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Posts from — fevereiro 2018

Dylan com Café, dia 9: Nashville

Bob Dylan com café, dia 9: lançado em abril de 1969, “Nashville Skyline” traz Johnny Cash numa versão pungente de “Girl From The North Country”, Dylan exibindo um violão de George Harrison na capa usando a mesma jaqueta da capa de “Blonde on Blonde” e o mesmo chapéu de “John Wesley Harding”. A voz de Dylan alcança tonalidades bastante diferentes aqui e ele justifica: “Quando parei de fumar, minha voz mudou”. A cantora Norma Waterson analisa a mudança vocal por outro prisma: “Aqui ele canta com o diafragma”. Este é o álbum de “Lay Lady Lay” e de uma das favoritas de Nick Cave: “I Threw It All Away”, que Cave diz ser “Mozart se levantando contra Beethoven em ruínas de seu trabalho anterior”.

Especial Bob Dylan com Café

fevereiro 28, 2018   No Comments

Dylan com Café, dia 8: John Wesley

Bob Dylan com café, dia 8: lançando em janeiro de 1968, “John Wesley Harding” é a calmaria após a tempestade elétrica dos três álbuns anteriores. É o álbum da manhã seguinte após discos madrugadeiros. “Apenas abracei o que veio. Foi assim que fiz as mudanças, abraçando o que veio”, explicou Dylan à Jann Wenner. “Dediquei-me mais à composição. Sentia que todos esperavam que eu fosse um poeta, então tentei ser um”, explica definindo “John Wesley Harding” como um álbum “sobre temor… ele lida com o demônio do ponto de vista do temor”. O Dylan deste disco havia se instalado em uma casa em Woodstock e uma bíblia repousava aberta à vista de todos, o que rendeu várias imagens e personagens para o álbum. Um clássico absoluto que se tornou ainda mais apocalíptico na versão irrepreensível de Jimi Hendrix, e aqui surge desnuda e emocionante: “All Along The Watchtower”. É deste disco também a inspiração para o nome de uma famosa banda de heavy metal que nasceria no ano seguinte, 1969: “The Ballad of Franky Lee and Judas Priest”.

Especial Bob Dylan com Café

fevereiro 27, 2018   No Comments

Documentário: “Eu, Oxum”

A cantora Héloa assina direção e roteiro do documentário “Eu, Oxum”, ao lado de sua mãe, Martha Sales. Produzido de maneira independente, “Eu, Oxum” conta a história de cinco mulheres que são filhas de Oxum, orixá que representa a força das águas doces, e suas conexões com a fé. A direção de arte e fotografia ficaram por conta de Gabriel Barreto e Marcolino Joe. Ao todo, são 22 minutos de imagens e memórias do processo individual – e diferenciado – de cada uma dessas mulheres em idade, tempo de inserção na religião e na casa, relações de parentesco e as funções que ocupam dentro desse espaço sagrado, onde Héloa imergiu e se encontrou em sua busca de espiritualidade, força ancestral e reafirmação da mulher negra e sergipana que é. A trilha sonora, assinada por Vinícius Bigjohn e Klaus Sena, é totalmente dedicada à Oxum e apresenta o retrato do sagrado feminino, da natureza dos rios e mares. Entre as participações de destaque, o Yalorixá Maria José de Santana, responsável pelo “Ilê Axé Omin Mafé”. Conhecida como “Mãe Bequinha”, ela também conta sua história, como a mais antiga “filha de Oxum” do município de Riachuelo, localizado na região do Vale do Cotinguiba, interior do Sergipe.

Leia também:
– Héloa: “Sergipe é um celeiro de grandes artistas

fevereiro 27, 2018   No Comments

Documentário: A prisão do Planet Hemp

Com direção e roteiro por Matias Maxx e direção de arte e edição a cargo de Felipe Benoliel, o curta “Planet Hemp: A Vitória Não Virá Por Acidente” (2017) retoma o caminho que acabou levando o grupo à prisão em 1997, em Brasília, montando uma linha do tempo com imagens de reportagens e shows, contando as repressões sofridas pelo grupo e o avanço que o Brasil caminha para a descriminalização.

Episódios de repressão ao Planet Hemp dão-se desde 1995, mas se intensificam em 1997, quando após ter vários shows cancelados e CDs recolhidos, os integrantes da banda são presos, passam cinco dias encarcerados e incendeiam o debate sobre liberdade de expressão e política de drogas, em um país recém saído da ditadura.

A prisão deu muita visibilidade à banda e ao debate sobre a legalização da maconha. Na década seguinte, o caso influenciaria não só outras bandas, como toda uma geração, que manteve aceso o debate sobre a legalização da maconha. Essa movimentação gerou repressão, sobretudo às marchas, que chegaram a ser proibidas pelos Ministérios Públicos e foram palco de lamentáveis cenas de brutalidade policial.

A discussão da legalidade da Marcha da Maconha chegou ao STF, que declarou sua legitimidade em 2011, em uma audiência histórica, na qual a prisão do Planet Hemp foi citada como uma “interferência brutal do processo de produção intelectual e artística”. Mais uma comprovação que a história do Planet Hemp e da luta pela legalização da maconha no Brasil, caminham juntas e se retroalimentam.

Na década presente o Brasil, acompanhando uma tendência mundial, passou a discutir e regulamentar o uso da maconha medicinal. As mudanças, no entanto, acontecem longe das esferas legislativas, e sim através de iniciativas da sociedade civil no judiciário, que em suas últimas decisões vem garantindo salvo condutos e habeas corpus para usuários medicinais cultivarem maconha em casa.

Por conta dessa luta diária, que atravessa gerações, ativistas repetem os versos do Planet Hemp, “Nossa vitória não será por acidente”.  Assista ao curta abaixo.

fevereiro 27, 2018   No Comments

Dylan com Café, dia 7: Blonde on Blonde

Bob Dylan com café, dia 7: Kris Kristofferson, que trabalhava como faxineiro no estúdio, disse que as sessões de “Blonde on Blonde”, lançado em maio de 1966, foram “as mais incriveis que vi em Nashville. Bob ficava horas no piano, compondo, enquanto os músicos jogavam cartas ou ping-pong”. Bob relembra: “Compus todas as canções no estúdio. Os músicos jogavam cartas. Eu escrevia, nós a gravávamos, eles voltavam para o carteado e eu ia compor outra”. O produtor retirou as divisórias acústicas entre os músicos para que todos ficassem no mesmo ambiente, estabelecendo contato visual e tocando ao vivo. Em pouco tempo, a “banda” era uma turma que juntava descolados de Nova York e caipiras de Nashville – passaram a comer juntos, fazer intervalos juntos e a se divertir. Dylan fez questão que todos recebessem créditos individuais na capa.

O resultado, sublime, foi “Rainy Day Women # 12 & # 5” (gravada às 4 da manhã com todo mundo calibrado), “Visions of Johanna” (cujo embrião nasceu no Chelsea Hotel), a pérola pop “I Want You” (inspirada na musa Edie Sedgewick e no “rival” Brian Jones), “Leopard-Skin Pill-Box Hat”,  “Just Like A Woman” (outra para Edie) e a maravilhosa “Stuck Inside of Mobile With The Memphis Blues Again”, que enlouquece tanto Jeff Tweedy (“É como uma bateria que se carrega sozinha”) quanto Frank Black (“É uma canção com muita alma, mas quanto mais a ouço sempre volto para aquela bateria matadora”), quanto todos nós (“but deep inside my heart / I know I can’t escape”).

Sétimo álbum de estúdio de Bob Dylan, “Blonde on Blonde” encerrou a trilogia de álbuns de rock que mudaram a carreira do compositor e, também, a própria música pop. 12 anos após seu lançamento, Bob comentou: “O mais próximo que cheguei do som que ouço dentro da minha cabeça foi com ‘Blonde on Blonde. É algo dourado e brilhante”. Segundo o biográfo Michael Gray, “Dylan fez uma obra-prima, depois outra e mais essa outra”, sobre seus três álbuns de rock do período. Presente em várias listas de melhores discos de todos os tempos, este poderoso álbum duplo “Blonde on Blonde” é um dos pontos mais altos da carreira de Bob Dylan, musicalmente liricamente. Até hoje…

Especial Bob Dylan com Café

fevereiro 26, 2018   No Comments

Ouça: Podcast Metal Etílico número 51

Na edição número 51 do programa Metal Etílico, da Mutante Rádio, o apresentador Wendel Pivetta convidou uma turma de sites (Scream & Yell / O Subsolo), webradios (Rádio Armazém / Rock Master / Mutante Radio), bandas (Peixes Voadores) e cinema (Guilherme Teresani) para papear e o resultado, imperdível, você ouve abaixo, 2h25 de boas histórias.

fevereiro 26, 2018   No Comments

Agenda: Mais 11 festivais pelo mundo

Nublu Jazz Fest, em São José dos Campos e São Paulo
15 a 17 de março de 2018
Informações: https://www.sescsp.org.br/

Back To The Beach, em Huntington Beach, Califórnia
28 e 29 de abril de 2018
Informações: http://backtothebeachfest.com/

Beale Street Music Festival, em Memphis, EUA
De 04 a 06 de maio de 2018
Informações: www.facebook.com/bealestreetmusicfestival

Festival Bananada, em Goiânia, Brasil
De 07 a 13 de maio de 2018
Informações: http://festivalbananada.com.br/

Secret Solstice, em Reykjavik, Islândia
De 21 a 24 de junho de 2018
Informações: http://secretsolstice.is/

Bilbao BBH Live, Espanha
De 12 a 14 de julho de 2018
Infos: https://www.facebook.com/bilbaobbkliveoficial/

Forecast Music, Art & Activism, Louisville, EUA
De 13 a 15 de julho de 2018
Infos: https://forecastlefest.com/

Heavy Montreal, Canadá
28 e 29 de julho de 2018
Infos: https://www.heavymontreal.com/en

Psycho Las Vegas, Las Vegas, EUA
De 17 a 19 de agosto de 2018
Infos: https://www.facebook.com/psychoLasVegas/

Festival Number 6, Portmeirion, Reino Unido
De 06 a 09 de setembro de 2018
Infos: http://festivalnumber6.com/

Lollapalooza Berlin, Alemanha
Dias 08 e 09 de setembro de 2018
Infos: https://www.lollapaloozade.com/

Confira o line-up de outros grandes festivais de música

fevereiro 26, 2018   No Comments

Os 32 anos da London Calling Discos

Localizada desde 1986 no primeiro piso da Galeria Presidente, em São Paulo, um prédio icônico quase ao lado da Galeria de Rock e exatamente em frente ao novo SESC 24 de Maio, a London Calling completa 32 anos em 2018. Para rememorar algumas das boas histórias acontecidas dentro da loja, o proprietário Walter Thiago conversou e contou histórias para o pessoal do Canal Snake Pit TV, entre elas as mais de 50 tardes de autógrafos (Marky Ramone, Stiff Little Fingers, Buzzcocks, Mudhoney, New Model Army e muito mais) que movimentaram a galeria e a loja neste período. Assista abaixo!

fevereiro 26, 2018   No Comments

Dylan com Café, dia 6: Highway 61

Bob Dylan com café (defumado) da tarde, dia 6: a revolução havia sido iniciada com “Bringing It All Back Home” (o café de ontem), e não havia mais como parar ou voltar atrás. Dylan estava decidido, mas a primeira tentativa de gravar o novo disco com uma banda eletrificada (formada por Eric Clapton e outros Bluesbreakers) não deu muito certo, tendendo mais ao blues do que ao rock que Bob procurava. Ele então chamou o guitarrista Michael Bloomfield, da Butterfield Blues Band, para tocar a guitarra solo em sua próxima sessão. O guitarrista Al Kooper acabou se esgueirando para o teclados no meio da sessão, e assim nascia, meio que sem querer, o riff clássico da canção que sepultaria o Dylan da primeira fase e bateria no número 2 do ranking de singles da Billboard no verão de 1965: “Like a Rolling Stone”.

“Highway 61 Revisited”, lançado em agosto de 1965, foi gravado em meio a tempestade da apresentação elétrica de Dylan no Newport Folk Festival, e reflete o clima do momento. Segundo Dylan, o embrião de “Like a Rolling Stone” foi o riff da canção “La Bamba”, que por sua vez é baseada numa música tradicional de salão mexicana. A primeira tomada teve soou como uma valsa, mas a banda conseguiu evoluir o arranjo, e se encontrar dentro desta obra prima de Bob. Segundo resumiu um dos biógrafos de Dylan, “Like a Rolling Stone” é um “amálgama caótico de blues, impressionismo, alegoria e franqueza intensa”. Mas “Highway 61 Revisited” não se resume apenas a “Like a Rolling Stone”, ainda que ela tenha sido um single de sucesso e impulsionado o álbum e a carreira de Bob.

“Tombstone Blues”, amparada pelo riff de guitarra blues de Michael Bloomfield, é um desfile absurdo da América da época com o criminoso Belle Starr, a sedutora Dalila, Jack, o Estripador (representado como um empresário de sucesso), o evangelista João Batista (descrito como torturador) e a cantora de blues Ma Rainey, a quem Dylan humoristicamente sugere compartilhar um saco de dormir com Beethoven. Há mais: da assustadora, crítica e incrível “Ballad of a Thin Man” passando pelo seis versos e nenhum refrão de “Just Like Tom Thumb’s Blues” e chegando a “Desolation Row”, um épico ao mesmo tempo belo e grotesco que une Einstein e Nero, Noé a Caim e Abel, as figuras shakespearianas de Ofélia e Romeu, além de TS Eliot e Ezra Pound. A Melody Maker descreveu: “Highway 61 Revisited” é um álbum incompreensível e, também, um absoluto nocaute.

Especial Bob Dylan com Café

 

fevereiro 25, 2018   No Comments

Dylan com Café, dia 5: All Back Home

Bob Dylan com café, dia 5: É aqui que começa a revolução. Lançado no primeiro semestre de 1965, “Bringing It All Back Home”, ao menos no lado A do vinil, coloca as guitarradas, o baixo e a bateria em destaque, o que foi o início de uma das mais furiosas viradas na carreira de um artista pop na história da música. A explicação do homem: “As minhas músicas eram unidimensionais, agora tento faze-las mais tridimensionais. Há mais simbolismo”. As gravações experimentais foram conduzidas por Tom Wilson, que recrutou um time de músicos de estúdio, mas foi Bob quem trouxe o guitarrista Bruce Langhorne, que tinha uma boa reputação em Greenwich Village, para solar em “Subterranean Homesick Blues”, a faixa que abriria o novo disco, dividido num lado elétrico e em outro acústico.

Outro sinal de que Bob encarava “Bringing It All Back Home” como um álbum revolucionário (ao menos para si próprio, num primeiro momento) é a foto de Daniel Kramer para a capa (hoje icônica), cuja produção demandou três horas de trabalho: na imagem psicodélica, Dylan traz um gato persa (chamado Rolling Stone) no colo com a esposa de Albert Goldman, Sally, ao fundo numa pose totalmente cool. A foto é repleta de referências culturais: há uma revista Time com o presidente Lyndon Johnson na capa, a placa de um abrigo nuclear, um álbum de Lord Buckley, um exemplar raro da revista de literatura bear Gnaoua, além de uma série de discos (The Impressions, Robert Johnson, Lotte Lenya, Eric Von Schmidt). Na contracapa, fotografias de Barbara Rubin acariciando Dylan, ele com Joan Baez, uma imagem de Allen Ginsberg de Chapeleiro Maluco, entre outras.

Duas canções são referência para “Subterranean Homesick Blues”, e Dylan assume uma: “Acho que ‘Too Much Monkey Business’, de Chuck Berry, está ali em algum lugar”, assume. A outra é “Takin’ It Easy”, de Woody Guthrie. Neste álbum, os clássicos brotam e se atropelam: “She Belongs To Me” (“Dylan canta suavemente, temperando doçura com acidez”, descreve o biógrafo Brian Hilton), “Maggie’s Farm” (uma revisitação da Guerra da Secessão, “com o Norte dando uma estilingada no Sul”, pontua Hilton), “Love Minus Zero/No Limit”, “Mr. Tambourine Man” (inspirada por, entre outras coisas, “A Estrada”, de Fellini), “It’s Alright, Ma (I’m Only Bleeding)” (usada para acompanhar os créditos do revolucionário filme “Easy Rider”, de 1969) e “It’s All Over Now, Baby Blue” (que ganhou uma versão elétrica dos Bunnymens circa 1985, no bootleg “On Strike”, emocionante, e foi gravada por Gal Costa como “Negro Amor”).

Especial Bob Dylan com Café

fevereiro 24, 2018   No Comments