Cinco drinks com Berliner Weiße
Uma cerveja mítica (e, para muitos, difícil) produzida apenas em Berlim, a Berliner Weiße já foi a bebida alcoólica mais popular da Alemanha, entre os séculos 16 e 19, com cerca de 700 fábricas a produzindo para abastecer o mercado. Após duas grandes guerras, que devastaram a cidade, e a chegada de cervejas concorrentes (menos agressivas) da Baviera, a produção da Berliner Weiße caiu vertiginosamente a ponto de, hoje em dia, apenas duas fábricas em Berlim a produzirem seguindo as receitas tradicionais. Porém, basta chegar o verão para que a Berliner Weiße retorne aos supermercados e a mesa dos bares berlinenses. Quando estive em Berlim em 2013 decidido a prova-la, fui solenemente criticado por um garçom sérvio fã de cervejas belgas num bar em Potsdamer Platz: “É horrível”, ele disse, mas me serviu, primeiro na forma tradicional, depois com xaropes de frutas.
Isso mesmo, xaropes de frutas. A produção da Berliner Weiße inclui a adição de bactérias (Lactobacillus) na segunda fermentação com o intuito de deixa-la ácida e efervescente (como um champanhe), e o resultado é uma cerveja de trigo de ataque violentamente seco e amargo, mas com um final levemente frutado. Bastante arisca e agressiva para o bebedor não acostumado, popularizou-se em Berlim misturar xaropes de frutas e/ou ervas para abrandar seu ataque, criando uma espécie de drink, que pode tanto ser feito na hora como vendido pronto em supermercados (como nestas versões vendidas no Brasil). Além destes drinks, a Berliner Weiße também caí bem com outras bebidas, e foi nessa toada que a turma da distribuidora Bier & Wien, que traz as Berliner para o Brasil, me convidou a testar algumas receitas. Fui além e criei outras duas receitas minhas.
O primeiro drink que preparei se chama Spectrall 555 e é uma receita chef Onur K?ksal, do Harry’s New York Bar, de Berlim, que junta suco de maçã, vodka (abri uma Absolut novinha pra mistura), pepino, gelo e pimenta do reino. A mistura amacia o ataque da Berliner Weiße sem apaga-lo completamente enquanto pepino e pimenta do reino criam um interessante contraponto de sabor, que encontra maciez do suco de maçã, formando um conjunto bastante agradável, que passou no teste, com louvor. Modéstia às favas, minha replicação da receita do chef Onur ficou muito boa e é bem fácil de preparar em casa. Vale a pena.
SPECTRALL 555, por Onur Köksal
01 MIXcup de Maçã Verde (ou 14 ml de suco concentrado e adoçado de maçã verde)
40 ml de Vodka
01 Pepino fresco pequeno
01 Berliner Kindl Weisse Original
Gelo
Fatias fina de pepino fresco
Pimenta do reino
Bata o pepino com o gelo, a vodka e o MIXcup. Sirva coado, complete com a Berliner Kindl Weisse Original e finalize com as fatias de pepino e um pouco de pimenta.
O segundo drink, este com receita minha, chamarei de Petróleo do Futuro e é extremamente simples, resultado da junção de 150 ml de Berliner Original (azeda, acética e salgada), 150 ml de Petroleum (alcoólica, torrada e caramelada), duas doses de suco de tangerina e raspas de chocolate. Minha ideia era amaciar duas cervejas extremas, e o conjunto ficou supimpa, descendo de forma refrescante (com destaque para o cítrico). A ideia da tangerina foi inspirada num blend do Monks Cafe, de Estocolmo, que colocou cerejas numa Russian Imperial Stout, alcançando um belíssimo resultado.
PETRÓLEO DO FUTURO, por Marcelo Costa
80 ml de suco concentrado de tangerina
150 ml de Berliner Original
150 ml de Petroleum (Wäls ou Dum)
Raspas de chocolate
Colocar as duas doses de tangerina e misturar em doses iguais (de 150 ml) as cervejas Berliner Original e Petroleum. Pincelar com raspas de chocolate.
O terceiro drink, outro assinado por mim, é o Carimbó Berlinense: duas doses de tequila (usei a José Cuervo Black para acrescentar cor e calor), uma doses de licor de Cupuaçu (para textura e doçura) e uma dose de suco de maçã (leve acidez frutada) mais uma pitada de pimenta do reino e semente de cravo (para destacar o salgado da Berliner) e duas folhas de manjericão. Completar com 150 ml de Berliner, e ir abastecendo a taça com a garrafa conforme for bebendo. Ficou… caliente. A tequila se sobrepõe, mas o licor tenta amacia-la. O paladar vai mudando conforne vai se adicionando Berliner na taça.
CARIMBÓ BERLINENSE, por Marcelo Costa
40 ml de suco de maçã
80 ml de tequila
40 ml de licor de cupuaçu
Manjerição
Semente de cravo moída
Pimenta do Reino
Uma garrafa de Berliner Original
Gelo
Colocar três pedras de gelo triturado no fundo da taça e, sobre ela, o suco de maçã, a tequila, o licor de cupuaçu e 150 ml de Berliner Original. Acrescentar duas folhas de manjericão e uma leve pitada de semente de cravo e pimenta do reino. Conforme for bebendo, acrescentar a Berliner Original que ainda está na garrafa, até finaliza-la.
Além destes três drinks acima há outros dois feitos pelo chef Onur:
HIMALAYAN HIGHWAY, por Onur Köksal
01 MIXcup de Ruibarbo (ou 14 ml de suco concentrado e adoçado de Ruibarbo)
40 ml de licor de Ruibarbo Azedo
40 ml de purê de morango
01 Berliner Kindl Weisse Original
Gelo triturado
Bata o licor, o purê de morango e o MIXcup. Em seguida, sirva sobre o gelo triturado e complete com a Berliner Kindl Weisse Original. Mexa delicadamente e decore.
THE SHADDOCK, por Onur Köksal
01 MIXcup de Grapefruit (ou 14 ml suco concentrado e adoçado de Grapefruit)
Gengibre fresco ralado
20 ml de Aperol
20 ml de Suco de Limão
01 Berliner Kindl Weisse Original
Gelo
Bata todos os ingredientes exceto a cerveja e sirva numa taça sobre algumas pedras de gelo. Complete com a Berliner Kindl Weisse Original, misture e decore com cascas de Grapefruit.
Leia também
– Top 1001 Cervejas, por Marcelo Costa (aqui)
– Leia sobre outras cervejas (aqui)
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