio ao Brasil, quando começou a trabalhar com música (oficio que ele já seguia em Paris antes de baixar na América do Sul) e se envolveu com a Bossa Nova, com a Tropicália e com os maiores nomes da música brasileira no período.

Uma policial mexicana, de posse de seus documentos, certa vez comentou: “Uma pessoa nascida na Síria, com passaporte brasileiro, que mora em Nova York, que vem de Medelím e passa pelo México, que diz trabalhar com música, e que fala espanhol com sotaque francês… não pode ser uma pessoa confiável!”. Como define Zuenir Ventura na introdução o livro, “Do vinil ao MP3” é uma espécie de Google da MPB moderna.

Download: http://www.andremidani.net/

Ps. Ainda vale citar a grande entrevista que André Midani concedeu à Folha de São Paulo em 2003 falando abertamente sobre jabá e explicando o caso Abril Music, que praticamente sepultou a música brasileira (leia a entrevista na integra aqui). Você, que está terminando a faculdade e precisa de um tema para o seu projeto de conclusão de curso (o TCC), tai uma bola quicando. É só rolar para as redes.

Ps2: em 2015, o livro virou um série imperdível da GNT. É possível assistir online aqui (clientes NET, Now, GVT, Sky, Claro HDTV, Multiplay, Vivo e Globosat)

dezembro 28, 2012   2 Comments

Podcast Confraria Scream & Yell #1

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Estreia é sempre estreia. Na quarta, 12/12, o Scream & Yell estreiou na grade da Oi FM, e o programa já está disponivel para adição. Para ouvir é só clicar no play abaixo.

Set list do Confraria Scream & Yell:

Jair Naves – Maria Lúcia, Santa Cecília e Eu
Los Bife – Rádio Cabeça
Bide ou Balde – Lucinha
El Cuarteto de Nos – Cuando Sea Grande
Titus Andronicus – Still Life With Hot Deuce On Silver Platter
The Rollint Stones – Doom and Gloom
Molho Negro – Aparelhagem de Apartamento
Medialunas – Memorabilia
Caetano Veloso – A Bossa Nova é Foda
Afghan Whigs – Lovecrimes

Leia também:
– Oi FM estreia nova programação online. Conheça os programas (aqui)

dezembro 13, 2012   No Comments

O disco póstumo de Amy Winehouse

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Disco póstumo de Amy Winehouse com sobras, raridades, versões demo e/ou takes diferentes, “Lioness: Hidden Treasures” chega às lojas mundiais no dia 05 de dezembro. Para aquecer o lançamento (como se precisasse), a Island/Universal distribuiu para a imprensa um faixa a faixa do álbum acompanhado da capa. Alguma dúvida em qual será o disco mais vendido de dezembro?

“Our Day Will Come (Reggae Version)” – Uma releitura reggae do clássico dos anos 60 produzida por Salaam Remi e gravada em maio de 2002.

“Between The Cheats” – Composição inédita de Amy gravada em Londres em maio de 2008, produzida por Salaam Remi, para inclusão num potencial terceiro disco.

“Tears Dry” – Originalmente escrita por Amy como uma balada, esta é a versão original que ela gravou em novembro de 2005 em Miami com Salaam. A versão conhecida que veio depois está em “Back To Black”.

“Wake Up Alone” – A primeira canção gravada para o álbum “Back To Black”. Esta é uma demo gravada em março de 2008 por Paul O’Duffy.

“Will You Still Love Me Tomorrow” – Gravada em setembro de 2004, a releitura de Amy para o clássico de Carole King foi produzida por Mark Ronson, e traz o Dap Kings com arranjos de cordas de Chris Elliott, que fez todas as cordas para as faixas produzidas por Mark em “Back To Black”.

“Valerie” – Uma das músicas favoritas de Amy. Esta é a versão original mais lenta produzida por Mark Ronson em “Back To Black”. A gravação é de dezembro de 2006.

“Like Smoke” feat. NAS – Amy e o rapper americano Nas se tornaram bons amigos. Produzida por Salaam Remi e gravada em maio de 2008, em “Like Smoke” Amy finalmente faz uma canção com um de seus artistas favoritos.

“The Girl From Ipanema” – A primeira música que a garota de 18 anos cantou quando foi para Miami, pela primeira vez, para gravar com Salaam em maio de 2002. Ele comentou que “a maneira como ela interpreta esse clássico da bossa nova me fez ver que eu estava lidando com um talento muito especial. Sua leitura para a canção é tão jovem e cheia de frescor, que inspirou o restante das sessões de gravação.”

“Halftime” – Amy havia conversado com Ahmir ‘Questlove’ Thompson do The Roots sobre a possibilidade de trabalharem juntos . “Halftime”é uma canção que Amy e Salaam trabalharam desde as gravações de “Frank”.  A gravação foi feita em agosto de 2002.

“Best Friends” – A música que servia para abrir os shows nos tempos de “Frank”. Produzida por Salaam Remi, foi provavelmente a primeira música que os fãs de Amy ouviram ao vivo. Gravada em fevereiro de 2003.

“Body & Soul” com Tony Bennett – Cover de um standard do jazz dos anos 30 com Tony Bennett. Gravada nos Estúdios Abbey Road em Londres em março de 2011 e produzida por Phil Ramone. Esta foi a última gravação de Amy num estúdio.

“A Song For You” – Uma versão do clássico de Leon Russell que se tornou famoso na voz de Donny Hathaway. Hathaway foi o artista preferido de Amy e a canção foi gravada de uma vez só, somente Amy e sua guitarra, em sua casa em Londres, durante a primavera de 2009. Produzida por Salaam Remi.

Leia também:
– Amy Winehouse, 27 anos, sucumbiu à fama, por Marcelo Costa (aqui)
– “Back to Black”, Amy Winehouse: 11º melhor disco dos anos 00 (aqui)

novembro 1, 2011   No Comments

Tim Maia retorna ao mercado em 20 CDs

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Chega às bancas no dia 28/01 o primeiro volume da caixa Coleção Tim Maia, da Abril Coleções. Com 15 volumes, o grande atrativo do box são os três álbuns da fase Racional do cantor, o último, inclusive, inédito.

Reunião mais extensa de álbuns de Tim Maia já colocados no mercado, a Coleção Tim Maia perde a chance de se tornar completista ao deixar de fora os sensacionais álbuns de 1972 e de 1976 em favorecimento de álbuns de covers do fim da carreira do cantor (e dois discos ao vivo). Ainda assim vale muito investir no box (principalmente pelo acabamento em formato livreto).

O primeiro álbum que ficou de fora, de 1972, popularmente conhecido como “Volume 3”, traz os hits “Canário do Reino” e “O Que Me Importa” além da sensacional “Sofre” (tocamos no podcast 6. Baixe aqui). Já o “Volume 5”, de 1976, tem “Rodésia”. Outro bom título que ficou de fora foi “Tim Maia” de 1977 (volume 6).

A gravadora Universal, por sua vez, havia colocado um box de Tim nas lojas no fim do segundo semestre do ano passado (pelo jeito, a família resolveu o imbróglio de direitos autorais com todo mundo) com oito CDs e um DVD, sendo que ali estão presentes os “Volume 3” e “5” além de outros três títulos que não aparecem na coleção da Abril.

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“Tim Maia Racional Vol. 3” acaba sendo a grande vedete do box da Abril Coleções. Após se desiludir com a seita, Tim deixou as canções do que viria a ser o “Volume 3” da fase Racional inacabadas em estúdio, e as canções foram recuperadas e terminadas em 2010 por músicos que participaram das gravações anteriores – algumas destas versões já haviam caído na internet nos últimos anos (leia sobre aqui e aqui). O CD, porém, não será vendido em bancas, mas “dado” para aqueles que comprarem os 14 volumes da coleção.

A coleção da Abril (15 CDs) pode ser comprada semanalmente em bancas ao preço de R$ 14,90 (CD + Livreto), sendo que o primeiro disco, a clássica estreia de Tim, sai por R$ 7,90. O box inteiro custa R$ 201,60 em 5 parcelas de R$ 40,32 (14 volumes + Racional 3 grátis) ou R$ 216,50 (14 volumes + Racional 3 grátis + caixa com desconto). O box “Tim Maia Universal” (8 CDs e um DVD) está custando R$ 159.

Ao todo, as duas coleções juntas somam 20 CDs diferentes reeditados de Tim Maia (apenas três títulos se repetem nas duas caixas).  Compare abaixo as duas seleções e escolha a melhor (ou, quem sabe, as duas). Como diz um amigo, aproveita porque (tratando-se de Tim Maia) esses álbuns podem sumir de catálogo a qualquer momento.

Coleção Tim Maia (Abril)
http://www.colecaotim.com.br/
CD 1. Tim Maia 1970
CD 2. Tim Maia 1971
CD 3. Tim Maia 1973
CD 4. Racional 1
CD 5. Racional 2
CD 6. Tim Maia Disco Club | 1978
CD 7. Tim Maia 1978
CD 8. Nuvens – 1982
CD 9. Dance Bem – 1990
CD 10. Tim Maia interpreta clássicos da Bossa Nova – 1990
CD 11. Tim Maia ao vivo – 1992
CD 12. Só você – 1997
CD 13. What a wonderful world – 1997
CD 14. Tim Maia in Concert – 2007
CD 15. Racional 3

Tim Universal Maia (Universal)
CD 1: Tim Maia 1970
CD 2: Tim Maia 1971
CD 3: Tim Maia – 1972
CD 4: Tim Maia – 1973
CD 5: Tim Maia – 1976
CD 6: Tim Maia – 1980
CD 7: Descobridor dos Sete Mares (1983)
CD 8: Sufocante (1984)
DVD: Tim Maia ao vivo | 1992

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janeiro 21, 2011   No Comments

Primavera Sound 2010: Dia 2

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Na programação oficial, 64 nomes divididos em nove palcos. Na programação pessoal, nove. O segundo dia do festival espanhol prometia arrebentar com as pernas da galera, e conseguiu. O primeiro show do dia era para ser o de Hope Sandoval, mas a siesta estendida impediu que chegássemos em tempo de pegar um lugar na enorme fila que levava ao teatro do festival. Fica pra próxima. Rolou de ver a última música do New Pornographers, e o show deve ter sido bem bom. Fecho com chave de ouro.

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No palco ATP, a inglesinha Scout Niblett convertia pessoas comuns em fãs. Com cinco discos já lançados, a menina se diz influenciada pela guitarra de Kurt Cobain (o show é ela na guitarra e um cara na bateria quando não ela sozinha na bateria), mas em alguns momentos é impossível dissocia-la de PJ Harvey, embora Scout seja bem mais calminha. Uma carreira para se acompanhar. O lenga lenga freak folk da dupla Cocorosie levou uma multidão ao palco Ray-Ban com criançinhas africanas no telão e um som que lembrava Enya saindo das caixas de som. Chato.

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Bom mesmo foi o show do Spoon, uma das melhores formações ao vivo da atualidade. Nem o disco novo, que é chatinho, conseguiu tirar a força da cambada de Britt Daniel no palco. O cara parece sentir cada acorde, e consegue passar isso para o público. As músicas novas (três na noite) não deixaram o clima cair, mas foi com hits como “You Got Yr. Cherry Bomb” e “Don’t Me Be a Target” que o gupo fez a apresentação realmente valer a pena. O clima no show do Planeta Terra, anos atrás, estava melhor, mas aqui a banda se superou numa grande apresentação.

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Uma volta rápida ao palco ATP para ver três canções do badalado duo Beach House (acrescido de um baterista) reunir um público excelente e então era hora de ir para o palco principal encontrar Jeff Tweedy, que deu seu recado logo na primeira canção da noite: “Wilco, will love you babe”. Porém, o som em “Wilco, The Song” estava péssimo, e a banda emendou a tempestade sonora de “I Am Trying To Break Your Heart” procurando um caminho no escuro, mas ainda tropeçou nos diversos problemas técnicos.

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“Estamos com problemas, mas acho que agora vai. Vamos começar o show, mas preciso que vocês cantem essa comigo”, pediu Tweedy soltando a voz com “Jesus, etc…”. Atendido. Daí em diante o show engatou coroando, principalmente, a performance arrasadora do guitarrista Neils Cline, que fez números como “One Wing”, “Handshake Drugs”  e “Impossible Germany” soarem… eternas. Hits pra cá e pra lá (“A Shot In The Arm”, “Heavy Metal Drummer”, “I’m The Man Who Loves You”, “Misunderstood”) e um show foda. Se em discos a turma de Jeff Tweedy acomodou-se, ao vivo eles continuam sendo uma experiência redentora. Ou como grifou o El Pais, a melhor banda de rock do mundo.

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Para o final, Pixies… em quaaaaase marcha lenta. Porém, se fosse estático, um show do Pixies ainda seria melhor do que muita coisa por ai (e do próprio festival) tamanha a quantidade de hinos que a banda apresentou no Primavera Sound. Eles foram álbum a álbum tirando o melhor. Assim, “Velouria”, “Is She Weird”, “Allison” e “Rock Music” apresentaram o disco “Bossa Nova”. Já “Tromple Le Monde” foi representado por “Planet of Sound”, pela cover redentora de “Head On” (do Jesus and Mary Chain) e por “Alec Eiffel”.

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O quarteto aumentou o pique das canções na metade do show, e o grosso da apresentação ficou entre “Surfer Rosa/Come on Pilgrim” e “Doolittle”. É só enfileirar as grandes canções: “Monkey Gone To Heaven”, “Debaser”, “Wave of Mutilation”, “Hey”, “Gouge Away”, “Here Comes Your Man”, “Bone Machine”, “Broken Face”, “Caribou”, “Isla de Encanta”, “Holyday Song” e, para o bis, a dobradinha “Gigantic” e “Where is My Mind?”. Até a cover de Neil Young, “Winterlong” mostrou às caras em um show saudosista e comportado, mas ainda assim um grande show.

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O Primavera Sound segue em seu terceiro dia com mais 64 bandas. Tem coisas boas na agenda (The Drums, Build To Spill, Grizzly Bear, Sunny Day Real Estate, Florence + The Machine e The Slits), mas isso depende mais do condicionamento físico do que da vontade de ver mais alguns grandes shows. Pernas, ajudem.

Leia também:
– Primavera Sound, Dia 1: The Fall, Superchunk, Pavement (aqui)
– Primavera Sound, Dia 3: The Drums, Grizzly Bear, Charlatans (aqui)

Fotos da viagem e dos shows:
http://www.flickr.com/photos/maccosta/
http://www.flickr.com/photos/lilianecallegari/

Fotos do show do Pixies, crédito Inma Varandela

maio 29, 2010   No Comments

Eu queria falar sobre dez discos…

Você ouve a música que você quer ouvir, certo? Espero que sim. Já eu, nem sempre. Uma das coisas fodas de escrever de música é que quanto mais tempo você passa ouvindo um disco, mais os demais se acumulam. Tenho por regra pessoal escrever sobre um disco que eu esteja viciado exatamente para esgotá-lo na resenha. E só então partir para o próximo. Ou os próximos. Sempre são muitos.

As coisas aqui em casa funcionam mais ou menos assim: eu tenho uns 7 mil CDs em estantes (faz muito tempo que parei de contar, e esse número é um chute). Todo dia escolho uns dois ou três para me acompanhar no trabalho, algo que vá ser a minha trilha sonora naquele dia. Completam o pacote alguns CDs que comprei recentemente ou então recebi (da gravadora ou do próprio artista) e os MP3 do momento.

Os CDs que ganho ou compro vão diretamente para uma pilha a esquerda do meu computador. Eles só vão para a estante assim que eu ouvi-los, senão se perderiam no limbo do esquecimento. Alguns eu ouço duas, três vezes, e já tenho idéia de que eles podem voltar a me acompanhar em determinados dias. O problema (e não deveria ser um problema, mas é) são aqueles que tenho vontade de escrever sobre.

Esses se amontoam na prateleira e ficam aguardando um gancho, uma pauta, um espaço na correria do dia a dia para que eu consiga traduzir em palavras aquilo que me conquistou a audição. Eles vão ficando, ficando, ficando, e quando vejo o tempo passou, e não consegui escrever. Continuo ouvindo, mas me recuso a colocar na estante pois… eu queria escrever sobre eles. O dia, porém, é curto demais.

Como as três torres de CDs para “ouvir” estão enormes, lotadas de coisas de 2008 e 2009, decidi usar o blog para esgotá-los em frases curtas. Assim, volto a tentar me dedicar à safra 2010. O que passou, passou. A vida continua. Dessa forma, seguem abaixo dez de CDs que eu gostaria de ter escrito de 500 toques a 5 mil, mas que devido a velocidade do tempo, ficaram esperando por um momento livre… que não veio.

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“Iê Iê Iê”, Arnaldo Antunes (Rosa Celeste)
Falei que não gostei do show aqui, mas o disco foi chegando devagarinho e me pegou de jeito. Arnaldo é, de longe, o ex-titã com melhor carreira solo. A produção de Fernando Catatau e a estética do álbum fizeram o resultado soar particular. E tem uma penca de músicas boas: “A Casa é Sua”, “Aonde Você For”, “Vem Cá“, a baladaça “Longe” e o grande hit “Invejoso”. Os titãs remanescentes deveriam ter vergonha de lançar “Sacos Plásticos” (falei mal dele aqui) no mesmo ano. Discaço.

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“Rock’n’Roll”, Erasmo Carlos (Coqueiro Verde)
Aos 68 anos, o Tremendão mostra força em um álbum cheio de superlativos que nem Liminha conseguiu atrapalhar. A tiração de sarro de “Cover” conquistou um bocado de gente, mas, para mim, a provocação da balada de guitarras sujas (que, aliás, soam bem em quase todas as faixas) “Olhos de Mangá” surpreendeu mais (e me embalou por semanas). Vale citar as parcerias de Erasmo com Chico Amaral (letrista do Skank) em “A Guitarra é Uma Mulher” e com Nando Reis em “Um Beijo é um Tiro”.

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“Banda Gentileza”, Banda Gentileza (Independente)
Melhor álbum de estréia do 2009 pela enquete de melhores do ano do Scream & Yell, o disco dos curitibanos tocou muito aqui em casa nos últimos meses. Os caras vieram aqui beber uma cerveja (entrevistão aqui), e não consegui me concentrar para falar do disco. Sinceramente, não tem muito que falar. Basta baixar o álbum gratuitamente aqui e ouvir, ouvir e ouvir coisas como a empolgante “Coracion”, a baladinha caipira “Teu Capricho, Meu Despacho”, o sambinha “Preguiça” e a nonsense “Sempre Quase”.

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“All Right Penoso!!!”, La Pupuña (Ná Music)
O disco é de 2008, mas só apareceu aqui em casa no ano passado, e desde a primeira vez que o ouvi fiquei com vontade de traçar grandes teorizações sobre esse redescobrimento da música brasileira que aconteceu na segunda metade dos anos 00. Não consegui escrever, mas toda vez que coloquei “All Right Penoso!!!” para receber a luz do laser, o clima da casa pareceu ser de festa. Tem guitarrada, surf music e melodias caribenhas que aproximam o mar da gente num disco alto astral.

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“Graveola e o Lixo Polifônico”, Graveola e o Lixo Polifônico (Independente)
Eles até já lançaram um novo EP para download gratuito (baixe aqui), mas eu namorei esse disco alguns dias do ano passado, e pensei que valeria muito falar mais. Não consegui, mas aproveito agora para dizer que Minas tem surpreendido com bandas que fogem do arquétipo do pop radiofônico (Jota Quest, Skank) abraçando o samba, o jazz e o rock. É o caso dos Gardenais (falei deles aqui) e deste excelente álbum da Graveola e o Lixo Polifônico. Baixe aqui e corra o risco de ficar cantando as canções por meses.

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“Vou com Gás”, Falcatrua (Independente)
Na primeira vez que ouvi este álbum (já tinha falado do disco anterior deles aqui), não teve como não pensar: se as rádios descobrirem isso, vai tocar até dizer chega. Os mineiros pegaram o repertório de Tim Maia, turbinaram as guitarras e fizeram um puta álbum dançante (com produção de John, do Pato Fu, e direção de Nelson Motta). Difícil resistir ao apelo de “Festa do Santo Reis”, “Não Vou Ficar”, “Réu Confesso” e “Azul da Cor do Mar” e até “Vale Tudo”.

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“Something Stupid”, Trash Pour 4 (MCD)
Terceiro disco do Trash Pour 4 (os outros dois passaram desapercebidos por mim), “Something Stupid” soa como um fantasma do lado maluco e divertido do Pato Fu, o que é uma grande referência. “Babalu” (do repertório de Bola de Nieve, Ângela Maria e outros) tem um sotaque latino. “Ci Riprova la Bossa Nova” é bossa noise em italiano. “Manhã Seguinte” vai direto a fonte: Os Mutantes. Uma banda (e um disco) a se descobrir.

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“Simplesmente”. Os The Darma Lovers (Dubas)
Algum amigo definiu este disco numa mesa de bar como “o álbum de maconheiro de 2009”. Pode ser, embora o clima bucólico do álbum convide mais a contemplação do que a viagem. A primeira coisa que me lembrou na primeira audição foi o rock rural de Zé Rodrix, Sá e Guarabira. Um disco calmo, suave, que ousa enfrentar a correria do dia a dia estirado numa rede e ganha belos contornos com o cello de Moreno Veloso em “Canção Para Minha Morte”, “Srta Saudade da Silva”, entre outras.

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“Orquestra Contemporânea de Olinda”, Orquestra Contemporânea de Olinda (Som Livre)
Esse álbum me namorou umas quatro semanas em 2009, e lamento muito não ter visto a banda ao vivo em alguns dos shows deles em São Paulo . Fiquei assoviando a metaleira de “Canto da Sereia” dias a fio assim que ouvi o disco pela primeira vez. Há um bom gosto na sonoridade do comboio pernambucano que bate direito no peito, e leva o cidadão a bailar. Talvez sejam os metais, talvez seja a percussão, talvez seja a rabeca de Maciel Salú, não dá para precisar, mas mexe muito com o lado latino da gente.

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“Deus e os Loucos”, Anacrônica (Independente)
Um dos destaques da atual cena curitibana (agora residindo em São Paulo e cumprindo bem a responsa de abrir o show de bandas gringas, no caso o Franz Ferdinand), o Anacrônica colocou nas lojas em 2009 um álbum de sonoridade forte (cortesia da boa produção de Tomaz Magno) e dançante. O bom vocal de Sandra valoriza canções como “Eles Me Querem Assim” enquanto a banda se mostra afiada e credencia a batida pop de “O Que Será?”, a porrada “Delorean” e a ótima faixa título.

março 29, 2010   No Comments