Random header image... Refresh for more!

Posts from — novembro 2018

Ouvindo… Lloyd Cole


Primeiro foram os Beatles. Depois, rock nacional. Na sequencia, separado por um milésimo de microssegundos, surgiram o punk rock, a pós punk e a new wave na minha vida. Num mesmo dia era possível ouvir “The Top”, “Speaking in Tongues”, “Unknown Pleasures”, “Wild Planet” e “Combat Rock” (as discografias chegavam todas foram de ordem por aqui nos anos 80). Nesse movimento inebriante de se apaixonar por bandas, discos e músicas, alguns discos foram se tornando definitivos, e a pós punk passou a ser o som que rolava no meu quarto toda hora, todo dia (até “Psychocandy”, “Candy Apple Grey” e “Surfer Rosa” se infiltrarem e ampliarem os limites daquele pequeno espaço). Nessa época da pós punk, Echo and The Bunnymen se tornou a banda favorita da minha vida, ocupando um lugar que era do Joy Division – ser adolescente numa cidade do interior ouvindo apenas “She’s Lost Control”, “Disorder”, “Atmosphere” e “Decades” poderia dificultar um pouco mais as coisas do que elas pareciam ser, e o Echo acrescentou certo cinismo poético à mistura, claro, junto aos Smiths. Dai que lendo um artigo sobre os New Romantics em alguma revista, citavam Echo, o que, por conseguinte, me fez me interessar por algumas das outras bandas. Não lembro muito das outras, mas uma que ficou (e que nem era tão new romantic… como, aliás, o Echo) foi Llyod Cole and The Commotions. Não me lembro ao certo como “Rattlesnakes” caiu em minhas mãos, mas decididamente iluminou a clareira daquela floresta escura que eram os meus dias de então. Foram a minha banda favorita de todos os tempos por, sei lá, umas duas semanas, e permaneceram sendo uma banda querida. Quando estes discos “Live at BBC” saíram em, 2008, me emocionei e escrevi sobre no Scream & Yell. Do mesmo jeito que me emocionei no fim de semana, quando em meio a um dia nublado, ainda insone e abobadamente feliz pelas funções paternas da madrugada (e levemente melancólico pelo cansaço), começou a tocar inesperadamente “Perfect Skin” na playlist da pizzaria em que eu almoçava. Uma surpresa tão boa. Abri o sorriso, balbuciei algumas estrofes e retirei esses três discos da estante quando cheguei a casa. E cá estão eles, tocando sem parar, os melhores discos de todos os tempos dos últimos dias. #NowPlaying

novembro 28, 2018   No Comments

Obrigado, Lygia Fagundes Telles

Quase 2 da manhã e a cólica do Martín parece que acalmou hoje. Na TL do Twitter, alguém pede para celebrar Lygia Fagundes Telles, que aos 95 anos tem enfim todos os seus contos editados num único volume, “Os Contos”, via Companhia das Letras. Relembro que certa vez, começo dos anos 2000, uma amiga, a Ana Paula,  a encontrou e contou a ela sobre minha paixão. “Ele casaria com você”. Ela, inteligentemente, me esnobou. Mas a Ana conseguiu esse autógrafo, que guardo com carinho, afinal Lygia Fagundes Telles foi uma das pessoas que me salvou (ela e Hermann Hesse) da adolescência, naquele período conturbado da vida em que a gente acha a nossa dor gigante e insuportável, e cujas madrugadas, aparentemente eternas, parecem que vão nos consumir e não sobrará nada para ver o nascer do sol. Lygia esteve comigo nesse período difícil, depois levei-a para a faculdade, adaptei “Lua Crescente em Amsterdã” para uma aula prova de teatro (“Será que aqui na Holanda também dão comida em troca de sangue? Uma droga de comida aquela do Marrocos”, ela disse. “Nosso sangue também deve ser uma droga de sangue”, ele respondeu) e carreguei a coletânea “Seleta” por tantas casas que já nem me lembro mais. Bem, bora garantir essa coletânea completa de contos. Martin deverá gostar (só espero que não “precise” como eu precisei, mas se precisar, Lygia estará lá. Sempre). 🖤

novembro 28, 2018   No Comments

Ouvindo: “Deserter’s Song”, Mercury Rev

Um disco antigo: 20 anos. Faz tempo, bastante tempo. Na virada de 1998 para 1999, “Deserter’s Songs”, o quarto disco do Mercury Rev caiu em minhas mãos e durante meses ouvi praticamente só ele. No embalo, rascunhei um faixa a faixa para a edição número 5 do fanzine Scream & Yell (ainda em papel), que saiu em agosto de 1999 (leia aqui). A primeira vez que os vi ao vivo, no Curitiba Rock Festival 2005, foi tão linda e é até hoje meu show favorito deles (resenha na integra): “O Mercury Rev fez uma apresentação adulta, com momentos instrumentais impecáveis e citações no telão que iam do filósofo prussiano Schopenhauer ao piloto norte-americano Michael Andretti; do cineasta Stanley Kubrick, passando por Nabukov e Yuri Gagarin até chegar em E.T. e no Mestre Yoda. Inspiradíssimo, o vocalista Jonathan Donahue deixou sua performance estática de outrora para reger a banda como se fosse um maestro em uma orquestra”). Porém, em 2011, fui brindado com duas apresentações mágicas deste show que, neste domingo, pousa no Balaclava Festival, e traz a integra deste disco mágico. As duas foram no Primavera Sound (a primeira num dia que também teve Warpaint, veja só), uma seguida da outra (resenhas na integra): no sábado, eles se apresentaram no auditório e, ainda que tenha sido bonito, faltou algo que elevasse a alma aos céus. No domingo, porém, a apresentação ao ar livre no Poble Espanyol (antecedida por um show fofo da BMX Bandits) foi irrepreensível: “Encarnando um maestro meio mágico, meio bruxo, Donahue sorria, arremessava energia para a plateia e aplaudia a entrega da banda e a cumplicidade do público enquanto as luzes no palco flutuavam sobre a densa nuvem de gelo seco. ‘Delta Sun Bottleneck Stomp’ fechou o show de forma dançante, mas a banda ainda voltaria para tocar ‘Dark is Rising’, a música que resume o Mercury Rev a perfeição, com versos que dizem que “tudo é sonho” (título do álbum pós ‘Desert’s Song’) para concluir ‘nos sonhos eu sou forte’. Não só nos sonhos, Jonathan. No palco também. Impecável”. Para quem acha que Nick Cave já fez o show do ano no Brasil, espere só para ver o que é “Opus 40” e “Goddess on a Hiway” ao vivo. Te adianto: são muuuito fodas.

novembro 2, 2018   No Comments

Ouvindo: “Sibilina”, Cacá Machado

Um disco novo! O primeiro disco de Cacá Machado, “EslavoSamba”, saiu em 2013, e eu demorei muito mais do que deveria para ouvir, mas quando ouvi, adorei tanto que passei dias com ele no play. Por isso, assim que “Sibilina” (2018), seu recém-lançado segundo álbum pousou nas minhas mãos, tratei de romper o involucro de plástico que protegia o disquinho e coloca-lo para tocar. Nas primeiras audições, “Sibilina” me soa mais reflexivo que “EslavoSamba”, que tinha um q de festa, o que combina perfeitamente com os períodos (políticos) de gestação de cada um dos álbuns. Desta vez, Cacá Machado divide as composições com Clima, Romulo Froes (juntos eles compuseram “Dança”, presente no já clássico “A Mulher do Fim do Mundo”, de Elza Soares) e Guilherme Wisnik, entre outros, e conta com a presença de Tiganá Santana (cantando “Tremor Essencial”), Alessandra Leão e Mateus Aleluia (em “Polca”) e Ava Rocha e Iara Rennó (em “Depois do Trovão”). O caldeirão de ritmos de “Sibilina” passeia, enigmático, pelo samba, pelo choro, pela valsa, pela rumba e, enquanto o ouvinte dança, as imagens passam em sua frente, desconstruídas, construindo um belo disco que se aconchega facilmente no ambiente, e vai ficando, ficando, ficando. Você pode ouvir o disco tanto no seu portal de streaming favorito quanto no site oficial de Cacá. Play.

novembro 2, 2018   No Comments

Ouvindo: “The Platinum Collection”, Blondie

Entrando no modo #EsquentaPopload, já tive a oportunidade de estar frente a frente com o Blondie duas vezes. A primeira foi em 2004, no Personal Fest, na Argentina, e foi um showzão. Na época, escrevi (no Scream & Yell): “Sra Debbie Harry mostrou carisma, um repertório de hits, excelente voz e belas pernas em uma apresentação cujo único defeito talvez tenha sido a ausência do hit ‘Heart of Glass’, provavelmente guardado para o bis, que não aconteceu (nenhuma das bandas de “abertura” teve direito ao bis). Mesmo assim, canções como ‘Dreaming’, ‘Rapture’, ‘Hanging On The Telephone’ e ‘Maria’ conquistaram o público argentino”. A segunda vez foi no Isle of Wight Festival, na Inglaterra, em 2010: “A musa Debbie Harry está bem diferente do show do Personal Fest, em 2004. A voz faltou em ‘Call Me’, mas as versões de ‘One Way Or Another’ e ‘Heart of Glass’ (que eles não tocaram em Buenos Aires) honraram o mito. E ela deixou o palco recomendando: ‘Não façam nada que eu não faria’. Sei…”. Foram dois ótimos shows, e só de colocar esse disquinho pra ouvir já dá gás para ver mais um. Lançado em 1994, “The Platinum Collection – Blondie” reúne 47 músicas em dois CDs com um caminhão de hits. É um bom aquecimento para o Popload Festival, 15 de novembro, no Memorial da América Latina.

Debbie Harry no Personal Fest 2004, Buenos Aires

novembro 1, 2018   1 Comment

Textos mais lidos de outubro 2018

TOP 10 OUTUBRO 2018
01) Pastor Adélio: “Nick Cave é servo de Satanás” (aqui)
02) Roger Waters no Brasil, por Daniel Tavares (aqui)
03) Nick Cave em São Paulo, por Mac (aqui)
04) Vote certo nas próximas eleições, por CEL (aqui)
05) “Bolsonaro é um retrocesso”, diz Setor Coletivo (aqui)
06) Três perguntas: Carlos Messias, por Mac (aqui)
07) O segundo disco de Pabllo Vittar, por Renan Guerra (aqui)
08) Entrevista: Mahmundi, por Renan Guerra (aqui)
09) Fique ao lado dos oprimidos, por Mark Andersen (aqui)
10) Entrevista: Laura Lavieri, por Bruno Lisboa (aqui)

DOWNLOAD
01) Download: “Dois Lados”, tributo ao Skank -> 15º link (aqui)
02) Download: Tributo a Walter Franco -> 42º link (aqui)
03) Download: “Temperança” -> 53º link (aqui)

VIA GOOGLE
01) Entrevista: Duda Beat, por Renan Guerra (aqui)
02) Entrevista: Humberto Gessinger, por Fernando Cesarotti (aqui)
03) 11 points de cerveja artesanal em Buenos Aires, por Mac (aqui)

TOP 10 2018 – PARCIAL (10 MESES)
01) Melhores de 2017: Votação Scream & Yell (aqui)
02) Pastor Adélio: “Nick Cave é servo de Satanás” (aqui)
03) Radiohead ao vivo em SP, por Mac (aqui)
04) O rock nacional no mercado de raridades, por Mac (aqui)
05) Balanço: Festival Psicodália 2018, por Rafael Donadio (aqui)
06) Download: “Dois Lados”, tributo ao Skank  (aqui)
07) Top 5: Discos produzidos por Carlos Eduardo Miranda (aqui)
08) Roger Waters no Brasil, por Daniel Tavares (aqui)
09) 11 points de cerveja artesanal em Buenos Aires, por Mac (aqui)
10) Balanção Lollapalooza 2018, por Mac (aqui)

O EDITOR RECOMENDA
01) Entrevista: Lázaro Ramos, por João Paulo Barreto (aqui)
02) Anna Calvi ao vivo em Lisboa, por Pedro Salgado (aqui)
03) Três perguntas: Luiza Lian, por Leonardo Vinhas (aqui)

Confira os textos mais lidos no Scream & Yell nos meses anteriores

novembro 1, 2018   No Comments