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Barcelona: Torta de Uísque e Rock and Roll

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Texto e fotos: Marcelo Costa

O meu amor por Barcelona se renova a cada ano. É simples assim. Existem várias outras cidades mais encantadoras e mágicas (Praga, Veneza, Santorini, Paris, Amsterdã), mas em nenhuma delas me sinto tão bem quanto em Barcelona. É a cidade que eu gostaria de morar (quem sabe um dia). Um pouco pela arquitetura (e Gaudi é responsável direto), mas hoje em dia ainda mais pelo desenho urbanístico do Ildefons Cerdà, que consegue unir beleza com praticidade. Barcelona respira, e muito.

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Batemos cartão na Revolver Records, uma das lojas mais sensacionais do planeta, com um vasto catálogo de raridades (comprei pictures discs do Joy Division e das Ronnetes), bootlegs (a parte de Beatles, Stones, Neil Young e Bruce Springsteen na estante é de fazer fã chorar) e lançamentos fresquinhos tanto em vinil quanto em CD. Tentei me controlar e consegui comprar apenas o “1965” do Afghan Whigs em vinil (relançamento duplo com um segundo vinil de bônus tracks), o CD do 13Th Floor Elevators e o DVD “1991: The Year Punk Broke”.

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Porém, ao lado da Revolver (na Calle Tallers, primeira rua a direita de quem desce as Ramblas saindo da Praça Catalunha) agora há uma outra loja muito bacana, a Castelló, que também recheou seu acervo de bootlegs e lançamentos raros. Coisas como uma caixa com seis vinis e três CDs das sessões do “Exile on Main Street”, dos Stones, dois volumes com 15 CDs e quatro DVDs com tudo de raridade que o U2 gravou, um vasto catálogo de Beatles e muito, mas muito mais. Quando passar por Barcelona na próxima semana (para ver Stone Roses), quero voltar lá.

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A primavera chegou quente por estes lados. Na quarta-feira, final de tarde, os termômetros marcavam 30 graus, mas a sangria e o vento do Mediterrâneo refrescam a cidade. Desta vez estou no Eixample, um bairro que começou a tomar forma em 1860, quando a cidade foi autorizada a crescer além das muralhas medievais. Nunca tinha ficado nem andado aqui, e estou adorando. Parece que entramos dentro da rotina catalã com nossos vizinhos indo ao supermercado e comendo e bebendo nas dezenas de restaurantes e casas de tapas da região. Até os preços são mais baratos que os das áreas turísticas, por exemplo.

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Também já batemos cartão no Kiosko, um dos melhores hambúrgueres de Barcelona, e descobrimos uma ótima casa de tapas da bacia do Rio Prata, o Criollo, que tem ótimos preços, comida honesta e uma torta de uísque viciante. Caminhamos pelo Barrio Gótico, tomamos suco na Boqueria, e conferimos a abertura oficial do Primavera Sound 2012, com alguns shows gratuitos na praça do Arco do Triunfo – sem spray de pimenta. The Wedding Present e The Walkmen abriram a festa com shows excelentes para uma plateia numerosa.

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David Gedge subiu ao palco às 19h55 (cinco minutos antes do previsto) com uma versão encorpada de “My Favourite Dress” (single presente no álbum “George Best”, de 1987) e “Back A Bit… Stop” (de “Valentina”, recém-lançado). De 1987 para 2012. Logo depois, anunciou: “Agora, ‘Seamonsters’ na integra”. O álbum produzido por Steve Albini em 1991 é um dos pontos altos da carreira da banda (mas os discos mais recentes merecem sua atenção) e versões poderosas de “Suck”, “Lovenest” e “Corduroy” mostraram que a nova formação do grupo está bastante entrosada. Nos bis, “Drive” e “Kennedy”. Poesias com riffs no talo.

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Intervalo de 20 minutos para ir atrás de cervejas espanholas, e Walkmen no palco. Em discos, o grupo novaiorquino caminhou de um posto sub-Strokes (nos dois primeiros e bons “Everyone Who Pretended to Like Me Is Gone”, de 2002, e “Bows + Arrows”, de 2004) para um de sub-Wilco, com o altcountry correndo forte nas veias do vocalista e guitarrista Hamilton Leithauser. O show mistura essas duas fases de forma bastante distinguível, e diverte (com direito a single novo, “Heaven”, e hits antigos como “The Rat”). Ainda tinha Black Lips na sequencia, mas optamos por descansar.

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A maratona do festival começa hoje no Parc de Forum e, na minha programação do dia, quero tentar ver Linda Martini , Archers Of Loaf, Lee Ranaldo, Death Cab For Cutie, Wilco, The XX, Franz Ferdinand e Spiritualized. Ontem, a produção do evento anunciou que irá transmitir 20 shows do festival pelo Youtube, entre eles os três principais desta noite (The Afghan Whigs, Wilco e Spiritualized) mais The Cure, Mazzy Star, Rufus Wainwright, The Drums, The Rapture e outros. Confira a lista toda aqui lembrando que o Brasil está cinco horas a menos que Barcelona (Wilco, por exemplo, toca às 18h no horário de Brasilia).

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