Lou Reed sobre “Almoço Nu”, de Burroughs
“A primeira vez que li foi na faculdade. Com os temas de Burroughs, seu senso de humor e a justaposição de imagens, uma imensa porta se abriu na escrita americana. Isso soou uma selvageria para a turma da direita, certinha, os americanos comuns. Não acho que alguém possa ler e levar isso a sério novamente.
Não é para heterossexuais. Ele segue entre planetas inteiros sem lhe dizer. É um mundo de sonhos. “Nenhuma regra se aplica aqui”, essa é a senha. Ele utiliza certo tipo de escrita como disfarce, e essa é a resposta. Ele está lidando com muitas coisas que são perigosas e ele não está brincando. Ou, na verdade, ele está brincando sim, o que só piora as coisas. É uma grande má influência.
Já conheci pessoas que imitam as coisas que Burroughs fazia em sua vida real, e elas dizem, “bem – Burroughs, sabe?”. Ler “Almoço Nu” pode tornar as pessoas mais fortes, mais brilhantes, mais tolerantes, mais engraçadas. Também pode torná-las mais furiosas e mais preconceituosas. Não vejo como alguém que escreva não possa ser influenciado por este livro. Dito isto, ninguém mais pode chegar neste mesmo nível. Se você ler e gostar, não haverá outro lugar para ir além de Burroughs.
Certamente me apropriei de algumas de suas ideias, como a técnica de recorte. E, claro, a temática. É por isso que foi fácil escrever “Walk on The Wild Side” e “Heroin”. Ele podia escrever sobre tudo e, de certa forma, seu mundo surrealista era muito mais real do que o das outras pessoas, e foi isso que atraiu os punks de Nova York, junto a todos os riscos que ele correu para fazer tudo que fez. Tipo assim, como esse cara se transformou da pessoa que era em El Hombre? Como diabos ele vai do ponto A até o X?
Deveriam construir uma estátua para ele”
julho 13, 2019 No Comments