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“Mirrorball” / “Merkinball”, Neil Young e Pearl Jam

A discografia de Neil Percival Young é tão maravilhosamente errática que quando David Geffen o tirou da Reprise Records para sua companhia, no começo dos anos 80, se achou no direito de processar Neil após dois discos (de um contrato de cinco!) alegando que havia contratado Neil Young, mas os discos que ele tinha lançado (o kraftwerkiano “Trans” e o rockabilly “Everbody’s Rockin”, de 1982 e 1983, respectivamente) não eram “comerciais” e não “pareciam Neil Young”. Em contrapartida, Neil processou a Geffen (em US$ 21 milhões!) pq seu contrato trazia uma cláusula que lhe dava total liberdade criativa – David, então, teve que se desculpar pessoalmente com Young, que ganhou o processo e fez um acordo!

Neil Young sempre se sentiu livre criativamente tendo uma banda para momentos acústicos (a Stray Gators), uma para momentos noise (a Crazy Horse) e o desejo de gravar com quem quiser, a hora que quiser, quando quiser. “Trans”, o disco “eletrônico” de Neil, é a tentativa de um pai de se comunicar (via vocoder) com um filho que tinha paralisia cerebral, já que a tecnologia vinha sendo bastante usada na terapia da criança. Para “Everbody’s Rockin”, Neil montou uma banda de rockabilly, passou gel no topete e foi emular Elvis e o rock dos anos 50 – o disco seguinte na Geffen, “Old Ways”, é country rural…

Neil voltaria para a Reprise em 1988 com um disco de blues, “This Note’s for You”, em que ele acrescentaria metais na Crazy Horse e a batizaria de The Bluenotes, e um EP, o maravilhoso “Eldorado”, que seria o embrião de “Freedom” (1989), o álbum que colocaria sua carreira nos eixos e o aproximaria da cena grunge. Seis anos depois, ele iria entrar em um estúdio em Seattle tendo o Pearl Jam como banda de apoio acompanhado do produtor Brendan O’Brien para compor “Mirrorball”, seu 21º álbum de estúdio! Young escreveu todas as faixas do álbum, exceto “Peace and Love”, co-escrita por Young e Eddie Vedder – duas faixas de Vedder (“I Got Id” e “Long Road”) saíriam no EP “Merkinball”, do Pearl Jam (com Neil na guitarra e nos backings).

Gosto bastante de “Mirrorball”, e minha faixa favorita é o single de maior sucesso do álbum, “Downtown” (“Jimi’s playin’ in the back room / Led Zeppelin on stage”). “Esse álbum é um comentário das diferenças entre a minha geração paz e amor dos anos 60 e a geração mais cínica dos anos 90”, comentou Neil na época.

Detalhe: com exceção de Eddie, o Pearl Jam e o produtor Brendan O’Brien seguiram Neil como banda de apoio para uma turnê de 11 datas na Europa e Oriente Médio tocando o repertório do álbum e clássicos da carreira de Young. “Foi um sonho tornando-se realidade”, disse Mike McCready. “Nós tocamos um monte de músicas de Neil Young com o próprio Neil Young”. Canções como “Rockin’ in the Free World” e “Fuckin’ Up” passaram a fazer parte do repertório de shows do Pearl Jam…

Ps. Um documentário sobre essa turnê do Pearl Jam com Neil Young em 1995 estava prometido para ser lançado em 2021, e deve ser lançado em 2022…

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