Random header image... Refresh for more!

E no segundo dia, o sol saiu em Oslo

oslo21.jpg

Não há como: um dia de sol na vida é algo especial. Ainda mais destes lados nórdicos, em que a neve, a chuva e o frio são parceiros constantes em boa parte do ano. Apenas um dia nublado e com garoa, o sol saiu vitorioso em Christiania, antigo nome de Oslo, para alegria de turistas e, principalmente, dos noruegueses que tiraram os shorts e bermudas do armário e foram para a rua – boa parte das meninas optou pelo biquíni e partiu em direção a praça mais próxima.

oslo31.jpg

É muito difícil para um estrangeiro desligar-se do fator econômico na Noruega. Tudo aqui é caro demais para o custo de vida de qualquer outro país do mundo. Afinal estamos na terra em que uma latinha de coca-cola pode custar até R$ 10, uma boa cerveja pode sair por R$ 50, a passagem de ônibus é R$ 18 (valida por duas horas) e um prato em um restaurante não sai por menos de R$ 100 por pessoa. Assusta, mas não atrapalha o charme da cidade.

oslo41.jpg

A primeira sensação que tive é de que Oslo lembrava muito Budapeste. Claro, uma Budapeste de maior custo de vida, mas com algumas semelhanças. Talvez porque meu hotel seja no lado central da cidade em que drogas e prostituição estão à vista. Em Budapeste, as prostitutas trabalhavam no saguão do Ibis. Aqui não chega a acontecer isso, mas basta colocar a cabeça na rua pós 23h para ser apresentado a toda sorte de ofertas de sexo e drogas.

oslo51.jpg

Assim como Budapeste, em que os meus dois primeiros dias na cidade foram abençoados por uma chuva torrencial, e, após alguns dias em Praga, na volta o sol nos recebeu de braços abertos e a cidade exibiu seu sorriso mais charmoso, Oslo também fez o mesmo, permitindo um passeio de barco na baia da cidade e visitas a pontos turísticos como o Museu Kon-Tiki (já viu o filme?), o Museu de Barcos Vikings, o forte Akershus e a impressionante Opera House.

No primeiro dia achei a Opera House, projeto do escritório Snøhetta, um monstrengo meio sem sentido, mas basta passar uma tarde de pôr-do-sol caminhando sobre seu telhado que a admiração surge (apesar que ela deve ser deslumbrante nos dias de neve). Foram oito anos (2000 a 2008) de construção desta geleira escalável incrustrada no porto de Oslo, ao lado da estação central de trens. Acabou se tornando um dos meus lugares preferidos na cidade.

oslo7.jpg

Entre os pontos altos desta viagem está à visita a National Gallery, que destaca nestes dias uma exposição especial e imperdível comemorando 150 anos de Edward Munch (há um calendário com dezenas de comemorações da data). A mostra, dividida com o Museu Munch, exibe uma coleção emocional de obras do pintor norueguês, e gostei demais da primeira fase do artista, menos psicodélica que a segunda, mas tão melancólica quanto.

muncha.jpg

Quando criaram a comunidade do Scream & Yell no Orkut, optaram pelo quadro “O Grito”, de Munch, como símbolo do grupo. Achei a escolha perfeita embora não goste tanto assim da obra (que após ser roubada do Museu Munch, foi recuperada bastante danificada e está presente no acervo da National Gallery). Entre os meus quadros preferidos da mostra estão “Morning“, o darkissimo “Night at St. Cloud“, “The Day After” (acima), “The Kiss” e “White Night“.

oslo8.jpg

Outro destaque de Oslo foi uma visita ao Mathallen, um pequeno e charmoso mercado (no estilo do Chelsea Market, em Nova York) que exibe desde variedades de queijos e chocolates assim como frutos do mar, lanches, padaria e tudo mais. É uma ótima maneira se fugir da Karl Johans Gate, a avenida principal tomada por turistas, e encontrar noruegueses curtindo sua própria cidade. E os preços são mais em conta (mas nem tanto) do que nas ruas principais.

oslo92.jpg

Descobri o Mathallen porque estava procurando um local para comprar cervejas norueguesas para trazer para o Brasil. O Ratebeer indicava, entre outros locais, o Akersberget, um empório que também tem um restaurante e um bar no mercado. Peguei duas cervejas às cegas (indicadas pela simpática atendente Nicolina) e uma Nøgne Ø, mas fiquei intrigado pelo fato de não existir no empório nenhuma cerveja acima de 4,7% de álcool.

oslo10.jpg

No restaurante, ao pedir uma Nøgne Ø 500, uma Imperial IPA de 10%, para levar pro hotel, o garçom nos explicou: cervejas acima de 4,7% só podem ser compradas em Liquid Stores controladas pelo governo. A taxação sobre bebidas alcoólicas (e cigarro) é altíssima, o que eleva o preço. É proibido beber em público (mesmo que seja na varanda da sua casa). Menores de 18 anos são proibidos de comprar bebida alcoólica, e entre 18 e 20, apenas cerveja e vinho. E você só pode comprar álcool no domingo e feriados em bares, pubs e restaurantes.

oslo11.jpg

Funciona? Mais ou menos. As pessoas bebem moderadamente nos parques, mas o reflexo de uma lei tão rígida é o aumento no consumo de drogas sintéticas. Oslo apresenta uma das maiores taxas de morte por overdose per capita da Europa, e a maior da Escandinávia. A cidade possui o título de “capital europeia da heroína”, e, segundo o jornal britânico The Guardian, 10 gramas de heroína custa o mesmo valor que um pacote com 20 cigarros (afinal, ao contrário de bebida e cigarros, as drogas entram no país sem imposto). Complicado.

oslo12.jpg

Outro grande momento da viagem foi visitar a Rakk & Ralls (Rock & Roll), loja espetacular de vinis e CDs usados e novos em Oslo que merece o título de Amoeba norueguesa. De compactos de época dos Beatles, Stones, Clash e Sex Pistols, a boxes e CDs raros novos, a loja (que oferta bons preços) pode falir economias claudicantes. A dica esperta do amigo Fernando Augusto Lopes rendeu algumas preciosidades para o acervo pessoal, e se um dia eu voltar a essa cidade, passar na Rakk & Ralls será obrigatório.

oslo14.jpg

Hoje é meu último dia em Oslo, e apesar de respirar aliviado (pero no mucho, já que vou passar dois dias em Estocolmo, outra cidade de economia não praticável para cidadãos comuns do resto do mundo), já começo a sentir um carinho pela cidade. De 06 a 10 de agosto acontece o Øya Festival (com Blur, Slayer, Kraftwerk, Rodriguez, Cat Power e mais), e se pudesse voltaria pra cá pra conferir esse festival, que deve ser mais intenso que o pequeno Norwegian Wood Festival, mas isso é assunto para o próximo post…

oslo15.jpg

0 comentário

Nenhum comentário no momento

Faça um comentário