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4/7 canções: There is No Time

Publicado no Facebook em 2015

Os amigos queridos Carlos Freitas e Adília Belotti me convidaram para participar de uma corrente publicando 7 músicas em 7 dias. Eis o quarto capítulo. Segundo as normas, eu teria que marcar uma pessoa por dia, mas vou quebrar a regra e marcar uma, duas ou três no post final. Aperte o play e Segue o jogo:

Minha “educação musical” (entre 1981 e 1989, ou seja, entre 11 e 19 anos, período que as coisas prometem grudar em você e te acompanhar para o resto da vida) foi assim: Beatles, Blitz, rock nacional (Paralamas, Barão, Legião, RPM), pós-punk (Echo, Cure, Joy Division), punk rock (Pistols e Clash), classic rock (Doors, Led Zeppelin, Pink Floyd) e metal (Iron Maiden, Mercyful Fate e Metallica). Beatles e Blitz foram as faíscas (falei do primeiro aqui: http://goo.gl/4og5Z3) e dai em diante tudo acontece praticamente ao mesmo tempo, principalmente de 1985 em diante (e a revista Bizz tem grande influência ao lado das festinhas em que eu já brincava de ser DJ aventureiro).

Nesse período lembro de porres adolescentes de licor de menta terem sido sonorizados por “The Top”, do Cure, nos dias viajantes, e “Closer”, do Joy, nos dias deprês. De descobrir “Stairway To Heaven” numa discotecagem na perifa de Taubaté (o cara com que dividi as pick-ups naquela noite tascou ela, e eu fiquei impressionado tanto pelo espaço que ela tomava nos sulcos do “Vol. IV” – “Cacete, o cara colocou uma música de 10 minutos” – tanto quanto pela grandiosidade da canção). Foi um baita choque, semelhante ao de alguns anos depois, quando, já apaixonado por Pistols, levei meu “Kiss This” prumas férias na roça e, após uma semana de sertanejos de raiz e bucolismos da natureza, coloquei o disco pra tocar e me assustei com a potência daquele som. Cresceu.

Na página 52 de “Alta Fidelidade” (o livro), Rob está reorganizando sua coleção de discos, buscando coloca-la na ordem que ele adquiriu durante a vida: “Gosto de ver como fui de Deep Purple a Howling Wolf em 25 movimentos”, descreve. Quando ganhei o livro e cheguei nessa parte, sabia que o livro era realmente para mim, como a dedicatória alardeava (https://goo.gl/foOEZv). Isso porque eu numerava os meus vinis e me surpreendia como eu havia saído de Titãs, Lobão e Legião (no meu primeiro salário, aos 15 anos, comprei seis discos) e chegado a “Led Zeppelin II” em 40 movimentos, e My Bloody Valentine em menos de 100 (“Isn’t Anything” era meu vinil 96).

Escrevi tudo isso para falar de… Lou Reed. O primeiro vinil que comprei de Lou era uma coleta organizada por Ezequiel Neves e lançada em 1980 (devo ter pegado o meu entre 1986/1987) com 10 clássicos. Abre com “Walk In The Wild Side” (grafada assim mesmo), segue com “Kill Your Sons” (inseri trechos dessa letra num projeto da faculdade que juntava eu declamando poemas meus junto a versos de William Blake, Michael Stipe, Ian Curtis, Aldous Huxley, Dante e Lou Reed sob uma base de drum-bass metal numa semana da comunicação ae) e segue com faixas do Velvet (“White Light/White Heat” e “I’m Waiting For The Man”) em versões ao vivo dos álbuns “Lou Reed Live” e “Rock’n Roll Animal”, ambos de 1974.

Eu gostava desse disco, mas Lou Reed bateu forte em mim quando coloquei o vinil fresquinho de “New York” para tocar. Foi paixão a primeira ouvida. Até hoje eu acho o lado A desse vinil uma coisa inacreditável. Ouvi tanto, mas tanto, mas tanto que quando pisei em Nova York pela primeira vez, mais de 20 anos depois (o disco saiu em 1989, conheci NY em 2011), eu cantava mentalmente “Romeo had Juliette” enquanto desbravava as ruas da cidade. “Halloween Parade” e “Dirty Boulevard” são outras duas canções que fazem deste disco um dos meus preferidos do Lou (mergulhei em “Berlin” quando vi o show de Lou em Málaga, e a coisa toda me sacudiu muito -> http://goo.gl/akTojk)

Porém, o motivo deste textão é a música número 4 de minha peregrinação de 7 músicas em 7 dias: “There Is No Time”, faixa cinco do álbum “New York”. E, bem, a letra (envolvida em bateria acelerada e guitarras microfonando) fala por si só <3

“Não é hora para celebração
Não é hora para apertos de mãos
Não é hora para tapinhas nas costas
Não é hora para Bandas de Fanfarra

Não é hora para otimismo
Não é hora para reflexões intermináveis
Não é hora para o meu país certo ou errado
Lembra a que isso levou

Não há tempo

Não é hora para congratulações
Não é hora para dar as costas
Não é hora para rodeios
Não é hora para frases feitas

Não é hora para mostrar gratidão
Não é hora para vantagens pessoais
É tempo de enfrentar ou se calar
Não vai haver outra oportunidade

Não há tempo

Não é hora para engolir a raiva
Não é hora para ignorar o ódio
Não é hora para bancar o frívolo
Pois está ficando tarde

Não é hora para vinganças pessoais
Não é hora para não saber quem você é
Autoconhecimento é uma coisa perigosa
A liberdade de saber quem você é

Não é hora para ignorar alertas
Não é hora para limpar o prato
Não vamos chorar sobre o leite derramado
E permitir que o passado se torne nosso destino

Não há tempo

Não é hora para virar as costas e ir beber
Ou fumar umas pedras de crack
É tempo de juntar forçar
E se preparar e atacar

Não é hora para celebrações
Não é hora para saudar bandeiras
Não é hora para buscas interiores
O futuro está à mão

Não é hora para falsa retórica
Não é hora para discurso político
É tempo de agir
Porque o futuro está logo ali

Esta é a hora
Porque não há tempo”

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