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Três filmes: o espião, a hacker, o jornalista

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“O Espião Que Sabia Demais” (Tinker, Tailor, Soldier, Spy, 2011)
Londres, início dos anos 70: em tempos de Guerra Fria, o Serviço de Inteligência do Reino Unido atua entre duas potências, Estados Unidos e União Soviética, e suas agências de segurança CIA e KGB, tentando esfriar os ânimos para que nenhum chefe mais esquentado aperte o botão e comece uma guerra nuclear. Tudo é informação, e muitas vezes ela vale mais do que dinheiro – e do que a própria vida. Qualquer peça movimentada de forma errada pode causar um imbróglio internacional, e é neste cenário de jogos de interesses que o diretor sueco Tomas Alfredson tenta dar foco a um roteiro “espertinho”, baseado no romance de John Le Carré, que quase coloca o filme a perder. A culpa é da dupla de roteiristas Bridget O’Connor e Peter Straughan, que quis dar ao filme aquela sacadinha cool, mas causa mais bocejos que admiração. O tédio aumenta com o trabalho do fotógrafo Hoyte Van Hoytema, que passa boa parte do filme exercitando zoons lentos. Ainda assim, Gary Oldman se destaca (nada que justifique um Oscar), mas Colin Firth é subaproveitado em uma história que mais parece um jogo lento, chato e arrastado de xadrez que, após duas horas e sete minutos, termina empatado.

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“Millennium: Os Homens que Não Amavam as Mulheres” (The Girl with the Dragon Tattoo, 2011)
Primeiro filme da adaptação hollywoodiana da trilogia literária milionária escrita pelo jornalista Stieg Larsson, morto em 2004, “Os Homens que Não Amavam as Mulheres” soa o projeto perfeito para a grife David Fincher: um suspensão movido a assassinatos brutais, mensagens cifradas da Bíblia e personagens incomuns numa paisagem exuberante. Daniel Craig interpreta Mikael Blomkvist, um jornalista investigativo que cai em desgraça após perder um processo por calúnia e difamação, e acaba aceitando um estranho trabalho em uma ilha na costa sueca: desvendar o desaparecimento de uma garota, 40 anos antes. Calma, tem mais: Rooney Mara, que se transmuta da namoradinha nerd de Mark Zuckerberg em “A Rede Social” para a hacker Lisbeth aqui, um personagem tão complexo e tão repleto de detalhes que vale ver o filme apenas para acompanha-lo (e torcer para que ela leve o Oscar – não deve ter mais espaço na casa da Meryl Streep). A trama de 2 horas e 38 minutos alterna momentos fortes com passagens desnecessárias destacando uma bela fotografia, um roteiro que poderia ser mais enxuto e uma montagem que deveria ser (ainda) mais ágil. O resultado é apenas ok, mas David Fincher ainda terá mais duas chances para superar “Seven”. Pelo visto aqui ele dificilmente conseguirá…

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“As Aventuras de Tintim” (“The Adventures of Tintin: The Secret of the Unicorn”, 2011)
Outra franquia que deve tomar as salas de cinema (normais e 3D) durante os próximos (15, 20) anos, “As Aventuras de Tintim” é o primeiro episódio da série que narra em película às histórias do jovem repórter belga criado por Hergé, em 1929. Não espere ambientação. Logo no começo do filme, em uma belíssima valorizada pelo 3D, Tintim pega um retrato seu desenhado por um artista de rua, e esta será sua apresentação, e também a de Milu, seu cão fiel. Daí em diante, Steven Spilberg faz o que sabe muito bem: jogar seu personagem para cá e para lá em dezenas de cenas aventureiras que não desperdiçam momentos de perseguição, pitas de comédia e boas cenas de luta. Desta forma, Tintim parece a versão jovem do professor de arqueologia Indiana Jones, essa simplificação soa grosseira e desrespeitosa com o personagem de Hergé, pois Spilberg se concentrou nas aventuras, mas esqueceu de dar alma ao personagem, que, arremessado de lá pra cá numa correria desenfreada em busca de um tesouro qualquer, não seduz nem causa admiração, parecendo um filme de Walt Disney dos anos 50. Se tivessem deixado nas mãos da Pixar… (em tempo: Peter Jackson já foi escalado para o próximo. Alguma esperança?).

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