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Tom Petty and The Heartbreakers em Cork

Texto e fotos por Marcelo Costa

Cork é a segunda maior cidade da República da Irlanda e, com seus 120 mil habitantes, a terceira mais populosa da ilha irlandesa, ficando atrás das capitais Dublin e Belfast. É cortada pelo Rio Lee e acredito que deva ter um pub para cada habitante da cidade (é só esperar alguma faculdade norte-americana fazer a pesquisa). É bom lembrar que estamos no país das cervejas Guiness e Murphys e do uísque Jameson.

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Para festejar o verão, a cidade de Cork promove o Live at the Marquee, montando um enorme circo nas docas e recebendo um line-up variado que atende a todos os gostos (em 2012 a lista vai de Justice a Imelda May, de The Specials a Dara O’Briain). Mesmo estando em uma cidade que deve ter menos população que muitos bairros de São Paulo, Tom Petty consegue arrastar cerca de 7 mil pessoas para o circo.

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A “loucura” do pessoal de Cork não é a toa: esta é a primeira turnê europeia de Tom Petty com seus Heartbreakers em 20 anos, e toda a terceira idade da cidade está debaixo da lona esperando o cara que montou um grupo com Bob Dylan, George Harrison e Roy Orbison. A faixa etária bate na casa dos 50, e eles não brincam: bebem cerveja como se fosse água e dão um show à parte na noite. Bonito de ver.

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O show começa e a banda nem leva set list para o palco. As canções surgem em versões encorpadas, intensas, perfeitas. “Listen to Her Heart”, de seu segundo álbum (“You’re Gonna Get It!”, de 1978), abre a festa, e Tom Petty faz questão de dizer de onde saiu cada canção que vai tocar: “Essa é do “Full Moon Fever””, avisa quando toca “I Won’t Back Down”. “Agora é uma do disco chamado “Damn the Torpedoes”. E vem “Here Comes My Girl”.

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Ele parece feliz, muito feliz. No Twitter, um dia antes, agradeceu a recepção calorosa em Dublin. Já em Cork, estica o sotaque caipira na hora de falar “Thank you soooooooooo much” e leva todo mundo ao delírio quando diz que vai cantar uma canção dos Traveling Wilburys. Surge então “Handle with Care”, cantada a plenos pulmões por quase todo o circo, um momento bonito, de emocionar.

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Uma cover rock and roll de Bo Diddley (“I’m a Man”) destaca o guitarrista Mike Campbell, braço direito e sombra de Tom Petty. Lá pelas tantas, ele agradece: “Nunca tive um número 1, um big sucesso. Obrigado por vocês terem vindo”. Depois apresenta a banda inteira, calmamente, e avisa: “Agora uma canção de amor… uma canção de amor bonita”. E um coro imenso de 7 mil Tom Cruises berra o refrão de “Free Fallin’” e faz o acompanhamento arrepiante do backing vocal em “Learning to Fly”. De chorar.

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Boas canções do álbum “Mojo” (2010) formam o grosso do repertório, e se alternam com pérolas pescadas de uma carreira de quase 35 anos. O público irlandês recebe todas como se fossem hits. De “Kings Highway” (“Into the Great Wide Open”, 1981) a “It’s Good To Be King” (“Wildflowers”, 1994), de “Refugee” (outra do “Damn the Torpedoes”, 1979) até “Your So Bad” (“Full Moon Fever”, 1989).

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Para o bis, novos momentos de histeria marcam as execuções de “Mary Jane’s Last Dance” e “American Girl”, que fecha uma noite especialíssima em que público e banda mostraram que é possível viver (e fazer sucesso) sem números 1 nas paradas. Palmas para Cork e Tom Petty. Como disse um dos amigos, o show era em um circo, mas não houve palhaçada. Que noite, que noite.

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