Balanço: Oscar 2018
Ainda que tenha sido uma das cerimonias do Oscar mais sem surpresas dos últimos anos, a 90ª entrega de prêmios da Academia honrou um ano muito bom de obras nota 8. Não, isso não é ruim. É lógico que é muito interessante você ter um filme clássico que vá entrar para a história do cinema em meio a produção anual, e se 2018 não viu nenhum concorrente no nível de um “Manchester By The Sea“, um “O Lagosta“, um “Ida“, um “Birdman“, um “Divertida Mente’ ou um “Amour“, é bom lembrar que anos em “Sangue Negro” perde a estatueta para “Onde os Fracos Não Tem Vez” são raros – e devem ser cada vez mais raros ainda.
O Oscar 90’ consagrou “A Forma da Água” em meio a uma distribuição de renda: outras 15 produções levaram a estatueta dourada! A obra de Guillermo Del Toro levou quatro Oscars, incluindo a dobradinha Melhor Diretor / Melhor Filme, e tem mérito de ser um filme Oscar: uma fábula romântica que faz sonhar. Meu preferido, “Trama Fantasma”, de Paul Thomas Anderson, é quase que um filme anti-Oscar. Ao lidar com a psicose de um relacionamento, PTA fez um filme belíssimo, meticuloso e delicado, mas também difícil e que, difícil para um grande público acostumado com roteiros manjados, se resolve claramente nos três minutos finais.
Se premiação não trouxe nenhuma novidade, Frances McDormand levou por “Três Anúncios Para um Crime” e ainda saiu do evento com o mais contundente discurso da noite. Eu torcia para Margot Robbie por “I, Tonya” como Melhor Atriz e ainda tentava engolir a não indicação de Brooklynn Prince, a garotinha surpresa de “Projeto Flórida”, um dos belos filmes esquecidos do Oscar 2018, que deveria ter ocupado o lugar de Meryl Streep, no piloto automático de Spilberg, “The Post”. Mas Frances deu um show. De arrepiar e derrubar lágrimas. Aplaudido de pé, o favoritismo de Gary Oldman (por “O Destino de Uma Nação“) não dá ideia do quão equilibrada foi a categoria de Melhor Ator em 2018. Vá atrás do que você não viu! Sam Rockwell e Allison Janney também era barbada.
Em Melhor Roteiro, uma das categorias mais bacanas de toda a premiação, “Me Chame Pelo Seu Nome” levou o de adaptado (vejam “Mudbound”, vejam!) e o discutidíssimo “Corra!” saiu merecidamente com o de original. O verniz de cinema B e terror que Jordan Peele tascou em “Corra!” para falar de racismo merece aplausos de pé. Entre as surpresas, o triste “A Mulher Fantástica”, do Chile, foi uma das agradáveis derrotando tanto o meu favorito, “O Insulto”, do Líbano, quanto o favorito das bolsas de aposta, “The Square”, da Suécia. Os prêmios para “Blade Runner 2049” também entram no quesito surpresa agradável e foram merecidos.
Surpresa negativa é o fator político de “Icarus” ter possivelmente pesado em sua vitória, já que ele é um dos mais fracos documentários de uma seleção que traz poesia (“Visages, Villages”), denúncia (“Strong Island”) e guerra (“Os Últimos Homens de Aleppo”). A Pixar levou mais dois Oscars pra estante, merecidamente, com “Coco” (no Brasil, “Viva – A Vida é Uma Festa”) arrebatando duas estatuetas (Melhor Animação e Melhor Canção). Meu favorito, “Trama Fantasma”, perdeu trilha sonora (Jonny Greenwold, tem outros prêmios por ai) para “A Forma da Água” e “Dunkirk” acabou sendo a co-estrela nos quesitos técnicos arrebatando três Oscars.
Por fim, a cantora St. Vincent por muito pouco não faturou o “Oscar Björk” de vestido mais inusitado da premiação. Ela era favorita, mas foi desbancada pela atriz Haley Bennett, que surgiu num vestido com grama sintética, que combina perfeitamente com o vestido ganso da Björk. Esse Oscar é dela. A lista completa com todos os vencedores (e resenhas para todos os filmes) você vê no Scream & Yell. Abaixo segue a lista final de mais premiados e o meu Top 10 pessoal de todos os longas do Oscar 2018. Ano que vem tem mais Oscar!
TOP TEN OSCARS 2018 MARCELO COSTA
1) Trama Fantasma
2) Projeto Flórida
3) Visages, Vilages
4) O Insulto
5) Eu, Tonya
6) De Corpo e Alma
7) Roman J. Israel, Esq
8 ) Strong Island
9) Coco
10) Blade Runner 2049
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